segunda-feira, 25 de maio de 2009

CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO MUNDIAL

PAÍS POBRE FAZ POPULAÇÃO MUNDIAL CRESCER

Cerca de 98% do crescimento total da população mundial vai se dar, nos próximos 45 anos, nos países em desenvolvimento. O fato aumentará a concentração de renda no mundo e ajudará a aprofundar as disparidades entre pobres e ricos em países como o Brasil, segundo relatório divulgado pelo PRB (Population Reference Bureau), em Washington. Entre os países desenvolvidos, os EUA serão a exceção. A população americana deve crescer 43% até 2050 graças, principalmente, aos imigrantes hispânicos. Os EUA devem alcançar 420 milhões de habitantes até lá, ante os 293 milhões que possuem hoje.Embora a atual taxa de fertilidade no mundo (de 2,8 filhos por mulher) seja 50% menor do que há 50 anos, os nascimentos continuam concentrados nas famílias mais pobres -um dos fatores concentradores de renda.
As projeções do PRB tomaram como base estatísticas e censos de vários países, relatórios da ONU e de órgãos internacionais de saúde. O PRB, instituto privado que atua há 75 anos, é financiado por fundações como a do milionário Bill Gates, da Microsoft. Segundo o estudo, os países miseráveis da África vão liderar o aumento populacional até 2050 -crescimento médio de 119%. Na América Latina, haverá aumento de 42% (24% no Brasil). Na Ásia, de 39%. Como contraste, a população da Europa encolherá 8% nos próximos 45 anos. No Japão, haverá queda de 21%."Em termos populacionais, vivemos hoje em dois mundos que caminham para lados opostos", afirma Carl Haub, autor do estudo. "Desenvolvimento econômico e controle populacional sempre andam juntos", diz Haub afirma que o Brasil tem sido "bem sucedido" em políticas de controle da natalidade. Entre o início dos anos 90 e 2004, o Brasil diminuiu de 2,5 para 2,2 o número de filhos por mulher.
Nas favelas
Comentando o estudo, Sérgio Besserman Vianna, ex-presidente do IBGE, disse à Folha que, embora o Brasil esteja fora do quadro de explosão demográfica, o número maior de nascimentos nas famílias mais pobres ajuda a perpetuar a concentração de renda.Hoje diretor do Instituto Pereira Santos, ligado à Prefeitura do Rio, Vianna diz que, enquanto a taxa média anual de crescimento demográfico do Rio é de 0,74%, ela sobe para 2,4% nas favelas (0,9 ponto percentual desse total seria resultado da "fecundidade extra" dos favelados). Entre os países com maior explosão, segundo o PRB, figuram três dos mais pobres do mundo. Até 2050, a Índia deve ultrapassar a China, alcançando 1,6 bilhão de pessoas, ante 1,1 bilhão hoje. A Nigéria quase triplicará a população, para 307 milhões; e Bangladesh a dobrará, para 280 milhões. As projeções consideram a expectativa de mortes provocadas pela Aids. Com o controle da doença, o crescimento pode ser maior. Se adotadas políticas de planejamento familiar, menor.
Migrantes férteis
A China é apontada como outro caso de sucesso, tendo reduzido sua taxa de fertilidade para 1,7 nascimento por mulher, abaixo dos 2 registrados nos EUA. No caso americano, o crescimento vai se concentrar nos imigrantes hispânicos. A taxa de fertilidade entre os brancos não-hispânicos está hoje abaixo da média, em 1,8, e a entre os negros vem caindo desde o início dos anos 90 (de 2,5 para os 2,2 atuais). "O número de imigrantes hispânicos nos EUA hoje não tem precedentes. A continuar o atual ritmo, 15% da população será hispânica no fim da década", afirma Steven Camarota, diretor de pesquisas do Centro para Estudos da Imigração dos EUA.Para ele, além de 1,5 milhão de hispânicos (legais e ilegais) que entram todo ano nos EUA, o país absorve mais 750 mil filhos de hispânicos que nascem anualmente. Segundo as projeções gerais do PRB, a população mundial deve atingir 9,2 bilhões de pessoas em 2050, ante os 6,3 bilhões atuais, um crescimento de 45%. Estimativas da ONU, divulgadas no ano passado, projetavam esse total somente para 2300. (FERNANDO CANZIAN Folha de São Paulo)

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