segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Oposição dialoga com governo, mas insiste na saída de Mubarak

07/02/2011
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Os grupos de oposição entraram neste domingo em diálogo com o vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, que consideram o início de um esforço por reformas políticas. Eles alertam, contudo, que não estão satisfeitos e os manifestantes continuam pelo 14º dia na praça Tahrir, no centro do Cairo, pelo afastamento imediato do ditador Hosni Mubarak, no poder há 30 anos.
O governo e as poderosas forças armadas tentaram fazer o país voltar ao trabalho no domingo, o primeiro dia em que os bancos foram reabertos após uma semana de fechamento decorrente da turbulência nas ruas.
O governo disse em comunicado que as partes concordaram em traçar um mapa do caminho das discussões, indicando que Mubarak permanecerá no poder para comandar a transição.

Patrick Baz/AFP
Manifestantes gritam "Saia" no 14º dia consecutivo de protestos na praça Tahrir; diálogo não acalmou opositores

O governo também disse que tomará medidas para libertar ativistas presos, garantir a liberdade de imprensa e revogar as leis de emergência que vigoram no país, "de acordo com as condições de segurança". Foi formado um comitê para estudar questões constitucionais.
Imagens mostraram Suleiman, tendo um retrato de Mubarak na parede atrás dele, presidindo as conversações, que a oposição afirmou que não satisfizeram sua exigência de uma revisão completa do sistema político do país.
Abdel Monem Aboul Fotouh, membro sênior da Irmandade Muçulmana, disse que o comunicado do governo representa "boas intenções, mas não inclui mudanças sólidas."
Falando à TV NBC, dos Estados Unidos, o Prêmio Nobel da Paz Mohamed ElBaradei, que emergiu como porta-voz da oposição diversificada, que inclui o movimento islâmico banido Irmandade Muçulmana, chamou o diálogo de "opaco".
"No momento atual, ninguém sabe quem está falando com quem. Tudo é controlado pelos militares, e isso é parte do problema", disse ElBaradei. "O presidente é militar, o vice-presidente é militar, o primeiro-ministro é militar."
Indagado sobre as conversações, Mohamed Adel, do Movimento 6 de Abril, que tem estado ao cerne dos protestos, disse: "Estão evitando atender às reivindicações do povo".
Antes das conversações, a liderança do governista Partido Nacional Democrático, incluindo o filho do presidente, Gamal, renunciou, em iniciativa que, segundo a Irmandade Muçulmana, visou "sufocar a revolução".
Ativistas da oposição rejeitam qualquer solução conciliatória pela qual Mubarak entregaria o poder a Suleiman mas cumpriria seu mandato até o final, essencialmente dependendo do velho sistema autoritário para abrir o caminho para uma democracia civil plena e evitando humilhar o presidente.
Mubarak, que rejeita pressão interna e da comunidade internacional para deixar o poder, tenta focar na restauração da ordem. Nesta segunda-feira, o novo gabinete deve fazer sua primeira reunião desde os protestos.
Os EUA apoiam as conversações entre o vice-presidente Omar Suleiman, que foi durante anos o chefe dos serviços de inteligência, e grupos oposicionistas, mas deixou claro que é preciso dar tempo para o diálogo.

Patrick Baz/AFP

Egípcios montam cama improvisada em frente a tanque do Exército na praça Tahrir, no centro do Cairo

PROTESTOS
Temendo uma perda de ímpeto da revolta popular, muitos reformistas que usaram a Internet para mobilizar apoio em massa estão determinados a forçar a saída imediata de Mubarak. Os manifestantes já planejam marchas em grande escala para terça-feira e sexta-feira --os principais dias de manifestações.
Mas mesmo nesta segunda-feira, a praça Tahrir continua ocupada. Os grupos de jovens que iniciaram a revolta contra Mubarak formaram uma coalizão e anunciaram que não pretendem desocupar a praça até que o chefe de Estado renuncie ao poder.
Em um comunicado, a "Direção Unificada dos Jovens Revolucionários Revoltados" promete não abandonar a praça, ocupada por outros manifestantes desde 28 de janeiro, até que suas reivindicações sejam atendidas.

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/871699-oposicao-dialoga-com-governo-mas-insiste-na-saida-de-mubarak.shtml



Sugestão de atividades:
Professor você pode "explorar" esse texto nas 3 séries do EM, pode usar como aula inaugural, aproveitando o momento para enfatizar: a localização geográfica do Egito, a cultura muçulmana, as ditaduras existentes no mundo, e ou, os problemas econômicos gerados pelas manifestações.
1. Leitura e análise do texto.
2. Debate sobre o assunto.
3. Utilização de fotos (pode recortar de jornais e revistas) e sugerir comentários sobre o assunto em questão.

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