sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul e Nobel da Paz, morre aos 95 anos

Toda a vida e carreira se fundem com a história da África do Sul

Maior ícone da luta contra o apartheid, ele ganhou o Nobel da Paz em 1993 e foi eleito o primeiro presidente negro da África do Sul

Nelson Rolihlahla Mandela
18/7/1918, Mvezo (África do Sul) - 5/12/2013, Pretória (África do Sul)

Pertencente à etnia Xhosa, foi um dos poucos membros da família Mandela que pôde frequentar a escola. Sua educação primária se deu em um projeto missionário local, onde recebeu o nome americano “Nelson”. Seus pais eram membros da classe aristocrática de Thembu, cujo prestígio havia se desgastado após a colonização britânica. Mandela perdeu o pai cedo, em 1927. Continuou os estudos no Instituto Clarkebury, onde aprofundou seus conhecimentos sobre a cultura e o pensamento ocidentais. Ingressou na Universidade de Fort Hare, onde conheceu um de seus grandes amigos, Oliver Tambo. Nessa instituição, foi eleito representante do conselho dos estudantes e começou a participar do movimento estudantil.

Foi expulso da Universidade após atuar em protestos contra políticas administrativas. Em 1942, contudo, bacharelou-se em direito pela Universidade da África do Sul. Em 1944, fundou a Liga Jovem do Congresso Nacional Africano (CNA) ao lado de Oliver Tambo e outros, tendo organizado greves e boicotes contra a ordem social racista que predominava na África do Sul. Em 1948, entrou em vigor o regime de apartheid, no qual negros e brancos eram meticulosamente discriminados na lei, tendo direitos desiguais e sendo obrigados a ocupar espaços diferentes.

Entre 1951 e 1952, Mandela foi presidente da Liga Jovem do Conselho Nacional Africano, Entre 1956 e 1961 foi processado por traição diversas vezes. Em 1958, casou-se com Winifred Nomzano. Dois anos depois, após um massacre ocorrido em Sharpeville, no qual a polícia atirou contra centenas de manifestantes negros que questionavam os privilégios dos brancos, o Congresso Nacional Africano foi colocado na ilegalidade pelo governo. Na mesma época, Mandela ajudou a fundar uma entidade clandestina armada do CNA, A Umkhonto we Sizwe.

Em 1962, foi condenado à prisão pelo crime de sedição. Sua pena seria de cinco anos de reclusão e trabalhos forçados. Em 1963, após a prisão de vários membros da Umkhonto we Sizwe, Mandela foi novamente julgado e acusado de tramar a derrubada do governo. No dia 12 de junho de 1964, o ativista foi condenado à prisão perpétua ao lado de muitos outros líderes anti-apartheid. Entre 1964 e 1982, foi mantido na prisão da Ilha Robben e na prisão de Pollsmoor. Nos anos em que esteve na cadeia, o prestígio de Mandela cresceu consideravelmente, e o ativista foi  representado como um dos principais líderes negros contrários ao apartheid. O movimento de resistência contra o regime racista da África do Sul não arrefeceu.

Em 1985, o presidente P. W. Botha ofereceu a liberdade a Mandela sob a condição de que ele rejeitasse a luta pela resistência, proposta que foi imediatamente rejeitada. Em 1989, o presidente Frederik de Klerk começou a realizar articulações pela soltura do líder sul-africano, que ocorreu em 1990. No ano seguinte, o CNA foi legalizado e realizou sua primeira conferência desde as perseguições da década de 1960, tendo Mandela sido eleito presidente do Congresso. Na mesma época, proferiu um discurso no Congresso dos Estados Unidos, no qual condenou a discriminação racial. Em 1993, dividiu o prêmio Nobel da Paz com o presidente Klerk, como resultado de suas ações contra o apartheid.

Em 1994, os negros sul-africanos adquiriram vários direitos que lhes eram vedados, inclusive o de voto igual ao dos brancos, episódio que é normalmente considerado como o fim formal do apartheid. No pleito de 1994, Mandela foi eleito presidente da África do Sul, e em seu discurso de posse declarou ser “o primeiro presidente de um governo sul-africano unido, democrático, não racista e não sexista”. O governo Mandela foi caracterizado por políticas anti-discriminatórias e de seguridade social, embora tenha sido bastante criticado por sua débil política de contenção à AIDS. Em 1999, Mandela deixou o governo, sendo sucedido por Thabo Mbeki. Ajudou a fundar três instituições em seu nome, a “Fundação Nelson Mandela”, o “Fundo Nelson Mandela para Crianças” e a “Fundação Mandela-Rhodes”. Em 1998, casou-se com Graça Machel.

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