Mostrando postagens com marcador ONU. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ONU. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Brasil avança uma posição e é 79º no ranking do desenvolvimento humano

24/07/2014

ONU calcula índice de 187 países com base em renda, educação e saúde.
No IDH 2013, Brasil está na faixa de países de desenvolvimento 'elevado'.
Nathalia PassarinhoDo G1, em Brasília

O Brasil avançou uma posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e passou do 80º lugar em 2012 para o 79º em 2013 no ranking das nações mais e menos desenvolvidas, que reúne 187 países.
Os dados constam da edição deste ano do Relatório de Desenvolvimento Humano, divulgado nesta quinta-feira (24) pela Organização das Nações Unidas (ONU).
O IDH é um índice medido anualmente pela ONU com base em indicadores de renda, saúde e educação. O índice varia em uma escala de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, mais elevado é o IDH. O ranking divide os países em quatro categorias: os de índice de desenvolvimento "muito elevado", "elevado", "médio" e "baixo".

As Nações Unidas fizeram alterações no método de cálculo, o que modificou o índice do Brasil no IDH de 2012. Com a atualização dos cálculos, o país passou, naquele ano, da 85º posição para a 80º (leia mais abaixo a explicação sobre a metodologia).

De acordo com a metodologia atual, o Brasil registrou, em 2013, IDH de 0,744, ante 0,742 em 2012, o que inclui o país entre os de desenvolvimento "elevado".

Nas últimas três décadas, o país registrou crescimento de 36,4% no IDH, segundo a ONU – passou de 0,545 (desenvolvimento "baixo") em 1980 para 0,744 em 2013 (desenvolvimento "elevado)".

Em comparação com 2012, a maioria dos países se manteve estável no ranking de desenvolvimento de 2013. Das 187 nações das quais a ONU coleta dados, 38 países subiram, 114 mantiveram suas posições e 35 caíram.

A primeira colocação no ranking mundial permanece com a Noruega (0,944), seguida por Austrália (0,933), Suíça (0,917) e Suécia (0,915). Os Estados Unidos, que antes eram o terceiro país mais desenvolvido, caiu para a quinta posição, com 0,914. Os três piores colocados são os africanos Níger (0,337), Congo (0,338) e República Central da África (0,341).

De acordo com o representante residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o argentino Jorge Chediek, o Brasil avançou muito nos últimos 30 anos, mas tem um “passivo histórico” de pobreza e desigualdade grande, o que dificulta um crescimento maior no ranking de desenvolvimento.

“O Brasil, em termos de desenvolvimento humano, mostra uma melhora consistente da condição de vida das pessoas nos últimos 30 anos. A nível global foi um dos países que mais melhorou nos últimos 30 anos”, avaliou.

Segundo Chediek, o relatório das Nações Unidas traz mais de 20 referências ao Brasil e elogios a programas de transferência de renda, como o Bolsa Família.

“Da nossa perspectiva o programa Bolsa Família é muito bem desenhado. Tem sido um grande sucesso e temos promovido a adoção dele em outros países. Esses programas de transferência de renda promovem a resiliência [capacidade de recuperação]. É um piso e nós defendemos piso de proteção social”, disse.

No texto do relatório, as Nações Unidas enfatizam esforços do Brasil em promover inclusão social e aumentar a capacidade de consumo da população mais pobre.
“Uma forma de avaliar o progresso de uma nação é calcular o crescimento do consumo entre os 40% mais pobres. Por esse cálculo, a Bolívia, o Brasil e o Camboja têm se saído bem. Nos três países, o nível de consumo dos 40% mais pobres tem sido mais acelerado do que o da população como um todo”, diz o documento.
Em um dos indicadores que compõem o IDH, a renda nacional bruta per capita, o Brasil registrou US$ 14.275, ajustados pelo poder de compra. Em 2012, era de US$ 14.081.
A Argentina tem renda nacional bruta per capita de US$ 17.296 e o Uruguai, de US$ 18.108.
Em relação aos países emergentes com as maiores economias, que formam o chamado grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), a renda nacional per capita do Brasil fica à frente da Índia (US$ 5.150), da China (US$ 11.477) e da África do Sul (US$ 11.788), mas fica atrás da Russia (US$ 22.167).
                                          Arte índice de desenvolvimento humano 2013 (Foto: Editoria de Arte / G1)
Desigualdade
De acordo com a coordenadora do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, Andreia Bolzon, apesar do progresso continuado, o Brasil é um país com grande desigualdade. Segundo ela, é na distribuição de renda que as diferenças se mostram mais acentuadas.

A pesquisa da ONU traz um cálculo do IDH que “desconta” dos dados de saúde, educação e renda o nível de desigualdade do país. Pelo levantamento, o Brasil perderia 39,7% de seu IDH devido às desigualdades atuais na renda da população. Haveria ainda um desconto de 24,7% em função de diferenças de acesso à escolaridade. No total, o Brasil perderia 16 posições no ranking de desenvolvimento se fosse considerado o nível de desigualdade do país.
“O Brasil é um destaque entre outros países. É um dos países reconhecidos pela trajetória extremamente positiva. Mas o Brasil ainda é um país desigual, ainda que tenha diminuído com politicas de transferência de renda e formalização do emprego”, disse Jorge Chediek.
América do Sul e Brics
O Brasil está atrás de quatro países da América do Sul em nível de desenvolvimento humano – Chile (41º lugar), Argentina (49º), Uruguai (50º) e Venezuela (67º).  Entre outros vizinhos, fica na frente de Peru (82º) e Colômbia (98º).

De acordo com o levantamento das Nações Unidas, da América Latina, somente cinco países, entre os quais o Brasil, registraram melhora no índice de desenvolvimento humano na comparação com 2012. Outros nove pioraram e 19 mantiveram a posição.

Em relação aos Brics, o Brasil só perde no IDH para a Rússia, que registra 0,778 e é a 57ª colocada.
Escolaridade e expectativa de vida
Os dados de escolaridade no Brasil não mudaram em relação a 2012. A média de anos de estudo continua 7,2, a mesma desde 2010. O Brasil está abaixo da média da América Latina, que é de 7,9 anos.

A expectativa de anos de estudo também continua igual a 2010. De acordo com a ONU, uma criança de 6 anos que entrar agora na escola no Brasil deve continuar estudando por 15,2 anos.
De acordo com a coordenadora do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, Andreia Bolzon, apesar de os números permanecerem inalterados nos relatórios de 2012 e 2013, não é possível dizer que a educação no Brasil está “estagnada”.
Segundo ela, a ONU teve que usar dados de 2010 para a média de anos de estudo porque eram os números passíveis de serem comparados com a evolução dos demais países. Segundo ela, dados mais atuais revelam que o Brasil avançou para uma média de 7,6 anos de estudo.
A expectativa de vida do brasileiro teve ligeiro aumento no IDH 2013 – passou de 73,7 anos em 2012 para 73,9 anos em 2013. Entre 1980 e 2013, a expectativa de vida ao nascer aumentou 11,2 anos.
Metodologia
De acordo com a ONU, o Índice de Desenvolvimento Humano leva em conta três fatores: dados de saúde com base na expectativa de vida ao nascer; de educação, com informações sobre média de anos de estudo da população adulta e anos esperados de escolaridade para crianças; e renda nacional bruta, que identifica os recursos que ficaram no país.

O IDH de 2013 abrange 187 países, a mesma quantidade de 2012 e 2011. O índice foi criado pelas Nações Unidas para se contrapor ao critério de crescimento econômico como única forma de analisar o desenvolvimento de uma nação. Para o organismo, a educação e a qualidade de vida dos povos também devem ser usados para medir o desenvolvimento.
O relatório de 2013 do IDH trouxe algumas modificações de metodologia em relação ao estudo de 2012. Uma das alterações diz respeito aos valores máximos dos índices. Antes, eram iguais aos valores máximos observados nos países analisados. Agora, são fixados em 85 anos para a expectativa de vida, 15 anos para a média de anos de estudo, 18 anos para a expectativa de escolaridade e US$ 75 mil para a RNB per capita (média de renda da população de um país).
A abordagem anterior, de números máximos observados, foi criticada porque o IDH de um país acabava por depender dos resultados de outros países que tiveram valores utilizados como máximo. Outra mudança realizada diz respeito à forma como os indicadores de educação são agregados.
O cálculo geométrico dos dados usado anteriormente foi criticado sob o argumento de que um país desenvolvido "típico" tem um valor maior na expectativa de escolaridade do que a média de anos de estudo.
Ao agregar esses dois indicadores com a média geométrica, os países desenvolvidos acabavam “penalizados” por causa da diferença, ainda que estivessem melhorando o nível de ensino com mais crianças frequentando a escola em todos os níveis.
De acordo com a ONU, o uso da média aritmética fornece um tratamento igual para ambos os indicadores e garante resultado mais realista do IDH.
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/07/brasil-avanca-uma-posicao-e-e-79-no-ranking-do-desenvolvimento-humano.html

terça-feira, 6 de maio de 2014

ONU pressiona Nigéria para resgatar as 200 meninas sequestradas

Alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos conversou com presidente nigeriano e pediu mais ações para esclarecer o caso

Navi Pillay, alta comissária de Direitos Humanos da ONU
Navi Pillay, alta comissária de Direitos Humanos da ONU (Denis Balibouse/Reuters)
A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, lembrou nesta terça-feira que escravizar e abusar sexualmente de pessoas pode constituir crime contra a humanidade, em referência ao sequestro de mais de 200 meninas na Nigéria pelas mãos da milícia radical islâmica Boko Haram. “Alertamos os responsáveis pelo sequestro que a lei internacional proíbe totalmente a escravidão e a escravidão sexual. Esses atos podem constituir, em alguns casos, crimes contra a humanidade”, afirmou Navi, citada em comunicado. A comissária da ONU também ligou para o presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, para pedir agilidade na solução do caso.
O sequestro aconteceu em 14 de abril em uma escola em Chibok, no noroeste da Nigéria, e ontem sua autoria foi reivindicada pelo Boko Haram em um vídeo. Segundo a imprensa nigeriana, as garotas têm entre 13 e 18 anos de idade. Navi condenou o sequestro e pediu que as meninas sejam imediatamente devolvidas, sãs e salvas, a suas famílias. “Estamos profundamente preocupados com a fala do suposto líder do Boko Haram ontem na Nigéria, quando diz descaradamente que venderá 'no mercado' as meninas sequestradas, referindo-se a elas como escravas”, acrescentou a comissária.
Uma das meninas raptadas que conseguiu escapar relatou que as reféns mais jovens sofriam até quinze estupros por dia e que ela mesma havia sido entregue como esposa a um dos líderes do grupo terrorista. A alta comissária contatou o presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, e pediu que faça todos os esforços para poder encontrar as meninas, e junto a outros altos executivos das Nações Unidas lembrou às autoridades que têm a obrigação de velar por que todas as meninas do país desfrutem do direito à educação, e sejam protegidas de qualquer violência ou intimidação.
A respeito do Boko Haram, Navi definiu as ações como “monstruosas” e pediu às autoridades que protejam a população. “O fracasso das autoridades em proteger efetivamente os cidadãos constitui em si uma violação dos direitos humanos”, repreendeu a alta comissária.
Fora do país – Segundo o Departamento de Estado americano, muitas das meninas sequestradas já podem estar fora da Nigéria. "Muitas delas, provavelmente, foram levadas para fora do país, para países vizinhos", explicou a porta-voz da diplomacia americana, Marie Harf. A porta-voz também confirmou que Washington ajuda a Nigéria em operações antiterroristas, trocando informações de inteligência, e acrescentou que Washington está preparada para ajudar a Nigéria "de qualquer forma" que Abuja considerar necessário.
O grupo paramilitar extremista Boko Haram, que significa em línguas locais "a educação não-islâmica é pecado", luta para impor a "sharia" (a lei islâmica) na Nigéria, país de maioria muçulmana no norte e predominantemente cristã no sul. No mesmo dia do sequestro, os terroristas realizaram um atentado em um terminal de ônibus na capital Abuja onde morreram 75 pessoas e 216 ficaram feridas. Neste exato lugar foi registrada outra explosãona quinta-feira passada, com dezenove mortos e sessenta feridos.
http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/onu-pressiona-nigeria-para-resgatar-as-200-meninas-sequestradas


  • Nigéria
    País

  • Nigéria, oficialmente República Federal da Nigéria, é uma república constitucional federal que compreende 36 estados e o Território da Capital Federal, Abuja. Wikipédia



  • MoedaNaira

  • Língua oficialLíngua inglesa


  • GovernoPresidencialismo, República federal
  • https://www.google.com.br/search?q=Nig%C3%A9ria&oq=Nig%C3%A9ria&aqs=chrome..69i57j0l5.4372j0j8&sourceid=chrome&es_sm=0&ie=UTF-8
  •            
  • www.google.com.br/nigéria


  • quinta-feira, 27 de março de 2014

    Assembleia-Geral da ONU considera referendo da Crimeia inválido

    Apenas 11 países votaram contra a decisão, que tem caráter simbólico; Brasil se absteve

    27 de março de 2014
    Militares ucranianos abandonam base na Crimeia após forças pró-Rússia tomarem o local (19/03)
    ANTON PEDKO/Efe





    NOVA YORK - A Assembleia-Geral da ONU aprovou uma resolução nesta quinta-feira declarando que o referendo da Crimeia, realizado no começo deste mês e apoiado por Moscou sobre a secessão da Ucrânia e união com a Rússia, é inválido. Por ser não vinculante, a resolução tem apenas caráter simbólico.
    Na assembleia de 193 países, 100 votaram a favor, 11 contra e houve 58 abstenções, entre elas a do Brasil. Alguns países não participaram da votação. Diplomatas ocidentais disseram que o número de votos a favor foi mais alto do que o esperado.
    A favor da resolução aprovada hoje se pronunciaram Espanha e outros países da América Latina como o Chile, a Colômbia, a Costa Rica, a República Dominicana, a Guatemala, o Haiti, Honduras, o México, o Panamá e o Peru.
    Com a Rússia, também votaram contra: Armênia, Belarus, Bolívia, Coreia do Norte, Cuba, Nicarágua, Sudão, Síria, Venezuela e Zimbábue, enquanto emergentes como China, Índia e Brasil, além de outros latino-americanos como a Argentina, o Equador e o Uruguai se abstiveram.
    "Afirmamos nosso compromisso com a soberania, com a independência política, com a unidade e integridade territorial da Ucrânia a partir de suas fronteiras reconhecidas internacionalmente", diz o texto da resolução, que pede ainda moderação às partes envolvidas na crise.
    Sem mencionar diretamente a Rússia, o texto pediu que membros da comunidade internacional desistam de ações que busquem romper a integridade territorial da Ucrânia.
    Discussões. "O que aconteceu no meu país é uma violação direta da Carta da ONU (...) e aconteceu no coração da Europa em pleno século XXI", disse o ministro ucraniano de Relações Exteriores interino, Andriy Deshchystsya, ao apresentar a resolução.
    O embaixador russo, Vitali Chrurkin, lembrou que a Crimeia aprovou por arrasadora maioria se reintegrar à Rússia. Na avaliação dele, Moscou não pode recusar o desejo de autodeterminação dos crimeios, uma vez que durante séculos a região fez parte da Rússia.
    "Em vez de um governo de união nacional apareceu um governo de vencedores, com um partido racista, antissemita e xenófobo", acrescentou o embaixador russo.
    A embaixadora americana, Samantha Power, destacou durante seu discurso que a resolução procura mostrar o compromisso com a soberania e integridade territorial da Ucrânia da comunidade internacional, que defende uma solução pacífica à crise.
    "As fronteiras não são meras sugestões", afirmou Power, que reconheceu que a Rússia tem interesses "legítimos" na Ucrânia e disse que o direito à livre autodeterminação é um valor a defender, mas pediu que não se reconheça o referendo da Crimeia. / REUTERS e EFE
    http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,assembleia-geral-da-onu-considera-referendo-da-crimeia-invalido,1145874,0.htm

    terça-feira, 5 de novembro de 2013

    Principal grupo guerrilheiro da República Democrática do Congo declara fim de conflito

    05/11/2013

    Governo anunciou uma "vitória total" sobre o grupo rebelde Movimento de 23 de Março

    Principal grupo guerrilheiro da República Democrática do Congo declara fim de conflito Junior D. Kannah/AFP
    O leste do país é uma região rica em minerais e marcada pelos conflitos étnicos e históricosFoto: Junior D. Kannah / AFP

    O Movimento de 23 de Março (M23) divulgou nesta terça-feira um comunicado no qual informa o "fim da rebelião", horas depois que o governo proclamou que os insurgentes foram expulsos das últimas posições que ocupavam no leste da República Democrática do Congo.
    — A direção do M23 anuncia que decidiu, a partir de hoje, encerrar a rebelião e prosseguir, com meios puramente políticos, a busca de soluções para as causas profundas que motivaram sua criação — afirma o comunicado do movimento.
    — Todos os comandantes militares da rebelião devem preparar os homens das tropas para o processo de desarmamento, desmobilização e reintegração social, cujas modalidades serão estabelecidas com o governo — completa a nota.
    O governo da República Democrática do Congo (RDC) anunciou uma "vitória total" sobre o grupo rebelde M23.
    — Os últimos elementos do M23 abandonaram as trincheiras de Chanzu e Runyonyi sob a pressão das FARDC (Forças Armadas da RDC), que acabaram de entrar na região — afirmou o ministério da Comunicação em um comunicado.
    A ONU, cujas tropas no Congo são comandadas pelo general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz, e Kinshasa exigiram no domingo e na segunda-feira que o M23 anunciasse publicamente o fim da rebelião, como haviam se comprometido os negociadores do movimento em Kampala, capital de Uganda, onde os dois lados negociavam desde dezembro.
    O governo congolês apresentou o anúncio como condição para assinar um acordo político que acabasse com o conflito com o M23.
    O leste do país é uma região rica em minerais e marcada pelos conflitos étnicos e históricos, que resultaram no surgimento de inúmeros grupos armados.
    Esses grupos combatem o exército congolês (FARDC) e outras milícias, e aterrorizam a população. Cerca de dois milhões de pessoas tiveram de se deslocar por causa dos conflitos.
    http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/mundo/noticia/2013/11/principal-grupo-guerrilheiro-da-republica-democratica-do-congo-declara-fim-de-conflito-4323595.html


    segunda-feira, 16 de setembro de 2013

    Ocidente e Rússia divergem sobre previsão de uso da força na Síria

    EUA, França e Grã-Bretanha defendem que resolução da ONU tenha 'caráter obrigatório' ou autorize intervenção militar

    16 de setembro de 2013
    Andrei Netto, correspondente em Paris
    PARIS - Dois dias após sacramentarem o acordo sobre a deposição das armas químicas pela Síria até 2014, o secretário de Estado americano, John Kerry, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, voltaram a colidir nesta segunda-feira, 16, pondo em perigo a resolução que terá de ser aprovada no Conselho de Segurança. Para os Estados Unidos, a França e a Grã-Bretanha, o texto a ser votado nas Nações Unidas vai prever o uso da força em caso de desrespeito por parte do regime de Bashar Assad. Em Moscou, a visão é oposta.
    A divergência entre Kerry e Lavrov ficou clara na manhã de ontem, em Paris, quando o americano concedeu entrevista coletiva ao lado dos ministros da França, Laurent Fabius, e da Grã-Bretanha, William Hague. No encontro, os três afirmaram que a resolução que regulamentará o acordo firmado no sábado, em Genebra, prevendo o desmantelamento do arsenal químico de Assad até 2014, deve incluir uma menção ao Capítulo VII da Declaração das Nações Unidas.
    A eventual citação não é anódina. O Capítulo VII é texto que autoriza a comunidade internacional a recorrer à força ou a sanções contra um país que esteja em clara violação de um tratado internacional. Esse seria o caso da Síria de Assad, caso o regime não cumpra os termos do acordo Kerry-Lavrov. A inclusão dessa cláusula é uma bandeira da França, que tenta obter garantias de que a Rússia não vai mais poder vetar uma eventual intervenção militar no futuro.
    Ontem, o presidente da França, François Hollande, recebeu Fabius, Kerry e Hague no Palácio do Eliseu. Ao final, a presidência divulgou um comunicado no qual pede ao Conselho de Segurança "uma resolução forte". Minutos depois, o chanceler francês repetiu as palavras em tom de advertência. "Nós queremos obter do Conselho de Segurança das Nações Unidas nos próximos dias uma resolução forte, que preverá, claro, consequências sérias se o acordo não aplicado", disse Fabius. Hague foi no mesmo sentido. "A pressão é sobre o regime de Damasco para que eles apliquem integralmente este acordo", reiterou, beligerante: "O mundo deve estar pronto a tirar as consequências se não o fizerem".
                                               Ocidente defende resolução da ONU com caráter obrigatório - Michel Euler/APMichel Euler/AP
                                                               Ocidente defende resolução da ONU com caráter obrigatório
    O objetivo, segundo Fabius, é fazer o regime entender "que não ha outra perspectiva além da mesa de negociações", sem esconder que o fim da guerra civil na Síria depende da partida de Bashar Assad. O chanceler francês alertou ainda que o Ocidente vai aumentar a ajuda - sem especificar se militar - aos rebeldes ligados à Coalizão Nacional Síria (CNS), o grande órgão da oposição.
    Kerry, no início moderado, acabou sendo o mais enfático dos três. Questionado sobre se a resolução que seria apresentada à ONU incluiria o Capítulo 7, o americano não deixou dúvidas. "O acordo compromete totalmente os EUA e a Rússia a impor medidas ao sob o abrigo do Capítulo 7 da Declaração da ONU no caso de não-conformidade", enfatizou Kerry.
    Em Moscou, Lavrov acusou as "capitais europeias" de estarem pondo o acordo em risco de fracasso. "Estou certo de que, apesar de todas as declarações emanando de certas capitais europeias, a parte americana se atrelará estritamente ao que foi acordado", afirmou o chanceler russo, insinuando que Kerry não havia imposto a condição. O próximo round da disputa deve acontecer ainda nesta semana, quando a resolução será apresentada.

    sexta-feira, 5 de julho de 2013

    ONU: dos 7 bilhões de habitantes do mundo, 6 bi têm celulares, mas 2,5 bi não têm banheiros

    22 de março de 2013
    Vivendo em meio a resíduos. Foto: IRIN/Manoocher Deghati
    Vivendo em meio ao lixo. Foto: IRIN/Manoocher Deghati
    O Vice-Secretário-Geral da ONU, Jan Eliasson, lançou um apelo nesta quinta-feira (21) para reverter a situação de um planeta onde há mais celulares do que banheiros — e onde 2,5 bilhões de pessoas não têm saneamento básico.
    Eliasson pediu para que governos, empresas e organizações internacionais se mobilizem e realizem ações mensuráveis para aumentar rapidamente o acesso ao saneamento básico.
    O chamado para a ação, feito na véspera do Dia Mundial da Água, 22 de março, pretende centrar-se em ações que visem a melhoria da higiene, mudança das normas sociais, melhor gestão de dejetos humanos e águas residuais e, até 2025, elimine completamente a prática da defecação a céu aberto, que perpetua o ciclo vicioso de doença e pobreza enraizada.
    Entre a população mundial — atualmente de 7 bilhões de pessoas — 6 bilhões têm telefones celulares. No entanto, apenas 4,5 bilhões têm acesso a banheiros ou latrinas, o que significa que 2,5 bilhões de pessoas — principalmente em áreas rurais — não têm saneamento básico adequado. Além disso, 1,1 bilhão de pessoas ainda defecam a céu aberto.
    “Vamos enfrentar este problema sobre o qual as pessoas não gostam de falar. Mas ele é diretamente ligado à saúde, a um ambiente limpo, à dignidade humana fundamental para bilhões de pessoas e para atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Faltam pouco mais de mil dias para o prazo dos ODM, e temos uma janela única de oportunidade para entregar uma mudança geracional”, disse Eliasson.
    Os países onde a defecação a céu aberto é amplamente praticada são os mesmos países com o maior número de mortes de crianças com menos de 5 anos, com altos níveis de subnutrição e de pobreza e com grandes disparidades de riqueza.
    “Nós podemos reduzir para um terço os casos de diarreia em crianças menores de cinco anos simplesmente ampliando o acesso das comunidades ao saneamento e eliminando a defecação ao ar livre”, disse o Vice-Diretor Executivo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Martin Mogwanja.
    “Na verdade, a diarreia é a segunda maior causa da morte de crianças menores de cinco anos no mundo em desenvolvimento e isso é causado em grande parte pela falta de saneamento e higiene inadequada.”

    quinta-feira, 6 de junho de 2013

    A ONU se derrama em elogios ao Irã

    23/05/13 
    POR SAMY ADGHIRNI - correspondente em Teerã.

    O Irã acumula vasto histórico de denúncias por repressão moral, tortura, perseguição política e outras graves violações de direitos humanos. Mas em termos de desenvolvimento social e humano, a república islâmica é um modelo. Quem diz isso é a ONU.
    O último relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDP), divulgado no mês passado, mostra que as condições de vida da maioria dos iranianos deu um salto qualitativo gigantesco após a revolução popular que varreu do poder a ditadura pró-Ocidente do xá Mohamed Reza Pahlevi, em 1979.
    O ponto de partida desta avaliação é o IDH, Índice de Desenvolvimento Humano, estabelecido pela ONU a partir dos anos 90 com o objetivo de incluir outros fatores além da simples economia para medir o padrão de vida médio de um país. O índice é obtido a partir de um cálculo que leva em conta expectativa de vida, educação (alfabetização + escolarização) e renda. A escala vai de 0 a 1. Quanto mais alto, melhor. Há muitas críticas contra a metodologia, mas o IDH foi amplamente abraçado como um indicador pertinente e respeitado. Uma olhada no ranking basta para perceber que a coisa faz sentido. A Noruega tem o melhor IDH e o Níger, o pior.
    Irã (76ª posição) e Brasil (85ª) ficam no mesmo grupo de países com IDH “alto”. Abaixo dos “muito alto” e acima dos “médio” e “baixo”.
    Não só a república islâmica está na frente da gente, como também teve um aumento duas vezes mais rápido que a média mundial. O IDH iraniano cresceu 67% entre 1980 e 2012, o equivalente a 1,60% ao ano. O resto do mundo evoluiu a uma média de 0,69% ao ano. A progressão do Irã supera até mesmo a média dos países no topo do ranking, que tiveram alta de 0,73% ao ano.
    “Do ponto de vista do desenvolvimento humano [no período de 1980 a 2012], as políticas de intervenção do Irã foram tanto significativas quanto apropriadas para produzirem a melhora no IDH”, disse o chefe representante da ONU no Irã, Gary Lewis, ao apresentar o relatório a uma plateia de diplomatas estrangeiros. Também presente, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Ali Akbar Salehi, era pura felicidade. “Não é o governo iraniano que está dizendo isso, é um órgão externo”, deleitou-se.
    Lewis compartilhou uma penca de dados favoráveis ao regime iraniano. Ele disse que a taxa de morte de mulheres em decorrência de parto no Irã é de 21 para cada 100 mil nascimentos. Nos outros países do grupo “IDH alto”, esse número aumenta para 47. No Brasil, o número de óbitos alcança a vergonhosa marca de 56.
    O percentual de mulheres com educação secundária ou superior no Irã é amplamente maior que o número no Brasil _62,1% contra 50,5%. Mas as brasileiras levam a melhor em matéria de representação no Parlamento (9,6% contra 3,1%) e na categoria “igualdade de gênero”, onde o Brasil está em 85º no ranking mundial, enquanto o Irã está na posição 107.
    Um amigo correspondente ocidental a serviço de um jornalão internacional, que está há mais tempo que eu no Irã, resumiu a situação da seguinte forma: “esses caras do regime podem ser criticados por um milhão de razões legítimas, mas se tem uma coisa que eles conseguiram, é dar condições de vida decentes para o povo”.
    Programas sociais e subsídios movidos a petrodólares garantem um freio contra o tipo de miséria em larga escala que se vê em países como Índia e Egito. Iranianos não só têm acesso a universidades com razoável nível de ensino como também cultivam a ideia de que é feio não ter curso superior. Hospitais públicos repletos de médicos com especialização no exterior fornecem um serviço digno. A infraestrutura do país, de estradas a redes de telecomunicação, opera em condições aceitáveis. A violência urbana é mínima. Os iranianos compõem, em grande parte, uma sociedade de classe média.
    Obviamente, o Irã está longe de ser um mar de rosas. Quando fui cobrir um terremoto que deixou centenas de mortos na remota Província do Azerbaijão Ocidental, no ano passado, vi camponeses miseráveis que viviam feito animais em casas de terra. O poder de compra da já mencionada classe média está ruindo por causa de um misto de sanções econômicas internacionais contra o programa nuclear e populismo desenfreado da era Ahmadinejad. As ruas de Teerã começam a ter alguns pedintes. O que muda em relação a vários países é a escala do problema.
    Dito isso tudo, muitos iranianos com quem converso não se enxergam como integrantes de uma sociedade relativamente privilegiada, inclusive gente com boa situação financeira. Se dizem infelizes com o ambiente e sonham em se mudar para outro país. IDH não é tudo na vida.

    PS: link para o relatório da ONU sobre o desenvolvimento humano no Irã.

    http://www.undp.org.ir/doccenter/hdr2013/IR%20of%20Iran%20Extract%20in%20HDR%202013%20ENGpdf

    segunda-feira, 19 de novembro de 2012

    Violência continua e cresce pressão internacional por trégua em Gaza


    Escalada de violência pode adiar primárias de principais partidos em Israel e eleições, agendadas para janeiro

    19 de novembro de 2012 
    Reuters

    FAIXA DE GAZA - Israel bombardeou nesta segunda-feira, 19, dezenas de supostos redutos de militantes na Faixa de Gaza, e os palestinos continuaram disparando foguetes contra cidades no sul israelense, enquanto se intensifica a pressão internacional por uma trégua no conflito que já deixou 100 palestinos mortos e outros 900 feridos em seis dias.
    Em uma decisão anunciada hoje, as primárias dos partidos Likud (governista) e Avodá (de esquerda), marcadas para 25 de novembro, poderão ser adiadas. De acordo com o presidente do Parlamento, o deputado Reuven Rivlin, as eleições agendadas para 22 de janeiro também poderão ser adiadas por conta da escalada de violência. A informação é do jornal Israel Hayom.
    Doze civis palestinos e quatro combatentes foram mortos nos bombardeios de hoje. Autoridades locais dizem que mais de metade das vítimas fatais era composta por não combatentes. Três civis israelenses também foram mortos. Após uma madrugada de relativa calma, militantes da Faixa de Gaza dispararam 12 foguetes contra o sul de Israel num intervalo de dez minutos, sem causar vítimas, segundo a polícia israelense. Um dos projéteis caiu perto de uma escola, que estava fechada no momento.
    As mortes de 11 civis palestinos em um bombardeio no domingo motivaram novos apelos internacionais pelo fim dos seis dias de hostilidades. O fato também pode colocar em xeque o apoio ocidental a uma ofensiva que Israel diz ser justificada pela autodefesa, após anos sofrendo ataques de foguetes. Os militares israelenses não comentaram relato do jornalHaaretz, segundo o qual a casa da família Dalu foi atingida por engano, numa ação que tinha como alvo um especialista em foguetes do grupo islâmico Hamas, que governa Gaza.
    O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, é esperado no Cairo para dar peso às tentativas de mediação feitas pelo governo do Egito. A imprensa israelense disse que uma delegação do país também está no Cairo, mas o governo do premiê Binyamin Netanyahu não quis comentar essa informação.
    Falando em Bruxelas antes de uma reunião de ministros das União Europeia, o chanceler italiano, Giulio Terzi, disse haver condições para "um cessar-fogo nas próximas horas", e que o governo de Israel sinalizou "não haver interesse algum" em invadir Gaza. "Obviamente, essa moderação israelense deve se basear numa garantia de que os lançamentos de foguetes devem parar", acrescentou. Na segunda-feira, a China pediu aos envolvidos que parem a violência, e o presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou no fim de semana que seria "preferível" se Israel não invadisse Gaza por terra.
    A presidente Dilma Rousseef conversou no domingo por telefone com o presidente egípcio, Mohammed Mursi, e com o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, sobre a crise no Oriente Médio. Segundo o Blog do Planalto, Dilma manifestou a Ban "a preocupação do Brasil com o uso desproporcional da força no conflito entre Israel e a Palestina, e disse que é importante que as Nações Unidas assumam plenamente as suas responsabilidades na questão.
    Nas redes
    Izzat Risheq, assessor da liderança política do Hamas, escreveu no Facebook que o grupo só aceitará uma trégua se Israel "parar sua agressão, acabar sua política de assassinatos dirigidos e suspender o bloqueio a Gaza".
    Pelo Twitter, o vice-premiê israelense, Moshe Yaalon, listou as condições do seu governo: "Se houver tranquilidade no sul e nenhum foguete ou míssil for disparado contra os cidadãos de Israel, nem ataques terroristas forem engendrados a partir da Faixa de Gaza, não haverá ataque". Yaalon disse também que Israel espera o fim da atividade guerrilheira de palestinos na vizinha península do Sinai, região desértica e pouco vigiada que pertence ao Egito.
    Israel bombardeou cerca de 80 locais em Gaza durante a noite, segundo os militares, que acrescentaram em nota que os alvos incluíam "locais subterrâneos para o lançamento de foguetes, túneis do terrorismo e bases de treinamento", além de "edifícios pertencentes a operadores terroristas graduados". Netanyahu diz ter dado garantias aos líderes mundiais de que Israel vai se empenhar ao máximo para evitar vítimas civis em Gaza. Mas pelo menos 22 dos mortos na região até agora foram crianças, segundo fontes médicas.
    A China, que tem desenvolvido boas relações com Israel, disse na segunda-feira estar extremamente preocupada com as operações militares de Israel em Gaza. "Condenamos o uso excessivo da força causando mortes e ferimentos entre pessoas comuns inocentes", disse Hua Chunying, porta-voz da chancelaria. Antes de embarcar para o Cairo, Ban pediu a Israel e aos palestinos que cooperem com os esforços do Egito na busca por um cessar-fogo.
    Em cenas que lembravam a invasão israelense a Gaza no inverno boreal de 2008/09, tanques, artilharia e infantaria se concentraram em acampamentos ao longo da fronteira - um trecho de areia rasgado por uma cerca de arame farpado -, enquanto comboios militares se deslocavam pelas estradas da região. Israel autorizou a convocação de até 75 mil militares reservistas, e até agora mobilizou cerca de metade deles.
    http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,violencia-continua-e-cresce-pressao-internacional-por-tregua-em-gaza,962206,0.htm

    terça-feira, 25 de setembro de 2012

    Na ONU, Dilma defende medidas cambiais e critica governo sírio


    25 de setembro de 2012 

    Dilma abriu os discursos dos governantes na assembleia da ONU. Foto: AFP
    Dilma abriu os discursos dos governantes na assembleia da ONU
    Foto: AFP
    Em seu segundo discurso na abertura do debate geral das Nações Unidas, a presidente Dilma Rousseff defendeu nesta terça-feira as medidas adotadas recentemente pelo Brasil para proteger a economia nacional dos importados e da crise europeia, ao mesmo tempo em que criticou a política econômica dos países desenvolvidos e comentou outros temas importantes da problemática mundial, como a antiga luta brasileira pela reforma do Conselho de Segurança da ONU, o embargo a Cuba e a crise no Oriente Médio. Sobre este último tema, Dilma posicionou o Brasil contra o governo da Síria mas rejeitou a possibilidade de intervenção militar, apresentando uma defesa de multilateralismo e de uma solução negociada que estimulou palmas dos delegados reunidos na sede da ONU, em Nova York.
    O discurso da presidente manteve o histórico brasileiro de buscar soluções negociadas para conflitos militares e de defesa do multilateralismo nos órgãos mundiais, descrita por observadores mais críticos como uma política "em cima do muro". Desde 1947 que o Brasil faz o discurso de abertura dos debates gerais da ONU, numa tradição informal devido ao seu papel preponderante na fundação do órgão global. Dilma, que tem demonstrado uma energia tecnocrática com medidas inovadoras, como a redução histórica da fórmula de rendimento da poupança para liberar mais recursos para investimentos produtivos, proferiu seu discurso com a oratória morna conhecida pelos habituais ouvintes de seus pronunciamentos.
    A ocasião também não contou com a carga histórica do ano passado, quando a então recém-empossada presidente do Brasil foi a primeira mulher a realizar o discurso de abertura dos debates gerais da ONU. Um delegado da África que pediu anonimato, devido à natureza delicada do seu trabalho diplomático, disse que houve menos palmas ao discurso de Dilma este ano do que em 2011, mas a presidente seguiu definindo bem o espírito multilateral usualmente esperado do Brasil. Na imprensa americana, a fala de Dilma foi virtualmente ignorada, com o noticiário se concentrando no sóbrio discurso do secretário-geral, Ban Ki-moon, que falou antes de Dilma, e na fala do presidente Barack Obama na Assembleia Geral e na conferência Clinton Global Initiative, organizada pelo ex-presidente Bill Clinton.
    A situação econômica este ano - em que o Brasil já lançou várias medidas para combater a crise de confiança iniciada com o rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos pela agência de classificação de risco Standard & Poor's, no meio do ano passado, e que, por sua vez, alimentou o aprofundamento da atual crise europeia -, foi um tema importante na fala da presidente. Dilma voltou a defender as medidas adotadas pelo Brasil para conter a entrada de produtos importados, como intervenções cambiais para reduzir a cotação do real perante o dólar. "Não podemos aceitar que iniciativas legítimas de defesa comercial por parte dos países em desenvolvimento sejam injustamente classificadas como protecionismo", disse Dilma, urgindo uma coordenação maior de organismos internacionais como o G20, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial para "reconfigurar a relação entre política fiscal e monetária", argumentando que o Brasil, segundo ela, sabe por experiência própria a impossibilidade de diminuir o endividamento soberano durante uma recessão.
    "Meu País tem feito a sua parte", afirmou a presidente, alegando que o Brasil encontrou o equilíbrio entre austeridade fiscal e medidas de estímulo ao crescimento econômico, como os cortes recentes nas tarifas de energia para reduzir os custos de produção. "A história revela que a austeridade, quando exagerada e isolada do crescimento, derrota a si mesma", disse ela, numa possível referência ao problema enfrentado por países da periferia da Europa como a Grécia.
    Oriente Médio 
    Fazendo referência a "ressentimentos históricos" criados pelo período colonial e pelas intervenções pós-coloniais, Dilma apontou também a falta de oportunidades econômicas e democráticas de alguns países do Oriente Médio como um dos fatores por trás de levantes sangrentos como o da Síria. "Recai sobre o governo de Damasco a maior parte da responsabilidade pelo ciclo de violência ... mas sabemos também da responsabilidade das oposições armadas, especialmente daquelas que contam com apoio militar e logístico estrangeiro", afirmou a presidente, sem explicar quem são esses estrangeiros. Ela então lançou um apelo para as partes beligerantes abandonarem as armas e participarem das tentativas de negociação patrocinada pelo Representante Especial da ONU e a Liga Árabe.

    Mostrando a posição ligeiramente antagônica do Brasil em relação aos EUA, Dilma falou primeiro contra o que descreveu como uma escalada de preconceito contra muçulmanos em países ocidentais, antes de citar o recente assassinato do embaixador americano na Líbia, afirmando que "com a mesma veemência repudiamos os atos de terrorismo" contra a representação americana. A onda de protestos e o filme de má qualidade que serviu de estopim para a fúria dos muçulmanos não foram citados, diferentemente do discurso de Obama, logo depois, que criticou diretamente o longa A Inocência dos Muçulmanos.
    Após citar o que considera como conquistas da conferência de desenvolvimento da ONU realizada no meio do ano, a Rio+20, e também defender reformas no Conselho de Segurança (velha demanda brasileira) para incrementar o multilateralismo nos órgãos mundiais, Dilma pediu o fim do embargo econômico a Cuba, afirmando que o país "tem avançado na atualização de seu modelo econômico" mas que precisa da ajuda de parceiros "próximos e distantes" para progredir, bem como o fim do embargo. Para Dilma, "é chegada a hora de por um fim a esse anacronismo, condenado pela imensa maioria dos países das Nações Unidas".