por Rafael Duque, do Opera Mundi publicado 02/06/2014

SÃO PAULO - Em vigor desde segunda-feira, 2, as novas restrições a entrada de espanhóis no Brasil ainda não foram empecilho suficiente para barrar passageiros no setor de imigração do Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo. A Embaixada da Espanha no Brasil também não teve notícia de nenhum caso e a Polícia Federal em Brasília informou que não vai se manifestar sobre o assunto.
A medida é chamada de princípio diplomático da reciprocidade. O Itamaraty acusa Madri de adotar práticas mais rígidas com relação a entrada de brasileiros em seu território do que com cidadãos de outros países. Agora, para entrar no Brasil, o espanhol tem de mostrar, além do visto de entrada (temporário, permanente ou de turista), a apresentação do bilhete aéreo de volta, com data de retorno marcada, comprovação de meios econômicos suficientes para se manter no Brasil durante o período de permanência e documento comprovando o endereço de estadia ou carta-convite de residente no Brasil.
O consultor Julio Henchi, de 52 anos é espanhol e vem pela primeira vez ao Brasil com a esposa e a filha. Ele contou que não teve nenhum problema para entrar no País e que, inclusive, foi muito bem tratado. "Para mim não mudou nada, toda vez que eu viajo eu levo o comprovante da reserva do hotel onde vou me hospedar." Henchi disse também que foi orientado pela companhia aérea com a qual comprou sua passagem.
"Tem de ter restrição, mesmo, senão entra quem quiser. Lá fora eles já acham que o Brasil é terra de ninguém", disse a dona de casa Vanda Amaro Medina Alvarez, de 63 anos, que acabava de voltar da Espanha com o marido, o espanhol naturalizado brasileiro Antonio Medina Alvarez, de 66 anos. Eles tinham ido visitar a filha que é brasileira e mora em Madri.
Eles contaram que o jornal El Pais divulgou a documentação necessária para entrar no Brasil."Ta tudo mundo esperto, já." Sobre as restrições, a opinião dos familiares espanhóis de Alvarez é que a reciprocidade é justa. "Eles estão preocupados, inclusive, com o prejuízo que as restrições a brasileiros pode trazer ao turismo espanhol."
A brasileira Astres Pereira, de 48 anos mora há seis na Espanha. Ela também concorda que o governo brasileiro está certo em restringir a entrada de espanhóis, como a polícia espanhola faz com os brasileiros no exterior.
Idoia López Riaño, conhecida como "La Tigresa", uma das integrantes mais violentas do ETA, foi expulsa da organização separatista basca por pedir perdão às vítimas, informou nesta quarta-feira a imprensa espanhola.
O ETA anunciou a expulsão de Idoia, envolvida em 23 assassinatos cometidos pelo grupo, e de seu namorado Joseba Arizmendi Oiartzabal ao eliminar seus nomes da lista do coletivo de presos "etarras" (integrantes da organização).
"La Tigresa" foi repudiada pelo ETA por assinar um documento no qual, entre outras coisas, pede perdão às vítimas e renega o grupo terrorista, de acordo com a emissora de rádio "Cadena Ser" e os jornais do grupo Vocento.
Idoia, extraditada pela França em 9 de maio de 2001 e presa na Espanha desde então, está detida desde junho de 2010 na cadeia de Nanclares de Oca, no País Basco, para onde foi transferida ao lado do namorado após assinar o documento.
O governo espanhol informou as transferências e explicou que "La Tigresa" e Arizmendi, apesar da aproximação, mantinham o primeiro grau do regime penitenciário -- o mais duro -- por seu longo e violento histórico criminoso.
A terrorista, envolvida em 23 assassinatos entre o início dos anos 1980 e sua detenção em 1994, recebeu várias sentenças condenatórias, entre elas uma de 1.572 anos de prisão pelo atentado perpetrado em 1986 pelo ETA em Madri, no qual morreram 12 guardas civis.
Já Joseba Arizmendi Oiartzabal participou do assassinato do guarda civil Francisco Robles Fuentes em Pasajes (Guipúzcoa) em maio de 1991 e no de Raúl Suárez, em Rentería, um mês depois.
A organização terrorista anunciou em 20 de outubro a "cessação definitiva de sua atividade armada", embora não sua dissolução nem a entrega das armas.
Em suas mais de quatro décadas de atividade, o ETA foi responsável pelo assassinato de mais de 800 pessoas.