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quinta-feira, 5 de junho de 2014

Político indiano diz que estupro 'às vezes é certo'


O ESTADO DE S. PAULO
05 Junho 2014 | 15h 36

Babulal Gaur, do partido do primeiro-ministro Narendra Modi, afirma que para ser crime, o estupro precisa ser denunciado na polícia

NOVA DÉLHI - Um político do partido do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, classificou o estupro como um crime social e afirmou que "às vezes isso (o crime) é correto, às vezes é errado". Babulal Gaur, ministro do Interior pelo Bharatiya Janata Party (BJP), acrescentou que o estupro só pode ser tratado como crime quando é informado à polícia.
"Esse é um crime social que depende do homem e da mulher. Às vezes é certo, às vezes é errado. Até que haja uma queixa, nada pode ser feito", disse o político. Na semana passada, duas primas, de 12 e 14 anos, foram estupradas e mortas enforcadas em Uttar Pradesh.
O BJP divulgou comunicado dizendo que as afirmações de Gaur não refletem a posição do partido, mas a opinião de um político. Modi, eleito como premiê em maio, não comentou o assunto ou a morte das duas meninas.

Líderes políticos de Uttar Pradesh foram criticados por não visitar a cena do crime e afirmarem que a imprensa estava exagerando ao reportar o caso.

O pai e o tio de uma das meninas disseram que tentaram denunciar o crime para a polícia local mas os policiais se negaram a registrar a ocorrência. Três policiais foram presos pelo crime e dois estão detidos acusados de serem cúmplices.
Um estupro é registrado a cada 21 minutos na Índia, mas políticos não conseguem aprovar uma lei que torne mais dura a pena para o crime - um sintoma da opressão de indianos em razão da divisão por castas.
As meninas estupradas e mortas em Uttar Pradesh eram da casta dalits. Os acusados pelo crime são da casta yadav - que está acima da dalits. / REUTERS

http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

O acerto de contas

12/12/2013 

A corrupção é um fato corrosivo da vida. Especialmente a corrupção ao velho estilo. Mas uma coisa que é muito clara a respeito do Brasil é que a corrupção é completamente multipartidária e se estende muito além da classe política. Os corruptos, afinal, precisam daqueles que desejam alguma coisa do governo e que estão dispostos a pagar por ela.

Aqueles que se beneficiam dessas redes clandestinas de comissões, acordos especiais e favores políticos não são a vasta maioria da população brasileira. Os brasileiros comuns sofrem as consequências desses desvios na forma de edifícios precariamente construídos, transporte excessivamente caro e serviços públicos deficientes. E muitos brasileiros, especialmente os mais jovens, estão completamente cheios desse processo todo.

O índice mundial de percepção de corrupção para 2013, publicado na semana passada pela Transparência Internacional, compara abusos de poder, acordos clandestinos e subornos nos setores públicos de 177 países; o índice 0 indica um país altamente corrupto, e o índice 100 revela um país completamente íntegro. Nessa escala, o Brasil ocupa o 72º lugar, junto com a África do Sul.

Os outros países que integram os Brics se saem bem pior do que o Brasil. A China está em 80º lugar, a Índia em 94º e a Rússia em 127º.

Os países menos corruptos são a Dinamarca e a Nova Zelândia. A última posição do ranking, o 175º lugar, é dividida por Afeganistão, Coreia do Norte e Somália. O Brasil conseguiu pelo menos subir um posto em relação ao ranking de 2012.

Joe Leahy, do "Financial Times", reportou de São Paulo, nesta semana, sobre o Platinum Partners, um fundo de hedge de Nova York que está investindo em tentativas de recuperar os bilhões de dólares roubados no Brasil como resultado de fraudes.

No ano passado, um tribunal de Nova Jersey ordenou a restituição de US$ 10,5 milhões de contas vinculadas a Paulo Maluf, no que pode ter sido o primeiro sucesso brasileiro na recuperação internacional de dinheiro desviado por fraudes.

Penetrar as complicadas estruturas de companhias de fachada usadas para as fraudes pode ter custos judiciais elevados. Mas o advogado canadense Martin Kenney disse a Leahy que seu escritório estava a ponto de recuperar R$ 900 milhões em um caso brasileiro.
Será irônico se a lei, com seu alcance internacional, vier, por fim, a ser o instrumento da queda dos corruptos, algo que os políticos brasileiros, de todos os partidos, singularmente fracassaram em realizar.
Kenneth Maxwell é historiador britânico graduado em Cambridge (Reino Unido) com doutorado em Princeton (EUA).

Tradução de PAULO MIGLIACCI

sábado, 7 de dezembro de 2013

OMC conclui primeiro acordo comercial global em quase 20 anos

07/12/2013

RAQUEL LANDIM
ENVIADA ESPECIAL A BALI (INDONÉSIA)


Os ministros de 159 países concluíram hoje o primeiro acordo comercial global em quase 20 anos na conferência realizada em Bali, na Indonésia. É um pacote modesto quando comparado com as ambições iniciais da Rodada Doha e abrange menos de 10% do que estava previsto. Ainda assim, representa um fôlego importante para a credibilidade da Organização Mundial de Comércio (OMC).
O acordo só foi fechado após uma maratona de quase seis dias de negociações, que se estendeu pelas madrugadas, conduzida pelo diretor geral da OMC, Roberto Azevêdo. Com três meses e meio no cargo, o brasileiro deu um novo ritmo para a entidade e viabilizou o acordo.
"Pela primeira vez na história, a OMC entregou. Estamos de volta", disse Azevêdo, que fez um discurso emocionado na cerimônia de encerramento e foi aplaudido por todos os presentes.
Esse é o primeiro acordo da história da OMC, que foi criada em 2001, substituindo o antigo Acordo Geral de Tarifas e Comércio (Gatt, da sigla em inglês). O último acordo comercial global foi a Rodada Uruguai, concluída em 1994. A OMC está sob forte pressão, enfrentando a concorrência dos mega acordos regionais em negociação pelos Estados Unidos com a União Europeia e com os países da Ásia.
O pacote de Bali contém dez textos, divididos em três grandes temas: desburocratização do comércio, agricultura e promoção do desenvolvimento dos países pobres. De acordo com a Câmara Internacional de Comércio, o acordo pode gerar um incremento do comércio global de US$ 1 trilhão, reduzindo entre 10% e 15% os custos de transação entre as empresas, e pode criar 21 milhões de empregos no planeta.

Busca de consenso

Cuba, com apoio de Venezuela, Bolívia e Nicarágua, quase colocou tudo a perder ao insistir que não era possível discutir facilitação do comércio global enquanto os Estados Unidos mantém o embargo contra o país. Na OMC, os acordos só são aprovados por consenso e um país pode bloquear tudo. Mas, após atrair as atenções e enfrentar de frente os EUA, Cuba acabou cedendo.
es e não poderia "abandonar" 600 milhões de pequenos produtores rurais que dependem da compra de arroz e grãos pelo Estado. Já os EUA queriam garantias que os programas não se tornariam um "cheque em branco" para subsidiar.
Os indianos, que resistiram às pressões internacionais, venceram o embate com os americanos. A cláusula de paz --uma espécie de "trégua" para que os programas de segurança alimentar já existentes das nações em desenvolvimento não sejam questionados na OMC --vai durar até que os países cheguem a uma solução permanente, que será negociada nos próximos quatro anos. Os EUA, no entanto, conseguiram outras vitórias, como um compromisso vinculante dos países em desenvolvimento em adotar as medidas para facilitar o comércio.
O pacote de Bali, no entanto, representa um retrocesso importante num dos temas mais sensíveis: subsídios à exportação agrícola. Em Hong Kong, em 2005, os membros da OMC tinham acertado eliminar esses subsídios até o fim de 2013, o que não ocorreu. Dessa vez, o máximo que conseguiram foi uma declaração política se comprometendo, novamente, a acabar com essa distorção, mas sem data definida.
Outro ponto importante do pacote agrícola, que favorece o Brasil, é a melhora na administração das cotas de importação de alimentos dos países ricos.
"O acordo de Bali reforçou o sistema multilateral e deu destaque novamente para temas de nosso interesse como agricultura", disse Luiz Alberto Figueiredo, ministro de Relações Exteriores do Brasil.
Os países também se comprometeram a estabelecer uma agenda de trabalho sobre a Rodada Doha dentro de 12 meses. Nas futuras negociações em Genebra, terão que definir como retomar o restante da Rodada e quais temas serão discutidos.
"O pacote de Bali cria oportunidades, mas temos que traduzir isso em mudanças concretas", disse o comissário europeu de Comércio, Karel De Gutch.

Edgar Su/Reuters

                            Brasileiro Roberto Azevêdo, diretor-geral da OMC, emociona-se após órgão concluir primeiro acordo global em quase 20 anos
Brasileiro Roberto Azevêdo, diretor-geral da OMC, faz discurso emocionado após o 1º acordo global em quase 20 anos

domingo, 13 de outubro de 2013

Índia: Ciclone Phailin mata pelo menos 17

13 de outubro de 2013
AE - Agência Estado
Pelo menos 17 pessoas morreram na passagem do ciclone Phailin, durante a noite, pela costa leste da Índia. Cerca de um milhão de pessoas tiveram de deixar seus lares, disse neste domingo Pradipta Kumar Mohapatra, funcionário do governo local.
Um número estimado de 860 mil pessoas deixaram o Estado de Orissa e pelo menos 100 mil abandonaram o Estado vizinho de Andhra. "Talvez tenha sido a maior operação de retirada de pessoas da história", afirmou Mohapatra.
Ventos de mais de 200 quilômetros por hora e forte chuva atingiram a região durante a noite, deixando milhões de pessoas sem luz e causando danos generalizados.
Em meio a temores de uma catástrofe, autoridades locais atribuíam hoje o número relativamente baixo de vítimas à retirada em massa da população das áreas afetadas. A expectativa, porém, é de que o número de mortos aumente à medida que as águas baixarem e as operações de resgate evoluírem.
Em 1999, um ciclone forte como o Phailin deixou cerca de 10 mil mortos em Orissa. As informações são da Dow Jones e da Associated Press. 

sábado, 3 de agosto de 2013

Análise: Lua de mel do Brasil e demais Brics parece ter chegado ao fim

03/08/2013
NOURIEL ROUBINI
ESPECIAL PARA O PROJECT SYNDICATE

Nos últimos anos, muitos exageros foram proferidos sobre os países do grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Diziam que logo estariam entre as maiores economias do mundo -e, no caso da China, a maior do mundo, talvez já em 2020.
Mas os Brics, como muitos outros países emergentes, vêm passando recentemente por uma rápida desaceleração. Qual é o problema deles?
Primeiro, a maioria deles estava superaquecida em 2010/2011, com crescimento acima de seu potencial e inflação em alta. Por isso, muitos BCs apertaram a política monetária em 2011, o que trouxe consequências para avanço em 2012 e continua a se fazer sentir neste ano.
Segundo, a ideia de que as economias emergentes podiam se desacoplar plenamente da debilidade econômica nos países ricos (como Europa e EUA) era absurda.
Terceiro, a maioria dos Brics e alguns outros países emergentes caminharam em direção a uma variante do capitalismo de Estado. Isso implica desaceleração nas reformas que elevam a produtividade e a participação do setor privado na economia, e um papel econômico mais forte para as estatais, bem como maior nacionalismo quanto aos recursos naturais e protecionismo comercial.
Essa abordagem pode ter funcionado em estágios anteriores de desenvolvimento e enquanto a crise global causava queda nos gastos privados, mas agora distorce a atividade econômica e deprime o potencial de crescimento.
Quarto, o superciclo das commodities que ajudou Brasil, Rússia, África do Sul pode realmente ter acabado.
É claro que algumas economias emergentes, mais bem administradas, continuarão a registrar rápido crescimento. Mas muitos deles podem encontrar uma espessa barreira, e seu crescimento e mercados financeiros sofrerão fortes abalos.
NOURIEL ROUBINI é presidente da Roubini Global Economics e professor de Economia na Escola Stern de Administração de Empresas, Universidade de Nova York.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2013/08/1321185-analise-lua-de-mel-do-brasil-e-demais-brics-parece-ter-chegado-ao-fim.shtml

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Procura por carne põe vacas na mira do crime na Índia

DO "NEW YORK TIMES", EM NOVA DÉLI
30/05/2013
Quando a noite cai em Nova Déli, quadrilhas percorrem as ruas escuras à procura de presas fáceis entre uma parcela da enorme população de sem-teto da cidade.
Milhares de suas vítimas já foram arrebanhadas e levadas em caminhões nos últimos anos.
São vacas magras, que estão pouco a pouco perdendo o status sagrado perante parcelas da população indiana.
O roubo de gado é um flagelo crescente na capital, na medida em que os indianos, com poder aquisitivo cada vez maior, desenvolvem o gosto por carne, até mesmo a de vacas, vistas como sagradas no hinduísmo.
Enrico Fabian/The New York Times
Em Barsana, trabalhador indiano monta cama em meio a gado para inibir criminosos
Em Barsana, trabalhador indiano monta cama em meio a gado para inibir criminosos
Criminosos arrebanham algumas das cerca de 40 mil cabeças de gado que perambulam pelas ruas da cidade e as vendem a matadouros ilegais situados em vilarejos não muito distantes.
Policiais perseguem os bandidos, mas eles usam caminhões de lixo "envenenados" para bater propositalmente contra as viaturas e abrir caminho.

Em alguns casos, eles empurram as vacas para o meio da rua, obrigando os policiais, horrorizados, a desviarem para evitar o que, para muitos, ainda é visto como pecado grave.
MUDANÇAS
Por trás do roubo de gado percebem-se mudanças profundas na sociedade indiana. O consumo de carne --principalmente de frango-- está se tornando aceitável mesmo entre os hindus.
Hoje a Índia é o maior produtor mundial de laticínios, maior produtor de gado e maior exportador de carne bovina, tendo superado o Brasil no ano passado, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
Boa parte da carne exportada é de búfalo. Mas as autoridades de Andhra Pradesh estimaram recentemente que existam 3.100 matadouros ilegais no Estado, contra apenas seis licenciados.
Uma investigação recente de um jornal descobriu que dezenas de milhares de cabeças de gado são vendidas anualmente para abate num mercado em apenas um dos 64 distritos do Estado.
O consumo de carne entre a população indiana como um todo subiu 14% entre os anos de 2010 e 2012.
Matar vacas é ilegal em boa parte do país, e alguns Estados proíbem a posse de carne de vaca. É muito provável que boa parte da carne bovina ilegal seja vendida como de búfalo. A troca é uma maneira fácil de ocultar um ato tido como condenável.
Mas, às vezes, ela chega a vendedores de carne em Nova Déli cujos números de celulares são repassados de boca em boca, aos cochichos.
É possível encomendar bifes desses vendedores ilegais, em transações que são realizadas como se fossem tráfico de drogas.
Tradução de CLARA ALLAIN

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

É proibido proibir?

05/02/2013
João Pereira Coutinho


É um dos vícios do mundo moderno: a crença patética de que tudo é possível, tudo é permissível. Ou, como diziam os filhos do maio de 68, é proibido proibir.
Um caso ilustra esse vício com arrepiante precisão: as "barrigas de aluguel".
Li a excelente matéria de Patrícia Campos Mello publicada nesta Folha no domingo. E entendo a pergunta que anima o negócio: se um casal não pode ter filhos por infertilidade da mulher, por que não contratar os serviços de uma "mãe de aluguel", que terá o seu óvulo fecundado pelo espermatozoide do pai adotivo?

Na Índia, a pergunta virou turismo: só na cidade de Anand, conta a jornalista, nasce uma criança a cada três dias para "exportação". Os "clientes" costumam ser americanos, britânicos, japoneses, canadenses. Mas também há brasileiros na lista de espera. Que dizer do cortejo?

Começo pelas questões éticas básicas: será que um filho deve ser comprado (US$ 20 mil na Índia) como se compra uma mala Louis Vuitton ou um par de sapatos Manolo Blahnik?
E será legítimo, ó consciências progressistas, transformar as pobres do mundo em incubadoras dos filhos dos ricos? Não é preciso ter lido Kant para saber que os seres humanos devem ser tratados como um fim em si, não como um meio para.

Fato: o negócio é voluntário. Todas as partes participam dele com "autonomia", para usar ainda a linguagem kantiana. Mas o argumento da autonomia, mil perdões, não chega.
Se chegasse, nada impediria que um ser humano optasse autonomamente por ser escravo de outro. Vamos permitir o regresso da escravidão, mesmo que voluntária, desde que o escravo e o seu senhor exerçam os seus papéis autonomamente?

Não creio. Até porque falar em "autonomia" para gente em situação de pobreza extrema não passa de uma piada de mau gosto: a "mãe de aluguel" indiana e a mãe adotiva americana não habitam o mesmo planeta. A segunda escolhe comprar porque pode. A primeira praticamente é forçada a vender pela miséria da sua situação.
Na discussão das "barrigas de aluguel", parece que só os direitos das mães adotivas têm verdadeira força ética -o direito a serem felizes; o direito a terem filhos; o direito a comprá-los; e etc. etc.

Mas como responder aos direitos das "mães de aluguel"? Ou até dos "filhos comprados"? Será que essas duas entidades têm direitos, no sentido prosaico do termo?
Tempos atrás, quando em Portugal se debatia a "maternidade de substituição" (um processo semelhante às "barrigas de aluguel", mas sem dinheiro envolvido), lembro-me de formular algumas questões a respeito que se aplicam com maior força às "mães de aluguel" a aos "filhos comprados" de Anand.

Que direitos terá uma "mãe de aluguel" depois de entregar o filho biológico ao casal adotivo? Poderá visitar a criança? Será obrigada a afastar-se dela? Como? Por quê? Com que legitimidade?

E se, durante a gestação, a "mãe de aluguel" se recusar a entregar o filho porque desenvolveu uma ligação emocional com ele? Haverá forma de a coagir a cumprir o negócio? Em caso afirmativo, será isso tolerável? Será, no mínimo, decente?

Melhor ainda: o que acontece, para citar alguns casos que ficaram célebres nos Estados Unidos, quando o feto apresenta uma malformação uterina e a mãe adotiva pretender abortá-lo contra a vontade da "mãe de aluguel"? Pode? Não pode? Deve? Não deve?
Sem falar do próprio filho, aqui transformado em mero brinquedo sem rosto ou dignidade própria. Quais são as consequências para uma criança quando ela é separada precocemente da sua mãe biológica? Que impacto isso terá no seu desenvolvimento psicológico ou social? Alguém sabe? Alguém se interessa?

Aliás, como irá essa criança reagir quando, mais tarde, ela souber que foi o produto de uma "encomenda"? Será que deve saber? Será que não deve?
As perguntas não são apenas minhas. Elas encontram-se na vastíssima literatura ética sobre o assunto --e cada uma dessas perguntas foi motivada por um drama concreto, vivido por gente concreta, que entrou no negócio por acreditar que um filho é precisamente isso: um negócio.
Não é. Exceto para cabeças ocas que transformam qualquer desejo em "direito" --e qualquer "direito" em exploração dos mais pobres.

João Pereira Coutinho, escritor português, é doutor em Ciência Política. É colunista do "Correio da Manhã", o maior diário português. Reuniu seus artigos para o Brasil no livro "Avenida Paulista" (Record). Escreve às terças na versão impressa de "Ilustrada" e a cada duas semanas, às segundas, no site.

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/joaopereiracoutinho/1225654-e-proibido-proibir.shtml

Professor, este texto poderá ser trabalhado no Ensino Médio, com leitura e debate, também um trabalho interdisciplinar com outras disciplinas, como Biologia, Filosofia, História entre outras.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Brasil fica atrás de México e Índia na capacidade de enfrentar problemas


Brasil ocupa um modesto 45º lugar no ranking de 139 países sobre os governos mais preparados para enfrentar riscos globais

08 de janeiro de 2013 
Fernando Nakagawa, da Agência Estado - Agencia Estado
LONDRES - O Brasil ocupa um modesto 45º lugar no ranking de 139 países sobre os governos mais preparados para enfrentar riscos globais, como crise financeira, desastres naturais, mudanças climáticas e pandemias. A avaliação consta de pesquisa realizada pelo Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) com mais de 14 mil líderes globais e divulgada nesta terça-feira, dia 8, em Londres.
Na pesquisa, o Fórum Econômico Mundial perguntou aos entrevistados sobre a eficiência de cada governo na gestão - monitoramento, preparação, reação e mitigação - dos principais riscos globais, como a crise financeira e desastres naturais. Com notas que variaram de 1 a 7, o Brasil recebeu avaliação de 4,16 pontos. No levantamento, a nota mais baixa é atribuída aos governos "não eficazes" na gestão de grandes riscos e, ao contrário, o número mais alto é para governos "eficazes".
O resultado do Brasil na pesquisa é pior do que o obtido por outros emergentes, como o Chile (10º lugar, nota 5,20), México (12º, nota 5,13), a Turquia (18º, nota 4,83), China (30º, nota 4,51) e Índia (38º, nota 4,31). O ranking é liderado por Cingapura, que teve nota 6,08 e possui, segundo os entrevistados, o governo mais preparado do mundo para os riscos globais. Em seguida, aparecem três países árabes: Catar, Omã e Emirados Árabes Unidos.
A primeira economia tradicional da lista é o Canadá, em 4º lugar e nota 5,41. Alemanha está em 17º, uma posição atrás do Casaquistão. Reino Unido figura em 20º e Estados Unidos, em 29º lugar.
Piores avaliações   Apesar de ter nota pior do que outros emergentes, o Brasil está à frente, embora não muito, de economias que estão no centro da atual crise: Portugal é 51º, Espanha ficou em 53º e Irlanda aparece em 65º. A lanterna da lista é ocupada por dois vizinhos: o 138º posto é da Argentina, com 2,08 pontos, e a Venezuela ocupa a última posição, com 1,68 ponto.
A pesquisa também questionou os entrevistados sobre o estágio de avanço de cada economia. Nesse quesito, o Brasil está "em transição" da fase 2 - economia marcada pelo desenvolvimento da produção e qualidade - para o estágio mais desenvolvido possível, a fase 3 - mercados orientados para a inovação com patamar mais elevado de renda. 
http://economia.estadao.com.br/noticias/economia%20geral,brasil-fica-atras-de-mexico-e-india-na-capacidade-de-enfrentar-problemas,139957,0.htm

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Economias de China e Índia vão superar o G-7 em 2025


Relatório da OCDE aponta que a economia global passará por uma mudança radical na distribuição da produção 

09 de novembro de 2012 
Danielle Chaves, da Agência Estado
LONDRES - Com as políticas corretas a economia global poderá manter um nível de crescimento relativamente alto durante as próximas décadas, mas passará por uma mudança radical na distribuição da produção se tiver sucesso com isso, segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Em um relatório sobre projeções para os eventos econômicos até 2060, a OCDE afirmou que a produção econômica global crescerá 3% anualmente durante os próximos 50 anos se os governos encontrarem meios de manter as pessoas trabalhando por mais tempo, resolverem as atuais dificuldades fiscais e reformarem suas economias para torná-las mais produtivas.
Com as taxas de crescimento dos países em desenvolvimento superando as dos países desenvolvidos, a OCDE acredita que a produção combinada da China e da Índia vai superar a produção combinada do G-7 em 2025. Até 2060 as economias da China e da Índia combinadas serão 50% maiores do que a do G-7 - no ano passado essa relação era de menos da metade. De fato a OCDE calcula que em 2060 o Produto Interno Bruto (PIB) dos dois países será maior do que o de todos os 34 membros da instituição.
A OCDE prevê que o PIB da China medido pela paridade do poder de compra será maior do que o da zona do euro já neste ano e excederá o dos EUA em "mais alguns anos". No entanto, a própria China deverá ser superada como a grande economia com o crescimento mais rápido por volta de 2020, à medida que sua população envelhecida for deixada para trás pela força de trabalho mais jovem da Índia e da Indonésia.
Mudanças demográficas provocarão a maioria dos eventos que a OCDE espera para os próximos 50 anos. Até 2030, uma população global mais velha estará poupando menos, com a consequência de que as taxas de juros serão mais altas e os investimentos serão menores, agindo como uma trava ao crescimento.
A OCDE destacou que encontrar um meio de manter a proporção de população ativa em relação à população total, mesmo com o envelhecimento previsto, será a chave para que se alcance um crescimento econômico de 3%. As informações são da Dow Jones.
http://economia.estadao.com.br/noticias/economia,economias-de-china-e-india-vao-superar-o-g-7-em-2025,134219,0.htm

sábado, 14 de julho de 2012

INDIANAS LUTAM POR MAIS BANHEIROS

Por JIM YARDLEY


New York Times-      São Paulo, segunda-feira, 09 de julho de 2012  


MUMBAI, Índia - Homens e mulheres nesta metrópole com cerca de 20 milhões de habitantes, a maior cidade da Índia, parecem unidos por ao menos uma miséria em comum: gente demais dividindo banheiros de menos.
Mas há uma diferença -ao contrário dos homens, as mulheres com frequência precisam pagar para urinar. Por isso, há meses ativistas como Minu Gandhi mobilizam a cidade argumentando que essa disparidade é uma forma de discriminação e pedindo às mulheres que lutem por um direito que a maioria nunca pensou que existisse: o direito ao xixi.
"Sentimos que esse é um direito civil básico, um direito humano", disse Gandhi.
Dados recentes do censo mostram que mais de metade dos lares indianos não tem banheiro, índice que na verdade piorou na última década, por causa da expansão das favelas e de outras formas precárias de moradia urbana, apesar do crescimento econômico da Índia.
Nas aldeias, homens e mulheres costumam urinar ao ar livre, nos campos. Mas elas às vezes enfrentam insultos e até violência sexual. Muitas camponesas urinam em pequenos grupos, antes do alvorecer, para se protegerem do assédio.
Em Mumbai (ex-Bombaim), milhões de pessoas dependem de sanitários públicos, geralmente escuros e sujos. A prefeitura oferece 5.993 banheiros públicos masculinos e apenas 3.536 femininos. Os homens têm à disposição ainda 2.466 mictórios. Em Nova Déli, um estudo de 2009 apontou um desequilíbrio ainda maior, com 1.534 banheiros públicos masculinos e 132 femininos.
Quase sempre, um zelador homem cuida desses banheiros, cobrando ingresso. A pequena corrupção é disseminada na Índia e os banheiros públicos não são exceção: os homens precisam pagar para usar o banheiro, mas os mictórios são gratuitos (porque esses lugares, geralmente uma parede com uma vala de drenagem, não precisam de água). Já as mulheres regularmente têm de pagar para urinar, apesar de regulamentos em contrário.
"Mesmo que você diga que está só urinando, eles dizem: 'Como vamos saber?'", disse Yagna Parmar, outra ativista envolvida na campanha.
Na favela Shivaji Nagar, pelo menos 350 mil pessoas -ou talvez até o dobro disso- vivem ao lado de um dos maiores lixões da cidade. O número exato de banheiros públicos é desconhecido, mas estima-se que não haja mais do que um para cada 300 pessoas. As mulheres precisam adaptar seu cotidiano a isso e muitas vão ao banheiro bem cedo para evitar filas e olhares indiscretos. Elas evitam beber muita água. E andam com trocados.
Um miniescândalo pipocou em Nova Déli no mês passado por causa dos cerca de US$ 54 mil gastos pela Comissão de Planejamento da Índia para reformas em seus banheiros.
A campanha começou no ano passado, numa reunião de ativistas de todo o Estado de Maharashtra, onde fica Mumbai. "Inicialmente, isso foi considerado um pouco frívolo", disse Mumtaz Sheikh, uma das organizadoras. "Mas dissemos às pessoas: 'Não, essa é uma questão importante e queremos trabalhar nela'."
As mulheres constituem atualmente quase metade da força de trabalho da cidade, mas muitas delas labutam em locais sem acesso a um banheiro. As ativistas já reuniram mais de 50 mil adesões em um abaixo-assinado para que o governo local pare de cobrar das usuárias que vão urinar, construa mais banheiros, mantenha-os limpos, ofereça papel e lata de lixo e contrate zeladoras mulheres.
A médica e pesquisadora Kamaxi Bhati vinculou a situação dos banheiros em Mumbai diretamente aos problemas de saúde femininos, especialmente à alta incidência de infecções de bexiga e do trato urinário. Bhati disse que beber água é vital para evitar tais infecções, mas que muitas mulheres tentam reduzir seu consumo para limitar as idas ao banheiro. Não beber água suficiente é ainda mais perigoso em Mumbai, onde as temperaturas podem chegar a cerca de 40°C.
"É responsabilidade do governo oferecer banheiros", disse ela. "Suponha que meu filho esteja com diarreia. O que eu faço se não puder pagar?"
As autoridades aceitaram divulgar estatísticas sobre o número de banheiros públicos na cidade, mas não quiseram comentar o assunto.
A tarifa dos banheiros pode ser considerada simbólica, entre 2 e 5 rupias (US$ 0,04 a US$ 0,09). Mas a linha de pobreza é tão baixa que o governo recentemente definiu como pobres urbanos aqueles que vivem com menos de 29 rupias por dia.
"É caro para mim", disse Shubhangi Gamre. Ela mora em Shivaji Nagar e ganha cerca de US$ 27 por mês trabalhando numa pequena drogaria. "Isso ameaça nosso dinheiro da comida. Como podemos pagar tudo?"
No mês passado, ativistas se reuniram com autoridades municipais que lhes apresentaram planos para a construção de centenas de banheiros públicos femininos na cidade toda. Alguns legisladores locais agora prometem construir banheiros para mulheres em cada um dos seus distritos.
"É claro que é uma sensação boa", disse Supriya Sonar, integrante da campanha, dizendo que o grupo do direito ao xixi está sendo pressionando para que mulheres sejam contratadas nos projetos propostos. "Nosso trabalho real começa agora."

Sruthi Gottipati colaborou com reportagem

domingo, 1 de abril de 2012

Dilma finaliza sua 1ª visita oficial à Índia no Taj Mahal

31/03/2012
DA EFE, EM NOVA DÉLI

A presidente Dilma Rousseff concluiu neste sábado sua primeira viagem oficial à Índia, com uma visita privada ao Taj Mahal, na cidade de Agra, antes de retornar ao Brasil.

Durante a estadia de cinco dias no país, Dilma assistiu a 4ª cúpula do grupo de potências emergentes Brics, que reúne Brasil, Índia, China, Rússia e África do Sul.

Dilma Rousseff concluiu sua primeira viagem oficial à Índia, com uma visita privada ao Taj Mahal, na cidade de Agra

Dilma Rousseff concluiu sua primeira viagem oficial à Índia, com uma visita privada ao Taj Mahal, em Agra

A visita da governante brasileira serviu para afiançar a relação bilateral com a Índia, um país com o qual Brasília quer unir forças no cenário global para aumentar o peso de ambos nos organismos internacionais de tomada de decisões.

"Emergimos como novos polos de crescimento na economia global (...) e estipulamos aumentar nossas consultas sobre a reforma da governança internacional", declarou na sexta-feira o primeiro-ministro Singh em seu comparecimento conjunto com Dilma.

Dilma classificou como "fundamental" a aliança com a Índia para influenciar na agenda internacional, e citou organismos financeiros como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional entre os fóruns nos quais ambos os países buscam reforçar sua presença.

A presidente brasileira também defendeu por buscar "novas oportunidades" de negócio entre os países e elevar sua troca comercial até US$ 15 bilhões em 2015, frente aos US$ 9,2 bilhões registrados no ano passado.

A cúpula dos Brics girou ainda em torno do reforço do peso das potências emergentes nas instituições internacionais, e de impulso aos laços econômicos entre os cinco estados do grupo.

Nesta linha, os Brics acordaram estudar daqui a um ano a criação de um banco de desenvolvimento para financiar projetos próprios, e assinaram dois acordos de crédito, entre eles um que valida o uso de moedas locais.

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1070021-dilma-finaliza-sua-1-visita-oficial-a-india-no-taj-mahal.shtml

terça-feira, 27 de março de 2012

Brics omitem-se em indicação para Banco Mundial

27/03/2012
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A NOVA DÉLI

A presidente Dilma Rousseff chegou nesta terça-feira a Nova Déli para participar na quarta e na quinta da cúpula dos Brics, já sabendo que esse grupo das cinco grandes economias emergentes não lançará nem apoiará candidato à presidência do Banco Mundial.

O anúncio foi feito por Sudhir Vyas, secretário de Assuntos Econômicos do Ministério indiano de Relações Exteriores, e confirmado por delegados brasileiros à cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

O fato de não haver candidato comum ou apoio conjunto não significa que cada país do grupo não possa apoiar um dos três nomes já lançados. A África do Sul, por exemplo, fechou com a ministra nigeriana de Economia, Ngozi Okonjo-Iweala, que, aliás, tem o apoio de todos os países africanos.

Os outros dois candidatos são o ex-ministro colombiano José Antonio Ocampo e o norte-americano de origem coreana, Jim Yong Kim, lançado diretamente pelo presidente Barack Obama. Pela tradição do Banco desde a sua criação em 1944, a presidência cabe a um indicado dos Estados Unidos, assim como o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional é escolhido pela Europa.

A ministra da Nigéria Ngozi Okonjo Iweala, indicada pelos países africanos, e o acadêmico e ativista Jim Yong Kim, apoiado pelos americanos

Os Brics já haviam se omitido na escolha do sucessor do francês Dominique Strauss-Khan no FMI, depois que este foi abatido por um escândalo de natureza sexual.

Omitem-se de novo agora, depois que Robert Zoellick anunciou seu afastamento, embora o objetivo inicial do grupo fosse exatamente o de modificar o gerenciamento do sistema econômico-financeiro mundial, a cargo do Banco Mundial e do FMI.

MÉRITO

A embaixadora Maria Edileuza Fontenele Reis, principal negociadora brasileira nos BRICS, não acha que seja exatamente uma omissão. "Não se trata de um problema de nomes, mas de mudar a maneira de escolher os líderes dessas instituições. Deveria ser por mérito e não por critério geográfico", diz.

Mas, em conversas informais, diplomatas brasileiros deram a entender que acabará prevalecendo, também no Banco Mundial, o critério tradicional - e geográfico, com a eleição de Yong Kim. "Se algum país quiser que o presidente Barack Obama perca a eleição votará em outro candidato", brincou um deles com a Folha.com.

É uma alusão ao óbvio fato de que, se os Estados Unidos perderem, com Obama na presidência, um posto que ocupam há 67 anos, será um vexame tão formidável que ele não será reeleito.

CRISE EUROPEIA

A discussão econômica da cúpula acabará centrada de novo na crise europeia. Os BRICS têm sido sondados para aumentar seu aporte ao Fundo Monetário Internacional, que, por sua vez, daria respaldo financeiro aos países europeus atolados em dívidas.

Mas, para que o aporte de fato ocorra, os Brics querem que, antes, os europeus definam o tamanho do que vem sendo chamado de "firewall"- um muro de proteção para evitar que o contágio da crise grega e portuguesa atinja os grandes países da zona euro, também com problemas, casos de Espanha e Itália.

A omissão dos Brics nos casos do FMI e do Banco Mundial revela claramente como ainda é incipiente a capacidade de coordenação entre os países-membros, que, além disso, têm divergências internas a resolver.

Prova-o outra das propostas para a cúpula, a de um acordo para a concessão de empréstimos em yuan, a moeda chinesa, para os parceiros do grupo.

Parece uma iniciativa simpática, mas "é importante lembrar que os empréstimos chineses vêm atados a condicionamentos", diz Samir Kapadia, pesquisador do Conselho Indiano de Relações Globais.

O Brasil já sentiu o peso dos condicionamentos: a Vale recebeu, em 2010, empréstimo chinês de US$ 1,23 bilhão para a construção de 12 cargueiros.

Aceitou que fossem fabricados na China, para ira do então presidente Lula, na esperança de que os chineses retribuíssem com a permissão para que os navios transportassem grandes quantidades de minério de ferro para a China.

A primeira tentativa fracassou, por pressão das concorrentes chinesas, uma delas a poderosa estatal Cosco.

O tema ainda está em negociações entre os dois governos.

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1067746-brics-omitem-se-em-indicacao-para-banco-mundial.shtml

domingo, 21 de agosto de 2011

Eco de Gandhi dá voz à ira dos indianos

JIM YARDLEY
DO "NEW YORK TIMES", EM NOVA DÉLI - 21/08/2011

Na "nova" Índia frequentemente obcecada pela riqueza e o status, onde batedores de críquete e astros de Bollywood são idolatrados, Anna Hazare é uma figura que parece vinda de uma era anterior, aparentemente ultrapassada. Sua boina branca pontuda e suas roupas simples de algodão branco evocam uma simplicidade digna de Gandhi. Sua aparência rural despretensiosa é algo que normalmente poderia suscitar risinhos de escárnio da elite urbana indiana.

Mas Hazare, 74 anos, emergiu como o rosto improvável de um movimento popular acalorado na Índia, uma efusão de sentimento público que se concentrou no combate à corrupção, mas também exprime ansiedades mais profundas numa sociedade fustigada pelas mudanças.

Sua prisão, na terça-feira, feita quando ele estava a caminho de um parque em Nova Déli onde pretendia iniciar uma greve de fome como parte de sua campanha contra a corrupção, levou milhares de pessoas a sair para as ruas de cidades em todo o país. Sob pressão pública, as autoridades tentaram libertá-lo horas depois, mas Hazare se negou a deixar a prisão a não ser que fosse libertado incondicionalmente. Na quinta-feira os dois lados chegaram a um acordo, e a expectativa era que ele deixasse a prisão na sexta-feira para liderar uma greve de fome e um protesto de massa no centro de Nova Déli para reforçar sua reivindicação de que o governo crie uma agência anticorrupção poderosa e independente.

Saurabh Das/AP

O ativista indiano Anna Hazare, após deixar a prisão, na sexta passada, em Nova Déli

O ativista indiano Anna Hazare, após deixar a prisão, na sexta passada, em Nova Déli

O clamor público que Hazare desencadeou suscitou comparações inevitáveis com os levantes democráticos da primavera árabe. Mas a maioria dos analistas concorda que o movimento da Índia é diferente. À sua própria maneira, contudo, ela pode mostrar não ser menos importante.

A Índia já possui as liberdades democráticas reivindicadas pelos manifestantes no Oriente Médio e norte da África, e, após duas décadas de crescimento econômico, sua influência global é crescente. No entanto, o país também está passando pelo que um observador descreveu como um período "de agitação", com a explosão de frustrações em torno das rodovias ruins, escolas de baixo nível, inflação, disparidade crescente de renda e corrupção oficial onipresente.

Em cada um desses problemas também está presente uma desilusão crescente com o processo político da Índia e uma desconexão cada vez maior entre a classe governante e os governados, algo que torna o problema da corrupção especialmente explosivo. À medida que as multidões que apóiam Hazare foram crescendo e ficando mais acaloradas, esta semana, inúmeras pessoas pareceram estar chegando às ruas de Nova Déli contando histórias sobre corrupção oficial.

"A classe média é a mais afetada pela corrupção", disse Asha Bhardaaj, uma mulher que viajara mais de 48 quilômetros dos subúrbios para participar de uma manifestação. "A classe alta não é afetada. Ela pode conseguir o que precisa, pagando por isso."

A atração exercida por Hazare parece ter sua origem em parte nos valores tradicionais que ele personifica. Hazare é um ativista social de longa data que vem fazendo campanha contra a corrupção há quase duas décadas no Estado de Maharashtra, vivendo de uma pensão militar e financiando obras beneficentes por meio de donativos. Se suas roupas evocam Mahatma Gandhi, o fundador da Índia, o mesmo pode ser dito de suas táticas de protesto não violentas: greves de fome e marchas pacíficas.

Mas Hazare e seus assessores já mostraram que são hábeis em lidar com as exigências da política moderna. Eles superaram estrategicamente a polícia e as autoridades governamentais que tentaram desarmar o movimento anticorrupção, depois de a decisão ter se mostrado um tiro que saiu pela culatra. Além disso, eles vêm explorando a cobertura incessante, muitas vezes sensacionalista feita pelas emissoras de TV indianas para aumentar o apoio público para sua causa. Hoje o rosto de Hazare é visível em quase todos os lugares da Índia.

Hazare e seus assessores --um grupo de advogados e ativistas sociais destacados que é apelidado de Time Anna-- passaram meses fazendo campanha em todo o país. Seus assessores distribuem vários e-mails por dia a jornalistas, com informações atualizadas, e seus assessores mais próximos usam a mídia social para entrar em contato com seguidores jovens. Na manhã da quinta-feira, um dos assessores, Kiran Bedi, recorreu ao Twitter para anunciar um avanço nas negociações com as autoridades.
Mais tarde na quinta-feira Behdi divulgou um vídeo com Hazare feito no interior da prisão Tihar, onde ele está detido.

Enquanto isso, o Partido Nacional do Congresso, que está no poder, vem passando a impressão de estar assustado, despreparado para o ressentimento expresso contra o governo e incapaz de apresentar um argumento contrário coerente. Um porta-voz do partido lançou um ataque pessoal contra Hazare, descrevendo-o como uma figura corrompida, enquanto outro acusou os Estados Unidos de dar apoio ao movimento anticorrupção.

"Este é um momento moral", disse Jayaprakash Narayan, um ativista social da cidade de Hyderabad. "As pessoas estão fartas da corrupção. E o governo não vem mostrando tino político nenhum para tratar com isso. Há muito sentimento de revolta no país, um desejo de acabar não apenas com a corrupção, mas com a política tal como ela é feita hoje."

Hazare nasceu em 1937 na zona rural de Maharashtra, com o nome de Kisan Baburao Hazare. Ele ainda fala o marathi como sua primeira língua. Mais tarde, assumiu o nome Anna. Além de sua admiração por Gandhi, ele tirou inspiração de Swami Vivekananda, um reformista destacado do século 19. Tendo topado com os ensinamentos de Vivekananda enquanto servia no exército indiano, Hazare decidiu dedicar sua vida ao serviço público depois de ter escapado da morte por pouco enquanto atuava na fronteira do Paquistão, segundo sua biografia oficial.

Ele serviu o exército por 15 anos, o que lhe deu direito a uma pensão, e aposentou-se no Maharashtra, passando a dedicar-se ao trabalho social. Hazare já recebeu dois dos mais importantes prêmios civis da Índia por seu trabalho, que inclui esforços para ajudar flagelados da seca e o trabalho para criar um "vilarejo modelo", sustentável, nos moldes propostos por Gandhi.

Na década de 1990 Hazare começou a fazer greves de fome em Maharashtra para pressionar autoridades estaduais ligadas à corrupção, várias das quais acabaram sendo afastadas de seus cargos. Em dado momento ele foi alvo de acusações contrárias, segundo as quais o dinheiro de uma de suas fundações teria sido usado para pagar por sua festa de aniversário.
Uma comissão nomeada pelo governo concluiu que o dinheiro foi gasto de forma imprópria, mas que não houve corrupção pessoal por parte de Hazare.

Anna Hazare vem ganhando destaque nacional grande desde a primavera deste ano, quando ele veio a Nova Déli para iniciar uma greve de fome para reivindicar que o governo apresente ao Parlamento um projeto de lei para a criação da agência anticorrupção, conhecida como uma "lokpal". Quando, inesperadamente, milhares de pessoas saíram às ruas para apoiar sua reivindicação, o governo convidou o Time Anna para unir-se a um comitê especial que iria redigir a lei da lokpal.

Durante várias semanas no início do verão Hazare fez visitas periódicas a uma casa de hóspedes do governo em Nova Déli, enquanto participava de reuniões do comitê. Em entrevista que concedeu no início de junho, ele falou várias vezes em tom dramático sobre a necessidade de eliminar a corrupção, prevendo também que o povo voltaria a lhe dar seu apoio, se fosse preciso.

Ele vinha percorrendo o país, aparecendo em comícios para angariar apoio para a lokpal.

"Sim, eu me sinto empoderado", disse Hazare em junho. "Isso acontece porque grande número de pessoas se posiciona comigo. Porque, tirando isso, o que eu tenho? Sou um pedinte.
Vivo em um templo. Não tenho talão de cheques. Possuo apenas uma planta e uma cama."

Os métodos e as metas de Hazare não causam boa impressão em todos. Críticos o acusaram de tentar sequestrar o processo democrático por meio de táticas de pressão. Outros avisaram que o tipo de lokpal que ele visualiza poderia prejudicar o equilíbrio das instituições democráticas do país, acusando seu grupo de intransigência.

As negociações em torno da legislação da lokpal acabaram fracassando em junho. Desde então o governo apresentou um projeto de lei ao Parlamento durante a sessão atual deste, mas Hazare o criticou, dizendo é brando demais. Esta semana ele veio a Nova Déli para iniciar nova greve de fome, quando a polícia o deteve.

Sob o acordo fechado para sua libertação, Hazare concordou em limitar sua greve de fome a 15 dias no máximo, e a polícia disse que vai revogar as restrições impostas inicialmente ao número de simpatizantes autorizados a assistir ao protesto.

Diante da prisão de Tihar e em outros pontos da cidade, as pessoas vêm gritando o nome de Hazare e expressando seu repúdio à onipresença da corrupção no cotidiano. Um universitário reclamou, dizendo que as famílias ricas conseguem comprar o ingresso de seus filhos nas melhores faculdades.l O dono de uma transportadora se queixou de ter que pagar propina de 10% a um funcionário para conseguir um certificado que comprova que pagou o imposto de transporte sobre seu veículo.

"Hoje, quando estávamos vindo para cá, um policial do trânsito parou nosso veículo e sugeriu que lhe déssemos algum dinheiro", contou Ajab Singh Gujar, o dono da transportadora. "Eu gritei 'vitória a Anna Hazare!'. O policial nos deixou passar na mesma hora, sem pagar propina nenhuma."

Tradução de Clara Allain

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/962873-eco-de-gandhi-da-voz-a-ira-dos-indianos.shtml


quinta-feira, 14 de abril de 2011

B R I C S - Estudo Comparativo dos Sistemas de Inovação no


A presidente da República, Dilma Rousseff, está reunida com os líderes dos outros grandes países emergentes conhecidos por Brics, além do Brasil, fazem parte do grupo também Rússia, Índia, China e África do Sul. Na reunião, em Sanya, serão discutidas questões internacionais, como a crise líbia e a reforma do sistema financeiro global.

Os cinco países destacaram as discussões sobre a função global do Direito Especial de Saque (SDR), um ativo de reserva internacional do Fundo Monetário Internacional (FMI). Em um comunicado divulgado, os líderes disseram apoiar um sistema de reserva monetária internacional amplo, o que significa reduzir a dependência do dólar.

As possibilidades de crescimento da economia mundial para as próximas décadas são vistas como residindo principalmente em alguns poucos países menos desenvolvidos. Países como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (Brics) possuem tal potencial.
Mais do que possibilidades de crescimento alude-se aos Brics um potencial para "mudar o mundo" tanto pelas ameaças quanto oportunidades que estes cinco países representam, do ponto de vista econômico, social e político.

Agências e analistas internacionais já perceberam o potencial dos Brics, sugerindo que os investidores devem prestar atenção às oportunidades apresentadas por estes países.

Nestes casos a ênfase usualmente se restringe à identificação de possibilidades de investimentos nas estruturas produtivas destes países e as perspectivas atuais e futuras de seus mercados consumidores.

No estudo aqui proposto, o interesse em analisar os Brics vai muito além da análise dessas possibilidades. Estes países apresentam significativas oportunidades de desenvolvimento, além de diversas características e desafios bastante similares. Identificá-los e analisá-los ajudará a melhor descortinar os possíveis caminhos para a realização de seu potencial de desenvolvimento econômico e social.

Propóstas do Projeto BRICS
I) Aprofundar e fortalecer a pesquisa em inovação nos Brics;
II) Gerar informações e indicadores que possam representar de forma adequada os SINs destes países;
III) Conhecer como se estruturam e funcionam os sistemas de inovação nos BRICS, avaliando como a inovação afeta o desempenho sócio-econômico destes países;
IV) Comparar os cinco sistemas nacionais de inovação dos BRICS, analisando suas perspectivas;
V) Promover o intercâmbio de experiências e instrumentos de políticas para inovação e sistemas de inovação entre os BRICS.


http://brics.redesist.ie.ufrj.br/
http://g1.globo.com/economia/noticia/2011/04/brics-defendem-reforma-no-sistema-monetario-internacional.html
http://g1.globo.com/economia/noticia/2011/04/dilma-se-reune-com-lideres-dos-brics-na-china.html

terça-feira, 9 de março de 2010

Acordo de Copenhague - Índia aceita associar-se

Índia aceita associar-se ao Acordo de Copenhague (09/03/2010)

MATTHIAS WILLIAMS
da Reuters, em Nova Déli

A Índia aceitou se associar formalmente ao acordo climático definido em dezembro em Copenhague, disse o ministro do Meio Ambiente do país em nota ao Parlamento nesta terça-feira (9).

"Após cuidadosa consideração, a Índia aceitou tal listagem", afirmou Jairam Ramesh ao Parlamento, referindo-se à participação formal no documento, que não tem cumprimento obrigatório, mas já recebeu a adesão de mais de cem países, alguns deles grandes emissores de gases do efeito estufa.

"Acreditamos que nossa decisão de sermos listados (como um país associado ao documento) reflete o papel que a Índia desempenhou em dar forma ao Acordo de Copenhague. Isso irá fortalecer nossa posição de negociação a respeito da mudança climática."

A decisão da Índia deixa a China, maior emissor mundial de gases do efeito estufa, como o único do bloco de grandes nações emergentes chamado de Basic (formado também por Brasil e África do Sul) que não se associou ao acordo.

Copenhague

O tratado deveria ter sido adotado formalmente na conferência da ONU em Copenhague por todos os países, mas objeções de última hora por parte de um pequeno grupo de países fez com que oficialmente o acordo fosse apenas citado na declaração final. Decidiu-se então que os países que desejassem se comprometer com o documento poderiam fazê-lo posteriormente.

Mas os países do bloco Basic, especialmente China, Índia e Brasil, temiam que uma adesão muito decidida ao acordo esvaziasse o Protocolo de Kyoto, hoje em vigor, que determina que cabe aos países ricos a liderança no combate ao aquecimento global.

Esses emergentes deixaram claro também que o acordo não deve servir de base para um novo tratado climático de cumprimento obrigatório, que continua sendo negociado e pode ser definido numa conferência no final do ano no México.

Os países mais pobres desejam negociações em "dois caminhos" --um deles preparando um tratado que substitua o Protocolo de Kyoto a partir de 2013, e outro buscando ações de mais longo prazo para que todas as nações combatam o aquecimento, inclusive os EUA, que nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto.

Em mensagem à ONU no final de fevereiro, Washington manifestou apoio ao acordo, mas disse que os textos de negociação criados nas discussões sobre a ação de longo prazo não são a base para qualquer futuro acordo, opinião que contradiz a dos países em desenvolvimento.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u704316.shtml

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

26/12/2008 - 22h24
Entenda a relação turbulenta que envolve Índia e Paquistão
Publicidade da Folha Online



Tanto Índia como Paquistão são ex-colônias britânicas. Em 1947, ambos conseguiram independência. Os ingleses repartiram a região de acordo com a religião das maiorias. Assim surgiu a Índia, de maioria hindu, e o Paquistão, de maioria muçulmana.

O controle sobre a região da Caxemira foi causa de duas das três guerras (1948-1949, 1965 e 1971) já travadas entre Índia e Paquistão desde 1947 --ano em que se tornaram independentes do Reino Unido.

A Caxemira é uma região montanhosa ao norte dos dois países. Grande parte da população da região é muçulmana e quer a anexação ao Paquistão, que a Índia nega. Atualmente, dois terços do território estão sob domínio indiano e o restante sob controle do Paquistão e da China. Ou seja, é uma região de maioria muçulmana que tem sua a maior parte sob controle da Índia.

O Paquistão reivindica o controle total da Caxemira sob o argumento de que lá vive uma população de maioria islâmica --a mesma do país. Já a Índia tem uma população majoritariamente hindu.

Além das três guerras, a história de violência entre os dois países é longa. Apenas neste ano, se forem levados em conta todas as ações, foram mais de cem atentados ocorridos na Índia, que acusa terroristas muçulmanos paquistanesas pelas ações. O Paquistão nega.

Nos últimos anos, a índia foi palco de ações terroristas movidas por três linhas: religiosa (islâmicos), política (maoístas) e territorial (disputa Índia-Paquistão pela Caxemira). Dezenas de grupo usam ações terroristas para tentar alcançar seus objetivos contra o governo da Índia, saiba quem são os principais:

Lashkar-e-Taiba

Braço armado de uma organização religiosa muçulmana fundada no Paquistão em 1989. O grupo teria ligações com a rede terrorista Al Qaeda. A Índia acusa a inteligência paquistanesa de ser o criador e de oferecer suporte logístico ao grupo.

Movimento Estudantil Islâmico

Fundado em 1977, o grupo ganhou força e se tornou mais violento a partir da década de 90. Em 2001, fui declarado como organização terrorista. O grupo teria se tornado, no último ano, a célula-mãe dos mujahedin [guerreiros islâmicos que nos anos 80 combateram a ocupação soviética do Afeganistão].

Naxalitas

Naxalitas é o apelido derivado de uma rebelião de 1967 na aldeia bengali de Naxalbari. O movimento radical de formação maoísta luta há mais de 20 anos para criar um Estado comunista independente no leste e sul da Índia. As regiões-alvo de ataque deste grupo são os Estados Indianos de Andhra Pradesh, Orissa, Chattisgarh, Maharashtra, Bihar e Jharkhand.

Verão

Os enfrentamentos costumam se intensificar nos meses de verão. Nessa época, com o derretimento da neve em porções da cordilheira do Himalaia, os separatistas islâmicos têm mais facilidade para se infiltrar na Caxemira indiana, vindos de solo paquistanês.

Nas lutas entre os grupos que envolvem os dois Exércitos e guerrilheiros pró-Paquistão, mais de 30 mil pessoas já morreram. Segundo o governo indiano, esses grupos recebem o apoio financeiro do Paquistão, que diz apenas ampará-los politicamente.

A rivalidade levou a uma corrida armamentista que culminou com a entrada de Índia e Paquistão, em 1998, no clube dos países detentores de armas nucleares. Ambos desenvolveram ao máximo sua infra-estrutura militar. Desde então, as hostilidades na Caxemira passaram a ser acompanhadas com mais atenção pela comunidade internacional.

Recentemente, ambos os países demonstraram intenção de pôr fim ao clima de tensão e melhorar suas relações diplomáticas, mas os atentados terroristas levados a cabo na última quarta-feira (26) em Mumbai (ex-Bombaim), capital financeira da Índia, pode barrar as novas tentativas de pacto de paz e expõem a fragilidade da relação entre a polícia e a inteligência indianas nos quesitos segurança interna e luta contra o terrorismo.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u483638.shtml
http://translate.google.com.br/translate?hl=pt-BR&langpair=en%7Cpt&u=http://www.thisismyindia.com/india-pakistan/india-pakistan-map.html
04/02/2010 - 13h09
Paquistão confirma proposta de diálogo da Índia e pede esclarecimentos
Publicidade da France Presse, em Islamabad (Paquistão)
da Folha Online

O Paquistão confirmou nesta quinta-feira que a Índia propôs uma retomada do diálogo ao nível de seus ministérios das Relações Exteriores, mas pediu esclarecimentos sobre o conteúdo da oferta. Caso o diálogo seja retomado, encerrará mais de 14 meses de rompimento das relações bilaterais, depois que a Índia encerrou diálogo por causa dos ataques terroristas de novembro de 2008 em Mumbai, que mataram 166.

"Eles propuseram entrevistas ao nível de secretários das Relações Exteriores e pedimos esclarecimentos sobre o conteúdo dessas entrevistas. Esperamos uma resposta da Índia", afirmou à agência de notícias internacionais France Presse o porta-voz da chancelaria paquistanesa, Abdul Basit.

Os secretários das Relações Exteriores são os funcionários de maior escalão de ambos ministérios, mas não são ministros nestes dois países vizinhos e potências nucleares.

A Índia propôs ao Paquistão iniciar discussões ao nível de ministros das Relações Exteriores, mais de um ano depois de ter suspenso as relações bilaterais em função dos atentados em Mumbai em novembro de 2008, informou nesta quinta-feira a agência Press Trust of India (PTI).

De acordo com fontes oficiais citadas pela agência, a Índia tem intenções de discutir a questão do terrorismo e qualquer outro tema que "contribua para criar uma atmosfera de paz e segurança entre os dois países".

"A Índia entrará nas discussões com uma atitude aberta e positiva e apresentará todos os temas pertinentes", afirmaram fontes citadas pela PTI.

Os dois países têm um histórico de conflitos pelo controle da região da Caxemira --causa de duas das três guerras (1948-1949, 1965 e 1971) já travadas entre Índia e Paquistão desde 1947, ano em que se tornaram independentes do Reino Unido.

A Índia e o Paquistão iniciaram um diálogo de paz no início de 2004 que ajudou a diminuir a tensão entre os dois rivais asiáticos, principalmente em relação à disputa da região da Caxemira, situada no Himalaia e de população majoritariamente muçulmana.

No entanto, este diálogo foi interrompido depois dos ataques cometidos por um grupo de homens armados em Mumbai, que a Índia atribuiu ao grupo militante Lashkar-e-Taiba, cuja sede se encontra no Paquistão.

Nova Déli insiste que Islamabad dê evidências de que está agindo para desmantelar os grupos terroristas que operam em seu território e traga os acusados de planejar os atentados de Mumbai à justiça.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u689305.shtml

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

ÍNDIA

Sistema de castas da Índia
Por volta de 850 AC teve origem na Índia o malfadado sistema de castas, embora as opiniões dos especialistas a respeito da data exata do seu estabelecimento estejam divididas. Sabe-se que surgiu com os árias, e a partir daí começou a desenvolver-se e se enraizar na cultura do país...Um sistema que perpetua a crença na superioridade racial de determinadas "classes" de seres humanos sobre outras. - A aceitação da opressão de certas castas "nobres" sobre a maioria sofredora. - Este é o código sócio-religioso conhecido como "Sistema de Castas", fundamental no hinduísmo e que influencia toda a estrutura da sociedade na Índia. Apesar de a discriminação em função das castas, hoje, ser proibida pela constituição indiana, o sistema continua sendo observado, na prática, por mais de 80% da população do país, segundo sensos recentes.Sua origem parece proveniente da divisão entre o imigrante ária, de pele clara, e os nativos (dasya), denominados escravos (dasas), que se distinguiam pela pele escura. Os árias são descendentes dos povos brancos de famílias indoeuropéias. As primeiras referências históricas sobre a existência de castas se encontram em um livro sagrado dos hindus, chamado Manu, possivelmente escrito entre 600 e 250 AC. Define-se casta como grupo social hereditário, no qual a condição do indivíduo passa de pai para filho, endógamo, pois ele só pode casar-se com pessoas do seu próprio grupo. Estão predeterminados também sua profissão, seus hábitos alimentares, o tipo de vestuário e etc., o que leva à formação de uma sociedade estática. Em outras palavras, não há como escapar, é simplesmente impossível, a alguém que tenha nascido numa situação de vida miserável, trabalhar para melhorar essas condições. Não pode haver aspiração ao crescimento ou ao progresso, seja profissional, social ou mesmo espiritual, e nem de espécie alguma.

Trabalhadores "dalits" - os párias da sociedade hindu
O sistema subjuga as castas mais baixas, principalmente as mulheres. É comum ver mulheres e crianças, mesmo as menores, trabalhando pesado em regime de trabalhos forçados, na construção civil, em limpeza de fossas, cemitérios, curtumes e todo tipo de trabalho considerado indigno ou degradante. Tudo porque nasceram na casta errada.Embora a palavra "casta" tenha sido introduzida pelos portugueses por volta do século XV dC, a principal característica do sistema surgiu no final do período védico. Dois termos antigos - "Varna" e "Jati" - são usados na Índia para definir o sistema de castas."Varna" quer dizer, literalmente "de cor". Por volta de 600 AC, este tornou-se o padrão de classificação da população na Índia. A pele clara dos arianos os distinguia dos primeiros habitantes do país, que tinham a pele escura. O "Varna" é uma divisão social hindu que divide em categorias a sociedade, sendo que originalmente eram apenas quatro: Brâmanes (sacerdotes, religiosos e nobres), os Xátrias (guerreiros), os Vaixias (camponeses e comerciantes) e os Sudras (escravos). À margem dessa estrutura social estão os "párias", os sem casta ou "intocáveis", hoje chamados "dalits", "haridchans" ou "haryans". Com o passar do tempo, tem havido centenas de subdivisões no sistema, que não param de se multiplicar.Jati - Existem milhares de diferentes grupos Jatis em toda Índia. Nenhum destes grupos se considera como igual a qualquer outro grupo, mas todos são partes de uma hierarquia local ou regional. Estes não são organizados em qualquer sentido institucional, e tradicionalmente não havia um registro formal do status da casta. Enquanto indivíduos, acham impossível mudar de casta ou subir na escala social, mas alguns grupos por vezes tentaram ganhar reconhecimento das castas mais altas pela adoção das práticas dos Brâmanes, como o vegetarianismo. Muitos costumam ser identificados com atividades particulares e as ocupações costumam ser hereditárias.Os "párias" ou "dalits" ('sem casta'), são totalmente relegados para fora da sofisticada sociedade hindu, chamados cruelmente de "intocáveis" porque não devem jamais ser tocados pelos membros das castas (isso os contaminaria). Recebem apenas os serviços considerados impuros ou imundos, geralmente associados com os mortos (humanos ou animais) ou com excrementos. Só lhes é permitido lidar com o lixo, com o esgoto, com amontoados de cadáveres e outros empregos que lhe mantém em constante contato com aquilo que o resto da sociedade indiana considera nojento e desagradável. Mas não são apenas as suas ocupações que são consideradas como coisas nojentas e que não devem ser feitas por alguém: os próprios párias são considerados individualmente sujos, e assim não podem manter contato físico com os "limpos" nem com as partes "puras" da sociedade. Vivem isolados. Ninguém pode interferir na sua vida social, pois os intocáveis são os últimos dos últimos, considerados menos que humanos.O membro de uma casta é definido simplesmente pelo nascimento. A crença ferrenha na reencarnação faz com que os hindus acreditem que os méritos conquistados nas vidas passadas é que determinam a casta em que o indivíduo nasce, por isso não há nenhum problema em se agir de acordo com o que consideram a "justiça divina". Não há perdão, não há crescimento espiritual possível nesta vida. Desobediência às regras das castas, tais como a recusa a um casamento arranjado, fazem com que o indivíduo seja desligado da casta em que nasceu. E como ele não pode, em hipótese alguma, fazer parte de uma outra casta, tecnicamente essa pessoa se torna um "sem casta" ou "pária", que, como visto, é o pior destino imaginável para qualquer cidadão indiano. Em muitos lugares, principalmente no interior, isto pode significar que essa pessoa não poderá continuar a trabalhar e a conviver em sociedade, mas se tornará para o resto da vida uma espécie de lixo humano que é impiedosamente desprezado por todos, de religiosos a agnósticos.A luta de Gandhi após a independência da Índia; a pressão exercida pela ONU e por inúmeros órgãos humanitários internacionais, as muitas leis que foram criadas como tentativas de eliminar ou ao menos amenizar a desumanidade do sistema de castas (ilegal desde 1947), tudo foi inútil diante da tradição firmemente arraigada por milênios, e o sistema subsiste. O sistema de castas é uma das bases do hinduísmo. - A religião se torna, então, um poderoso elemento social disciplinador e apaziguador: resignação é a palavra-chave na postura moral do indivíduo hindu.Para os intocáveis, só é permitido usar as roupas que acham nos corpos dos mortos. Nas suas casas, comem de louças quebradas. Eles sofrem restrições sociais extremas. Não podem rezar no mesmo templo, não podem beber da mesma corrente de água, porque poderiam polui-la. Nenhum intocável pode entrar no templo se houver a presença de alguém de uma casta superior - como os sacerdotes do templo, a casta mais elevada, nunca estão fora, os intocáveis na prática são barrados de entrar em templos ou outros lugares onde se pratica religião.Para se ter uma idéia da gravidade da situação, quando os tsunamis de Dezembro de 2004 tragaram a costa do Estado indiano de Tamil Nadu, imaginava-se que a tragédia e a morte agiriam como niveladoras sociais. Mas os esforços de reabilitação e o envio de ajuda econômica não conseguiram superar a discriminação sócio-racial que impera na Índia. As vítimas de Tamil Nadu, o Estado indiano mais devastado pelos tsunamis, esperaram ansiosos a ajuda do governo e de agências humanitárias para poderem reconstruir suas vidas, mas os intocáveis não receberam nada por parte das autoridades locais! Oficialmente, dez mil pessoas morreram, por absoluta falta de cuidados, nessa ocasião, e ninguém na Índia considerou isso chocante. "Não existe nenhum caminho até nossa aldeia. Ninguém vem nem procura vir aqui", relatou um "intocável" de um distrito de Tamil Nadu à agência de notícias internacional Interpress - MW Global, na época. Recentemente, em Junho de 2006, um repórter da revista Capricho publicou uma entrevista com um intocável. O entrevistado revelou que seu irmão, por ter invadido o quintal de um vizinho de casta Vaixia, foi castigado sendo amarrado numa árvore junto com seu pai: depois de uma tremenda surra, toda sua família foi obrigada a assistir enquanto o jovem era lentamente devorado por formigas selvagens."Paul Raj passou 21 anos sem ser abraçado por ninguém – nem pela própria família – pela simples razão de ter nascido numa casta que, na Índia, representa a escória da sociedade. Quando ele tinha 8 anos, encontrou seu irmão amarrado a uma árvore, com as pernas cobertas de formigas vermelhas. O garoto estava sendo punido por ter entrado no jardim de um vizinho. Paul estava com o pai, que se ajoelhou e, chorando, começou a pedir clemência. A reação do dono da casa foi bater no pai e manter o castigo.'A esposa do dono jogava açúcar na perna dele para atrair mais formigas e os filhos dela ficavam rindo em volta. Ficamos ali parados, vendo meu irmão ser comido vivo, sem fazer nada'. A cada 6 meses, ele conseguia encontrar seu pai por meia hora, e escondido. (...) Mas o dia mais emocionante da temporada de Paul em Londres foi quando a chefe do programa de estágio o abraçou. Foi o primeiro abraço que Paul recebeu na vida, e logo de alguém que nem era da sua família (ele e sua noiva Shilpa, por exemplo, apesar de estarem juntos há 6 anos, nunca se beijaram, nem na bochecha). "Quando percebi que estava sendo abraçado, não queria mais largar. Acabei caindo no choro.' - declarou o rapaz...". - Revista Capricho (Junho/2006)Isso foi há pouco mais de dois anos! Não estamos falando de ocorrências de três mil anos atrás, mas de coisas que acontecem no presente, hoje, agora.Alguns dados oficiais*: # A cada dia, três mulheres dalits são estrupadas (uma parte é depois queimada até a morte, como se a culpa pelo estupro fosse dela mesma);# A cada hora, em média, duas casas de dalits são queimadas;# A cada hora, dois dalits são assaltados;# 60 milhões de Dalits são explorados através de trabalhos forçados.# 66% dos dalits são analfabetos;# A taxa de mortalidade infantil dos dalits é perto de 10%;# 57% das crianças dalits de menos de quatro anos de idade estão muito abaixo do peso;# Na Índia de hoje existem 300 milhões de dalits;* Fonte: Organização Internacional Dalit Awakaning.As estimativas atuais apontam que existem em torno de 6.400 castas(!) na Índia de hoje. Cada uma funciona como um grupo separado em função das altas barreiras sociais. Percentualmente, as castas na Índia se classificam da seguinte forma: 1) Castas altas = 15,4% (brâmanes, casta sacerdotal); 2) Castas atrasadas = 56,6%; 3) Dalits = 18,1%; 4) Tribais ou Advasi = 9,5% (tribos suplementares que algumas vezes não são considerados parte da estrutura de castas, mas geralmente são influenciados pelo pensamento de casta); 5) Outros = 0,4% (não são considerados parte do sistema de castas - entre estes estão os cristãos sírios e os refugiados Afegãos, iranianos e outros).
Protesto recente de mulheres da Índia contra o sistema de castas
Concretamente, o Estado da Índia ainda se recusa a tomar providências para deter, na prática, com ações efetivas e punição aos frequentes crimes bárbaros e excessos cometidos, a observância do sistema de castas pela sua sociedade."Girdharilal Maurya (dalit de uma aldeia próxima) acumula pecados. Tem um mau karma: por que outra razão teria nascido numa casta intocável se não fosse para pagar pelas vidas passadas? Reparem, ele é um curtidor de peles: segundo o direito hindu, os trabalhadores dos curtumes tornam-se impuros, e as outras pessoas devem evitá-los e ultrajá-los. A sua indecorosa prosperidade é um pecado. Quem este intocável pensa que é para comprar um pequeno lote de terreno nos arredores da aldeia? Ainda por cima, atreveu-se a reclamar junto da polícia e das outras autoridades, exigindo servir-se do novo poço. Teve o que merecem os intocáveis: uma noite, quando Girdharilal saiu da cidade, 8 homens da casta superior 'rajput' foram à sua casa, derrubaram as vedações, roubaram o trator, espancaram a mulher e a filha e queimaram a casa." - Depoimento de um cidadão indiano para a National Geographic.

Girdharilal após ter recebido o castigo por ter se atrevido a comprar um pequeno lote de terra

* * *No "Sistema de Castas" não há compaixão, não há possibilidade de ascensão social nem melhora para o ser humano enquanto indivíduo, de espécie alguma. Não há amor ao próximo, se esse próximo pertencer a uma casta inferior ou se for um "intocável". Acredita-se piamente que os sofredores estejam naquela situação porque merecem aquilo. Além disso, crê-se que eles mesmos terão a oportunidade de conquistar melhores condições numa próxima vida, desde que cumpram bem o seu papel na vida presente. - Em outras palavras, se forem subservientes e aceitarem se submeter a todo tipo de humilhação e sofrimento infligido, sem soltar nenhum gemido. Se aceitarem ver suas filhas sendo estupradas e queimadas vivas. Se aceitarem tudo e se comportarem bem, como bons sacos de lixo que devem ser.Mas o mais triste é que os próprios oprimidos, em sua grande maioria, também acreditam no sistema, e assim, no geral, preferem se submeter a tudo. Um excelente exemplo de como um sistema de crenças equivocado é capaz de levar seres humanos e nações inteiras a comportamentos insanos, à tirania e e à crueldade extrema.

Fontes:OrePelaÍndia.ComAmorCósmico.Com