DE SÃO PAULO
CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
Ao que parece, James Cameron desenvolveu um gosto especial pelo fundo do mar após fazer filmes como "O Segredo do Abismo" e "Titanic".
Mas, desta vez, ele foi mais longe: o cineasta americano usou um submarino especial para descer ao ponto mais profundo da Terra, a fossa das Marianas, no Pacífico.
O objetivo foi gravar imagens --ainda não divulgadas-- para futuros filmes e documentários, incluindo uma continuação do seu blockbuster "Avatar" (2009).
"Mal posso esperar para dividir com vocês o que estou vendo", tuitou Cameron quando terminou a descida.
Ainda não há detalhes sobre o que ele viu. Mas o cineasta adiantou na entrevista à imprensa concedida na segunda-feira que conseguiu enxergar algumas espécies e muita areia, "como um deserto". "Parecia outro planeta", disse.
Editoria de Arte/Folhapress | |
REMOTO
A depressão da fossa das Marianas fica a 11 quilômetros de profundidade, a leste das Filipinas.
O lugar é tão remoto --e custa tanto para ser explorado-- que ninguém arriscou investigar a área desde 1960, quando dois tripulantes do submersível Trieste, da Marinha americana, passaram 20 minutos lá no fundo.
Só que eles não conseguiram ver muita coisa, porque a areia fina levantada na descida deixou a água turva.
"Chegar lá é fácil. O difícil é ir e voltar. Até hoje só três pessoas fizeram isso, e as duas últimas o fizeram há 52 anos", disse a oceanógrafa Sylvia Earle, primeira pessoa a descer a 1.000 m de profundidade sem ajuda de submarinos, comemorando o feito do cineasta americano em Brasília.
"Espero que daqui a alguns anos o Brasil esteja equipado com uma frota de submarinos que permita explorar os mares profundos. O Brasil, com seu interesse por exploração de petróleo em águas profundas, pode ser um líder tecnológico nessa área."
O projeto de Cameron, batizado de "Deepsea Challenge" (Desafio do Mar Profundo), começou há sete anos. O patrocínio veio da "National Geographic" e da Rolex.
As gravações duraram seis horas e foram feitas por meio de câmaras de alta definição e 3D acopladas aos submersível de oito metros, que o cineasta ajudou a projetar.
Além das câmeras, claro, houve a necessidade de muita luz: o submersível tem 2,4 metros de lâmpadas de LED. Por causa da profundidade, a fossa das Marianas fica em escuridão permanente. "É bom ver a luz do Sol", escreveu Cameron quando voltou à superfície.
Outro desafio é a pressão no fundo da fossa: cerca de mil vezes maior do que a no nível do mar.
Para dar conta do mergulho, Cameron se preparou com corrida e ioga. "Tive uma sensação de isolamento. Você percebe o quão insignificante é num espaço tão grande e inexplorado."
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