domingo, 21 de fevereiro de 2010

SUDÃO

21/02/2010 - 08h46
Sudão assina acordo com grupo rebelde de Darfur
da Reuters, em Cartum

O governo do Sudão assinou neste sábado um acordo com o grupo rebelde Movimento pela Justiça e pela Igualdade (MJI) que ajudaria a resolver o conflito na região ocidental do país, disse o presidente Omar Hassan Al Bashir.

Ele não deu detalhes sobre o acordo mas representantes do MJI na capital do Chade, Ndjamena, disseram à agência de notícias Reuters que estavam prestes a assinar um "acordo preliminar" que não era um acordo de paz propriamente, mas que preparava os termos para negociações futuras.

"Hoje assinamos um acordo entre o governo e o MJI em Ndjamena, e em Ndjamena paramos a guerra em Darfur", disse Bashir, em um discurso na televisão estatal.

Bashir disse ainda que cancelaria sentenças de morte a prisioneiros do MJI e libertaria 30% dos membros do grupo prisioneiros imediatamente. Mais de cem homens foram sentenciados à morte por serem considerados culpados de fazer parte de um ataque do MJI a Cartum em 2008.

Cartum concordou com uma série de acordos de cessar-fogo durante os sete anos do conflito, mas alguns caíram por terra poucos dias depois de serem assinados e a desconfiança entre os dois lados continua aguda.

Negociações entre o MJI e Cartum, realizadas no Qatar, estão paradas há meses.

Melhora nas relações

Recentemente, contudo, houve um aumento da comunicação entre os dois lados, dizem analistas, à medida que as relações entre o Sudão e o Chade melhoram.

O Sudão e o Chade estão se preparando para eleições. Os dois países fizeram um acordo no começo deste mês para acabar com uma antiga guerra indireta armada por facções rebeldes na fronteira que recebem armas dos Estados em disputa.

O presidente do Chade, Idriss Deby, tem ligações étnicas com os líderes do MJI e muitos o acusam de apoiar o grupo rebelde.

O MJI e o Exército de Liberação do Sudão (ELS) tomaram armas contra o governo em 2003 acusando Cartum de marginalizar a região ocidental do país.

O fundador da ELS Abdel Wahed Mohamed el-Nur, que tem forte apoio da população local marginalizada recusa-se a negociar com Cartum e exige o fim da violência antes de abrir negociações.

As Nações Unidas estimam que 300 mil pessoas já morreram por causa da crise em Darfur nos últimos sete anos, mas o Sudão refuta esse número. O Tribunal Internacional Criminal em Haia já pediu a prisão de Bashir no ano passado por crimes de guerra e contra a humanidade na região.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u696812.shtml

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