segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Países com melhor educação tendem a ser menos corruptos

30/12/2013


SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO


Os países com melhores índices de educação tendem a ter menores taxas de corrupção. É isso que mostra um cruzamento feito pela Folha entre os dados do Índice de Percepção de Corrupção Mundial e do Pisa, exame internacional que avalia estudantes de 15 e 16 anos em matemática, leitura e ciências (ensino médio).
Os dados mostram que os países menos corruptos estão no topo do Pisa. Um exemplo é Cingapura, que está entre os cinco países menos corruptos na análise da ONG Transparência Internacional e figura em 2º lugar na avaliação do Pisa em matemática, por exemplo.
O Brasil está em 58º lugar na mesma avaliação do Pisa (de matemática) e em 72º lugar na lista dos países corruptos.
"A relação é clara. Uma sociedade com melhores índices de educação cobra mais do governo", explica o promotor de Justiça em São Paulo Roberto Livianu. Ele é doutor em direito pela USP com uma tese sobre combate à corrupção e criador da campanha "Não Aceito Corrupção".
Para Rafael Alcadipani, especialista em organizações da FGV-SP, trata-se de "um círculo virtuoso positivo". "Com menos corrupção, sobram mais recursos para educação. E isso faz com que o país também se torne menos corrupto."
Uma exceção na análise é a China, que lidera as análises de matemática, leitura e ciências do Pisa, mas está em 80º lugar na classificação de países corruptos – posição pior do que a do Brasil.
"A China não é um país democrático. A sociedade nem tem instrumentos para cobrar o governo", diz Livianu.
O Pisa é um exame feito pela OCDE (organização dos países que ricos, que organiza a prova) a cada três anos em 65 países. Já a lista dos países corruptos é organizado anualmente pela ONG Transparência Internacional com base em dados de percepção de abusos de poder, acordos clandestinos e subornos nos setores públicos em 177 países.
O Brasil é o país em que os alunos mais avançaram no Pisa especificamente em matemática nos últimos nove anos (edições de 2003 a 2012).
Ainda assim, segue entre os piores do mundo atrás do Cazaquistão (140º no ranking de corrupção), do México e do Uruguai (ambos em 106º lugar no ranking de corrupção).
Somália, Coreia do Norte e Afeganistão estão entre os países mais corruptos da lista. Nenhum deles participa do Pisa.

Veja os 10 países mais transparentes x Posição no Pisa de ciências
1º Dinamarca - 27º lugar
1º Nova Zelândia - 18º lugar
3º Finlândia - 5º lugar
3º Suécia - 38º lugar
5º Noruega - 32º lugar
5º Cingapura - 3º lugar
7º Suíça - 19º lugar
8º Holanda - 14º lugar
9º Austrália - 17º lugar
9º Canadá - 11º lugar

Terceiro atentado na Rússia desde sexta deixa 14 mortos

30/12/2013 
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Pelo menos 14 pessoas morreram e 28 ficaram feridas em uma explosão na manhã desta segunda-feira em um ônibus elétrico em Volgogrado, sudoeste da Rússia. Foi o segundo atentado em Volgogrado em dois dias e o terceiro ocorrido na Rússia desde sexta-feira, deixando um total de mais de 30 mortos no país até o momento.
A explosão aconteceu às 8h23 locais (2h23 de Brasília). De acordo com os investigadores, o ataque foi cometido por um homem-bomba. O ataque destruiu completamente o ônibus, segundo imagens exibidas pela televisão russa. Todo o sistema de transporte público da cidade foi paralisado, forçando os moradores a caminhar longas distâncias até o trabalho.
                  
                      Policial vigia a entrada da estação ferroviária de Volgogrado após
                      atentado de mulher-bomba que matou 17 pessoas no dia 29.dez

Neste domingo, um atentado atribuído a uma mulher-bomba provocou 17 mortes no domingo na mesma cidade, que estava lotada no fim de semana, período de festas no país. Na última sexta-feira, um carro-bomba matou três pessoas na cidade de Pyatigorsk, a 270 km de Sochi. Em 21 de outubro, outra mulher-bomba matou sete pessoas num ônibus em Volgogrado.
Os dois últimos ataques em Volgogrado, segundo analistas, indicam que os militantes podem estar usando o sistema de transportes como uma nova maneira de mostrar seu alcance além de sua região. Há alguns meses, o governo russo passou a exigir a apresentação de documentos de identidade ao comprar passagens de ônibus intermunicipais, como já ocorre para bilhetes aéreos ou ferroviários, mas não há fiscalização.
Volgogrado, antiga Stalingrado, é uma cidade de cerca de 1 milhão de habitantes, a 690 km de Sochi, onde a partir do dia 7 de fevereiro ocorrem os Jogos Olímpicos de Inverno. A região está próxima ao Norte do Cáucaso, uma faixa de províncias de prevalência muçulmana que sofre violência quase diária por parte de uma antiga insurgência islamita.
A série de atentados alimentou os temores sobre a segurança dos Jogos Olímpicos de Inverno, que acontecerão em fevereiro em Sochi, estação balneária situada ao pé do Cáucaso.
O líder insurgente checheno Doku Umarov, num vídeo postado na internet em julho, instou os militantes a usar "força máxima" para impedir o presidente Vladimir Putin de realizar os jogos, uma ambição política que já o levou a libertar presos políticos e endurecer leis antiterroristas nas últimas semanas.
O ministério do Interior anunciou a intensificação das medidas de segurança em todas as estações e principais aeroportos do país. As autoridades regionais anunciaram o nível elevado de alerta antiterrorista na região de Volgogrado para os próximos 15 dias.
Entre as medidas de segurança, está a proibição da circulação de carros vindos de fora de uma zona de segurança de 100 km ao redor de Sochi, iniciando um mês antes e terminando um mês depois dos jogos. Drones vigiarão as instalações olímpicas e forças especiais patrulharão as montanhas ao redor do local.


China proíbe autoridades de fumar em público

30/12/2013
DA ASSOCIATED PRESS, EM BEIJING

A China, país com o maior número absoluto de fumantes no mundo, resolveu fazer uma nova tentativa para limitar o hábito: proibir autoridades de fumar em público.
Segundo a agência de notícias oficial Xinhua, autoridades não podem fumar em escolas, em hospitais, em eventos esportivos, no transporte público ou em qualquer outro lugar onde o fumo já seja proibido pelo Ministério da Saúde. Também não podem acender ou oferecer cigarros quando estão em atividades oficiais, e nem usar dinheiro público para comprar cigarros. Em gabinetes do governo ou do Partido Comunista, não se pode vender e nem anunciar produtos com tabaco.
Em 2011, o Ministério da Saúde chinês proibiu o fumo em locais públicos fechados, como hotéis e restaurantes, mas há pouca fiscalização. Especialistas dizem que as grandes receitas do monopólio estatal do tabaco atrapalham as medidas antifumo.
A nova proibição tem em sua mira os maus exemplos dados pelas próprias autoridades. O comunicado oficial, divulgado pela Xinhua, diz: "O fumo permanece sendo um fenômeno universal em locais públicos. Algumas autoridades fumam em locais públicos, o que não apenas causa danos ao ambiente e à saúde pública como também suja a imagem de líderes e gabinetes do governo e do partido, tendo influência negativa."
O país tem hoje 300 milhões de pessoas que fumam em sua população de 1,35 bilhão de habitantes. Esses 22% de fumantes formam um contingente maior do que a população inteira do Brasil, estimada pelo IBGE em pouco mais de 201 mil habitantes. Os fumantes chineses transformaram em fumaça 2,5 trilhões de cigarros em 2012, ou 8,4 por fumante, segundo a Associação Chinesa de Controle do Tabaco.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Países onde ser ateísta é literalmente mortal

Religiosamente - Bastidores e curiosidades do mundo religioso

11/12/2013
POR ANNAVIRGINIA
Em 13 países do mundo, ser ateísta, humanista e/ou sem religião é pecado de pena capital.
Recém-lançado relatório da ONG Iheu (Internation Humanist and Ethical Union), chancelada pela ONU, mapeou esse “intolerômetro” (dá para fazer o download gratuito aqui).
Eis o G-13 da intransigência: Afeganistão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Irã, Malásia, Maldivas, Mauritânia, Nigéria, Paquistão, Qatar, Somália e Sudão.
Segundo a Iheu, a legislação prevê pena de morte para quem cometer apostasia (abandono de uma fé) em 12 desses lugares. Já no Paquistão, pode morrer aquele que blasfemar –não crer em Deus, sem dúvida, “promove” qualquer pessoa a réu.
                                Ateístas protestam em frente ao Vaticano (AP Photo/Sandro Pace)
                                      Ateístas protestam em frente ao Vaticano, em 2003 (AP Photo/Sandro Pace)

AQUI TAMBÉM
Mas a punição letal não é a única forma de oprimir descrentes.
A ONG observa que países de população majoritariamente muçulmana tendem a ser mais radicais –onde são mais comuns casos como o do blogueiro ateísta de Bangladesh assassinado com uma machadada. A liberdade religiosa, no entanto, não é tão unânime assim no Ocidente.
“Leis contra ‘insultar’ a religião, em países relativamente seguros e seculares, não são apenas análogas às leis de blasfêmia mais cruéis em qualquer lugar no mundo. Elas ajudam também a sustentar a norma global na qual o pensamento é policiado e punido”, escrevem os autores do estudo, Kacem El Ghazzali e Alber Saber.
Eles identificaram 55 países com leis antiblasfêmia ou contrárias a críticas ou “insultos” à religião. Em 39 deles, o réu pode ir em cana.
No Ocidente, seis nações receberam a segunda pior avaliação (“discriminação severa”) numa escala de cinco: Islândia, Dinamarca, Nova Zelândia, Polônia, Alemanha e Grécia. Todas elas permitem despachar “blasfemos” para a cadeia por até três anos.
E tem as sanções legais. A revista alemã “Titanic”, por exemplo, afundou num tribunal de Frankfurt após publicar a imagem de Jesus crucificado recebendo sexo oral de um clérigo –apologia aos escândalos sobre pedofilia na Igreja Católica.

E EU COM ISSO?
A tolerância no Brasil é tachada pelo relatório como “em sua maioria satisfatória” (segunda melhor avaliação).
Destaque: o artigo 5 da nossa Constituição, que garante liberdade de crença (ou não crença, no caso). Se há privações à liberdade de expressão no país, concluem os autores, ela é democrática em sua antidemocracia, sem pôr ateístas como alvo preferencial.
Daniel Sottomaior, 42, presidente da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, joga uma água nada benta nesse chope libertário.
Para ele, os intolerantes que aqui gorjeiam podem até não gorjear como lá, mas fazem barulho. Ele diz, por exemplo, que o ateísta sofre preconceito em vários estágios da vida, da bronca de professores na escola à rejeição em entrevistas de emprego.
Lembra, também, que qualquer político safo jamais ousaria duvidar da existência de Deus numa eleição, receoso do “milagre” da subtração de votos.
Inevitável lembrar da titubeada de Fernando Henrique Cardoso na corrida à Prefeitura de São Paulo em 1985. Declarações do tucano à época deram margem para que adversários colassem nele o rótulo de ateu maconheiro. Na reta final, melindres do eleitorado provavelmente custaram votos a FHC. Vitória de FHC.
“O político pode até ser mau caráter, mas sabe que se declarar ateu é sentença de morte”, diz o militante Daniel –que na internet já  ganhou apelidos como “o bispo Macedo do ateísmo”.
Outro caso destacado por ele: um garoto que se recusava a orar antes de jantar. “Os pais se encheram, e a mãe segurou suas mãos para rezar enquanto o pai batia nele”.
No Censo de 2010, 14,6 milhões de brasileiros disseram não ter uma religião. São o segundo maior grupo populacional, atrás apenas dos católicos –vale lembrar que evangélicos foram fracionados em várias denominações.

OS AUTORES DO RELATÓRIO
Kacem El Ghazzali é presidente da Associação de Ex-Muçulmanos na Suíça.
Alber Saber, um ateísta criado numa casa de cristãos coptas. Em 2012, ele lançou no Egito o filme “Inocência dos Muçulmanos”.
Como retaliação, o ativista de 27 anos foi tirado de casa por uma multidão enfurecida e, depois, agredido na prisão –um guarda havia anunciado seu “crime” na frente dos companheiros de cela. Após pagar fiança, ele foi liberado, fugiu do Egito e, hoje, vive escondido.

O QUE SERÁ, SERÁ
Descobri essa pesquisa (uma boa dica de Roberto Dias, editor de mídias digitais da Folha) no dia em que a “Time” divulgou o papa Francisco como personalidade de 2013, numa galeria que inclui de Adolf Hitler (1938) a Martin Luther King (1963).
Por acaso, horas depois, numa daquelas conversas de internet que viram baião-de-dois de léu com créu, um amigo lembrou da irônica autodefinição lançada pelo cineasta Luis Buñuel (1900-1983) em suas memórias, dois anos antes de morrer: “Sou ateu, graças a Deus”.
Não sou dessas que descarta a importância da religião “em pleno século 21″ –para lançar mão dessa expressão batida, de entrelinhas encharcadas com a ideia de que os tempos atuais são dos homens modernos, livres do suposto “ópio do povo”.
Pessoalmente, não vejo por que defender nem um mundo com nem um sem religiões.  Acredito que, em sociedades multiculturais, cada um que tire as medidas da própria carapuça.
Por isso abordo a descrença em Deus num blog batizado Religiosamente.
No post de apresentação, escrevo a quem talvez seja “católico, evangélico, espírita, muçulmano, judeu, budista, hinduísta, corintiano ou adorador de bacon torradinho na manteiga”.
Torço para que professar sua crença, ou a ausência dela, não signifique um auto-de-fé para ninguém. Que isso não se repita, vá lá, em pleno século 21. Graças a Deus, aos deuses, ao Mano Menezes ou à frigideira de teflon.



O acerto de contas

12/12/2013 

A corrupção é um fato corrosivo da vida. Especialmente a corrupção ao velho estilo. Mas uma coisa que é muito clara a respeito do Brasil é que a corrupção é completamente multipartidária e se estende muito além da classe política. Os corruptos, afinal, precisam daqueles que desejam alguma coisa do governo e que estão dispostos a pagar por ela.

Aqueles que se beneficiam dessas redes clandestinas de comissões, acordos especiais e favores políticos não são a vasta maioria da população brasileira. Os brasileiros comuns sofrem as consequências desses desvios na forma de edifícios precariamente construídos, transporte excessivamente caro e serviços públicos deficientes. E muitos brasileiros, especialmente os mais jovens, estão completamente cheios desse processo todo.

O índice mundial de percepção de corrupção para 2013, publicado na semana passada pela Transparência Internacional, compara abusos de poder, acordos clandestinos e subornos nos setores públicos de 177 países; o índice 0 indica um país altamente corrupto, e o índice 100 revela um país completamente íntegro. Nessa escala, o Brasil ocupa o 72º lugar, junto com a África do Sul.

Os outros países que integram os Brics se saem bem pior do que o Brasil. A China está em 80º lugar, a Índia em 94º e a Rússia em 127º.

Os países menos corruptos são a Dinamarca e a Nova Zelândia. A última posição do ranking, o 175º lugar, é dividida por Afeganistão, Coreia do Norte e Somália. O Brasil conseguiu pelo menos subir um posto em relação ao ranking de 2012.

Joe Leahy, do "Financial Times", reportou de São Paulo, nesta semana, sobre o Platinum Partners, um fundo de hedge de Nova York que está investindo em tentativas de recuperar os bilhões de dólares roubados no Brasil como resultado de fraudes.

No ano passado, um tribunal de Nova Jersey ordenou a restituição de US$ 10,5 milhões de contas vinculadas a Paulo Maluf, no que pode ter sido o primeiro sucesso brasileiro na recuperação internacional de dinheiro desviado por fraudes.

Penetrar as complicadas estruturas de companhias de fachada usadas para as fraudes pode ter custos judiciais elevados. Mas o advogado canadense Martin Kenney disse a Leahy que seu escritório estava a ponto de recuperar R$ 900 milhões em um caso brasileiro.
Será irônico se a lei, com seu alcance internacional, vier, por fim, a ser o instrumento da queda dos corruptos, algo que os políticos brasileiros, de todos os partidos, singularmente fracassaram em realizar.
Kenneth Maxwell é historiador britânico graduado em Cambridge (Reino Unido) com doutorado em Princeton (EUA).

Tradução de PAULO MIGLIACCI

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Os europeus empurram a Ucrânia para a Rússia

Valores não tradicionais da União Europeia e sua intervenção na soberania de seus países criam resistência para a adesão ucraniana

09 de dezembro de 2013

O Estado de S.Paulo
Tanto Rússia como Ucrânia consideram-se nações europeias e em ambas multidões defendem a adesão à União Europeia. Então, como a UE conseguiu que uma situação assim tão favorável se voltasse contra ela? Colocando as nações uma contra o outra e depois forçando a Ucrânia a escolher a Europa em detrimento da Rússia. Em vez de adotar uma estratégia que permitiria à Ucrânia se beneficiar dos seus vínculos com a Rússia, que poderia também servir para um estreitamento das relações entre Europa Ocidental e a Rússia, os negociadores europeus transformaram a associação com a UE num teste de lealdade.
Primeiramente, rejeitaram a sugestão da Ucrânia - à qual a Rússia inicialmente não fez objeção - de que a adesão à UE seria compatível com seu ingresso na União Alfandegária, precursora de uma União Eurasiana que reuniria antigos Estados soviéticos. Em segundo lugar, em vez de ressaltar valores que exaltariam a identidade eslava europeia da Ucrânia, a UE fomentou ativamente a noção de que a adesão era uma "escolha cultural". Como a maioria dos ucranianos considera a Rússia seu vizinho mais amigo, surpreende sua resistência?
Finalmente, os europeus cometeram o erro de ignorar diferenças nos valores religiosos e tradicionais. Parte importante da população cristã ucraniana temia que a UE impusesse um programa moral muito liberal ao sistema educacional e legal, incluindo valores não tradicionais, que muitos rejeitam. Porta-vozes da UE não se empenharam em aplacar tais temores e seu desdém sobre a questão criou uma bomba-relógio ameaçando os esforços de integração por toda a região. Em resumo, em vez de encarar essas negociações como uma parceria, a UE comportou-se mais como proprietária de um clube de golfe autorizando a Ucrânia a ser um caddy, mas jamais se tornar sócio. Não surpreende o fato de Yanukovich ter qualificado o processo como "humilhante" para seu país.
A lição mais importante desse fracasso da UE é a necessidade urgente de mudar a mentalidade de confronto que impulsionou a iniciativa. A resposta à decisão da Ucrânia de adiar o acordo revela que essa iniciativa nada mais é do que uma tentativa de afastar a Rússia da Europa e empurrar as fronteiras da UE para o leste.
Na verdade, essa falsa escolha aumenta o ímpeto no sentido da União Eurasiana - que respeita a herança cultural comum da era soviética, que ainda exerce uma atração importante em toda a região. Para estreitar ainda mais os vínculos, a Rússia já vem fornecendo uma assistência econômica à região muito maior do que qualquer medida que a UE estaria imaginando. Por outro lado, o objetivo final da União Europeia e da União Eurasiana é o mesmo: a formação de uma zona de livre comércio que se estenderá de Dublin a Vladivostok. A única diferença é que, devido ao seu porte, a União Eurasiana terá condições de negociar acordos com a União Europeia em condições muito mais vantajosas do que os Estados conseguiriam individualmente.
Críticos da União Eurasiana oferecem dois argumentos: como a Rússia dominará essa união, se tornará a nova encarnação da antiga URSS; e os benefícios comerciais negociados entre antigos Estados soviéticos inevitavelmente levarão à estagnação. Como a maior economia da região, a Rússia sempre será a força motriz da União Eurasiana.
Mas a noção de que a Rússia conseguirá recriar a URSS é ridícula. Primeiramente, a soberania é a pedra angular da União Eurasiana. E, de qualquer modo, as regras impostas pela União Europeia são muito mais intrusivas. Portanto, se algum grupo deve ser suspeito de ter aspirações que podem corroer a soberania é a União Europeia.
O argumento da estagnação econômica também é equivocado porque compara a União Europeia com a Rússia - e não à União Eurasiana no seu conjunto. Além disso, a Rússia integra o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), grupo que deterá economias dominantes no mundo em 2050. Esses críticos estão sugerindo ser do interesse da Ucrânia descartar a oportunidade de acesso a essas potências emergentes apenas porque isso também deve ampliar a relação com a Rússia. Defensores da União Eurasiana também têm argumentos importantes.
O contraste não poderia ser mais marcante. A União Europeia propõe o abandono de uma herança comum e a adoção de alternativas liberais impopulares. Propõe uma redução da autonomia legal e econômica nacional em troca da perspectiva efêmera de uma adesão, que ocorrerá daqui a décadas, e se ocorrer.
A União Eurasiana propõe uma união em torno de uma herança comum existente. Propõe a criação de parcerias econômicas para expandir os mercados e criar novas indústrias globalmente competitivas. Finalmente, busca a integração na economia global com base na força de mercado coletiva.
A questão delicada a ser respondida agora não é porque a Ucrânia não assinou o acordo de adesão à UE, mas, para começar, o que levou seus líderes a acharem que esta adesão seria uma boa ideia. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO - É PROFESSOR DE POLÍTICA DA UNIVERSIDADE DE RHODE ISLAND E PESQUISADOR DA  FULLBRIGHT NA UCRÂNIA

sábado, 7 de dezembro de 2013

OMC conclui primeiro acordo comercial global em quase 20 anos

07/12/2013

RAQUEL LANDIM
ENVIADA ESPECIAL A BALI (INDONÉSIA)


Os ministros de 159 países concluíram hoje o primeiro acordo comercial global em quase 20 anos na conferência realizada em Bali, na Indonésia. É um pacote modesto quando comparado com as ambições iniciais da Rodada Doha e abrange menos de 10% do que estava previsto. Ainda assim, representa um fôlego importante para a credibilidade da Organização Mundial de Comércio (OMC).
O acordo só foi fechado após uma maratona de quase seis dias de negociações, que se estendeu pelas madrugadas, conduzida pelo diretor geral da OMC, Roberto Azevêdo. Com três meses e meio no cargo, o brasileiro deu um novo ritmo para a entidade e viabilizou o acordo.
"Pela primeira vez na história, a OMC entregou. Estamos de volta", disse Azevêdo, que fez um discurso emocionado na cerimônia de encerramento e foi aplaudido por todos os presentes.
Esse é o primeiro acordo da história da OMC, que foi criada em 2001, substituindo o antigo Acordo Geral de Tarifas e Comércio (Gatt, da sigla em inglês). O último acordo comercial global foi a Rodada Uruguai, concluída em 1994. A OMC está sob forte pressão, enfrentando a concorrência dos mega acordos regionais em negociação pelos Estados Unidos com a União Europeia e com os países da Ásia.
O pacote de Bali contém dez textos, divididos em três grandes temas: desburocratização do comércio, agricultura e promoção do desenvolvimento dos países pobres. De acordo com a Câmara Internacional de Comércio, o acordo pode gerar um incremento do comércio global de US$ 1 trilhão, reduzindo entre 10% e 15% os custos de transação entre as empresas, e pode criar 21 milhões de empregos no planeta.

Busca de consenso

Cuba, com apoio de Venezuela, Bolívia e Nicarágua, quase colocou tudo a perder ao insistir que não era possível discutir facilitação do comércio global enquanto os Estados Unidos mantém o embargo contra o país. Na OMC, os acordos só são aprovados por consenso e um país pode bloquear tudo. Mas, após atrair as atenções e enfrentar de frente os EUA, Cuba acabou cedendo.
es e não poderia "abandonar" 600 milhões de pequenos produtores rurais que dependem da compra de arroz e grãos pelo Estado. Já os EUA queriam garantias que os programas não se tornariam um "cheque em branco" para subsidiar.
Os indianos, que resistiram às pressões internacionais, venceram o embate com os americanos. A cláusula de paz --uma espécie de "trégua" para que os programas de segurança alimentar já existentes das nações em desenvolvimento não sejam questionados na OMC --vai durar até que os países cheguem a uma solução permanente, que será negociada nos próximos quatro anos. Os EUA, no entanto, conseguiram outras vitórias, como um compromisso vinculante dos países em desenvolvimento em adotar as medidas para facilitar o comércio.
O pacote de Bali, no entanto, representa um retrocesso importante num dos temas mais sensíveis: subsídios à exportação agrícola. Em Hong Kong, em 2005, os membros da OMC tinham acertado eliminar esses subsídios até o fim de 2013, o que não ocorreu. Dessa vez, o máximo que conseguiram foi uma declaração política se comprometendo, novamente, a acabar com essa distorção, mas sem data definida.
Outro ponto importante do pacote agrícola, que favorece o Brasil, é a melhora na administração das cotas de importação de alimentos dos países ricos.
"O acordo de Bali reforçou o sistema multilateral e deu destaque novamente para temas de nosso interesse como agricultura", disse Luiz Alberto Figueiredo, ministro de Relações Exteriores do Brasil.
Os países também se comprometeram a estabelecer uma agenda de trabalho sobre a Rodada Doha dentro de 12 meses. Nas futuras negociações em Genebra, terão que definir como retomar o restante da Rodada e quais temas serão discutidos.
"O pacote de Bali cria oportunidades, mas temos que traduzir isso em mudanças concretas", disse o comissário europeu de Comércio, Karel De Gutch.

Edgar Su/Reuters

                            Brasileiro Roberto Azevêdo, diretor-geral da OMC, emociona-se após órgão concluir primeiro acordo global em quase 20 anos
Brasileiro Roberto Azevêdo, diretor-geral da OMC, faz discurso emocionado após o 1º acordo global em quase 20 anos

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul e Nobel da Paz, morre aos 95 anos

Toda a vida e carreira se fundem com a história da África do Sul

Maior ícone da luta contra o apartheid, ele ganhou o Nobel da Paz em 1993 e foi eleito o primeiro presidente negro da África do Sul

Nelson Rolihlahla Mandela
18/7/1918, Mvezo (África do Sul) - 5/12/2013, Pretória (África do Sul)

Pertencente à etnia Xhosa, foi um dos poucos membros da família Mandela que pôde frequentar a escola. Sua educação primária se deu em um projeto missionário local, onde recebeu o nome americano “Nelson”. Seus pais eram membros da classe aristocrática de Thembu, cujo prestígio havia se desgastado após a colonização britânica. Mandela perdeu o pai cedo, em 1927. Continuou os estudos no Instituto Clarkebury, onde aprofundou seus conhecimentos sobre a cultura e o pensamento ocidentais. Ingressou na Universidade de Fort Hare, onde conheceu um de seus grandes amigos, Oliver Tambo. Nessa instituição, foi eleito representante do conselho dos estudantes e começou a participar do movimento estudantil.

Foi expulso da Universidade após atuar em protestos contra políticas administrativas. Em 1942, contudo, bacharelou-se em direito pela Universidade da África do Sul. Em 1944, fundou a Liga Jovem do Congresso Nacional Africano (CNA) ao lado de Oliver Tambo e outros, tendo organizado greves e boicotes contra a ordem social racista que predominava na África do Sul. Em 1948, entrou em vigor o regime de apartheid, no qual negros e brancos eram meticulosamente discriminados na lei, tendo direitos desiguais e sendo obrigados a ocupar espaços diferentes.

Entre 1951 e 1952, Mandela foi presidente da Liga Jovem do Conselho Nacional Africano, Entre 1956 e 1961 foi processado por traição diversas vezes. Em 1958, casou-se com Winifred Nomzano. Dois anos depois, após um massacre ocorrido em Sharpeville, no qual a polícia atirou contra centenas de manifestantes negros que questionavam os privilégios dos brancos, o Congresso Nacional Africano foi colocado na ilegalidade pelo governo. Na mesma época, Mandela ajudou a fundar uma entidade clandestina armada do CNA, A Umkhonto we Sizwe.

Em 1962, foi condenado à prisão pelo crime de sedição. Sua pena seria de cinco anos de reclusão e trabalhos forçados. Em 1963, após a prisão de vários membros da Umkhonto we Sizwe, Mandela foi novamente julgado e acusado de tramar a derrubada do governo. No dia 12 de junho de 1964, o ativista foi condenado à prisão perpétua ao lado de muitos outros líderes anti-apartheid. Entre 1964 e 1982, foi mantido na prisão da Ilha Robben e na prisão de Pollsmoor. Nos anos em que esteve na cadeia, o prestígio de Mandela cresceu consideravelmente, e o ativista foi  representado como um dos principais líderes negros contrários ao apartheid. O movimento de resistência contra o regime racista da África do Sul não arrefeceu.

Em 1985, o presidente P. W. Botha ofereceu a liberdade a Mandela sob a condição de que ele rejeitasse a luta pela resistência, proposta que foi imediatamente rejeitada. Em 1989, o presidente Frederik de Klerk começou a realizar articulações pela soltura do líder sul-africano, que ocorreu em 1990. No ano seguinte, o CNA foi legalizado e realizou sua primeira conferência desde as perseguições da década de 1960, tendo Mandela sido eleito presidente do Congresso. Na mesma época, proferiu um discurso no Congresso dos Estados Unidos, no qual condenou a discriminação racial. Em 1993, dividiu o prêmio Nobel da Paz com o presidente Klerk, como resultado de suas ações contra o apartheid.

Em 1994, os negros sul-africanos adquiriram vários direitos que lhes eram vedados, inclusive o de voto igual ao dos brancos, episódio que é normalmente considerado como o fim formal do apartheid. No pleito de 1994, Mandela foi eleito presidente da África do Sul, e em seu discurso de posse declarou ser “o primeiro presidente de um governo sul-africano unido, democrático, não racista e não sexista”. O governo Mandela foi caracterizado por políticas anti-discriminatórias e de seguridade social, embora tenha sido bastante criticado por sua débil política de contenção à AIDS. Em 1999, Mandela deixou o governo, sendo sucedido por Thabo Mbeki. Ajudou a fundar três instituições em seu nome, a “Fundação Nelson Mandela”, o “Fundo Nelson Mandela para Crianças” e a “Fundação Mandela-Rhodes”. Em 1998, casou-se com Graça Machel.

domingo, 1 de dezembro de 2013

'Che acharia a esquerda de hoje superficial'

Em visita ao Brasil, biógrafo americano critica pragmatismo de governos latino-americanos e vê 'desastre' na Venezuela

01 de dezembro de 2013 
ADRIANA CARRANCA - O Estado de S.Paulo
Jon Lee Anderson, jornalista da revista New Yorker, biógrafo de Che Guevara e autor dos mais completos perfis de líderes latino-americanos como o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez e o ditador chileno Augusto Pinochet, acredita que, se estivesse vivo, Che Guevara veria os governos de esquerda na América Latina como "um bando de superficiais".
"Dilma (Rousseff), Brasil... Isso não é governo de esquerda, isso é outra coisa, é desenvolvimentismo! Velar, finalmente, pelos 40 milhões de cidadãos mais miseráveis que vivem na merda em seus casebres e entregar a eles R$ 100 mensais não faz de você um governo de esquerda. Isso é pragmatismo puro!", diz.
Lee Anderson também não poupa o Brasil de sua crítica afiada sobre a censura a biografias (mais informações nesta página). Para escrever Che Guevara - Uma biografia, lançada em 1997, ele se mudou com a mulher e os três filhos para Cuba por três anos, parte dos quais escreveu à frente da mesma escrivaninha usada pelo revolucionário marxista, cercado por seus livros e anotações no escritório da casa onde Che viveu com sua segunda mulher, a cubana Aleida March.
O jornalista americano esteve no Rio para ministrar uma oficina de reportagem promovida pela Fundação Gabriel García Márquez para o Novo Jornalismo Ibero-americano, em parceria com as revistas Piauí e Serrote e o Instituto Moreira Salles.
Se Che Guevara acordasse hoje, o que ele acharia da esquerda na América Latina?
O Che diria que são um bando de superficiais. Como figura pública, ele os defenderia, porque os veria como a única possibilidade de manter viva a esquerda na América Latina, mas em particular, estou seguro de que seria um crítico severo desses regimes, que não são verdadeiramente de esquerda. São matutos, corruptos que ostentam ser de esquerda. Argentina, Brasil, Nicarágua, Equador... Parecem-me bem pragmáticos. Correa (Rafael, presidente do Equador), entregou o Yasuní aos chineses (o governo autorizou a exploração de três blocos de petróleo sobre o Parque Nacional de Yasuní, decisão ligada à dívida de US$ 10 bilhões que tem com a China). Talvez a Bolívia seja uma exceção porque lá a esquerda não era só uma questão de economia, mas de reivindicação histórica. Então, Che veria que finalmente o país mais indígena da América Latina tem um presidente indígena e isso seria de grande orgulho para ele. Ele seria um amigo da Bolívia, ainda que em particular pudesse ter reservas sobre aspectos desse período mais pragmático.
Como veria as mudanças que o regime de Raul Castro está fazendo em Cuba?
Che tinha a cidadania cubana e estava relacionado com a revolução, então, se manteria firme ao lado de Cuba, embora olhasse com horror a abertura inevitável que estão dando agora e a volta ao capitalismo. Ele veria isso como um fracasso. Em 1964, ele prognosticou que a União Soviética colapsaria porque não tinha assumido um socialismo verdadeiro como ocorreu em Cuba. Então, internamente, seria um crítico das mudanças de Castro, mas publicamente manteria o apoio ao país porque ainda tem um simbolismo frente ao capitalismo. E estaria orgulhoso por Cuba continuar firme ainda que de maneira simbólica como vestígio de algo que poderia se relançar.
E o que diria sobre a esquerda no Brasil?
Dilma (Rousseff), Brasil... Isso não é governo de esquerda, isso é outra coisa, é desenvolvimentismo! Velar, finalmente, pelos 40 milhões de cidadãos mais miseráveis que vivem na merda em seus casebres e entregar a eles R$ 100 mensais não faz de você um governo de esquerda. Isso é pragmatismo puro! Um país que deu terras indígenas para criação ilegal de gado em favor dos pecuaristas... Isso é esquerda? Não.
O sr. fez um dos mais completos perfis de Hugo Chávez. Como vê o seu legado?
Chávez tinha boas intenções. Tentou governar para os pobres. Encarnava a revolução bolivariana. Mas teve 14 anos para construir seus ideais e não conseguiu fazer as reformas sociais e econômicas que queria. Seu carisma era fascinante. Quando vivo, havia sinais de que não ia bem, mas as pessoas gostavam dele. No rastro de sua morte, porém, não há mais nada. Ele deixou para trás uma base militante e um país de um só partido altamente corrupto. Maduro é claramente inapto e incompetente. Está basicamente tentando evitar que o barco afunde. Não fosse um país com petróleo, haveria sangue nas ruas agora. É um desastre.

Apenas 54% dos jovens de 15 a 17 anos frequentam o ensino médio

Na faixa etária de 4 a 5 anos, 22% das crianças ainda precisam ser levadas à escola para universalização da educação

29 de novembro de 2013

Luciana Nunes Leal - O Estado de S. Paulo
RIO - O Brasil terá de melhorar o desempenho para atingir a meta do Plano Nacional de Educação no ensino médio. Apenas 54% dos jovens de 15 a 17 anos estão matriculados na última etapa da educação básica, e o objetivo é chegar a 85% até 2020. A redução da proporção de jovens que não estudam também é lenta: entre 2002 e 2012, caiu de 18,5% para 15,8%. Os dados fazem parte da Síntese de Indicadores Sociais, divulgada pelo IBGE nesta sexta-feira, 29 .
A proporção de crianças de 4 e 5 anos que estudam também está longe do considerado ideal pelo governo. Ela subiu que 56,7% para 78,2% em dez anos (entre 2002 e 2012), mas a meta é universalizar a educação nesta faixa etária até 2016. Ainda há quase 22% de crianças para serem levadas à escola.
Na faixa de até três anos de idade, 21,2% das crianças estão nas creches e escolas. O Brasil tem que chegar a 50% até 2020.
Os dados mostram que também será necessário melhorar as condições das escolas públicas. Os indicadores sociais apontam que menos da metade (47,2%) dos alunos matriculados na pré-escola, na rede pública, frequentam estabelecimentos com parque infantil, proporção que sobe para 85,5% na rede particular.

País tem 9,6 mi de jovens de 15 a 29 anos que não estudam nem trabalham

A chamada 'geração nem-nem' é formada principalmente por mulheres, muitas com filhos, segundo estudo do IBGE

29 de novembro de 2013
Luciana Nunes Leal - O Estado de S. Paulo
RIO - Uma população de 9,6 milhões de jovens de 15 a 29 anos que não estuda nem trabalha, formada principalmente por mulheres, muitas delas com filhos, é motivo de preocupação quando se estudam as condições de vida dos brasileiros, mostra estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado nesta sexta-feira, 29. A Síntese de Indicadores Sociais 2013, com dados de 2012, mostra que um em cada cinco brasileiros (19,6%) nesta faixa etária não trabalhava nem frequentava escola. Na faixa de 18 a 24 anos, o índice é ainda mais preocupante, de quase um quarto (23,4%). "Não significa que são encostados ou que são um bando, mas é um fator preocupante, porque não é possível que pessoas desta idade não estudem nem trabalhem", diz a técnica do IBGE Ana Saboia.