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sábado, 12 de outubro de 2013

A vertigem da retomada

                             (Arte ZH/Zero Hora)
Primeiros sinais de reação das potências mundiais pode aumentar disputa por investimento com os países emergentes e ter impacto na economia brasileira
Cinco anos depois da quebra do banco de investimentos Lehman Brothers, que empurrou os Estados Unidos, a Europa e o restante do mundo para a maior crise financeira dos últimos 70 anos, começam a se consolidar sinais consistentes de reação.
Assim como tremeram à beira do abismo na época, agora países emergentesexperimentam a vertigem da recuperação alheia. Americanos e europeus começam a sair da recessão e, com isso, disputam investimentos com as economias mais promissoras do que desenvolvidas.
A tormenta começou em 2007, com problemas no mercado de hipotecas de alto risco, o chamado subprime. Mas ganhou dimensões globais com a quebra do banco de investimentos, dirigido pelo “Gorila” de Wall Street, Dick Fuld (veja quadro).
Luciano Coutinho, presidente do BNDES, avalia que a crise começa a dar sinais que está no fim da sua pior fase, de recessão e alto desemprego, mas sequelas como endividamento dos países e fragilização dos bancos apontam para um crescimento global mais lento no futuro. Brasil, Índia e Rússia já experimentam os efeitos do ganho de musculatura do dólar e seu efeito na inflação.
– Se pensássemos um cenário desses 10 anos atrás, teríamos uma crise muito grave. O que temos hoje é uma turbulência administrável, que vamos ultrapassar com aumento de juro e esforço do Banco Central para estabilizar o câmbio – afirma.

De fato, o Brasil se saiu bem da crise. Depois de um desempenho ruim em 2009, o país teve um avanço de 7,5% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2010. Mas a crise fez o governo a mudar a rota na política econômica. Até 2008, o país mantinha uma estratégia mais alinhada à das grandes economias. Com o mercado financeiro fragilizado, passou a dar estímulos adicionais ao consumo doméstico para impulsionar a produção. O resultado ruim no ano passado, entretanto, acendeu a luz vermelha para o endividamento das famílias, colocando a tática em xeque e forçando a busca de outras possibilidades.
Marcos Troyjo, diretor do BRICLab na Universidade Columbia, centro de estudos sobre Brasil, Rússia, Índia e China, avalia que os emergentes ainda têm de aprender a principal lição da crise:
– Para muitos, o capitalismo de Estado triunfou sobre o liberalismo na crise de 2008. O que deveria ser ferramenta excepcional pareceu assumir ares de verdade econômica. Exemplo disso é a política industrial brasileira de conteúdo local e o incentivo ao consumo, que atingiram seu limite. Os emergentes também estão tendo de se reinventar.
Ainda é difícil prever o tamanho do impacto da reação dos países ricos no Brasil. Mas se sabe que haverá. Professor de economia da UFRGS, Fernando Ferrari Filho ressalta que, apesar de a relação com os EUA ter importância decrescente na balança comercial – hoje cerca de 10% – turbulências serão inevitáveis. Para o também professor da UFRGS Marcelo Portugal, a agito só começou:
– Antes a taxa de juro americana girava em torno de 1% ou 1,65%. Agora, por volta 2,8%. A média histórica é 3,5%. A atração de recursos que hoje estão no Brasil para lá vai ficar mais forte – afirma.

sábado, 28 de setembro de 2013

Alemanha à direita

28/09/2013
André Singer

Embora previsíveis, os resultados da eleição na Alemanha, no domingo passado, devem ser olhados com atenção, pois desenham um horizonte sombrio para os próximos anos. A estrondosa vitória de Angela Merkel representa um endosso para a destruição econômica imposta pelos alemães aos países do sul do continente, colocando em perigo a própria União Europeia (UE) e, talvez, provocando um perigoso antigermanismo nos vizinhos.
O eleitorado, que deu 42% dos sufrágios à CDU/CSU contra 26% ao segundo colocado (SPD), votou pelo desempenho interno. Enquanto Portugal, por exemplo, via seu PIB reduzir 3,2% em 2012, a Alemanha cresceu 0,7%. Está longe de ser um número espetacular, mas, numa sociedade já muito rica, permite manter as condições de vida alcançadas.
Os motivos desse relativo sucesso tornam duvidosas, porém, as condições de sua continuidade. Na área industrial, as empresas alemãs parecem estar ainda se beneficiando do pacote antitrabalhista levado a cabo sob o comando de Gerhard Schröder (SPD), nos anos 2000. Ao diminuir direitos da classe trabalhadora, embora restem muitos, rebaixou-se o custo da mão de obra, o que, somado ao aumento de produtividade, tornou as mercadorias alemãs mais competitivas.
Como consequência, as exportações teutônicas cresceram, porém o detalhe relevante é que quase 60% delas são vendidas na própria UE. Isto é, ao arruinarem a eurozona, os alemães serram o galho sobre o qual estão sentados.
Por enquanto, os capitais que saem das regiões em depressão estão indo para a Alemanha, diz Joseph Stiglitz. Mas "o erro da população alemã é não ter percebido que essa situação (...) não vai durar muito tempo", declarou o Prêmio Nobel de Economia depois do último pleito (Folha, 26/9).
No plano político, não há alternativa. A opção pelo mercado nos anos 2000 destroçou o Partido Social-Democrata, convertido em uma sombra da grande agremiação que lutou pelo Estado de bem-estar.
O grupo que cindiu da velha legenda para tentar defender as cores da esquerda (Die Linke) não consegue convencer o grosso dos eleitores de que dispõe de um programa efetivo para dirigir o transatlântico em direção melhor que a atual. Embora esteja contente, pois se tornou a terceira força nacional com a queda dos liberais (FDP), que não conseguiram superar a barreira dos 5%, na realidade o Die Linke (A Esquerda) perdeu espaço no último período, indo de 12% em 2009 para 9% agora. Os Verdes também caíram, de 11% para 8%.
Enquanto durar a hegemonia da direita na Europa, lugar em que a civilização mais avançou no planeta, as perspectivas gerais de progresso não serão boas.

André Singer é cientista político e professor da USP, onde se formou em ciências sociais e jornalismo. Foi porta-voz e secretário de Imprensa da Presidência no governo Lula.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Maiores economias da Europa devem fechar 2012 com mais desempregados


Gabriel Bonis

02.01.2013

Ao menos oito das principais economias da Europa, com exceção da Alemanha e do Reino Unido, devem fechar 2012 com índices de desemprego maiores que os registrados no ano anterior. Mergulhada em uma crise que ainda não demonstra sinais de arrefecimento, a região também enfrenta a recessão da Zona do Euro, composta por 17 países da União Europeia.
Em novembro, a Eurostat, órgão de estatísticas da UE, confirmou que o bloco dos países na moeda única entrou em recessão pela segunda vez em três anos. A queda de 0,1% no terceiro trimestre de 2012 ocorreu por dois períodos consecutivos, caracterizando assim a recessão.
Os dados mais recentes da Eurostat, referentes ao mês de outubro, apontam um nível de desemprego em 10,7% na UE e 11,7% na Zona do Euro. Na comparação com o mesmo período de 2011, os dados eram 9,9% e 10,4%, respectivamente. Com isso, ao todo 25,9 milhões de pessoas estavam desempregadas no continente em outubro último, um aumento de 2,1 milhões na comparação com a mesma época do ano passado.
Índice de desemprego na Europa. Países em vermelho devem enfrentar recessão em 2012, segundo a Econominist Intelligence Unit. Imagem: Montagem sobre foto de Allstrak/WikiCommons
Grande parte dos países com maior peso econômico na Europa registraram aumento nos índices de desemprego em relação a outubro de 2011. Um sinal de que as medidas de austeridade e os pacotes de ajuda financeira da troika (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia) ainda não conseguiram conter a crise.
Os locais que tiveram o maior aumento de pessoas desocupadas no período são a Grécia (18,4 para 26%, sem dados novos desde agosto), Espanha (22,7% para 26,2%), Portugal (13,7% para 16,3%), França (9,7% para 10,7%), Polônia (9,9% para 10,4%), Itália (8,8% para 11,1%), Suécia (7,5% para 8,1%, com dados de novembro) e Holanda (4,8% para 5,5%).
Segundo previsões da consultoria britânica Economist Intelligence Unit, também vão enfrentar recessão em 2012 Grécia (-6,8%), Espanha (-1,5%), Portugal (-3,3%), Itália (-2,2%) e Holanda (-1%).
http://www.cartacapital.com.br/economia/maiores-economias-da-europa-devem-fechar-2012-com-mais-desempregados/

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Bulgária adia, por tempo indeterminado, sua entrada no euro


País mais pobre da União Europeia decidiu arquivar o projeto de entrar para o bloco em razão da deterioração de suas condições econômicas e do receio da população diante do euro
03 de setembro de 2012

Priscila Arone, da Agência Estado
SÓFIA, Bulgária - A Bulgária, o mais pobre integrante da União Europeia (UE) adiou, por prazo indeterminado, seus antigos planos de adotar o euro. Durante entrevistas em Sófia, capital do país, o primeiro-ministro Boyko Borisov e o ministro de Finanças Simeon Djankov disseram que a decisão de arquivar o projeto de entrar para a zona do euro, objetivo de longa data de antigos governos, ocorreu em razão da deterioração das condições econômicas e da crescente incerteza sobre as perspectivas para o bloco, além de uma mudança da opinião dos cidadãos da Bulgária, país que entra no terceiro ano de um programa de austeridade.
'A população quer saber quem teríamos de resgatar quando nos unirmos à moeda comum', diz ministro de Finanças - Solomon Frances/AE
Solomon Frances/AE
'A população quer saber quem teríamos de resgatar quando nos unirmos à moeda comum', diz ministro de Finanças
"O ímpeto de aderir ao euro mudou dentro do governo e entre o público...No momento, não vejo qualquer benefício em entrar na zona do euro, apenas custos", declarou Djankov. "A população quer saber quem teríamos de resgatar quando nos unirmos à moeda comum. É muito arriscado para nós e também não há certeza sobre quais serão as regras e como elas devem ser em um ou dois anos", disse o ministro.
A Bulgária foi aplaudida por ter reduzido seu déficit orçamentário para 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011, com o corte de salários e aposentadorias. A economia foi estabilizada por um conselho monetário que fixa o valor da moeda local, o lev, em relação ao euro, e obriga o governo a adotar uma rígida política fiscal.
As decisão da Bulgária de adiar seus planos de ascensão ocorre no momento em que a crise da dívida na UE já fez com que outros países europeus, fiscalmente cautelosos, desistissem que adotar a moeda única. O primeiro-ministro da Lituânia, Andrius Kubilius, disse na semana passada que seu país só vai adotar o euro quando "a Europa estiver pronta", sinalizando que seu governo perdeu o entusiasmo anterior. Isso aconteceu após um comunicado do primeiro-ministro da Letônia, Valdis Dombrovskis, de que seu governo vai decidir sobre a adesão em 2013, em contraste com a promessa anterior, que era de entrar para a zona do euro em 2014. As informações são da Dow Jones.