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domingo, 13 de outubro de 2013

Seca do semiárido nordestino é a pior dos últimos 30 anos

13/10/2013 - 18h29
A seca que afeta o Semiárido nordestino desde 2011 deixou metade dos 504 reservatórios monitorados pela Agência Nacional de Águas (ANA) com menos de 30% da capacidade de armazenamento de água. "Esta é a pior seca nos últimos 30 anos. Se não tivermos um período de chuvas de janeiro a maio em 2014, para recuperar os reservatórios, a situação ficará gravíssima", disse o superintendente de Regulação da ANA, Rodrigo Flecha Ferreira Alves.
Para garantir o abastecimento para as pessoas, a ANA restringe o uso da água para atividades produtivas como a irrigação e a piscicultura. A agência acompanha a situação 45 açudes e seis rios de domínio federal no Semiárido. Do total, em 16 açudes e três rios são obedecidas as regras da ANA, abrangendo 91 municípios e cerca de 1,9 milhão de pessoas.
A restrição de uso mais recente foi determinada na segunda-feira (7) para o Rio Piranhas-Açu, que corta a Paraíba e o Rio Grande do Norte, e para os açudes de Coremas e Mãe D'Água, ambos na Paraíba, que estão com 34% e 33% da capacidade de armazenamento de água, respectivamente.
Desde a semana passada, nas cidades de Coremas, Pombal, Cajazeirinhas, Paulista e São Bento, na Paraíba, e Jardim Piranhas e Jucurutu, no Rio Grande do Norte, a água só pode ser retirada do rio e dos açudes para qualquer atividade produtiva três vezes por semana das 2h às 11h. A recomendação da ANA é que não seja feita irrigação entre as 11h e as 17h, pois, nesse período, muita água é perdida por evaporação. A agência também alerta para que nenhum novo tipo de cultura seja iniciado neste momento devido à possibilidade de não haver água suficiente.
"A prioridade de uso dos açudes é para abastecimento humano e consumo animal. É muito importante que os agricultores implementem tecnologias de uso eficiente da água. Não se pode ter no semiárido irrigação por inundação", disse o superintendente. Segundo ele, a ANA monitora constantemente o nível da água para acompanhar o cumprimento das medidas.
A Secretaria Nacional de Defesa Civil reconhece que 1.484 municípios nordestinos e do norte de Minas Gerais estão em situação de emergência por causa da estiagem, afetando 10,67 milhões de pessoas. De acordo com o Ministério da Integração Nacional, o governo federal investe mais de R$ 16 bilhões para reduzir os efeitos da seca e amenizar as perdas econômicas, por meio de ações emergenciais, obras estruturantes e linhas especiais de crédito.
Segundo o ministério, desde janeiro de 2012, o governo destinou R$ 916 milhões para a Operação Carro-Pipa. Sob a coordenação do Exército, foram contratados 5.809 carros-pipa para levar água a mais de 3,8 milhões de pessoas em 815 municípios. Ainda de acordo com a pasta, o Programa Água para Todos entregou 370 mil cisternas e a meta é construir mais 750 mil até 2014. Além disso, o programa prevê a implantação de sistemas simplificados de abastecimento de água para comunidades rurais de baixa renda.
O ministério informou que o Bolsa Estiagem é pago a mais de 1,1 mil pessoas em 1.378 municípios, com a transferência de mais de R$ 1 bilhão. O pagamento de R$ 80 é destinado a agricultores de baixa renda que vivem em cidades atingidas pela seca.

O meteorologista Mozar de Araújo Salvador, do Instituto Nacional de Meteorologia, explicou que a seca iniciada em 2011 ocorre por causa do Dipolo Positivo do Atlântico, fenômeno oceânico que interfere no clima do semiárido ao deslocar a formação de nuvens para o norte da Linha do Equador, aumentando a precipitação no Oceano Atlântico. Assim, as chuvas têm sido bem abaixo da média no Nordeste há três anos. Segundo ele, ainda é cedo para dizer se a região nordestina terá mais chuvas em 2014.


terça-feira, 17 de setembro de 2013

Nordeste é região com mais bolsas do governo federal

Ciência sem Fronteiras concedeu, até agosto, 547 bolsas para cada 100 mil universitários nordestinos, contra 509 no Sudeste. Especialistas acreditam que medida ajudará a internacionalização das universidades locais e incrementará o repertório

16 de setembro de 2013
Victor Vieira - O Estado de S.Paulo
Historicamente menos prestigiado nas políticas de ensino superior, o Nordeste enviou o maior número de graduandos para o exterior pelo programa Ciência Sem Fronteiras, em relação ao número de estudantes da região. Até agosto, o governo concedeu 547 bolsas para cada 100 mil universitários nordestinos, contra 509 no Sudeste. As bolsas oferecidas pelo Brasil somam quase 37,8 mil - das 101 mil prometidas até 2015.
Especialistas apontam que ainda é cedo para determinar impactos no desenvolvimento científico-tecnológico das instituições nordestinas. A expectativa mais imediata é de que as bolsas favoreçam a internacionalização das universidades locais e incrementem o repertório dos estudantes.
"Não dá para quantificar os resultados. Mas é uma mudança que amplia os horizontes dos alunos, com um custo que não é alto", avalia Cláudio de Moura Castro, especialista em Educação.
Para o professor de Economia da Universidade de Brasília, Jorge Nogueira, é razoável atender Estados que concentram menos recursos. "A tendência de redistribuição do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) começou há quase 40 anos. Se considerarmos somente o número de pesquisadores e publicações científicas, o eixo Rio-Minas-São Paulo leva a maioria dos incentivos."
Outra aposta é que a vivência dos estudantes no exterior qualifique o mercado de trabalho regional. "Eles se formarão como profissionais mais competitivos", prevê a diretora de relações internacionais da Universidade Federal de Pernambuco, Maria Leonor Maia.
Oportunidades. Aluna de Engenharia de Materiais na Universidade Federal do Sergipe (UFS), Silmara Caldas, de 23 anos, ficou seis meses nos EUA. "A UFS não oferecia muitas bolsas antes do Ciência Sem Fronteiras e viajar por conta própria seria complicado." Ela gostou tanto do intercâmbio que pretende repetir a dose: se inscreveu em outro edital do programa para uma pós em Bioengenharia.
Recém-chegado da Holanda, Clécio Santos, de 22 anos, também elogia a experiência. "Comparando o que existe lá com nossa realidade, ficamos com vontade de fazer mais pelo País, de mexer na sociedade", diz o estudante de Ciência da Computação da Universidade Federal da Bahia, que também cogita um mestrado no exterior.
Ressalvas. O físico Martin Makler, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, afirma que a falta de critérios na seleção das universidades estrangeiras participantes pode reduzir os benefícios para a região. "É melhor enviar o aluno para a USP do que para uma instituição estrangeira medíocre", defende.
Procurados, o CNPq e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgãos responsáveis pelo programa, não informaram se há critérios que privilegiam a concessão de bolsas em alguns Estados. / COLABOROU TIAGO DÉCIMO