Mostrando postagens com marcador Europa. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Europa. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Quem está fazendo mais pelos refugiados sírios?

POR DIOGO BERCITO
07/09/15


As histórias que chegam da Europa são assustadoras. Leandro Colon, enviado pela Folha para cobrir a crise de refugiados no continente, tem feito excelentes relatos sobre essa multidão em fuga de países como a Síria –onde mais de 200 mil foram mortos durante a guerra civil em curso desde março de 2011.
Mas aqueles que começaram a se interessar pelo tema nestas semanas, em especial após a publicação da foto de um menino morto em uma praia turca, podem ter a sensação de que a onda de refugiados afeta principalmente, e de maneira mais séria, a Europa. Não é bem assim.

Segundo a Anistia Internacional, 95% dos 4 milhões de sírios que deixaram o país estão em apenas cinco países: Turquia, Líbano, Jordânia, Iraque e Egito. Quase 2 milhões deles estão na Turquia, e 1,2 milhão já refugiou-se no Líbano.
O impacto desse fluxo, no Oriente Médio, é bastante grave. O Iraque vive também sua crise, com 3 milhões de seus próprios cidadãos deslocados internamente. O Líbano, por sua vez, enfrenta milícias terroristas em suas fronteiras, e aproximadamente uma a cada quatro pessoas no país são refugiados vindos da Síria.
Tampouco a crise dos refugiados é recente. Estive em 2013 com o fotógrafo Joel Silva no campo de refugiados de Zaatari, na Jordânia –o segundo maior do mundo, com 85 mil sírios vivendo em tendas no meio do deserto
Há, por outro lado, os países do Oriente Médio que pouco têm feito em relação aos refugiados sírios. Como relata o jornal americano “Washington Post”, países do Golfo –como a Arábia Saudita– têm feito “quase nada” por essas pessoas. O “New York Times” também discute a questão.
Kenneth Roth, diretor do Humans Right Watch, tuitou recentemente: “Adivinhe quantos desses refugiados sírios a Arábia Saudita e outros Estados do Golfo se ofereceram para receber? Zero”.
A falta de auxílio vinda desses países, conhecidos pela abundância de recursos e pelo alto padrão de vida, é ainda mais impressionante dado o fato de que seus governantes estão envolvidos na crise regional, alguns deles com apoio direto a facções na Síria.

http://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/

quinta-feira, 5 de junho de 2014

A geografia de valores da UE

DOMINIQUE, MOISI, PROJECT SYNDICATE - O ESTADO DE S.PAULO
03 Junho 2014 | 02h 03

Europa deveria ter uma compreensão melhor do que representam os seus próprios ideais

Confrontada com a reafirmação da Rússia de sua tradição imperial e dos métodos e reflexos enganosos do passado soviético, como a Europa deveria reagir? Deveria dar prioridade ao "valor da geografia" ou à "geografia de valores"? Os que optam pela primeira o fazem em nome do "realismo energético" de curto prazo, argumentando que ele é vital para chegar a um acordo com a Rússia porque a Europa não dispõe do gás e de petróleo dos EUA. Segundo esse raciocínio, os americanos poderiam viver sem a Rússia, mas a Europa não.
Além disso, para os realistas, o comportamento desafiador dos EUA diante de seus antigos e mais fiéis aliados - refletido nos recentes escândalos de vigilância que implicam a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) - desacreditou a própria ideia de uma "comunidade de valores". Se os EUA não respeitam mais os valores que professam, por que a União Europeia deveria perder a boa vontade do Kremlin em nome de defendê-los?
Esses realistas alegam também que, ao alinhar as posições da UE com as da Otan, a Europa escolheu precipitadamente humilhar a Rússia - um curso de ação inútil e perigoso. Chegou o momento, segundo eles, de uma política que concilie senso comum histórico e geográfico com necessidade de energia. O futuro da Europa está inexoravelmente ligado ao da Rússia, enquanto os EUA viraram as costas para a Europa por desinteresse, se não por desilusão.
A comemoração de um passado glorioso - o 70.º aniversário do Dia D - não pode ocultar o presente diminuído: embora a Europa possa tentar diversificar seus recursos energéticos, ela não pode prescindir da Rússia no futuro previsível.
Por que, questionam os realistas, deveríamos morrer por ucranianos que são ainda mais corruptos e muito menos civilizados do que os próprios russos? A Ucrânia teve sua chance como Estado independente e fracassou, vítima da venalidade de suas elites políticas. É hora de fechar esse parêntese infeliz.
Essa visão não é teórica. Ela pode ser encontrada, sob vários disfarces, em toda a UE, na direita e na esquerda, e em todas as profissões. A percepção de relativo declínio americano e da crescente perda de confiança da Europa em seus valores e modelo parecem legitimar uma posição que é construída, em muitos casos, sobre os restos do velho antiamericanismo.
Valores. O outro caminho, que enfatiza a geografia de valores, foi o escolhido pelos fundadores do projeto europeu e da Otan. Segundo essa visão, o não reconhecimento das pretensões imperiais de Vladimir Putin aumentaria o risco de a Europa ficar presa em uma forma não benevolente de dependência.
Para a Europa, ouvir o canto de sereia do Leste - uma melodia de complementaridade entre o poder estratégico da Rússia e o poder econômico da UE - seria o equivalente a pagar proteção à máfia. Como poderia um clube de democracias ser inteiramente dependente, para sua segurança, de uma potência autoritária que abertamente despreza seus sistemas políticos "fracos"?
Não é mera coincidência que esse discurso russo contra democracia, imigrantes e a homossexualidade encontre respaldo entre os partidos mais conservadores, extremistas e nacionalistas da UE. Por contraste, a força e a atratividade do modelo da UE dependem de sua natureza democrática. Os europeus que pararam de sonhar com a Europa, que consideram que a paz, a reconciliação e, sobretudo, a liberdade, estão garantidas, não percebem o que está em jogo.
Adotar uma "raison d'état de energia" que deixa a Europa dependente da Rússia por cerca de um terço de seus recursos energéticos seria suicídio. Existem alternativas. A Europa pode dizer não ao Kremlin e à Gazprom. Basta que tenha vontade para isso.
A única política possível que pode ser ao mesmo tempo realista e digna consiste numa combinação de firmeza e determinação de estabelecer limites para a Rússia de Putin. É precisamente porque os EUA não são mais o que eram (tendo feito demais com George W. Bush e de menos com Barack Obama) que a aliança com base em valores da Europa é mais indispensável do que nunca.
Prioridade. São esses valores que levaram à queda do Muro de Berlim e motivaram os manifestantes em Kiev a enfrentar o brutal inverno ucraniano na Praça Maidan. Da Ásia à África, as pessoas parecem ter uma compreensão muito melhor que os europeus do significado dos valores europeus. Basta ouvi-las exaltando a paz, a reconciliação e mesmo a relativa igualdade do continente (em comparação com os EUA). Para a UE, a escolha nunca foi mais clara. Se quiser sobreviver e prosperar, ela terá de colocar a geografia de valores em primeiro lugar. / TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK
É CONSULTOR DO INSTITUTO FRANCÊS DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS (IFRI) E
PROFESSOR DO INSTITUTO DE ESTUDOS POLÍTICOS DE PARIS (SCIENCES PO)
http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,a-geografia-de-valores-da-ue-imp-,1504561

domingo, 27 de abril de 2014

A Moldávia agora tem importância

Bastaria um pouco de atenção para que o mais pobre país da Europa não seja alvo de Putin, mas amor dos moldavos pelo Ocidente não é recíproco

25 de abril de 2014
Nicholas D. Kristof* / The New York Times - O Estado de S. Paulo
Se for feita uma competição olímpica para saber qual é o país mais corajoso do mundo, a medalha de ouro pode muito ser dada para a Moldávia. Políticos inseguros da Europa e dos EUA deveriam ir a esse país para aprender. Pense na Moldávia como a "próxima Ucrânia", pois a Rússia pode estar prestes a abocanhar uma fatia desse pequeno país, situado ao lado da Ucrânia e da Romênia e considerado o mais pobre da Europa.
A Rússia pressiona impiedosamente a Moldávia por tentar se associar à União Europeia. Impôs sanções como o bloqueio às cruciais exportações de vinho moldavo. A Rússia tem até ameaçado cortar as remessas de gás natural do qual os moldavos dependem. "Esperemos que vocês não congelem", advertiu publicamente uma autoridade russa. Mas o valente governo moldavo não se curva e está determinado a aderir à União Europeia e estreitar os laços com o Ocidente. "Não existe outra alternativa senão buscar a integração europeia", disse-me o primeiro-ministro Iurie Leanca, ex-diplomata. O amor da Moldávia pelo Ocidente não é recíproco. Washington praticamente desconhece o país. Nenhum presidente americano o visitou.
A viagem do vice-presidente Joe Biden à Ucrânia esta semana teria sido um momento perfeito para uma visita. Mas isso não ocorreu. Afinal, a Moldávia tem uma população de menos de quatro milhões e nenhum significado estratégico aparente. Com alguns gestos modestos, o presidente Barack Obama poderia recompensar a determinação dos moldavos. Inversamente, diante da desatenção americana, o presidente Vladimir Putin poderá oficialmente anexar uma parte da Moldávia, a Transnístria, nas próximas semanas.
Trata-se de um enclave de língua russa na Moldávia, armado por Moscou e protegido por tropas russas. A Transnístria alega ter se separado e estabelecido um país independente. Seu governo (controlado por Moscou), numa medida que constitui um presságio preocupante, apelou à Rússia para anexá-la. Portanto, a Rússia pode em breve anexar esse enclave e um pedaço da Ucrânia meridional, incluindo Odessa.
A Transnístria é um Estado policial. Atravessei sua fronteira como turista e tive a mesma sensação dos tempos da União Soviética. A região poderia se vender como um museu a céu aberto do regime soviético, com estátuas de Lenin, tropas russas nas estradas e uma agência de inteligência que ainda é chamada de KGB. O departamento de propaganda está a todo vapor, com inúmeros cartazes exaltando o patriotismo e os triunfos russos passados.
Os monumentos lembrando os sucessos militares - com tanques ou carros blindados de transporte de tropas - exaltam o heroísmo da população local e denunciam as mortes pelos "fascistas" na luta com o Exército do país nos anos 90. Uma coleção gigantesca de cartazes lembra os heróis russos e locais.
Os conjuntos de apartamentos da região estão dilapidados e são idênticos. Apesar dos enormes subsídios russos, a economia é caótica. A atmosfera é tal que por um momento achei que poderia encontrar o irascível líder soviético dos anos 70 Leonid Brejnev.
A economia faliu após o colapso da União Soviética. Cerca de 1 milhão de pessoas fugiu do país para procurar trabalho. Em alguns vilarejos é difícil encontrar mulheres jovens porque partiram para o exterior. Muitas foram enganadas, violentadas e objeto de tráfico pelo crime organizado, levadas para bordéis na Europa Ocidental.
Nos últimos anos, o governo tenta criar uma economia de mercado pró-ocidental e o país vem se recuperando, mas continua frágil. Muitos temem que Putin possa direcionar sua "estratégia de guerra camuflada" composta de agentes infiltrados e provocadores para transformar a Moldávia na próxima Ucrânia.
Pode ser tarde para deter Putin. Os EUA devem melhorar a infraestrutura para a Moldávia importar gás natural e eletricidade da Romênia. Se Obama pudesse visitar esse país por algumas horas, seria aclamado como jamais foi - e teria a sua frente um exemplo de coragem merecedora de uma medalha de ouro.
TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
*Nicholas D. Kristof É Colunista
  • Moldávia
    País
  • República da Moldávia é um país sem costa marítima da Europa Oriental, limitado a norte, leste e sul pela Ucrânia e a oeste pela Roménia. A sua capital é a cidade de Quichinau. Wikipédia
  • MoedaLeu moldávio
  • Língua oficialLíngua romena

  • http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,a-moldavia-agora-tem-importancia,1158753,0.htm
    https://www.google.com.br/search?q=mapa+da+europa+com+paises+e+capitais
    https://www.google.com.br/search?q=mapa+politico+da+moldavia
    https://www.google.com.br/search?q=mapa+da+europa+com+paises+e+capitais&oq=mapa+da+europa&aqs=chrome.5.69i57j0l5.14390j0j8&sourceid=chrome&es_sm=0&ie=UTF-8#q=moldavia

    quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

    Grupo invade sedes do governo na Crimeia e Ucrânia chama enviado russo

    Cerca de 50 homens entraram nos prédios e colocaram a bandeira da Rússia

    27 de fevereiro de 2014
    O Estado de S. Paulo
    (Atualizada às 09h40) SEVASTOPOL, CRIMEIA - Dezenas de homens armados tomaram nesta quinta-feira, 27, as sedes do Parlamento e do Governo da República Autônoma da Crimeia, no sul da Ucrânia, que passa por intensa turbulência política. Os edifícios foram invadidos por cerca de 50 homens uniformizados e sem distintivos, que levantaram a bandeira russa nos prédios, indicando que podem ser separatistas pró-Rússia.
                                      Manifestantes pró-Rússia foram até o Parlamento em Crimeia - Artur Shvarts/EfeArtur Shvarts/Efe
                                               Manifestantes pró-Rússia foram até o Parlamento em Crimeia
    O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia chamou o enviado russo em Kiev para consultas imediatas com Moscou depois da ocupação da sede do governo regional da Crimeia. Em um comunicado escrito e entregue ao enviado Andrei Vorobyov, o ministério solicitou que militares russos baseados no porto de Sevastopol, permaneçam na base.
    A Ucrânia colocou suas forças de segurança em alerta e pediu aos militares russos, alocados em bases na Crimeia e no Mar Negro, que não movimentem as tropas. "Será considerado uma agressão militar", afirmou Oleksandr Turchynov, presidente interino ucraniano.
    De acordo com a Reuters, um ativista pró-Rússia - chamado Maxim, que se negou a informar o sobrenome - afirmou que estava acampado junto a outros manifestantes do lado de fora do Parlamento de Simferopol, quando um grupo fortemente armado invadiu o prédio no início da manhã. Segundo ele, os homens vestiam coletes à prova de balas e carregavam lança-granadas e rifles.
    Maxim afirma que todos foram obrigados a deitar no chão. "Eles nos perguntaram quem éramos. Falamos que defendemos a língua russa e a Rússia. 'Não tenham medo, estamos com vocês', responderam. Eles não parecem com voluntários ou amadores: eram profissionais. Era claramente uma operação bem organizada", diz. O grupo não teria permitido que ninguém se aproximasse durante a ação e, ao tomar o prédio, expulsou seis policiais responsáveis pela segurança no local.
    O ministro interino do Interior, Arsen Avakov, confirmou na sua página do Facebook que as áreas em volta dos edifícios estão sendo isoladas pela polícia ucraniana. "Foram tomadas medidas para combater ações extremistas e não permitir que a situação se transforme em um confronto armado."
    Segundo agências de notícias russas, caças fazem a patrulha do espaço aéreo nas áreas de fronteira. De acordo com o Ministério da Defesa da Rússia, 150 mil soldados, 880 tanques, 90 aviões e 80 navios estão envolvidos no exercício militar. Embora neguem que a demonstração militar esteja relaciona à situação da Ucrânia, os russos questionam a legitimidade das novas autoridades ucranianas, acusando-as de não conseguir controlar os segmentos radicais.
    Confrontos. Na quarta-feira, cerca de 2 mil pessoas foram ao Parlamento de Simferopol para manifestar apoio ao movimento que destituiu Viktor Yanukovich, ex-presidente da Ucrânia. No entanto, manifestantes pró-Rússia, e contra o atual governo, também estavam no local e os dois grupos precisaram ser contidos por policiais.
    A Crimeia pertence à Ucrânia desde 1954, quando o líder soviético era Nikita Khrushchev. A região continua sendo a única do país onde a etnia russa é majoritária; parte da frota russa do mar Negro fica estacionada no porto de Sevastopol.
    Agora, a Crimeia é o último reduto importante de oposição à nova ordem política pós-Yanukovich. Os novos líderes do país manifestam preocupação com os sinais de separatismo na península./ REUTERS
    http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,grupo-invade-sedes-do-governo-na-crimeia-e-ucrania-chama-enviado-russo,1135309,0.htm
    https://www.google.com.br/search?q=mapa+da+ucrania&tbm=isch&imgil=2mGyognWWns6bM%253A%253Bhttps%253A%252F%252Fencrypted-tbn2.gstatic.com%252Fimages%253Fq%253Dtbn%253AANd9GcSvyrUh5QcdeINJxgNPbzeA6G6vqZ58bAXxWTW1d6vX1lPnnvJVOg%253B547%253B368%253BkOGD9f-fUSC8qM%253Bhttp%25253A%25252F%25252Fwww.novomilenio.inf.br%25252Fporto%25252Fmapas%25252Fnmucrani.htm&source=iu&usg=__2jysTq6uRWDlSadPK8bjX8JdJZE%3D&sa=X&ei=7ekPU6Nhh_GRB-WzgaAH&sqi=2&ved=0CDQQ9QEwBA&biw=1280&bih=699#facrc=_&imgdii=_&imgrc=2mGyognWWns6bM%253A%3BkOGD9f-fUSC8qM%3Bhttp%253A%252F%252Fwww.novomilenio.inf.br%252Fporto%252Fmapas%252Fimages%252Fnmucrani.gif%3Bhttp%253A%252F%252Fwww.novomilenio.inf.br%252Fporto%252Fmapas%252Fnmucrani.htm%3B547%3B368

    sábado, 12 de outubro de 2013

    A vertigem da retomada

                                 (Arte ZH/Zero Hora)
    Primeiros sinais de reação das potências mundiais pode aumentar disputa por investimento com os países emergentes e ter impacto na economia brasileira
    Cinco anos depois da quebra do banco de investimentos Lehman Brothers, que empurrou os Estados Unidos, a Europa e o restante do mundo para a maior crise financeira dos últimos 70 anos, começam a se consolidar sinais consistentes de reação.
    Assim como tremeram à beira do abismo na época, agora países emergentesexperimentam a vertigem da recuperação alheia. Americanos e europeus começam a sair da recessão e, com isso, disputam investimentos com as economias mais promissoras do que desenvolvidas.
    A tormenta começou em 2007, com problemas no mercado de hipotecas de alto risco, o chamado subprime. Mas ganhou dimensões globais com a quebra do banco de investimentos, dirigido pelo “Gorila” de Wall Street, Dick Fuld (veja quadro).
    Luciano Coutinho, presidente do BNDES, avalia que a crise começa a dar sinais que está no fim da sua pior fase, de recessão e alto desemprego, mas sequelas como endividamento dos países e fragilização dos bancos apontam para um crescimento global mais lento no futuro. Brasil, Índia e Rússia já experimentam os efeitos do ganho de musculatura do dólar e seu efeito na inflação.
    – Se pensássemos um cenário desses 10 anos atrás, teríamos uma crise muito grave. O que temos hoje é uma turbulência administrável, que vamos ultrapassar com aumento de juro e esforço do Banco Central para estabilizar o câmbio – afirma.

    De fato, o Brasil se saiu bem da crise. Depois de um desempenho ruim em 2009, o país teve um avanço de 7,5% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2010. Mas a crise fez o governo a mudar a rota na política econômica. Até 2008, o país mantinha uma estratégia mais alinhada à das grandes economias. Com o mercado financeiro fragilizado, passou a dar estímulos adicionais ao consumo doméstico para impulsionar a produção. O resultado ruim no ano passado, entretanto, acendeu a luz vermelha para o endividamento das famílias, colocando a tática em xeque e forçando a busca de outras possibilidades.
    Marcos Troyjo, diretor do BRICLab na Universidade Columbia, centro de estudos sobre Brasil, Rússia, Índia e China, avalia que os emergentes ainda têm de aprender a principal lição da crise:
    – Para muitos, o capitalismo de Estado triunfou sobre o liberalismo na crise de 2008. O que deveria ser ferramenta excepcional pareceu assumir ares de verdade econômica. Exemplo disso é a política industrial brasileira de conteúdo local e o incentivo ao consumo, que atingiram seu limite. Os emergentes também estão tendo de se reinventar.
    Ainda é difícil prever o tamanho do impacto da reação dos países ricos no Brasil. Mas se sabe que haverá. Professor de economia da UFRGS, Fernando Ferrari Filho ressalta que, apesar de a relação com os EUA ter importância decrescente na balança comercial – hoje cerca de 10% – turbulências serão inevitáveis. Para o também professor da UFRGS Marcelo Portugal, a agito só começou:
    – Antes a taxa de juro americana girava em torno de 1% ou 1,65%. Agora, por volta 2,8%. A média histórica é 3,5%. A atração de recursos que hoje estão no Brasil para lá vai ficar mais forte – afirma.

    sábado, 28 de setembro de 2013

    Alemanha à direita

    28/09/2013
    André Singer

    Embora previsíveis, os resultados da eleição na Alemanha, no domingo passado, devem ser olhados com atenção, pois desenham um horizonte sombrio para os próximos anos. A estrondosa vitória de Angela Merkel representa um endosso para a destruição econômica imposta pelos alemães aos países do sul do continente, colocando em perigo a própria União Europeia (UE) e, talvez, provocando um perigoso antigermanismo nos vizinhos.
    O eleitorado, que deu 42% dos sufrágios à CDU/CSU contra 26% ao segundo colocado (SPD), votou pelo desempenho interno. Enquanto Portugal, por exemplo, via seu PIB reduzir 3,2% em 2012, a Alemanha cresceu 0,7%. Está longe de ser um número espetacular, mas, numa sociedade já muito rica, permite manter as condições de vida alcançadas.
    Os motivos desse relativo sucesso tornam duvidosas, porém, as condições de sua continuidade. Na área industrial, as empresas alemãs parecem estar ainda se beneficiando do pacote antitrabalhista levado a cabo sob o comando de Gerhard Schröder (SPD), nos anos 2000. Ao diminuir direitos da classe trabalhadora, embora restem muitos, rebaixou-se o custo da mão de obra, o que, somado ao aumento de produtividade, tornou as mercadorias alemãs mais competitivas.
    Como consequência, as exportações teutônicas cresceram, porém o detalhe relevante é que quase 60% delas são vendidas na própria UE. Isto é, ao arruinarem a eurozona, os alemães serram o galho sobre o qual estão sentados.
    Por enquanto, os capitais que saem das regiões em depressão estão indo para a Alemanha, diz Joseph Stiglitz. Mas "o erro da população alemã é não ter percebido que essa situação (...) não vai durar muito tempo", declarou o Prêmio Nobel de Economia depois do último pleito (Folha, 26/9).
    No plano político, não há alternativa. A opção pelo mercado nos anos 2000 destroçou o Partido Social-Democrata, convertido em uma sombra da grande agremiação que lutou pelo Estado de bem-estar.
    O grupo que cindiu da velha legenda para tentar defender as cores da esquerda (Die Linke) não consegue convencer o grosso dos eleitores de que dispõe de um programa efetivo para dirigir o transatlântico em direção melhor que a atual. Embora esteja contente, pois se tornou a terceira força nacional com a queda dos liberais (FDP), que não conseguiram superar a barreira dos 5%, na realidade o Die Linke (A Esquerda) perdeu espaço no último período, indo de 12% em 2009 para 9% agora. Os Verdes também caíram, de 11% para 8%.
    Enquanto durar a hegemonia da direita na Europa, lugar em que a civilização mais avançou no planeta, as perspectivas gerais de progresso não serão boas.

    André Singer é cientista político e professor da USP, onde se formou em ciências sociais e jornalismo. Foi porta-voz e secretário de Imprensa da Presidência no governo Lula.

    terça-feira, 27 de agosto de 2013

    Ricardo Teixeira pede residência em Andorra

    Paraíso fiscal não tem acordo de extradição com o Brasil 
    27.agosto.2013
    O ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, pede sua residência no principado de Andorra. A informação foi divulgada na noite de hoje pela Radio Catalunya, depois que a reportagem do Estado revelou que um terço da renda dos amistosos da seleção brasileira acabava em contas em Andorra e numa conta em nome de Sandro Rosell, amigo de Teixeira e hoje presidente do Barça.
    Segundo a rádio, Teixeira já deu entrada na documentação para ser residente de Andorra, o que significa que, a cada ano, terá de passar 150 dias no principado entre a França e Espanha e conhecida por ser um paraíso fiscal.
    Para que seja aceito, Teixeira teria de depositar pelo menos 400 mil euros nas contas de um banco do principado. Mas, segundo a radio, ele estaria negociando transladar ao paraíso fiscal cerca de 4,9 milhões de euros.
    Vivendo em Andorra, Teixeira não teria como ser extraditado ao Brasil caso seja convocado pela Justiça do pais. Andorra e Brasília não contam com um acordo de extradição.
    Na semana passada, o Estado revelou uma série de informações exclusivas sobre Teixeira e como esquemas dentro da CBF permitiam que os amistosos da seleção fossem usados para desviar recursos da CBF para contas de amigos do cartola. Entre eles está Rosell, presidente do Barça.
    A reportagem também revelou como, em 2010, a Justiça suíça constatou que Teixeira recebeu milhões de euros em propinas de empresas ligadas à Fifa justamente em contas em Andorra.

    Andorra, oficialmente Principado de Andorra (em catalão: Principat d'Andorra), e por vezes Principado dos Vales de Andorra (em catalão: Principat de les Valls d'Andorra), é um pequeno país europeu localizado na cordilheira pirenaica entre o nordeste da Espanha e o sudoeste da França. Antes isolado, o principado é hoje um país próspero principalmente devido ao crescimento do turismo e por seu status de paraíso fiscal. Atualmente, a população andorrana está listada como tendo a maior expectativa de vida do mundo, com média de 83,52 anos (2007).
    O principado é o único país do mundo cuja única língua oficial é o catalão, embora represente apenas 0,22% do total de catalanófonos da Europa, a maioria deles distribuídos na CatalunhaValência e Baleares. No seu território também são falados o castelhano, o português e o francês, nesta ordem de números de falantes.
    Andorra também é o sexto menor país da Europa, maior apenas que MaltaLiechtensteinSão MarinhoMónaco eVaticano. Sua capital é a cidade de Andorra-a-Velha, também conhecida como Andorra la Vella.

    domingo, 21 de julho de 2013

    Philippe faz juramento e se torna o novo rei da Bélgica

    21/07/3013
    DA AFP, EM BRUXELAS

    O príncipe Philippe, 53, se converteu neste domingo no novo rei dos belgas, depois de prestar juramento ante as duas câmaras do Congresso.
    "Ao prestar juramento de minhas funções, estou consciente das responsabilidades que pesam sobre mim", afirmou novo monarca, o sétimo do país, desde sua função em 1830.
    O rei Alberto 2º da Bélgica se despediu no sábado de seus súditos pedindo "coesão" face às profundas divisões entre valões e flamengos e "acolhida" a seu filho mais velho, Philippe. Após 20 anos de reinado, Alberto 2º fez um último discurso sério e otimista.
    Aos 79 anos, Alberto 2º é o primeiro monarca belga a optar pela abdicação, passando o bastão para o filho mais velho, Philippe, de 53 anos, que deve lidar com a insegurança de parte da população belga.
    O rei, cujo reinado foi marcado por duas grandes crises políticas entre flamengos e francófonos, reconheceu que a Bélgica nem sempre "foi fácil de governar". Felizmente, "o dever do compromisso construtivo" da maior parte de seus líderes políticos permitiu que ele ultrapassasse barreiras e se transformasse "num Estado unitário e um Estado federal".
    Thierry Roge/Efe
    O recém-empossado rei Philippe, da Bélgica, e a mulher, a rainha Mathilde, cumprimentam os súditos, em Bruxelas
    O recém-empossado rei Philippe, da Bélgica, e a mulher, a rainha Mathilde, cumprimentam os súditos, em Bruxelas

    A mensagem foi particularmente dirigida à região de Flandres, que reúne quase 60% da população belga e cuja primeira força política está nos separatistas, que devem ter uma significativa participação durante as eleições legislativas de 2014.
    As festividades começaram na noite de sábado, quando a família real foi ao baile nacional no bairro popular de Marolles em Bruxelas.
    Na primeira fila da cerimônia deste domingo, estavam sentados os quatro filhos de Philippe e Mathilde, entre eles a princesa Elisabeth, que terá o título, aos 12 anos, de herdeira do trono.
    Nenhum monarca estrangeiro foi convidado, tradição de um país onde "o rei presta juramento diante da nação representada pelo parlamento", informou o porta-voz do premier belga, Elio Di Rupo.
    Mesmo não estando presentes, outras nações enviaram mensagens de felicitação. O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, homenageou Alberto 2º, que "serviu o povo belga de forma admirável durante 20 anos de reinado".

    terça-feira, 18 de junho de 2013

    Noruega importa lixo para produzir energia

    18/06/2013
    DO "NEW YORK TIMES"


    Oslo é uma cidade que importa lixo. Parte vem da Inglaterra, parte vem da Irlanda e parte vem da vizinha Suécia. Ela inclusive tem planos para o mercado americano.
    "Eu gostaria de receber alguma coisa dos Estados Unidos", disse Pal Mikkelsen em seu escritório, numa enorme usina na periferia da cidade, onde o lixo é transformado em calor e em eletricidade. "O transporte marítimo é barato."
    Oslo, onde metade da cidade e a maioria das escolas são aquecidas pela queima do lixo -lixo doméstico, resíduos industriais e até resíduos tóxicos e perigosos de hospitais e apreensões de drogas-, tem um problema: o lixo para queimar se esgotou.
    O problema não é exclusivo de Oslo. Em toda a Europa setentrional, onde a prática de queimar lixo para gerar calor e eletricidade disparou nas últimas décadas, a demanda por lixo é muito superior à oferta.
    A meticulosa população do norte europeu produz apenas cerca de 136 milhões de toneladas de resíduos por ano, muito pouco para abastecer usinas incineradoras capazes de consumir mais de 635 milhões de toneladas.
    "Mas os suecos continuam a construir [mais usinas], assim como a Áustria e a Alemanha", disse Mikkelsen, 50, engenheiro mecânico que há um ano é o diretor-gerente da agência municipal encarregada da transformação de resíduos em energia.
    De navio e de caminhão, incontáveis toneladas de lixo viajam de regiões onde há excesso de resíduos para outras que têm capacidade para queimá-las e transformá-las em energia. A maioria das pessoas no país aprova a ideia.
    Os ingleses também gostam. A empresa de Yorkshire que lida com a coleta de lixo no norte da Inglaterra atualmente embarca até 907 toneladas de lixo por mês para os países do norte da
    Europa, incluindo a Noruega, de acordo com Donna Cox, assessora de imprensa da prefeitura de Leeds. Um imposto britânico sobre os aterros sanitários faz com que seja mais barato enviar o lixo para lugares como Oslo.
    The New York Times
    Energia gerada com lixo em usina de Oslo aquece metade da cidade
    Energia gerada com lixo em usina de Oslo aquece metade da cidade
    Para alguns, pode parecer bizarro que Oslo recorra à importação de lixo para produzir energia. A Noruega está entre os dez maiores exportadores mundiais de petróleo e gás e tem abundantes reservas de carvão e uma rede de mais de 1.100 usinas hidrelétricas em suas montanhas, ricas em água.
    Mikkelsen, no entanto,disse que a queima do lixo é "um jogo de energia renovável para reduzir o uso de combustíveis fósseis".
    Já Lars Haltbrekken, presidente da mais antiga entidade ambientalista da Noruega, afirmou que, do ponto de vista ambiental, a tendência de transformar resíduos em energia constitui um grande problema, por gerar pressão pela produção de mais lixo.
    Numa hierarquia de objetivos ambientais, disse Haltbrekken, a redução da produção de resíduos deveria estar em primeiro lugar, ao passo que a geração de energia a partir do lixo deveria estar no final. "O problema é que a nossa prioridade mais baixa conflita com a mais alta", disse ele.
    Em Oslo, as famílias separam seu lixo, colocando os restos de comida em sacos plásticos verdes, os plásticos em sacos azuis e os vidros em outro lugar. Os sacos são distribuídos gratuitamente em mercearias e outras lojas.
    Mikkelsen comanda duas usinas. A maior delas usa sensores computadorizados para separar os sacos de lixo codificados por cor.
    A separação do lixo orgânico, incluindo os restos de comida, passou a permitir que Oslo produza biogás, o qual já abastece alguns ônibus no centro da cidade.
    Outras áreas da Europa estão produzindo grande quantidade de lixo, incluindo o sul da Itália, onde lugares como Nápoles pagaram a cidades da Alemanha e da Holanda para que aceitem seus resíduos, ajudando a neutralizar uma crise napolitana na coleta do lixo. No entanto, embora Oslo tenha cogitado receber o lixo italiano, a cidade preferiu continuar com o inglês, considerado mais limpo e seguro. "É uma questão delicada", diz Mikkelsen.

    sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

    Sem criação para o abate, frigoríficos buscam cavalos de descarte

    21/02/2013
    TATIANA FREITAS
    DE SÃO PAULO


    Os produtores rurais do município gaúcho de São Gabriel receberam com repúdio o frigorífico Foresta, há cerca de 15 anos. O motivo: em vez de bois, o grupo com origem uruguaia abate cavalos.
    "Esse hábito violentava os nossos costumes e tradições. Um gaúcho jamais mataria um cavalo de montaria que foi companheiro do homem", afirma o produtor Renato Fagundes, que tem fazenda em São Gabriel e já vendeu animais para o frigorífico.

    Com o tempo, os produtores perceberam que poderiam fazer negócio com animais de descarte --velhos ou que, por algum motivo, não servem para o trabalho no campo. "E o abate se tornou natural."
    Hoje, o Foresta é o único no país com exportações regulares relevantes. Em janeiro, 80% dos embarques do setor partiram de São Gabriel.
    É o sobrevivente de um setor em declínio. Até 2009, o Brasil alternava a terceira e a quinta posição entre os maiores exportadores de carne de cavalo --prato estranho aos brasileiros, mas uma iguaria na culinária europeia.
    A partir daí, os embarques despencaram, refletindo as novas regras da União Europeia. O bloco passou a apresentar exigências parecidas com as do comércio de carne bovina para as importações.
    Para vender à Europa, os frigoríficos passaram a ser obrigados a apresentar um histórico detalhado da vida do cavalo nos seis meses que antecedem o abate.
    "Em função desse rastreamento, ficou muito difícil para o Brasil exportar", diz Roberto Arruda de Souza Lima, professor do departamento de economia da Esalq/USP e especialista no setor.
    A rastreabilidade é quase inviável no Brasil, onde não há cavalos criados só para o abate, assim como na maioria dos países produtores. Como o animal converte pouco o que consome em carne, o negócio não é lucrativo.
    Os frigoríficos buscam nas fazendas os cavalos para abater. Segundo produtores, há preocupação com a saúde do cavalo na aquisição, mas os compradores não pedem histórico detalhado do animal e dos medicamentos ingeridos.
    Eles demonstram insatisfação com a remuneração, classificada como "ninharia". "Não é uma atividade lucrativa. Vendemos só para não deixar os animais morrerem ali", diz Fagundes.
    A última venda feita pelo produtor de arroz, ovinos e bovinos de São Gabriel ao frigorífico Foresta ocorreu há cerca de um mês. Ele não se lembra do valor exato da venda, mas diz que o quilo do cavalo vivo pode sair por menos de R$ 1. O quilo do boi vivo, na mesma região, é comercializado por mais de R$ 3.
    SOBREVIVENTES
    No auge das exportações de carne equina, sete frigoríficos estavam habilitados pelo Ministério da Agricultura a abater cavalos. Restaram três. Além do Foresta, podem abater os animais o frigorífico Mississipi, de Apucarana (PR), e o Prosperidad, localizado em Araguari (MG).
    O último está com as atividades suspensas desde novembro passado, após o registro de casos de mormo, doença comum em equinos, na região de Araguari.
    Há rumores de que o frigorífico, ligado à trading DSM, volte a operar em abril. A Folha procurou a empresa e todos os frigoríficos citados, mas não obteve resposta dos responsáveis.
    Lima, da Esalq, diz que o silêncio é comum no setor, que teme reações violentas. "No Nordeste, tentaram abrir um frigorífico e fecharam por pressão popular", afirma.
    Neste momento, o silêncio pode estar relacionado ao escândalo na Europa envolvendo a presença de carne de cavalo em alimentos processados que deveriam conter apenas carne bovina.
    A possibilidade de fraudes no Brasil, no entanto, é descartada por especialistas e pelo Ministério da Agricultura, pois o controle nos frigoríficos é rígido. Fiscais do ministério acompanham os abates dentro das unidades e dão certificado de origem à carne.
    PALADAR
    Restaurantes paulistas, como o italiano Friccò e o japonês Hideki, tentaram inserir carne de cavalo no cardápio, mas não tiveram sucesso.
    "Como no Japão é muito comum o consumo de cavalo, testamos no cardápio. Mas o paladar brasileiro não aceitou", diz Hideki Fuchikami, chef e proprietário do Hideki.
    A carne equina faz sucesso nutricionalmente: tem o dobro do ferro da carne bovina, mais aminoácido e menos gordura, segundo Lima.
    Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress
    http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1234156-sem-criacao-para-o-abate-frigorificos-buscam-cavalos-de-descarte.shtml

    quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

    Maiores economias da Europa devem fechar 2012 com mais desempregados


    Gabriel Bonis

    02.01.2013

    Ao menos oito das principais economias da Europa, com exceção da Alemanha e do Reino Unido, devem fechar 2012 com índices de desemprego maiores que os registrados no ano anterior. Mergulhada em uma crise que ainda não demonstra sinais de arrefecimento, a região também enfrenta a recessão da Zona do Euro, composta por 17 países da União Europeia.
    Em novembro, a Eurostat, órgão de estatísticas da UE, confirmou que o bloco dos países na moeda única entrou em recessão pela segunda vez em três anos. A queda de 0,1% no terceiro trimestre de 2012 ocorreu por dois períodos consecutivos, caracterizando assim a recessão.
    Os dados mais recentes da Eurostat, referentes ao mês de outubro, apontam um nível de desemprego em 10,7% na UE e 11,7% na Zona do Euro. Na comparação com o mesmo período de 2011, os dados eram 9,9% e 10,4%, respectivamente. Com isso, ao todo 25,9 milhões de pessoas estavam desempregadas no continente em outubro último, um aumento de 2,1 milhões na comparação com a mesma época do ano passado.
    Índice de desemprego na Europa. Países em vermelho devem enfrentar recessão em 2012, segundo a Econominist Intelligence Unit. Imagem: Montagem sobre foto de Allstrak/WikiCommons
    Grande parte dos países com maior peso econômico na Europa registraram aumento nos índices de desemprego em relação a outubro de 2011. Um sinal de que as medidas de austeridade e os pacotes de ajuda financeira da troika (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia) ainda não conseguiram conter a crise.
    Os locais que tiveram o maior aumento de pessoas desocupadas no período são a Grécia (18,4 para 26%, sem dados novos desde agosto), Espanha (22,7% para 26,2%), Portugal (13,7% para 16,3%), França (9,7% para 10,7%), Polônia (9,9% para 10,4%), Itália (8,8% para 11,1%), Suécia (7,5% para 8,1%, com dados de novembro) e Holanda (4,8% para 5,5%).
    Segundo previsões da consultoria britânica Economist Intelligence Unit, também vão enfrentar recessão em 2012 Grécia (-6,8%), Espanha (-1,5%), Portugal (-3,3%), Itália (-2,2%) e Holanda (-1%).
    http://www.cartacapital.com.br/economia/maiores-economias-da-europa-devem-fechar-2012-com-mais-desempregados/

    sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

    Onda de frio na Europa causa a morte de 220 pessoas

    03/02/2012
    DA FRANCE PRESSE

    Ao menos 220 pessoas morreram na Europa em consequência da atual onda de frio, principalmente no leste do continente, onde só a Polônia e a Ucrânia registraram um total de 138 mortes nas últimas semanas.

    Na Rússia, onde as temperaturas se situavam por volta dos -25ºC em Moscou e rondavam os -50ºC em Yakutia (Sibéria oriental), as autoridades contabilizaram 64 mortos de frio desde 1º de janeiro, segundo o Ministério da Saúde, citado nesta sexta-feira pela agência Interfax.

    Há uma semana, uma onda de frio atinge a Europa central e oriental, provocando dezenas de vítimas, sobretudo na Ucrânia, Polônia e Romênia.

    Ao menos 101 pessoas morreram por causa do frio que atinge a Ucrânia desde 27 de janeiro, indicou nesta sexta-feira o Ministério de Situações de Emergência ucraniano em um comunicado.

    O governo indicou que as temperaturas não devem aumentar imediatamente, com temperaturas mínimas noturnas entre os -25ºC e os -30ºC, e diurnas entre -16ºC e -21ºC.

    O frio deixou outras oito vítimas na vizinha Polônia, onde as temperaturas caíram até os -35ºC no sudeste. No total, desde sexta-feira (27), 37 pessoas morreram de hipotermia, segundo a polícia. No inverno boreal passado, 212 pessoas morreram de frio na Polônia.

    Victor Drachev - 2.fev.12/France Presse
    Mulher observa o frio do lado de fora através da janela coberta de gelo de um ônibus na Belarus
    Mulher observa o frio do lado de fora através da janela coberta de gelo de um ônibus na Belarus

    Na Romênia, foram registrados mais dois mortos nas últimas 24 horas, elevando o total de vítimas a 24 desde o dia 26 de janeiro, segundo o ministério da Saúde.

    Na Sérvia, que marca temperaturas de -36ºC, o frio deixou sete mortos no fim de semana e milhares de pessoas seguem bloqueadas em povoados isolados pelas fortes quedas de neve. Os serviços de resgate tentavam fornecer ajuda aos mais isolados.

    MORADORES DE RUA

    Na Bulgária, foram registrados mais seis mortos, homens de 52 a 66 anos, indicou a imprensa nesta sexta-feira. O total de vítimas chega a 16, segundo a agência de notícias France Presse, em um momento em que não há informações oficiais.

    A maioria dos mortos no país, o mais pobre da UE (União Europeia), são pessoas idosas que se perderam nos arredores de seu povoado ou esperando um ônibus.

    Na República Tcheca, um homem de 59 anos foi encontrado morto na quinta-feira fora de sua casa, em um povoado do sudeste do país. A polícia acredita que caiu e não conseguiu se levantar. Na Eslováquia, morreu outra pessoa elevando o total de vítimas a três.

    CENTRO

    Estônia e França registraram suas primeiras vítimas. Um homem foi encontrado morto de frio em uma rua da capital da Estônia, enquanto um doente de Alzheimer de 82 anos morreu no povoado francês de Lemberg, após sair de sua casa de pijama.

    Na Itália, foram registrados três mortos. Em Roma, os moradores experimentaram apenas seu segundo dia de neve nos últimos 15 anos, com flocos brancos cobrindo palmeiras, antigas ruínas romanas e igrejas barrocas por toda a capital.

    Até cinco centímetros de neve caíram em alguns distritos, e monumentos antigos, como o Coliseu, foram fechados para os visitantes por medo de danos as suas estruturas.

    As temperaturas na região alpina de Piemonte, no norte da Itália, caíram tanto que chegaram a -30ºC, e os motoristas foram aconselhados a evitar regiões no centro do país devido à forte nevasca e aos problemas de tráfego causados pelo clima.

    No Reino Unido, os britânicos se preparavam para a neve depois que as temperaturas caíram a -11ºC durante a noite em Chesham, no sudeste da Inglaterra, e as autoridades alertavam que o frio poderia atingir as pessoas de surpresa depois de um inverno mais quente que o normal até agora.



    http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1043557-onda-de-frio-na-europa-causa-a-morte-de-220-pessoas.shtml