quarta-feira, 28 de março de 2012

James Cameron desce ao ponto mais fundo dos oceanos

27/03/2012
SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO
CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA

Ao que parece, James Cameron desenvolveu um gosto especial pelo fundo do mar após fazer filmes como "O Segredo do Abismo" e "Titanic".

Mas, desta vez, ele foi mais longe: o cineasta americano usou um submarino especial para descer ao ponto mais profundo da Terra, a fossa das Marianas, no Pacífico.

O objetivo foi gravar imagens --ainda não divulgadas-- para futuros filmes e documentários, incluindo uma continuação do seu blockbuster "Avatar" (2009).

"Mal posso esperar para dividir com vocês o que estou vendo", tuitou Cameron quando terminou a descida.

Ainda não há detalhes sobre o que ele viu. Mas o cineasta adiantou na entrevista à imprensa concedida na segunda-feira que conseguiu enxergar algumas espécies e muita areia, "como um deserto". "Parecia outro planeta", disse.

Editoria de Arte/Folhapress

REMOTO

A depressão da fossa das Marianas fica a 11 quilômetros de profundidade, a leste das Filipinas.

O lugar é tão remoto --e custa tanto para ser explorado-- que ninguém arriscou investigar a área desde 1960, quando dois tripulantes do submersível Trieste, da Marinha americana, passaram 20 minutos lá no fundo.

Só que eles não conseguiram ver muita coisa, porque a areia fina levantada na descida deixou a água turva.

"Chegar lá é fácil. O difícil é ir e voltar. Até hoje só três pessoas fizeram isso, e as duas últimas o fizeram há 52 anos", disse a oceanógrafa Sylvia Earle, primeira pessoa a descer a 1.000 m de profundidade sem ajuda de submarinos, comemorando o feito do cineasta americano em Brasília.

"Espero que daqui a alguns anos o Brasil esteja equipado com uma frota de submarinos que permita explorar os mares profundos. O Brasil, com seu interesse por exploração de petróleo em águas profundas, pode ser um líder tecnológico nessa área."

O projeto de Cameron, batizado de "Deepsea Challenge" (Desafio do Mar Profundo), começou há sete anos. O patrocínio veio da "National Geographic" e da Rolex.

As gravações duraram seis horas e foram feitas por meio de câmaras de alta definição e 3D acopladas aos submersível de oito metros, que o cineasta ajudou a projetar.

Além das câmeras, claro, houve a necessidade de muita luz: o submersível tem 2,4 metros de lâmpadas de LED. Por causa da profundidade, a fossa das Marianas fica em escuridão permanente. "É bom ver a luz do Sol", escreveu Cameron quando voltou à superfície.

http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/1067782-james-cameron-desce-ao-ponto-mais-fundo-dos-oceanos.shtml

Outro desafio é a pressão no fundo da fossa: cerca de mil vezes maior do que a no nível do mar.

Para dar conta do mergulho, Cameron se preparou com corrida e ioga. "Tive uma sensação de isolamento. Você percebe o quão insignificante é num espaço tão grande e inexplorado."

Nenhum comentário: