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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Cultura tem melhores salários e mais trabalhadores com curso superior

Paraná e Minas Gerais são os únicos Estados em que as mulheres trabalhando em cultura superam os homens

18 de outubro de 2013
Luciana Nunes Leal - O Estado de S.Paulo
Na comparação da cultura com todas as atividades econômicas, os trabalhadores são mais jovens, mais escolarizados, há mais presença de brancos e os salários em são maiores, principalmente entre no setor formal da economia. Em 2012, o salário médio dos empregados em atividades culturais era de R$ 1.553 mensais, 6% maior do que o salário médio de todos os trabalhadores do País, de R$ 1.460 mensais.
Se for levado em conta apenas os empregados do setor formal, com carteira assinada, a diferença era ainda maior, na comparação de dados referentes a 2010. Os empregados em atividades culturais ganharam R$ 2.144, 30% a mais que os R$ 1.650 mensais do total de trabalhadores formais.
Ao contrário do total das atividades econômicas, há mais brancos que negros e pardos empregados no setor cultural. Os homens são maioria no setor cultural (53% dos trabalhadores em cultura são do sexo masculino), mas não tanto quanto na economia total (57,6% dos trabalhadores em todos os setores são homens). A presença de pessoas de nível superior entre os trabalhadores da cultura é bem maior que no total das atividades econômicas. Na cultura, 20,8% dos empregados tem curso superior completo, proporção que cai para 14% entre o total de trabalhadores.
O Sudeste tem 4,5% do total de trabalhadores atuando no setor cultural - a maior proporção entre as regiões, seguido do Sul (3,9%).
A menor proporção é no Norte, com 2,7%. Entre sete Estados comparados no estudo, São Paulo tem o maior peso de pessoas trabalhando em cultura (5,1% do total de trabalhadores). Bahia tem o menor (2,6%).
Paraná e Minas Gerais são os únicos Estados em que as mulheres trabalhando em cultura superam os homens. No Paraná, 50,8% dos trabalhadores em cultura são do sexo feminino. Em Minas Gerais, 50,1%. Na Bahia, está a menor proporção: 40,4%.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

A desigualdade de gênero na China


A rápida urbanização não trará benefícios econômicos se o governo chinês desperdiçar o talento das mulheres


22 de maio de 2013

LETA HONG, FINCHER, THE NEW YORK TIMES, É ALUNA DO PROGRAMA DE DOUTORADO EM SOCIOLOGIA DA UNIVERSIDADE , TSINGHUA, EM PEQUIM, LETA HONG, O Estado de S.Paulo

Nos últimos tempos, a mídia tem se deixado levar por uma onda de otimismo em relação à situação da mulher no mercado de trabalho chinês, insinuando que o mundo deveria tomar a China como um modelo de igualdade de gênero no trabalho. Os relatos positivos, porém, escondem o fato de as chinesas estarem perdendo terreno.
O censo de 2010 indica que 74% das mulheres em idade ativa estão incluídas na força de trabalho. É um porcentual comparável ao registrado nos EUA e na Austrália. Mas o índice inclui mulheres que trabalham no campo e, na China, quase metade da população ainda vive no meio rural. Nas cidades, a situação é diferente.
A taxa de emprego urbano entre as chinesas caiu para 60,8% em 2010, depois de ter declinado para o nível de 77,4%, 20 anos antes. A taxa de emprego urbano feminino em 2010 era 20 pontos mais baixa que a dos homens. A tendência é preocupante quando se tem em vista que uma das maiores prioridades da China é estimular o êxodo para as cidades, já que o aumento da população urbana é tido como fundamental para impulsionar a economia.
Estima-se que a taxa de urbanização alcance os 53% este ano e a imprensa estatal prevê que, até 2020, 60% do quase 1,4 bilhão de chineses estejam vivendo em cidades. No entanto, os supostos benefícios econômicos da urbanização não se concretizarão se, no processo, for desperdiçado o talento de metade da população do país - as mulheres.
O declínio na participação da força de trabalho feminina começou a se evidenciar nos anos 90, quando, o governo demitiu dezenas de milhões de funcionários públicos e o número de mulheres demitidas era desproporcionalmente maior do que o de homens. Nessa época, surgiu o movimento "Mulheres Voltem Para Casa", pedindo que elas abandonassem o emprego e abrissem vagas para homens. Ao longo dos anos, essas atitudes se enraizaram. Na China, a maioria ainda acredita no adágio que diz que "lugar de homem é na rua, lugar de mulher é em casa".
Uma diretora de arte de uma agência publicitária que entrevistei em Pequim foi uma profissional bem-sucedida até o momento em que, aos 33 anos, teve um filho. Ela achava que poderia deixar o emprego para cuidar do bebê sem que isso prejudicasse sua carreira. Estava errada. Agora, aos 37, não encontra trabalho. "Estou preocupada", disse.
Para piorar, desde 2007, o governo promove uma campanha que tem por alvo as "encalhadas", estigmatizando mulheres urbanas que, com escolaridade elevada e mais de 27 anos, continuam solteiras. A saraivada de insultos aumentou a pressão para que elas abandonem a faculdade e procurem se casar. Hoje, se uma chinesa começar uma pós-graduação, é provável que, ao concluir o mestrado, esteja com 25 anos. Segundo a agência oficial de notícias Xinhua, mulheres entre 25 e 27 anos se encaixam na categoria das "guerreiras encalhadas", aquelas que "ainda têm coragem de lutar para encontrar um marido".
Instabilidade. Se o governo quer interromper o declínio da participação feminina na força de trabalho urbana, precisa enfrentar o problema da desigualdade de gênero e pôr um fim à campanha contra as "encalhadas". As mudanças têm de começar de cima.
Antes de mais nada, os novos líderes chineses precisam firmar publicamente um compromisso com a elevação da condição feminina. É possível que a economia chinesa continue a crescer mesmo com o declínio da participação das mulheres na força de trabalho urbana, mas o resultado disso será uma desigualdade crescente e desestabilizadora.