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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Médica cubana passa noite na Liderança do DEM da Câmara

Ramona decidiu abandonar o programa Mais Médicos porque está descontente com o salário

ISABEL BRAGA 
Publicado: 
A médica cubana Ramona Matos Rodrigues dormiu na sala do gabinete do DEM Jorge William / Agência O Globo
BRASÍLIA - A médica cubana Ramona Matos Rodriguez, de 51 anos, passou a noite na Liderança do DEM da Câmara dos Deputados em companhia de uma assessora do partido. Embora não tenha cama no local foram improvisados colchões, mas ela preferiu dormir em uma poltrona. Segundo a assessoria do DEM, a polícia legislativa da Casa deslocou um policial para garantir a segurança. A médica já tomou café da manhã e, por enquanto, foi liberado apenas o acesso de fotógrafos e cinegrafistas ao local.
- Dormi bem. À noite foi tranquila - disse.
Ramona decidiu abandonar o programa Mais Médicos, do governo federal, porque está descontente com o salário que recebia. Ela chegou ao Brasil em outubro e estava trabalhando em Pacajá, no interior do Pará. Fugiu no último sábado da cidade e seguiu para Brasília.
O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) provocou um alvoroço no plenário ontem ao apresentar a médica cubana. Com um contrato em mãos, o deputado disse ter a prova de que o convênio para a contratação dos médicos cubanos não foi firmado pelo governo brasileiro com a Organização Pan-americana de Saúde (Opas) e sim com a Sociedade Mercantil Cubana Comercializadora de Médicos Cubanos S.A
Segundo Caiado, a médica recebia apenas US$ 400 (R$ 960) e o restante do dinheiro (US$ 600) do contrato era depositado numa conta cubana, à qual ela só teria acesso depois. Caiado disse que é um absurdo o governo pagar R$ 10 mil mensais pela médica e ela receber apenas US$ 1 mil (R$ 2.400).
Ramona alegou que teve seu telefone grampeado pela Polícia Federal e que agentes federais teriam ido atrás dela para prendê-la. Caiado acusou o governo brasileiro de explorar trabalho escravo. Segundo o deputado, o advogado do DEM entrará com pedido de asilo da médica, porque se Ramona retornar a Cuba será presa. Procurado, o Ministério da Justiça disse que não sabia do caso e que só deve se manifestar nesta quarta. Ontem o Ministério da Saúde não se pronunciou.
Caiado afirmou que a médica ficará sob seus cuidados, na Liderança do DEM, onde dormirá, tomará banho e vai fazer as refeições. O deputado disse que a médica trabalhou cinco meses em Pacajá.
— Que direito tem a Polícia Federal de ficar no encalço dela, perseguir essa mulher que clama por liberdade? Essa Casa tem que estar aberta para receber pessoas que clamam por liberdade — criticou Caiado.
Uma cópia do contrato individual de Ramona mostra que a médica foi contratada pela empresa cubana Comercializadora de Servicios Médicos Cubanos, e não pela Opas, como anunciou o governo.
“Eu me senti enganada”
Ramona disse que somente depois que chegou ao Brasil, quando fazia curso em Brasília, descobriu, junto a outros estrangeiros, que o salário era de R$ 10 mil mensais.
— Me senti enganada. Em Cuba não falaram nada de dez mil (reais). Decidi fugir por isso. Eu me senti muito mal, senti que fui enganada — disse Ramona Rodriguez.
Caiado acusou o governo de cometer um crime e exige que o Ministério da Justiça conceda asilo para a cubana.
— É a figura clandestina do gato. Quando criticamos o programa o Ministério da Saúde disse que o contrato era com a Opas, mas a Opas nunca veio prestar esclarecimento. Ela me ligou, procurou clamando por liberdade. o que mostra o quanto foi enganada. Ela saiu no sábado de Pacajá, no interior do Pará, e foi informada que a Polícia Federal esteve lá, dizendo que ela seria presa. Ficou ansiosa — disse Caiado, acrescentando:
— Quis levá-la ao plenário para mostrar o crime convalidado pelo governo brasileiro de utilizar, explicitamente, mão de obra escrava; ela foi forçada, não pode se deslocar, teve o telefone grampeado.
http://oglobo.globo.com/pais/medica-cubana-passa-noite-na-lideranca-do-dem-da-camara-11507409

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Brasil desiste de vinda de 6.000 médicos cubanos

08/07/2013
FLÁVIA MARREIRO
DE SÃO PAULO

O Brasil paralisou as negociações com Cuba para a vinda de 6.000 médicos cubanos ao país e deve lançar nesta semana programa para atrair profissionais estrangeiros tratando Espanha e Portugal como países "prioritários".
Nem o Ministério da Saúde nem o Itamaraty, que havia anunciado a tratativa em maio e agora diz que ela está congelada, explicam as razões da mudança de planos.

Editoria de arte/Folhapress
Também não dizem o porquê do tratamento "não prioritário" a Cuba, já que a ilha preenche os principais requisitos do programa: médicos por habitante bem acima do recomendado pela OMS e língua próxima do português.
"Trata-se de uma cooperação que tem grande potencial e à qual atribuímos valor estratégico", disse o chanceler Antonio Patriota, em maio, ao mencionar a negociação.
Já o Ministério da Saúde informa que escolheu atrair médicos como "pessoa física", e não considerar a oferta do contingente feita pelo governo cubano, nos moldes que a ilha faz na Venezuela.
Desta maneira, o ministério evita abrir mais um flanco de críticas na implementação de um programa que já provoca outras resistências.
Nos bastidores, repete-se que a negociação com Cuba foi aventada por Patriota, e não pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Há motivos para o recuo. Além da sensibilidade que envolve o regime comunista de Cuba -aliado do governo e do PT e alvo dos conservadores-, o motivo principal é que as missões cubanas são aclamadas pelo trabalho humanitário, como no Haiti, mas não escapam de críticas de ativistas de direitos humanos e trabalhistas na versão remunerada.

VENEZUELA
No modelo usado na Venezuela, Cuba funciona como uma empresa terceirizada que fornece profissionais. O governo contratante paga a Havana pelos serviços e os médicos recebem só uma parte.
Apesar disso, o programa é considerado atrativo para os profissionais, que ganham cerca de US$ 40 na ilha e, com ele, têm acesso a benefícios.
O formato também é criticado por ex-participantes, que acusam o governo comunista de submetê-los a um duro regulamento disciplinar e impor regras de pagamento como poupança compulsória para evitar "deserção".
A regra disciplinar na Venezuela, vigente em 2010, incluía pedir autorização para pernoitar fora do alojamento, proibição de dirigir e a obrigação de informar sobre namoros. Falar com a imprensa também estava vetado.
"Não vislumbro essa solução feita na Venezuela no Brasil. Ele não é compatível com as leis trabalhistas brasileiras e a Constituição brasileira", diz o procurador-geral do Ministério Público do Trabalho, José de Lima Ramos Pereira.
REVÉS PARA HAVANA
A desistência do Brasil é um revés para Havana, que tem dito que o envio dos médicos ao exterior é sua maior fonte de divisas e deseja ampliá-lo.
O que vai aos caixas estatais por serviços médicos -cerca de US$ 6 bilhões anuais segundo estimativas- é maior do que o arrecadado com turismo ou exportação de níquel.
O Ministério da Saúde diz que não há restrições se médicos cubanos quiserem se inscrever individualmente no programa. Brasileiros com formação no exterior entrarão na categoria "estrangeiros". Ou seja, brasileiros formados em Cuba, em tese, podem participar.
A pasta, no entanto, não prevê fazer campanha para divulgar o programa na ilha, ao contrário do que estuda fazer em Espanha e Portugal.