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segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Quem está fazendo mais pelos refugiados sírios?

POR DIOGO BERCITO
07/09/15


As histórias que chegam da Europa são assustadoras. Leandro Colon, enviado pela Folha para cobrir a crise de refugiados no continente, tem feito excelentes relatos sobre essa multidão em fuga de países como a Síria –onde mais de 200 mil foram mortos durante a guerra civil em curso desde março de 2011.
Mas aqueles que começaram a se interessar pelo tema nestas semanas, em especial após a publicação da foto de um menino morto em uma praia turca, podem ter a sensação de que a onda de refugiados afeta principalmente, e de maneira mais séria, a Europa. Não é bem assim.

Segundo a Anistia Internacional, 95% dos 4 milhões de sírios que deixaram o país estão em apenas cinco países: Turquia, Líbano, Jordânia, Iraque e Egito. Quase 2 milhões deles estão na Turquia, e 1,2 milhão já refugiou-se no Líbano.
O impacto desse fluxo, no Oriente Médio, é bastante grave. O Iraque vive também sua crise, com 3 milhões de seus próprios cidadãos deslocados internamente. O Líbano, por sua vez, enfrenta milícias terroristas em suas fronteiras, e aproximadamente uma a cada quatro pessoas no país são refugiados vindos da Síria.
Tampouco a crise dos refugiados é recente. Estive em 2013 com o fotógrafo Joel Silva no campo de refugiados de Zaatari, na Jordânia –o segundo maior do mundo, com 85 mil sírios vivendo em tendas no meio do deserto
Há, por outro lado, os países do Oriente Médio que pouco têm feito em relação aos refugiados sírios. Como relata o jornal americano “Washington Post”, países do Golfo –como a Arábia Saudita– têm feito “quase nada” por essas pessoas. O “New York Times” também discute a questão.
Kenneth Roth, diretor do Humans Right Watch, tuitou recentemente: “Adivinhe quantos desses refugiados sírios a Arábia Saudita e outros Estados do Golfo se ofereceram para receber? Zero”.
A falta de auxílio vinda desses países, conhecidos pela abundância de recursos e pelo alto padrão de vida, é ainda mais impressionante dado o fato de que seus governantes estão envolvidos na crise regional, alguns deles com apoio direto a facções na Síria.

http://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

'Estado Islâmico' perde tanques, mas amplia cerco a cidade na fronteira turca

BBC
Crédito: AFP

Apesar de bombardeios americanos, "Estado Islâmico" avançou sobre cidade controlada por curdos
Apesar dos bombardeios americanos que destruíram parte de seus tanques, os militantes do grupo que se autodenomina "Estado Islâmico" ampliaram o cerco nesta sexta-feira à cidade síria de Kobane, perto da fronteira com a Turquia, onde entraram em confronto com forças curdas.
Os confrontos eram visíveis do território turco, onde alguns manifestantes chegaram a cruzar uma cerca na fronteira para defender a cidade.
Mais cedo, os Estados Unidos destruíram quatro tanques e danificaram outro na quarta noite de bombardeios na Síria.
Já o Parlamento britânico consentiu em realizar ataques aéreos contra o "Estado Islâmico" no Iraque, enquanto Bélgica e Dinamarca também anunciaram que vão participar da operação.
O Estado Islâmico domina atualmente grande parte do nordeste da Síria e, no início do ano, tomou o controle de grandes áreas no vizinho Iraque, incluindo a segunda maior cidade do país, Mossul.
Alguns líderes ocidentais, no entanto, ainda estão reticentes em bombardear a Síria, já que o governo de Bashar al-Assad não pediu ajuda internacional para combater o grupo radical islâmico, diferentemente do Iraque.
Na semana passada, militantes do "Estado Islâmico" avançaram sobre a cidade de Kobane, levando cerca de 140 mil pessoas a fugir em direção à Turquia.
No entanto, alguns dos refugiados, na tentativa de frear o avanço dos radicais, tentaram retornar à cidade. O governo turco reagiu e usou bombas e de gás e canhão de água para interrompê-los.
Segundo testemunhas, em meio ao confronto em Kobane, pelo menos duas bombas caíram em território turco.

Apoio britânico

Crédito: PA
David Cameron: ""Estado Islâmico" declarou guerra contra nós"
Após sete horas de debate, os parlamentares do Reino Unido votaram majoritariamente a favor dos ataques aéreos, e seis caças das Forças Aéreas britânicas podem ser usados no combate já neste fim de semana.
Segundo o primeiro-ministro britânico, David Cameron, o "Estado Islâmico declarou guerra contra o Reino Unido".
"Terroristas psicopatas estão tentando nos matar e nós temos de nos dar conta disso; queira ou não queira, eles já declararam guerra contra nós", afirmou na Câmara dos Comuns.
O governo da Dinamarca concordou em enviar sete caças F-16, enquanto parlamentares belgas afirmaram que colaborariam com a operação com seis jatos.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez um apelo nesta semana para que mais países participem do combate contra o "Estado Islâmico", chamando-o de "rede de morte".
Mais de 40 países, incluindo muitos do Oriente Médio, já se ofereceram a se juntar à coalizão, afirmaram autoridades americanas.
Nesta semana, a presidente Dilma Rousseff criticou o bombardeio dos Estados Unidos contra o "Estado Islâmico".

Ataques americanos

Os últimos ataques dos Estados Unidos foram realizados por caças e drones.
Os tanques do "Estado Islâmico" foram destruídos na província de Deir al-Zour, conhecida pela produção de petróleo, informou o Departamento de Defesa dos Estados Unidos por meio de um comunicado.
Na mesma nota, o órgão americano afirmou que os ataques no Iraque destruíram nove veículos do grupo radical e danificou outros.
Crédito: Reuters
Estados Unidos bombardearam mais alvos do "Estado Islâmico" nesta sexta-feira
O Observatório Sírio para Direitos Humanos, uma ONG sediada no Reino Unido, que monitora o conflito na Síria, afirmou que o número de mortos ainda permanece desconhecido.
Os ataques aéreos vêm mirando instalações de petróleo sob o controle do "Estado Islâmico" tanto no Iraque quanto na Síria. O objetivo é reduzir a principal fonte de recursos financeiros do grupo.
Estimativas não oficiais apontam que o "Estado Islâmico" ganhe cerca de US$ 2 milhões (R$ 4,4 milhões) por dia apenas com as vendas de petróleo.
Nas últimas semanas, três reféns internacionais (dois americanos e um britânico) foram decapitados por militantes do grupo radical.
Na terça-feira (23), o chefe do departamento de anti-terrorismo da União Europeia, Gilles de Kerchove, disse, em entrevista à BBC, que cerca de 3 mil europeus se juntaram ao "Estado Islâmico" para combater a favor do grupo.
Ele alertou que os ataques aéreos aumentariam o risco de retaliação na Europa.
Mais cedo, o ministro do interior da Espanha, Jorge Fernández Díaz, afirmou que as polícias espanholas e marroquinas prenderam nove pessoas suspeitas de pertencer a um braço ligado ao "Estado Islâmico".
Um comunicado do ministério afirmou que os suspeitos pertenciam a um grupo sediado no enclave espanhol de Melilla, no Marrocos, no norte da África, e na cidade vizinha de Nador.
Um dos detidos tem nacionalidade espanhola; os outros são marroquinos, acrescentaram as autoridades.
No início dessa semana, o Conselho de Segurança (CS) da ONU adotou uma resolução forçando os países a evitar que seus cidadãos de se juntar a jihadistas no Iraque e na Síria.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/09/140926_estado_islamico_consolidado_lgb


sábado, 30 de novembro de 2013

Irã, Síria, Obama e a base da nova diplomacia

29 de novembro de 2013
O sistema geopolítico que governa o mundo entrou há alguns meses em uma nova era. Uma formidável comoção embaralhou as cartas de uma ponta a outra do planeta. Ela abalou posições que se julgavam consolidadas e inamovíveis na Europa (Ucrânia, Rússia), na China, mas, sobretudo, no Oriente Médio.
Não é correto pensar que esse imenso alvoroço deveu-se exclusivamente à vontade de um homem ou de uma potência. Muitos indícios sugerem, contudo, que o presidente americano, Barack Obama, foi um dos atores dessa metamorfose.
Duas ações decisivas tiveram lugar nos últimos meses. A primeira é a fadiga da insurreição dos "rebeldes" na Síria, cada vez mais isolados pelas tropas de Bashar Assad que a cada dia marcam novos pontos. A segunda, a assinatura do acordo em Genebra entre o grupo P5+1 (os cinco membros permanentes do conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha) e o Irã.
Nos dois casos, Obama esteve nas manobras. Relembrando: há poucos meses, os EUA estavam resolvidos a punir o tirano Assad, fornecendo mísseis Tomahawk aos insurgentes com esse fim. Obama chegou a arrastar a França para a ideia dessa cruzada anti-Assad e o secretário de Estado John Kerry fez o papel de incendiário.
De repente, quando explodiu a crise sobre as armas químicas usadas na Síria, tudo mudou: a questão não era mais a deposição de Assad. Washington acertou a questão dos arsenais químicos sírios em estreita cooperação com o presidente russo, Vladimir Putin, sem falar com os europeus ocidentais, que ficaram decepcionados (François Hollande em especial).
A grande revolta democrática da rua síria, tão enaltecida nos dois últimos anos por todos os poetas líricos da Europa e da América, saiu das primeiras páginas. A mudança americana sobre a síria é explicável. A rebelião síria está cada vez mais contaminada por jihadistas cujo fanatismo e obscurantismo são de assustar. Mas parece haver uma outra razão. E ela deve ser buscada na outra grande virada diplomática: o acordo assinado em Genebra com o Irã. Este acerto era uma das obsessões de Obama desde sua primeira eleição.
Não foi um acaso que as duas surpresas diplomáticas deste ano se produziram quase ao mesmo momento. De fato, o acordo com o Irã não poderia ter sido assinado se, ao mesmo tempo, os EUA tivessem lançado ataques aéreos contra as posições de Assad na Síria. Nesse caso, Teerã, que apoia o regime sírio, teria imediatamente rompido a discussão com Obama.
Nesses dois âmbitos, observa-se um outro ponto em comum: o estilo solitário e quase arrogante com que Obama conduziu o caso. Na Síria, ele mudou subitamente de curso abandonando a ideia de ataques contra Assad e resolvendo o problema das armas químicas apenas com Putin. No caso do Irã, ele fez os aliados europeus acreditarem que eles estavam juntos na empreitada, mas, uma vez assinado o acordo de Genebra, Washington deixou filtrar a verdade: as discussões entre Teerã e Washington sobre o arsenal iraniano vinham ocorrendo havia meses sem que Obama julgasse útil informar outros países a esse respeito. 
TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK - É CORRESPONDENTE EM PARIS

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Ameaça iraniana dissuadiu Obama, diz Hezbollah

Teerã se preparou para lançar ofensiva militar contra Israel caso americanos atacassem a Síria, afirma membro de grupo xiita

15 de setembro de 2013
LOURIVAL SANTANNA , ENVIADO ESPECIAL / BEIRUTE - O Estado de S.Paulo
O recuo do presidente Barack Obama com relação a um ataque à Síria e o plano russo de desmantelamento das armas químicas começaram a tomar corpo numa visita a Teerã do subsecretário da ONU para Assuntos Políticos, o diplomata americano Jeffrey Feltman, no dia 26. Segundo um alto funcionário do grupo xiita Hezbollah, o chanceler iraniano Javad Zarif avisou que, se a Síria fosse bombardeada pelos Estados Unidos, o Irã atacaria Israel.
De acordo com essa fonte, Feltman, que até junho do ano passado era secretário assistente do Departamento de Estado americano para o Oriente Médio, foi tentar convencer o Irã a não reagir a um ataque limitado contra o seu aliado, mas não conseguiu. Em vez disso, o Irã ofereceu a saída do banimento das armas químicas.
No dia seguinte à visita de Feltman, o novo presidente iraniano, Hassan Rouhani, escreveu no seu twitter: "O Irã pede à comunidade internacional que use todo seu poder para prevenir o uso de armas químicas em qualquer lugar do mundo, especialmente na Síria". Rouhani lembrou que o Irã foi vítima de armas químicas na guerra contra o Iraque (1980-88).
Era a senha para a solução apresentada no dia 9 pela Rússia, que também foi avisada de que o Irã e o Hezbollah atacariam Israel, em caso de intervenção americana na Síria. De acordo com a fonte ouvida pelo Estado, o regime iraniano estipulou como prioridade número 1, para o Hezbollah, por ele patrocinado, defender o regime sírio - cuja queda poderia ser precipitada pela intervenção dos EUA. A perda de um aliado na Síria, e sua substituição por um regime sunita sob influência da Arábia Saudita, rival regional do Irã, é considerada uma ameaça existencial pela teocracia iraniana, segundo o funcionário do Hezbollah.
O grupo xiita tem entre 3 mil e 4 mil combatentes na Síria, disse a fonte (Samir Haddad, do Observatório Sírio dos Direitos Humanos, estimou esse número em 5 mil). Ele disse que Hassan Nasrallah, o líder do Hezbollah, costuma ir à Síria, motivar suas tropas. "Ele foi a Qusair", exemplifica, referindo-se à cidade cristã no oeste da Síria, ocupada pela Frente Al-Nusra, ligada à Al-Qaeda, e retomada em junho pela Síria, com ajuda da milícia xiita. O Hezbollah está treinando civis na Síria engajados nos Comitês Populares de Defesa, seguindo o modelo iraniano dos Haras e Taabia, que são milícias de apoio ao regime. "O Exército sírio está aquartelado, não está lutando", explicou. "A maioria dos soldados é sunita, e não obedece ordens de enfrentar os rebeldes (também sunitas na sua maioria)."
Daí a importância de a Síria atacar Israel: o Exército sírio se uniria de novo, contra esse tradicional "inimigo comum". Segundo o alto funcionário, que, como todos no Hezbollah, não está autorizado a dar entrevistas sobre questões militares envolvendo a Síria, Bashar Assad em princípio não queria atacar Israel. O Irã lhe deu um ultimato, avisando que, juntamente com o Hezbollah, atacaria Israel, com ou sem a participação síria.
"Mesmo que vocês não ataquem, eu vou atacar", teria garantido Assad. Segundo o funcionário, a Síria tem mísseis suficientes para atacar Israel durante seis meses. Ao ver a determinação do Irã, a Rússia teria percebido o risco de perder influência, e saído de sua omissão em caso de ataque americano à Síria, prometendo fornecer armas a seu aliado e deslocando mais navios para a região.
Na visão do Irã e do Hezbollah, seria uma guerra devastadora, mas a única forma de preservar a integridade da Síria, deixando de lado as divisões sectárias para enfrentar o vizinho odiado por todos. "O Hezbollah está muito bem armado para essa guerra", disse o funcionário. "Em 2006 (na guerra contra Israel), tínhamos foguetes katiushas, que batiam numa parede e caíam no chão. De lá para cá, o Hezbollah recebeu muitas armas do Irã. Agora, temos mísseis que derrubam um prédio inteiro." Com US$ 1 bilhão doado pelo Irã, o Hezbollah reconstruiu os bairros xiitas devastados pelos bombardeios israelenses em Beirute, no Vale do Bekaa e no sul do Líbano. Ele estima que o grupo tenha 50 mil combatentes (metade do efetivo do Exército brasileiro).
O Hezbollah recebe armas e ajuda financeira pela via terrestre, passando pelo Iraque - cujo governo também é pró-iraniano - e pela Síria. Mas o funcionário disse que essa não é razão principal para defender o regime de Assad: "O Irã consegue enviar ajuda para o Hamas, na Faixa de Gaza". Na visão do Hezbollah, a ameaça, com a queda de Assad, é a instalação de um regime sunita na Síria, hostil à teocracia xiita do Irã.
Segundo o funcionário, todos os 15 integrantes do conselho que assiste o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, concordam que a milícia deve atacar Israel se os EUA intervirem na Síria. "Mas o plano russo é bom", concluiu ele. "A Síria não precisa mais de armas químicas, como no início dos anos 80. E o plano preserva o regime de Assad sem a necessidade de uma guerra, na qual todos sairiam perdendo."

Ocidente e Rússia divergem sobre previsão de uso da força na Síria

EUA, França e Grã-Bretanha defendem que resolução da ONU tenha 'caráter obrigatório' ou autorize intervenção militar

16 de setembro de 2013
Andrei Netto, correspondente em Paris
PARIS - Dois dias após sacramentarem o acordo sobre a deposição das armas químicas pela Síria até 2014, o secretário de Estado americano, John Kerry, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, voltaram a colidir nesta segunda-feira, 16, pondo em perigo a resolução que terá de ser aprovada no Conselho de Segurança. Para os Estados Unidos, a França e a Grã-Bretanha, o texto a ser votado nas Nações Unidas vai prever o uso da força em caso de desrespeito por parte do regime de Bashar Assad. Em Moscou, a visão é oposta.
A divergência entre Kerry e Lavrov ficou clara na manhã de ontem, em Paris, quando o americano concedeu entrevista coletiva ao lado dos ministros da França, Laurent Fabius, e da Grã-Bretanha, William Hague. No encontro, os três afirmaram que a resolução que regulamentará o acordo firmado no sábado, em Genebra, prevendo o desmantelamento do arsenal químico de Assad até 2014, deve incluir uma menção ao Capítulo VII da Declaração das Nações Unidas.
A eventual citação não é anódina. O Capítulo VII é texto que autoriza a comunidade internacional a recorrer à força ou a sanções contra um país que esteja em clara violação de um tratado internacional. Esse seria o caso da Síria de Assad, caso o regime não cumpra os termos do acordo Kerry-Lavrov. A inclusão dessa cláusula é uma bandeira da França, que tenta obter garantias de que a Rússia não vai mais poder vetar uma eventual intervenção militar no futuro.
Ontem, o presidente da França, François Hollande, recebeu Fabius, Kerry e Hague no Palácio do Eliseu. Ao final, a presidência divulgou um comunicado no qual pede ao Conselho de Segurança "uma resolução forte". Minutos depois, o chanceler francês repetiu as palavras em tom de advertência. "Nós queremos obter do Conselho de Segurança das Nações Unidas nos próximos dias uma resolução forte, que preverá, claro, consequências sérias se o acordo não aplicado", disse Fabius. Hague foi no mesmo sentido. "A pressão é sobre o regime de Damasco para que eles apliquem integralmente este acordo", reiterou, beligerante: "O mundo deve estar pronto a tirar as consequências se não o fizerem".
                                           Ocidente defende resolução da ONU com caráter obrigatório - Michel Euler/APMichel Euler/AP
                                                           Ocidente defende resolução da ONU com caráter obrigatório
O objetivo, segundo Fabius, é fazer o regime entender "que não ha outra perspectiva além da mesa de negociações", sem esconder que o fim da guerra civil na Síria depende da partida de Bashar Assad. O chanceler francês alertou ainda que o Ocidente vai aumentar a ajuda - sem especificar se militar - aos rebeldes ligados à Coalizão Nacional Síria (CNS), o grande órgão da oposição.
Kerry, no início moderado, acabou sendo o mais enfático dos três. Questionado sobre se a resolução que seria apresentada à ONU incluiria o Capítulo 7, o americano não deixou dúvidas. "O acordo compromete totalmente os EUA e a Rússia a impor medidas ao sob o abrigo do Capítulo 7 da Declaração da ONU no caso de não-conformidade", enfatizou Kerry.
Em Moscou, Lavrov acusou as "capitais europeias" de estarem pondo o acordo em risco de fracasso. "Estou certo de que, apesar de todas as declarações emanando de certas capitais europeias, a parte americana se atrelará estritamente ao que foi acordado", afirmou o chanceler russo, insinuando que Kerry não havia imposto a condição. O próximo round da disputa deve acontecer ainda nesta semana, quando a resolução será apresentada.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Análise: Ao pedir a autorização do Congresso, Obama quer dividir os custos da decisão

03/09/2013
GERALDO ZAHRAN
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quando os membros da Câmara e do Senado dos EUA voltarem das férias, no dia 9, terão pela frente o inesperado pedido de Barack Obama para que autorizem uma operação militar na Síria.
A crise orçamentária e as longas intervenções no Afeganistão e no Iraque restringem as possibilidades do governo americano.
O medo de que o apoio direto à oposição possa levar grupos islâmicos radicais ao poder tem impedido a tomada de ações incisivas.
A ex-secretária de Estado Hillary Clinton cansou de exigir a saída de Bashar al-Assad. Há quase um ano, Obama declarara que a utilização de armas químicas não seria tolerada. Até o momento, porém, nada de efetivo foi feito.
A ação agora planejada seria só uma punição pela utilização de armas químicas, não uma tentativa de encerrar o conflito.
A Casa Branca tem grande autonomia no uso das Forças Armadas. Seu programa de assassinatos por "drones" (aviões não tripulados) não requer autorização parlamentar. Em 2011, quando o país implementou zona de exclusão aérea na Líbia, o Congresso não foi consultado.
Na época, Obama contava com o apoio de uma resolução do Conselho de Segurança que aprovava a medida e de um pedido formal da Liga Árabe pela intervenção. A ação militar levou à vitória rebelde e à morte de Muammar Gaddafi, mas não deixou de ser fustigada pela oposição republicana como excesso da autoridade do presidente.
O contexto agora é outro. Rússia e China travam ações na ONU e, no Reino Unido, tradicional aliado, o Parlamento repudiou a atuação no conflito com memórias das mentiras sobre o Iraque.
Intervenções militares sempre foram tema difícil para Obama. Ele deve muito de suas vitórias eleitorais a posições contrárias à ação no Iraque e a promessas de encerrar a presença de tropas ali e no Afeganistão.
Nas últimas semanas, congressistas pediam que o presidente os consultasse sobre a Síria. Obama foi além e pediu autorização expressa do Congresso. O movimento é claramente político.
Sem apoio internacional, e certo de que seria criticado pela oposição, ele quer dividir os custos da decisão. A aposta é alta, tendo em vista o histórico de obstrucionismo da maioria republicana na Câmara e a indisposição da opinião pública.
Se tiver sucesso, ao menos terá um mandato claro, mesmo que para uma ação militar limitada e inadequada. Se perder, terá sua credibilidade arrasada dentro e fora do país. E nenhum desfecho evitará mortes de civis na Síria.

GERALDO ZAHRAN é professor de relações internacionais da PUC-SP e coordenador de pesquisa do Observatório Político dos EUA (Opeu)

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A descida da Síria ao inferno


O custo humano, moral e estratégico da tragédia é alto demais para os EUA; Obama deve apoiar diretamente a oposição

02 de janeiro de 2013
O Estado de S.Paulo
O ano de 2012 chegou ao fim e a Síria continua sua descida ao inferno. Pelo menos 40 mil pessoas - provavelmente muitas mais - perderam a vida no conflito e milhões de cidadãos foram obrigados a abandonar suas casas. Nos últimos 12 meses, o ditador Bashar Assad fez recurso, persistentemente, de um enorme poder de fogo com suas forças militares em resposta aos protestos que o povo sírio começara de maneira pacífica. Usando inicialmente, em fevereiro, tanques e artilharia pesada, o regime sírio promoveu ao longo do verão uma escalada nos ataques, com o uso de helicópteros, caças e, nas últimas semanas, mísseis Scud contra a própria população.
O mundo não conseguiu deter essa carnificina. O presidente Barack Obama declarou que o limite - a chamada "linha vermelha" - seria a utilização de armas químicas por Assad. Entretanto, para muitos sírios a linha vermelha fixada pelos Estados Unidos constituiu um sinal verde para o regime de Damasco usar todo seu arsenal de guerra e massacrar o povo impunemente. Muitas dessas armas continuam sendo fornecidas diretamente pelo Irã.
Apesar das advertências feitas pelos EUA, recentemente Assad deu os primeiros passos na preparação de armas químicas para usá-las contra seu povo. Pelo que já conhecemos do regime Assad - e considerando que ele promoveu uma escalada sistemática nesse conflito, com todas as outras armas dos seus arsenais - alguém acredita que esse homem é incapaz de usar armas químicas?
A descida da Síria ao inferno representa uma crescente ameaça para seus vizinhos. Turquia, Líbano, Iraque, Jordânia e Israel defrontam-se com um crescente risco de instabilidade. Quanto mais essa guerra se prolongar, maior o risco de que possa provocar um conflito sectário de dimensões muito mais amplas.
Há meses, nós insistimos que cabe aos EUA, juntamente com nossos aliados na Europa e no Oriente Médio, tomar medidas mais drásticas para deter a matança na Síria e prestar ajuda às forças moderadas da oposição. Especificamente, é preciso fornecer diretamente armas a determinados grupos rebeldes e estabelecer uma zona de exclusão aérea sobre parte da Síria.
Nenhuma das duas medidas exigiria que os EUA enviassem tropas para as zonas de conflito, tampouco que agissem sozinhos. Os principais aliados deixaram clara, reiteradas vezes, sua esperança numa liderança americana mais firme e sua frustração pelo fato de os EUA não optarem por uma ação mais contundente.
O mais perturbador é ver as condições humanas na Síria rapidamente se agravarem. Enquanto rejeita os apelos para o fornecimento de armas ou o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea, o governo Obama enfatiza sua promessa de ajuda humanitária ao povo sírio. Entretanto, tememos que esses esforços também estejam fracassando.
Segundo representantes e especialistas americanos e europeus, 70% da assistência externa que está sendo enviada à Síria acaba sendo direcionada para áreas controladas pelo regime. Pessoas que estiveram recentemente em Alepo contaram que não viram nenhum sinal da ajuda americana naquela cidade, tampouco os habitantes tinham informações sobre a assistência americana. Consequentemente, no norte da Síria, controlado pela oposição, as pessoas estão morrendo de fome, de frio e de doenças em razão da escassez de alimentos, combustíveis e remédios.
Auxílio. O fato de a assistência humanitária americana não estar chegando ao povo sírio não só agravou a crise humana, como também criou oportunidades para grupos radicais oferecerem auxílio e, com isso, conseguirem maior apoio do povo sírio.
Para muitos, os extremistas parecem os únicos a se preocupar em ajudar os sírios na fuga. Ao mesmo tempo, os moderados da oposição síria são desacreditados e menosprezados diante da nossa falta de auxílio - incluindo a recém-criada Coalizão Nacional Síria, que integra grupos anti-Assad, foi possibilitada em parte pela diplomacia americana.
Embora as recentes deserções do regime e os revezes no campo de batalha indiquem que Assad já não consegue manter o poder, esse conflito poderá durar mais tempo, a um custo terrível e cada vez mais elevado para a população síria, para os vizinhos e para os interesses e o prestígio dos EUA. Não é tarde demais para evitar uma calamidade estratégica e moral no país, mas para isso é imprescindível uma liderança americana corajosa e decisiva que deve vir do presidente Obama.
Os EUA precisam, juntamente com seus aliados, canalizar a assistência diretamente ao conselho de oposição para que seja distribuída nas áreas que se encontram nas mãos dos rebeldes. Precisamos fornecer armamento e outros tipos de assistência ao comando militar da oposição. E devemos impor uma zona de exclusão aérea em algumas regiões do país, incluindo o uso de baterias de mísseis Patriot americanos na rota para a Turquia, com o objetivo de proteger o povo no norte da Síria dos ataques aéreos de Assad.
Se persistirmos no atual caminho, os futuros historiadores poderão considerar o massacre de civis inocentes e o consequente risco para os interesses nacionais e a moral dos EUA um vergonhoso fracasso da liderança do nosso país e um dos capítulos mais negros da nossa história. Essa deve ser uma preocupação para todos nós, enquanto oramos pela paz e pela boa vontade nesta época do ano. 
 TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,a-descida-da--siria-ao-inferno-,979702,0.htm

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Jornalistas Assassinados: Brasil é o quarto do mundo em 2012


02.outubro.2012 12:01:27

 Num ano que está batendo todos os recordes de décadas em relação ao número de jornalistas assassinados, o Brasil aparece na quarta posição como lugar mais perigoso do mundo para trabalhar como repórter em 2012. A situação se contrasta com a iniciativa diplomática do Itamaraty de ter apoiado há apenas uma semana uma resolução no Conselho de Direitos Humanos da ONU defendendo uma maior proteção a jornalistas e a liberdade de imprensa.

Os números divulgados hoje são da ong suíça “Campanha por um Emblema de Imprensa” (PEC), entidade que defende nos fóruns da ONU uma maior proteção a jornalistas em locais de guerra e em situações de violência. A entidade realiza um levantamento sobre os casos de assassinatos, ameaças e prisões de jornalistas pelo mundo, justamente para alertar governos sobre a situação vivida pelos meios de comunicação.
Com sete mortes acumuladas em 2012, o Brasil aparece como um dos quatro países com maior índice de mortalidade de jornalistas. Contando apenas países que não estão em guerra e que vivem regimes de democracia, o Brasil seria o segundo mais violento do planeta.
A primeira posição é da Síria, com 32 jornalistas assassinados em 2012 num conflito que já fez mais de 1 milhão de pessoas deixarem suas casas e mais de 30 mil mortos. O segundo lugar é ocupada pela Somália, país em que o governo central praticamente só controla a capital. Nesse país africano, foram 16 mortes nos nove primeiros meses do ano.
O México é a primeira democracia consolidada na lista dos países mais perigosos do mundo, com dez assassinatos de jornalistas no ano.
O Brasil vem logo atras, com sete mortes e empatado com o Paquistão, país que vive as consequências tanto da guerra contra o terrorismo no Afeganistão quanto a disputa por regiões ao norte com a Índia.
Em 2012, apenas de não estar em guerra, um número maior de jornalistas morreu no Brasil que no Iraque e Afeganistão juntos. Para a entidade, o que surpreende no caso brasileiro é o fato de que o País é uma democracia consolidada e não está em guerra.
Na ONU, o Itamaraty também vem adotando uma postura de apoio à defesa aos jornalistas. Mas a entidade alerta que isso não tem se traduzido em ação concreta no País.
No total, 110 jornalistas já perderam a vida em 2012, num dos anos mais sangrentos para os meios de comunicação em pelo menos 30 anos. Em apenas nove meses, já há mais mortos que todo o ano de 2011, quando 107 jornalistas perderam suas vidas trabalhando.
“Esse é um dos anos mais violentos de que se tem notícia para a imprensa”, constatou o secretário-geral da entidade, Blaise Lempen. Contando apenas os nove primeiros meses do ano, o incremento é de 36%.
Num total, 25 países registraram assassinatos de jornalistas neste ano, entre eles Honduras, Filipinas e Nigéria. O Oriente Médio foi a região mais perigosa do mundo, com 36 mortes. Em segundo lugar veio a América Latina, com 29 mortes e superando a África. Em 2012, nenhum jornalista morreu na Europa.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Na ONU, Dilma defende medidas cambiais e critica governo sírio


25 de setembro de 2012 

Dilma abriu os discursos dos governantes na assembleia da ONU. Foto: AFP
Dilma abriu os discursos dos governantes na assembleia da ONU
Foto: AFP
Em seu segundo discurso na abertura do debate geral das Nações Unidas, a presidente Dilma Rousseff defendeu nesta terça-feira as medidas adotadas recentemente pelo Brasil para proteger a economia nacional dos importados e da crise europeia, ao mesmo tempo em que criticou a política econômica dos países desenvolvidos e comentou outros temas importantes da problemática mundial, como a antiga luta brasileira pela reforma do Conselho de Segurança da ONU, o embargo a Cuba e a crise no Oriente Médio. Sobre este último tema, Dilma posicionou o Brasil contra o governo da Síria mas rejeitou a possibilidade de intervenção militar, apresentando uma defesa de multilateralismo e de uma solução negociada que estimulou palmas dos delegados reunidos na sede da ONU, em Nova York.
O discurso da presidente manteve o histórico brasileiro de buscar soluções negociadas para conflitos militares e de defesa do multilateralismo nos órgãos mundiais, descrita por observadores mais críticos como uma política "em cima do muro". Desde 1947 que o Brasil faz o discurso de abertura dos debates gerais da ONU, numa tradição informal devido ao seu papel preponderante na fundação do órgão global. Dilma, que tem demonstrado uma energia tecnocrática com medidas inovadoras, como a redução histórica da fórmula de rendimento da poupança para liberar mais recursos para investimentos produtivos, proferiu seu discurso com a oratória morna conhecida pelos habituais ouvintes de seus pronunciamentos.
A ocasião também não contou com a carga histórica do ano passado, quando a então recém-empossada presidente do Brasil foi a primeira mulher a realizar o discurso de abertura dos debates gerais da ONU. Um delegado da África que pediu anonimato, devido à natureza delicada do seu trabalho diplomático, disse que houve menos palmas ao discurso de Dilma este ano do que em 2011, mas a presidente seguiu definindo bem o espírito multilateral usualmente esperado do Brasil. Na imprensa americana, a fala de Dilma foi virtualmente ignorada, com o noticiário se concentrando no sóbrio discurso do secretário-geral, Ban Ki-moon, que falou antes de Dilma, e na fala do presidente Barack Obama na Assembleia Geral e na conferência Clinton Global Initiative, organizada pelo ex-presidente Bill Clinton.
A situação econômica este ano - em que o Brasil já lançou várias medidas para combater a crise de confiança iniciada com o rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos pela agência de classificação de risco Standard & Poor's, no meio do ano passado, e que, por sua vez, alimentou o aprofundamento da atual crise europeia -, foi um tema importante na fala da presidente. Dilma voltou a defender as medidas adotadas pelo Brasil para conter a entrada de produtos importados, como intervenções cambiais para reduzir a cotação do real perante o dólar. "Não podemos aceitar que iniciativas legítimas de defesa comercial por parte dos países em desenvolvimento sejam injustamente classificadas como protecionismo", disse Dilma, urgindo uma coordenação maior de organismos internacionais como o G20, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial para "reconfigurar a relação entre política fiscal e monetária", argumentando que o Brasil, segundo ela, sabe por experiência própria a impossibilidade de diminuir o endividamento soberano durante uma recessão.
"Meu País tem feito a sua parte", afirmou a presidente, alegando que o Brasil encontrou o equilíbrio entre austeridade fiscal e medidas de estímulo ao crescimento econômico, como os cortes recentes nas tarifas de energia para reduzir os custos de produção. "A história revela que a austeridade, quando exagerada e isolada do crescimento, derrota a si mesma", disse ela, numa possível referência ao problema enfrentado por países da periferia da Europa como a Grécia.
Oriente Médio 
Fazendo referência a "ressentimentos históricos" criados pelo período colonial e pelas intervenções pós-coloniais, Dilma apontou também a falta de oportunidades econômicas e democráticas de alguns países do Oriente Médio como um dos fatores por trás de levantes sangrentos como o da Síria. "Recai sobre o governo de Damasco a maior parte da responsabilidade pelo ciclo de violência ... mas sabemos também da responsabilidade das oposições armadas, especialmente daquelas que contam com apoio militar e logístico estrangeiro", afirmou a presidente, sem explicar quem são esses estrangeiros. Ela então lançou um apelo para as partes beligerantes abandonarem as armas e participarem das tentativas de negociação patrocinada pelo Representante Especial da ONU e a Liga Árabe.

Mostrando a posição ligeiramente antagônica do Brasil em relação aos EUA, Dilma falou primeiro contra o que descreveu como uma escalada de preconceito contra muçulmanos em países ocidentais, antes de citar o recente assassinato do embaixador americano na Líbia, afirmando que "com a mesma veemência repudiamos os atos de terrorismo" contra a representação americana. A onda de protestos e o filme de má qualidade que serviu de estopim para a fúria dos muçulmanos não foram citados, diferentemente do discurso de Obama, logo depois, que criticou diretamente o longa A Inocência dos Muçulmanos.
Após citar o que considera como conquistas da conferência de desenvolvimento da ONU realizada no meio do ano, a Rio+20, e também defender reformas no Conselho de Segurança (velha demanda brasileira) para incrementar o multilateralismo nos órgãos mundiais, Dilma pediu o fim do embargo econômico a Cuba, afirmando que o país "tem avançado na atualização de seu modelo econômico" mas que precisa da ajuda de parceiros "próximos e distantes" para progredir, bem como o fim do embargo. Para Dilma, "é chegada a hora de por um fim a esse anacronismo, condenado pela imensa maioria dos países das Nações Unidas".

terça-feira, 27 de março de 2012

Annan assegura que Síria aceitou plano de mediação

27/03/2012
DA REUTERS, EM PEQUIM

O enviado especial conjunto da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan, disse nesta terça-feira que o governo sírio aceitou uma proposta de paz da organização internacional para um cessar-fogo, mas que é preciso esforços para implementá-lo.

Em uma visita de dois dias a Pequim, Annan disse ao premiê chinês, Wen Jiabao, que enfrentou uma longa e difícil tarefa em sua missão de acabar com o conflito na Síria, mas que a cooperação global com a China e outros países foi a única maneira de fazê-lo.

"Indiquei que havia recebido uma resposta do governo sírio e que a tornaria pública hoje [terça-feira], que é [uma resposta] positiva, e esperamos trabalhar com eles para traduzi-la em ação", disse Annan a jornalistas em Pequim após reunião com Wen.

"Tenho um plano de seis pontos apoiado pelo Conselho de Segurança, que inclui questões de discussões políticas e retirada de armas pesadas e tropas de centros populacionais, acesso livre de assistência humanitária, libertação de prisioneiros, liberdade de circulação e permissão para entrada e saída de jornalistas", disse ele.
"Então teremos que ver como vamos avançar e implementar este acordo que eles aceitaram."

Lintao Zhang/Associated Press
O mediador da ONU e Liga Árabe para a questão síria, Kofi Annan, cumprimenta o premiê chinês Wen Jiabao em Pequim
O mediador da ONU e Liga Árabe para a questão síria, Kofi Annan, cumprimenta o premiê chinês Wen Jiabao em Pequim

Enquanto isso, tropas sírias avançaram para o norte do Líbano, destruindo edifícios de exploração e confrontando rebeldes sírios que haviam se refugiado lá, disseram moradores.

Annan pediu apoio de Pequim, de acordo com um relatório.

"E eu sei que você já tem sido útil, mas isso vai ser uma tarefa longa e difícil e tenho certeza de que juntos podemos fazer a diferença", disse Annan a Wen.
A viagem de Annan para a China acontece depois de uma visita à Rússia, onde pediu ao governo russo apoio para a sua missão de acabar com conflito na Síria.

Rússia e China blindaram o presidente sírio, Bashar Assad, da condenação do Conselho de Segurança da ONU ao vetar duas resoluções contra o derramamento de sangue, mas aprovaram uma declaração do conselho nesta semana endossando a missão de Annan.

Associated Press
























Garoto ao lado de carro danificado após ataque das forças sírias na cidade de Idlib
Garoto ao lado de carro danificado após ataque das forças sírias na cidade de Idlib

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1067755-annan-assegura-que-siria-aceitou-plano-de-mediacao.shtml

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Assad 'incendiará' Oriente Médio se Ocidente atacar a Síria


Presidente sírio promete bombardear Israel e afirma que Hezbollah e Irã também participariam

04 de outubro de 2011

JERUSALÉM - O presidente da Síria, Bashar Assad, disse nesta terça-feira, 4, que vai bombardear Israel e "incendiar" o Oriente Médio caso forças estrangeiras iniciem uma ofensiva contra seu país, publicou o jornal israelense Haaretz, citando a agência iraniana Fars.

Assad enfrenta desde março protestos contra o seu regime autocrático - Desmond Boylan/ReutersDesmond Boylan/Reuters
Assad enfrenta desde março protestos contra o seu regime autocrático

Durante um encontro com Ahmet Davutoglu, ministro de Exteriores da Turquia, Assad disse que a Síria não hesitaria em conduzir um grande ataque contra as cidades israelenses se fosse atacada por forças ocidentais. "Se uma medida louca como essa for tomada contra Damasco, não precisaremos de mais que seis horas para enviar centenas de foguetes e mísseis às Colinas de Golã e dispará-los contra Tel Aviv", ameaçou.

Ainda segundo a agência iraniana, o líder sírio teria dito ao chanceler turco que ele convocaria o Hezbollah, partido radical do Líbano, também para atacar Israel. "Todos esses eventos ocorreriam em três horas, mas logo depois o Irã atacaria os navios de guerra dos Estados Unidos no Golfo Pérsico e os interesses americanos e europeus seriam nossos alvos simultaneamente", concluiu.

Os comentários de Assad foram feitos depois de o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmar que definiria os planos do seu país sobre as sanções planejadas pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) contra a Síria depois de visitar um campo de refugiados perto da fronteira entre os dois países, o que deve fazer nos próximos dias.

A atitude de Ergodan reflete a deterioração dos laços entre Ancara e Damasco desde que Assad iniciou a repressão a manifestações pacíficas pró-democracia em seu país. "Considerando as sanções, vamos anunciar nossa posição depois da visita a Hatay, no sul da Turquia", disse o líder turco. Cerca de 7 mil sírios cruzaram a fronteira desde o início dos protestos, em março.

http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,assad-incendiara-oriente-medio-se-ocidente-atacar-a-siria,781145,0.htm

Veja também:especialInfográfico: A revolta que abalou o Oriente Médio