Documento de poucas páginas resumiu encontro de poucos resultados. Acordo de Paris continua parado à espera da decisão dos Estados Unidos.
O encontro anual dos líderes dos sete países mais industrializados do mundo terminou neste sábado (27) na Itália. A primeira-ministra da Alemanha descreveu o encontro como sendo seis contra um - Donald Trump.
Um documento de poucas páginas, um encontro de resultados modestos. A líder alemã, Angela Merkel, definiu o G7 de Taormina como insatisfatório. O americano Donald Trump escreveu que o entendimento sobre o combate ao terrorismo significou a melhor parte. Foi o único assunto para o qual Trump realmente demonstrou interesse. Sobre o clima, o presidente americano prometeu que vai responder em uma semana.
O Acordo de Paris está parado, à espera da posição dos Estados Unidos. Depois de obter vitórias em quase todas as áreas, quanto ao comércio, Donald Trump fez uma concessão: aceitou que o texto final desse G7 contemplasse a expressão “luta contra o protecionismo”. Não muda a sua política, mas pode ameniza-la, comentam alguns observadores.
Antagonistas nas ambições do comércio internacional, Alemanha e Estados Unidos duelaram. Descendente de alemães, Trump ouviu de Angela Merkel que a Alemanha tem muitos investimentos nos Estados Unidos.
Outra vontade de Trump prevaleceu: cada país vai poder decidir quantos imigrantes deseja acolher e quando, podendo fechar as fronteiras, se necessário.
O governo de Paolo Gentiloni esperava pode dividir com os outros os milhares de refugiados que chegam às ilhas sicilianas e escolheu Taormina como sede do encontro para tentar sensibilizar os convidados. Mas a Itália foi a grande derrotada do G7 que preparou.
Apesar de bombardeios americanos, "Estado Islâmico" avançou sobre cidade controlada por curdos
Apesar dos bombardeios americanos que destruíram parte de seus tanques, os militantes do grupo que se autodenomina "Estado Islâmico" ampliaram o cerco nesta sexta-feira à cidade síria de Kobane, perto da fronteira com a Turquia, onde entraram em confronto com forças curdas.
Os confrontos eram visíveis do território turco, onde alguns manifestantes chegaram a cruzar uma cerca na fronteira para defender a cidade.
Mais cedo, os Estados Unidos destruíram quatro tanques e danificaram outro na quarta noite de bombardeios na Síria.
Já o Parlamento britânico consentiu em realizar ataques aéreos contra o "Estado Islâmico" no Iraque, enquanto Bélgica e Dinamarca também anunciaram que vão participar da operação.
O Estado Islâmico domina atualmente grande parte do nordeste da Síria e, no início do ano, tomou o controle de grandes áreas no vizinho Iraque, incluindo a segunda maior cidade do país, Mossul.
Alguns líderes ocidentais, no entanto, ainda estão reticentes em bombardear a Síria, já que o governo de Bashar al-Assad não pediu ajuda internacional para combater o grupo radical islâmico, diferentemente do Iraque.
Na semana passada, militantes do "Estado Islâmico" avançaram sobre a cidade de Kobane, levando cerca de 140 mil pessoas a fugir em direção à Turquia.
No entanto, alguns dos refugiados, na tentativa de frear o avanço dos radicais, tentaram retornar à cidade. O governo turco reagiu e usou bombas e de gás e canhão de água para interrompê-los.
Segundo testemunhas, em meio ao confronto em Kobane, pelo menos duas bombas caíram em território turco.
David Cameron: ""Estado Islâmico" declarou guerra contra nós"
Após sete horas de debate, os parlamentares do Reino Unido votaram majoritariamente a favor dos ataques aéreos, e seis caças das Forças Aéreas britânicas podem ser usados no combate já neste fim de semana.
Segundo o primeiro-ministro britânico, David Cameron, o "Estado Islâmico declarou guerra contra o Reino Unido".
"Terroristas psicopatas estão tentando nos matar e nós temos de nos dar conta disso; queira ou não queira, eles já declararam guerra contra nós", afirmou na Câmara dos Comuns.
O governo da Dinamarca concordou em enviar sete caças F-16, enquanto parlamentares belgas afirmaram que colaborariam com a operação com seis jatos.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez um apelo nesta semana para que mais países participem do combate contra o "Estado Islâmico", chamando-o de "rede de morte".
Mais de 40 países, incluindo muitos do Oriente Médio, já se ofereceram a se juntar à coalizão, afirmaram autoridades americanas.
Nesta semana, a presidente Dilma Rousseff criticou o bombardeio dos Estados Unidos contra o "Estado Islâmico".
Ataques americanos
Os últimos ataques dos Estados Unidos foram realizados por caças e drones.
Os tanques do "Estado Islâmico" foram destruídos na província de Deir al-Zour, conhecida pela produção de petróleo, informou o Departamento de Defesa dos Estados Unidos por meio de um comunicado.
Na mesma nota, o órgão americano afirmou que os ataques no Iraque destruíram nove veículos do grupo radical e danificou outros.
Estados Unidos bombardearam mais alvos do "Estado Islâmico" nesta sexta-feira
O Observatório Sírio para Direitos Humanos, uma ONG sediada no Reino Unido, que monitora o conflito na Síria, afirmou que o número de mortos ainda permanece desconhecido.
Os ataques aéreos vêm mirando instalações de petróleo sob o controle do "Estado Islâmico" tanto no Iraque quanto na Síria. O objetivo é reduzir a principal fonte de recursos financeiros do grupo.
Estimativas não oficiais apontam que o "Estado Islâmico" ganhe cerca de US$ 2 milhões (R$ 4,4 milhões) por dia apenas com as vendas de petróleo.
Nas últimas semanas, três reféns internacionais (dois americanos e um britânico) foram decapitados por militantes do grupo radical.
Na terça-feira (23), o chefe do departamento de anti-terrorismo da União Europeia, Gilles de Kerchove, disse, em entrevista à BBC, que cerca de 3 mil europeus se juntaram ao "Estado Islâmico" para combater a favor do grupo.
Ele alertou que os ataques aéreos aumentariam o risco de retaliação na Europa.
Mais cedo, o ministro do interior da Espanha, Jorge Fernández Díaz, afirmou que as polícias espanholas e marroquinas prenderam nove pessoas suspeitas de pertencer a um braço ligado ao "Estado Islâmico".
Um comunicado do ministério afirmou que os suspeitos pertenciam a um grupo sediado no enclave espanhol de Melilla, no Marrocos, no norte da África, e na cidade vizinha de Nador.
Um dos detidos tem nacionalidade espanhola; os outros são marroquinos, acrescentaram as autoridades.
No início dessa semana, o Conselho de Segurança (CS) da ONU adotou uma resolução forçando os países a evitar que seus cidadãos de se juntar a jihadistas no Iraque e na Síria.
DOMINIQUE, MOISI, PROJECT SYNDICATE - O ESTADO DE S.PAULO
03 Junho 2014 | 02h 03
Europa deveria ter uma compreensão melhor do que representam os seus próprios ideais
Confrontada com a reafirmação da Rússia de sua tradição imperial e dos métodos e reflexos enganosos do passado soviético, como a Europa deveria reagir? Deveria dar prioridade ao "valor da geografia" ou à "geografia de valores"? Os que optam pela primeira o fazem em nome do "realismo energético" de curto prazo, argumentando que ele é vital para chegar a um acordo com a Rússia porque a Europa não dispõe do gás e de petróleo dos EUA. Segundo esse raciocínio, os americanos poderiam viver sem a Rússia, mas a Europa não.
Além disso, para os realistas, o comportamento desafiador dos EUA diante de seus antigos e mais fiéis aliados - refletido nos recentes escândalos de vigilância que implicam a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) - desacreditou a própria ideia de uma "comunidade de valores". Se os EUA não respeitam mais os valores que professam, por que a União Europeia deveria perder a boa vontade do Kremlin em nome de defendê-los?
Esses realistas alegam também que, ao alinhar as posições da UE com as da Otan, a Europa escolheu precipitadamente humilhar a Rússia - um curso de ação inútil e perigoso. Chegou o momento, segundo eles, de uma política que concilie senso comum histórico e geográfico com necessidade de energia. O futuro da Europa está inexoravelmente ligado ao da Rússia, enquanto os EUA viraram as costas para a Europa por desinteresse, se não por desilusão.
A comemoração de um passado glorioso - o 70.º aniversário do Dia D - não pode ocultar o presente diminuído: embora a Europa possa tentar diversificar seus recursos energéticos, ela não pode prescindir da Rússia no futuro previsível.
Por que, questionam os realistas, deveríamos morrer por ucranianos que são ainda mais corruptos e muito menos civilizados do que os próprios russos? A Ucrânia teve sua chance como Estado independente e fracassou, vítima da venalidade de suas elites políticas. É hora de fechar esse parêntese infeliz.
Essa visão não é teórica. Ela pode ser encontrada, sob vários disfarces, em toda a UE, na direita e na esquerda, e em todas as profissões. A percepção de relativo declínio americano e da crescente perda de confiança da Europa em seus valores e modelo parecem legitimar uma posição que é construída, em muitos casos, sobre os restos do velho antiamericanismo.
Valores.O outro caminho, que enfatiza a geografia de valores, foi o escolhido pelos fundadores do projeto europeu e da Otan. Segundo essa visão, o não reconhecimento das pretensões imperiais de Vladimir Putin aumentaria o risco de a Europa ficar presa em uma forma não benevolente de dependência.
Para a Europa, ouvir o canto de sereia do Leste - uma melodia de complementaridade entre o poder estratégico da Rússia e o poder econômico da UE - seria o equivalente a pagar proteção à máfia. Como poderia um clube de democracias ser inteiramente dependente, para sua segurança, de uma potência autoritária que abertamente despreza seus sistemas políticos "fracos"?
Não é mera coincidência que esse discurso russo contra democracia, imigrantes e a homossexualidade encontre respaldo entre os partidos mais conservadores, extremistas e nacionalistas da UE. Por contraste, a força e a atratividade do modelo da UE dependem de sua natureza democrática. Os europeus que pararam de sonhar com a Europa, que consideram que a paz, a reconciliação e, sobretudo, a liberdade, estão garantidas, não percebem o que está em jogo.
Adotar uma "raison d'état de energia" que deixa a Europa dependente da Rússia por cerca de um terço de seus recursos energéticos seria suicídio. Existem alternativas. A Europa pode dizer não ao Kremlin e à Gazprom. Basta que tenha vontade para isso.
A única política possível que pode ser ao mesmo tempo realista e digna consiste numa combinação de firmeza e determinação de estabelecer limites para a Rússia de Putin. É precisamente porque os EUA não são mais o que eram (tendo feito demais com George W. Bush e de menos com Barack Obama) que a aliança com base em valores da Europa é mais indispensável do que nunca.
Prioridade.São esses valores que levaram à queda do Muro de Berlim e motivaram os manifestantes em Kiev a enfrentar o brutal inverno ucraniano na Praça Maidan.Da Ásia à África, as pessoas parecem ter uma compreensão muito melhor que os europeus do significado dos valores europeus. Basta ouvi-las exaltando a paz, a reconciliação e mesmo a relativa igualdade do continente (em comparação com os EUA).Para a UE, a escolha nunca foi mais clara. Se quiser sobreviver e prosperar, ela terá de colocar a geografia de valores em primeiro lugar./ TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK
É CONSULTOR DO INSTITUTO FRANCÊS DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS (IFRI) E
PROFESSOR DO INSTITUTO DE ESTUDOS POLÍTICOS DE PARIS (SCIENCES PO)
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Washington - O governo de Barack Obama defendeu neste domingo (1º/6) sua decisão de permitir que cinco talibãs afegãos detidos na base de Guantánamo fossem transferidos para o Qatar em troca da libertação de um soldado americano no Afeganistão, alegando que a saúde do militar estava em risco.
Legisladores da oposição republicana criticaram violentamente a medida adotada para facilitar a libertação d sargento Bowe Bergdahl, capturado há quase cinco anos, afirmando que isso abre um precedente ruim e coloca em perigo os soldados americanos no Afeganistão.
Alguns assinalaram, inclusive, que o governo pode ter infringido a lei ao não notificar o Congresso 30 dias antes de que os detidos de Guantánamo seriam libertados e transferidos.
A assessora de segurança nacional de Obama, Susan Rice, justificou a decisão do Executivo ao afirmar que a saúde de Bergdahl estava se deteriorando e não restava outra opção senão libertar os afegãos para conseguir a volta do soldado de 28 anos para casa.
"Quando estamos em guerra com terroristas e os terroristas mantêm preso um americano, esse prisioneiro ou prisioneira continua sendo um militar americano e temos a obrigação de conseguir seu regresso", afirmou Rice à CNN.
"O fato de que foram talibãs que tornaram Bergdahl cativo não diminuía esta obrigação de trazê-lo de volta", acrescentou.
"Não negociamos com terroristas", afirmou, por sua vez, o secretário de Defesa Chuck Hagel, falando na base aérea de Bagram, no Afeganistão. "Bergdahl provavelmente viveu um inferno durante cinco anos", declarou à NBC. Leia mais notícias em Mundo
"O militar perdeu muito peso e estávamos muito preocupados. (...) Devíamos agir assim que se apresentasse a oportunidade", assinalou ainda Rice.
Quanto à notificação ao Congresso, a assessora comentou que extrema urgência em agir em função do estado de saúde do jovem soldado fez com que não se considerasse necessário ater-se a este requisito.
Esperar 30 dias pela resposta do Congresso "teria significado a possibilidade de perder a oportunidade de trazê-lo de volta são e salvo", enfatizou.
Rice negou-se a fornecer detalhes sobre as medidas de segurança acertadas com o Qatar, que mediou a troca, a respeito dos cinco talibãs afegãos, limitando-se a assinalar que seus movimentos e atividades serão restritos.
Após deixarem Guantánamo, os ex-líderes deverão permanecer por pelo menos um ano no Qatar.
O secretário de Defesa também disse esperar que a libertação do sargento Bergdahl permita uma "nova abertura" para negociações com o Talibã.
Hagel lembrou que os Estados Unidos iniciaram no passado negociações com os talibãs, que terminaram em 2012.
"Eles romperam as negociações, e desde então não temos nenhuma relação formal", disse ele.
"Então, talvez essa seja a oportunidade para uma nova abertura que possa levar a um acordo", acrescentou.
Os cinco ex-dirigentes do Talibã, considerados ainda influentes dentro da rebelião, foram libertados depois de uma troca com o sargento Bergdahl, capturado pelos rebeldes em 30 de junho de 2009 na província de Paktika (sudeste).
O soldado, que foi levado primeiramente para a base de Bagram, ao norte de Cabul, está em "bom estado de saúde" e já foi transferido para um hospital militar americano em Landstuhl, na Alemanha, segundo as autoridades americanas.
Imprescindível nesta negociação, o Qatar está comprometido há anos nos esforços de reconciliação entre rebeldes islâmicos e o governo em Cabul.
O líder supremo do Talibã afegão, o mulá Omar, saudou neste domingo a libertação dos cinco ex-líderes do regime talibã e agradeceu à colaboração do Qatar.
"Transmito os meus sinceros parabéns à nação muçulmana afegã, a todos os combatentes de Deus e às famílias e amigos dos prisioneiros por esta grande vitória", declarou o mulá Omar em um comunicado.
"Agradeço ao governo do Qatar, e particularmente ao xeque Tamim Bin Hamad Al Thani (emir do Qatar), por seus esforços para obter a libertação desses líderes (do Talibã), por meio de mediação e pela acolhida reservada aos cinco ex-prisioneiros de Guantánamo", acrescentou o chefe do Talibã.
Ao menos 778 pessoas condenadas à morte foram executadas, 15% a mais que em 2012, quando 682 morreram.
O número não é preciso, contudo. A China, que autoriza a pena de morte, não divulga seus números. Mas estima-se que sejam milhares de mortes.
Não são apenas países pobres e autoritários que aparecem na lista. Os Estados Unidos, por exemplo, estão em quinto lugar: executaram 39 presos e deram outras 80 sentenças de morte.
Outras nações não aparecem no ranking de execuções, mas em 2013 sentenciaram um número assustador de pessoas à morte: Afeganistão, com 174, e Bangladesh, com 220, por exemplo.
A Anistia Internacional ainda ressalta que os números tendem a ser muito maiores em países como Síria e Coreia do Norte, onde os casos não vêm à tona.
Veja a seguir os 15 países que mais executaram presos em 2013 e o número de novas sentenças dadas:
1. China
Número de presos executados: desconhecido (estima-se milhares)
Líderes dos EUA e da Alemanha dizem que haverá novas sanções de Moscou interferir em eleição
02 de maio de 2014
O Estado de S. Paulo
WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, prometeram nesta sexta-feira,2, durante pronunciamento conjunto na Casa Branca ampliar as sanções à Rússia caso Moscou tente perturbar as eleições do próximo dia 25 no país.
"Se a Rússia perturbar as eleições deste mês, coordenaremos rapidamente passos adicionais, incluindo mais sanções à liderança russa", disse Obama em entrevista coletiva conjunta no Jardim da Casa Branca, após uma reunião de duas horas no Salão Oval.
A Coreia do Norte exigiu que a Coreia do Sul e os Estados Unidos suspendam exercícios militares anuais, marcados para fevereiro e março, alegando que representam uma provocação direta – uma declaração que sugere uma repetição da escalada das tensões ocorrida no ano passado.
Em 2013, a Coreia do Norte prometeu retaliar eventuais hostilidades com ataques aos Estados Unidos, à Coreia do Sul e ao Japão. Por causa disso, a península da Coreia registrou a maior mobilização militar das últimas décadas.
"Nós alertamos firmemente as autoridades dos EUA e da Coreia do Sul para que parem os perigosos exercícios militares que podem levar a situação da península e os laços Norte-Sul para uma catástrofe", disse um órgão norte-coreano encarregado de buscar a reunificação da Coreia, segundo a agência estatal de notícias KCNA.
A Coreia do Sul disse que os exercícios serão mantidos. Apesar das ameaças, não houve relatos de atividades militares excepcionais na Coreia do Norte.
"Se a Coreia do Norte realmente se comprometer com a agressão militar com o pretexto do que é um exercício normal que conduzimos como preparação para uma emergência, nossos militares vão puni-los de forma inclemente e decidida", disse Kim Min-seok, porta-voz do ministério sul-coreano da Defesa.
As duas Coreias permanecem tecnicamente em guerra, já que seu conflito de 1950 a 1953 foi encerrado apenas com um armistício, não com um tratado de paz. A China, única aliada relevante da Coreia do Norte, se mostra alarmada com as provocações de ambas as partes e pediu moderação.
"Todos os lados têm uma responsabilidade de manter a paz e a estabilidade na península coreana, e isso está de acordo com os interesses de todos os lados", disse Hong Lei, porta-voz da chancelaria, em uma entrevista coletiva diária.
Analistas dizem que, apesar das ameaças, a Coreia do Norte não pode correr o risco de dar início a um confronto armado, já que quase certamente sairia derrotada.
Mas muitos observadores acreditam que o isolado regime comunista norte-coreano poderia novamente disparar um foguete de longo alcance ou testar uma arma nuclear. O país já testou três bombas atômicas, a última delas em fevereiro de 2013.
Outra possibilidade seria um ataque de artilharia contra o território sul-coreano, como ocorreu em 2010, o que poderia motivar uma retaliação de Seul e um conflito mais amplo.
Ação seria forma de autoridades americanas ajudarem o premiê iraquiano a enfrentar ofensivas da Al-Qaeda
10 de janeiro de 2014
O Estado de S. Paulo
WASHINGTON - O governo dos Estados Unidos cogita oferecer um novo treinamento às forças de elite do Iraque, na Jordânia. Autoridades americanas buscam formas de ajudar o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, a enfrentar ofensivas da Al-Qaeda.
Autoridades dos EUA disseram esta semana que Washington e Bagdá estão discutindo o treinamento das forças de elite iraquianas em um terceiro país, já que acordos previamente firmados impedem a atuação de militares americanos no Iraque.
"Há uma discussão sobre isso e a Jordânia está incluída nas discussões", disse uma fonte de defesa, sob anonimato. A Jordânia, que assim como o Iraque enfrenta as consequências da guerra civil na vizinha Síria, é um dos principais aliados dos EUA no Oriente Médio. O treinamento poderia ocorrer em um local particular próximo a Amã.
As autoridades dos EUA estão mais preocupadas com o Iraque nas últimas semanas, já que a Al-Qaeda demonstra uma presença cada vez maior na província de Anbar, no oeste - a partir de onde o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, grupo afiliado à Al-Qaeda, tenta implantar um Estado religioso sunita que abranja o Iraque e a Síria.
Dois anos depois do presidente americano, Barack Obama, terminar de retirar suas forças do Iraque, a reação dos EUA à crescente tensão sectária no Iraque se limita a um relutante apoio a Maliki, um xiita cada vez mais confrontado com a minoria sunita. Há nos EUA um desejo generalizado de não envolver o país em mais uma guerra no Oriente Médio.
Os EUA já estão enviando mísseis Hellfire, aeronaves de vigilância e outros equipamentos que Maliki solicitou, mas ainda não forneceram os helicópteros de ataque que Bagdá quer.
Muitos parlamentares americanos consideram que Maliki tem tendências autoritárias e é excessivamente próximo do Irã./ REUTERS
Fenômeno conhecido como 'vortex polar' pode provocar fechamento de escolas e cancelamento de voos
05 de janeiro de 2014
Agência Estado
Temperaturas que não eram vistas há anos devem alcançar recordes de baixa nos próximos dias nos EUA, criando condições difíceis para viagens e motivando escolas a fecharem as portas. O frio intenso vai afetar mais da metade do país a partir desde domingo e durante os próximos dois dias.
Um fenômeno conhecido como "vortex polar" - um bloco de ar frio e denso - está por trás da assustadora previsão de tempo para algumas regiões do país: -31ºC em North Dakota, -35ºC em Minnesota e -26ºC nas cidades de Indianapolis e Chicago.
"É um frio perigoso", alertou o meteorologista Butch Dye.
O mau tempo já criou problemas para quem tentou viajar neste domingo. Na cidade de Nova York, um avião de Toronto que tentou pousar no aeroporto JFK escorregou para fora da pista. Não houve feridos, mas o aeroporto suspendeu temporariamente suas operações devido ao gelo na pista.
Mike Duell, do site FlightAware.com, disse neste sábado que devem haver cancelamentos e atrasos de voos devido ao frio nos próximos dias.
O frio não chegava a esse ponto em quase duas décadas em muitas partes dos EUA. Devido a isso, muitos médicos estão lembrando a população de que a hipotermia pode ocorrer rapidamente em temperaturas mais baixas que -26ºC. "Uma pessoa sem a vestimenta apropriada pode morrer facilmente nesta temperatura", alertou o meteorologista Scott Truett.
Carro fica encoberto pela neve.Darron Cummings/AP
Uma enorme faixa dos Estados Unidos, do Montana ao Alabama, vai estar nos próximos dias sob um frio tão forte como não se sente há pelo menos uma geração, dizem os meteorologistas. A culpa é do vórtex polar que está a derramar os seus ventos ciclónicos sobre aquela zona da América – algo que aconteceu pela primeira vez no Inverno de 2009/10, e produziu o nevão que ficou conhecido como “Snowpocalipse”.
VÓRTEX VÉRTICE) POLAR
O vórtex polar são os fortes ventos que rodeiam o Árctico, girando a enormes velocidades, como se fossem furacões. O problema é quando essa correnteza de ventos abranda, permitindo aos ventos gelados escapar-se mais para Sul: a temperatura desce aceleradamente, como se está agora a verificar nos Estados Unidos.
Prevê-se que as temperaturas possam atingir 31 graus Celsius negativos em Fargo, no Dakota do Norte, e 35 negativos em International Falls, no Minnesotta, Indianápolis e Chicago. Em algumas zonas, com vento, a temperatura pode chegar a 45,5, 51 ou 56,7 graus Celsius negativos, diz a Associated Press.
Chicago pode mesmo bater o recorde da temperatura mais fria de sempre na cidade – 24 graus negativos, atingido a 18 de Janeiro de 1994 e de novo a 24 de Dezembro de 1983, recorda o Weather Channel.Cientistas da Agência Nacional dos Oceanos e da Atmosfera dos EUA sugeriram que o facto de o vórtex polar estar mais frequentemente a permitir que os ventos se escapem para Sul nos últimos anos estará relacionado com a perda de gelo no Árctico – causada pelas alterações climáticas.
Os ministros de 159 países concluíram hoje o primeiro acordo comercial global em quase 20 anos na conferência realizada em Bali, na Indonésia. É um pacote modesto quando comparado com as ambições iniciais da Rodada Doha e abrange menos de 10% do que estava previsto. Ainda assim, representa um fôlego importante para a credibilidade da Organização Mundial de Comércio (OMC).
O acordo só foi fechado após uma maratona de quase seis dias de negociações, que se estendeu pelas madrugadas, conduzida pelo diretor geral da OMC, Roberto Azevêdo. Com três meses e meio no cargo, o brasileiro deu um novo ritmo para a entidade e viabilizou o acordo.
"Pela primeira vez na história, a OMC entregou. Estamos de volta", disse Azevêdo, que fez um discurso emocionado na cerimônia de encerramento e foi aplaudido por todos os presentes.
Esse é o primeiro acordo da história da OMC, que foi criada em 2001, substituindo o antigo Acordo Geral de Tarifas e Comércio (Gatt, da sigla em inglês). O último acordo comercial global foi a Rodada Uruguai, concluída em 1994. A OMC está sob forte pressão, enfrentando a concorrência dos mega acordos regionais em negociação pelos Estados Unidos com a União Europeia e com os países da Ásia.
O pacote de Bali contém dez textos, divididos em três grandes temas: desburocratização do comércio, agricultura e promoção do desenvolvimento dos países pobres. De acordo com a Câmara Internacional de Comércio, o acordo pode gerar um incremento do comércio global de US$ 1 trilhão, reduzindo entre 10% e 15% os custos de transação entre as empresas, e pode criar 21 milhões de empregos no planeta.
Busca de consenso
Cuba, com apoio de Venezuela, Bolívia e Nicarágua, quase colocou tudo a perder ao insistir que não era possível discutir facilitação do comércio global enquanto os Estados Unidos mantém o embargo contra o país. Na OMC, os acordos só são aprovados por consenso e um país pode bloquear tudo. Mas, após atrair as atenções e enfrentar de frente os EUA, Cuba acabou cedendo.
es e não poderia "abandonar" 600 milhões de pequenos produtores rurais que dependem da compra de arroz e grãos pelo Estado. Já os EUA queriam garantias que os programas não se tornariam um "cheque em branco" para subsidiar.
Os indianos, que resistiram às pressões internacionais, venceram o embate com os americanos. A cláusula de paz --uma espécie de "trégua" para que os programas de segurança alimentar já existentes das nações em desenvolvimento não sejam questionados na OMC --vai durar até que os países cheguem a uma solução permanente, que será negociada nos próximos quatro anos. Os EUA, no entanto, conseguiram outras vitórias, como um compromisso vinculante dos países em desenvolvimento em adotar as medidas para facilitar o comércio.
O pacote de Bali, no entanto, representa um retrocesso importante num dos temas mais sensíveis: subsídios à exportação agrícola. Em Hong Kong, em 2005, os membros da OMC tinham acertado eliminar esses subsídios até o fim de 2013, o que não ocorreu. Dessa vez, o máximo que conseguiram foi uma declaração política se comprometendo, novamente, a acabar com essa distorção, mas sem data definida.
Outro ponto importante do pacote agrícola, que favorece o Brasil, é a melhora na administração das cotas de importação de alimentos dos países ricos.
"O acordo de Bali reforçou o sistema multilateral e deu destaque novamente para temas de nosso interesse como agricultura", disse Luiz Alberto Figueiredo, ministro de Relações Exteriores do Brasil.
Os países também se comprometeram a estabelecer uma agenda de trabalho sobre a Rodada Doha dentro de 12 meses. Nas futuras negociações em Genebra, terão que definir como retomar o restante da Rodada e quais temas serão discutidos.
"O pacote de Bali cria oportunidades, mas temos que traduzir isso em mudanças concretas", disse o comissário europeu de Comércio, Karel De Gutch.
Edgar Su/Reuters
Brasileiro Roberto Azevêdo, diretor-geral da OMC, faz discurso emocionado após o 1º acordo global em quase 20 anos
O sistema geopolítico que governa o mundo entrou há alguns meses em uma nova era. Uma formidável comoção embaralhou as cartas de uma ponta a outra do planeta. Ela abalou posições que se julgavam consolidadas e inamovíveis na Europa (Ucrânia, Rússia), na China, mas, sobretudo, no Oriente Médio.
Não é correto pensar que esse imenso alvoroço deveu-se exclusivamente à vontade de um homem ou de uma potência. Muitos indícios sugerem, contudo, que o presidente americano, Barack Obama, foi um dos atores dessa metamorfose.
Duas ações decisivas tiveram lugar nos últimos meses. A primeira é a fadiga da insurreição dos "rebeldes" na Síria, cada vez mais isolados pelas tropas de Bashar Assad que a cada dia marcam novos pontos. A segunda, a assinatura do acordo em Genebra entre o grupo P5+1 (os cinco membros permanentes do conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha) e o Irã.
Nos dois casos, Obama esteve nas manobras. Relembrando: há poucos meses, os EUA estavam resolvidos a punir o tirano Assad, fornecendo mísseis Tomahawk aos insurgentes com esse fim. Obama chegou a arrastar a França para a ideia dessa cruzada anti-Assad e o secretário de Estado John Kerry fez o papel de incendiário.
De repente, quando explodiu a crise sobre as armas químicas usadas na Síria, tudo mudou: a questão não era mais a deposição de Assad. Washington acertou a questão dos arsenais químicos sírios em estreita cooperação com o presidente russo, Vladimir Putin, sem falar com os europeus ocidentais, que ficaram decepcionados (François Hollande em especial).
A grande revolta democrática da rua síria, tão enaltecida nos dois últimos anos por todos os poetas líricos da Europa e da América, saiu das primeiras páginas. A mudança americana sobre a síria é explicável. A rebelião síria está cada vez mais contaminada por jihadistas cujo fanatismo e obscurantismo são de assustar. Mas parece haver uma outra razão. E ela deve ser buscada na outra grande virada diplomática: o acordo assinado em Genebra com o Irã. Este acerto era uma das obsessões de Obama desde sua primeira eleição.
Não foi um acaso que as duas surpresas diplomáticas deste ano se produziram quase ao mesmo momento. De fato, o acordo com o Irã não poderia ter sido assinado se, ao mesmo tempo, os EUA tivessem lançado ataques aéreos contra as posições de Assad na Síria. Nesse caso, Teerã, que apoia o regime sírio, teria imediatamente rompido a discussão com Obama.
Nesses dois âmbitos, observa-se um outro ponto em comum: o estilo solitário e quase arrogante com que Obama conduziu o caso. Na Síria, ele mudou subitamente de curso abandonando a ideia de ataques contra Assad e resolvendo o problema das armas químicas apenas com Putin. No caso do Irã, ele fez os aliados europeus acreditarem que eles estavam juntos na empreitada, mas, uma vez assinado o acordo de Genebra, Washington deixou filtrar a verdade: as discussões entre Teerã e Washington sobre o arsenal iraniano vinham ocorrendo havia meses sem que Obama julgasse útil informar outros países a esse respeito.
TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK - É CORRESPONDENTE EM PARIS