domingo, 30 de junho de 2013

A vez do povo desorganizado

30/06/2013

Ferreira Gullar

As manifestações de protesto ocorridas nas últimas semanas em numerosas cidades brasileiras são, sem sombra de dúvida, um fenômeno novo na vida política do país, nos últimos 20 anos.
Causou surpresa a muita gente --inclusive a mim-- que o aumento de R$ 0,20 nas tarifas de transporte urbano tenha provocado tamanha revolta e mobilizado tanta gente.
É que essas manifestações traziam consigo outras motivações que não se revelaram no primeiro momento. Logo pôde-se ver que o aumento das tarifas foi apenas o detonador de um descontentamento maior que põe em questão o próprio sistema político que nos governa.
Ouvi e li opiniões segundo as quais trata-se de um fenômeno internacional, uma vez que, em vários países, protestos populares têm se repetido com frequência. Trata-se, creio eu, de uma opinião equivocada, já que as razões desses protestos são diferentes de país para país. O que há de comum neles é a influência das redes sociais, que possibilitam mobilizações em tal escala.
No caso do Brasil, por exemplo, está evidente que a revolta é contra os políticos em geral, sejam de que partidos forem, pertençam ao governo ou à oposição. Isso se tornou evidente em diversos momentos quando militantes deste ou daquele partido tentaram se manifestar: foram vaiados e até espancados. Foi o caso do PT que, oportunista como sempre, tentou tirar vantagem da situação e se deu mal.
Mas de onde vem esse horror aos políticos? A resposta é óbvia: eles se tornaram uma casta que se apropriou da máquina do Estado em seu próprio benefício.
Essa máquina, que é mantida com o dinheiro de impostos escorchantes, eles usam para empregar seus parentes e companheiros de partido, para enriquecer a si e a seus familiares, manipulando licitações e contratos de obras públicas --e usam isso, sobretudo, para se manter no poder.
Essa situação tornou-se particularmente insuportável depois que Lula assumiu o governo e pôs em prática uma política populista que veio agravar ainda mais aqueles fatores negativos da vida política brasileira. Quem nele acreditava viu, decepcionado, que ele ignorou os compromissos éticos assumidos e aliou-se a figuras como Maluf e o bispo Macedo --sem falar na compra, com dinheiro público, de partidos corruptos.
Essa aliança, com o submundo político, de um líder que surgiu como uma esperança de renovação, só poderia conduzir as pessoas em geral --e particularmente os que confiaram nele-- à desesperança total quanto ao futuro da nação.
O mais grave é que, somando-se isso à política assistencialista que adotou, tornou-se eleitoralmente imbatível. Assim, sem outra saída, os inconformados foram para as ruas. Nessa rejeição ao poder constituído e aos políticos em geral, o povo descontente pode não saber ainda por onde vai, mas sabe por onde não vai.
Não por acaso, a maioria desses manifestantes é de classe média. Não foram os pobres dos subúrbios que vieram para as ruas protestar, pois recebem Bolsa Família e melhoraram de vida. Quem está insatisfeita e revoltada é a parte da sociedade que só perdeu com o populismo lulista, uma vez que o dinheiro público, em lugar de ser investido em hospitais, escolas e serviços públicos, foi e é usado em programas assistencialistas e demagógicos.
Por outro lado, o lulismo cooptou as entidades representativas dos trabalhadores e dos estudantes (a CUT e a UNE), que, contrariamente a suas origens e à sua história, agora impedem manifestações contrárias ao governo. Desse modo, tanto os trabalhadores quanto os estudantes não têm quem os represente na luta por suas reivindicações.
Por isso, meses atrás, afirmei nesta coluna que a única solução possível seria o povo desorganizado ir para as ruas, já que não conta com as organizações que deveriam representá-lo. É o que acontece agora: o povo desorganizado está nas ruas. Desmascarada, a CUT tentou juntar-se aos manifestantes, mas foi repelida por eles.
Sem alternativa, a presidente Dilma promoveu uma reunião com governadores e prefeitos para aparecer como porta-voz dos inconformados, e propôs medidas que não se sabe quando nem se serão mesmo postas em prática.

Trabalhando com fotos

TRISTE REALIDADE
Foto: O retrato da Copa: antes de uma partida da seleção brasileira, em Fortaleza, torcedores sequer notam uma mulher dentro de uma lixeira no caminho do estádio. 

A imagem resume o profundo abismo social existente no nosso país, onde temos muito circo e pouco pão. 

"Esse é o legado que a Copa das Confederações deixa para algumas pessoas, uma cena humilhante", escreveu o fotógrafo no seu perfil.

Foto: Edimar Soares

Diego Vieira
O retrato da Copa: antes de uma partida da seleção brasileira, em Fortaleza, torcedores sequer notam uma mulher dentro de uma lixeira no caminho do estádio. 

A imagem resume o profundo abismo social existente no nosso país, onde temos muito circo e pouco pão.

"Esse é o legado que a Copa das Confederações deixa para algumas pessoas, uma cena humilhante", escreveu o fotógrafo no seu perfil.

Foto: Edimar Soares

Diego Vieira

sexta-feira, 28 de junho de 2013

AS RESPOSTAS AS RUAS FORAM DESTAQUE DA SEMANA

Enviado por Míriam Leitão e Valéria Maniero - 
28.6.2013
As respostas às ruas – A primeira reação das autoridades aos protestos que tomaram as ruas do país foi a redução dos preços das passagens. Essa foi a primeira das conquistas. Mas não adianta também só suspender o aumento, é preciso explicar melhor como as tarifas são calculadas, ter mais transparência.
A mais importante das vitórias, até agora, foi a derrubada da PEC 37, que limitava o poder de investigação do Ministério Público. Se não fossem as manifestações, ela provavelmente teria sido aprovada na Câmara, porque tinha muita gente a favor.
Outras instituições também reagiram às manifestações: o Supremo, por exemplo, mandou prender o deputado Natan Donado, condenado a mais de 13 anos de prisão por formação de quadrilha e desvio de dinheiro da Assembleia Legislativa de Rondônia. O Senado votou projeto que transforma a corrupção em crime hediondo, a Câmara aprovou projeto que destina 75% dos royalties do petróleo à educação e 15% para a saúde. É preciso entender melhor esse ponto porque a história é muito confusa.
A presidente Dilma, por sua vez, propôs um plebiscito para decidir se deve haver uma constituinte exclusiva para fazer a reforma política, mas no dia seguinte voltou atrás, após receber muitas críticas de todos os lados. Agora, o governo quer um plebiscito para orientar uma proposta de reforma política a ser feita pelo Congresso. A oposição teve a ideia do referendo, que também não é boa.
Reunida com os governadores, a presidente Dilma propôs um pacto fiscal, mas faltou dizer o que o governo federal pensa em fazer em relação às suas contas, que andam confusas. Na área de transporte, disse que investirá R$ 50 bi em mobilidade urbana; não explicou, porém, de onde viria esse dinheiro. Olhando o orçamento, em 12 anos, o país investiu apenas R$ 1,1 bi nessa área, 19% do que estava previsto, segundo cálculos do site Contas Abertas. A presidente anunciou ainda a desoneração do óleo diesel, que também não resolve.
A ida do ministro Mantega ao Congresso foi tensa. Ele disse que o superávit primário de 2,3% será alcançado.
BC mais pessimista – No relatório de inflação divulgado ontem, o BC revisou para pior suas previsões. A autoridade monetária acha que o PIB crescerá menos este ano, 2,7%, abaixo dos 3,1% estimados no relatório anterior, e a inflação ficará mais alta. Antes, estimava que o IPCA ficaria em 5,7% em 2013, mas agora já considera 6%.
Se o BC estiver certo, a inflação de 2013 será mais alta do que a de 2012 (5,84%), ao contrário do que se imaginava. E no ano que vem, o BC prevê que pode fechar em 5,4%, acima dos 5,3% previstos anteriormente. Ou seja, teria ficado acima do centro da meta (4,5%) em todo o governo da presidente Dilma. O BC considera que não voltará a esse patamar nem no primeiro trimestre de 2015.
IGP-M acelera – A inflação medida pelo IGP-M pulou para 0,75% em junho, depois de ter ficado estável em maio. A valorização do dólar pesou nos preços dos alimentos no atacado, que deixaram a deflação para trás e aumentaram 1%. Em 12 meses, o índice acumula alta de 6,31%.
Contas pública piores – As receitas crescem a um ritmo de 7,3% , enquanto as despesas avançam em velocidade maior, 12,8%. Os gastos com pessoal e encargos sociais aumentaram 7%; as despesas de custeio, 23,5%; as da Previdência Social, 14%, mas os investimento, só 2,3%. É o que mostram os resultados do governo central divulgados esta semana referentes ao período de janeiro a maio deste ano. 
Mudança no IPI para linha branca e móveis – O ministro Guido Mantega divulgou ontem mudança na cobrança do IPI da linha branca e de móveis. Em alguns casos, terá aumento; em outros, ficará baixo, enquanto o de alguns subirão, mas não voltará aos níveis anteriores. O ruim é que o governo continua com essa política de varejo de reduções pontuais do IPI, em vez de pensar em uma medida mais ampla.
Bolsas caem e dólar sobe – Há muita dúvida sobre o cenário internacional. Na China, houve uma disparada do interbancário; o risco está relacionado ao aumento da inadimplência. O uso do crédito foi incentivado e agora, há boato de crise na China.
Na Europa, correntista também vai ajudar no socorro aos bancos - Agora é oficial. Os ministros de Finanças dos 27 países da zona do euro decidiram que os correntistas com mais de 100 mil euros na conta também vão pagar parte na conta, em caso de falência de bancos. As regras em vigor até 2018.
EUA cresceram menos no 1º trimestre – Com a revisão dos dados, soube-se que a economia americana cresceu 1,8% (taxa anualizada), e não 2,4%, como divulgado anteriormente. Apesar de ser um ritmo de crescimento menor, os analistas dizem que a economia americana está se recuperando.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

China e Coreia do Sul decidem pressionar Norte sobre questão nuclear

Presidentes Xi Jinping e Park Geun-hye se mostram empenhados em apoiar sanções econômicas mais rigorosas

27 de junho de 2013
O Estado de S. Paulo
PEQUIM - O presidente chinês, Xi Jinping, recebeu nesta quinta-feira, 27, sua homóloga sul-coreana, Park Geun-hye, considerada uma "velha amiga da China", e concordou em pressionar a Coreia do Norte a aceitar novas negociações sobre a questão nuclear.
Park e Xi Jinping decidem pressionar Coreia do Norte - Wangzhao/EfeWangzhao/Efe   
 Park e Xi Jinping decidem pressionar Coreia do Norte
Os dois assumiram seus cargos neste ano e se mostram empenhados em conter o programa nuclear norte-coreano, inclusive apoiando sanções econômicas mais rigorosas contra o país, tradicional aliado de Pequim. "Os dois líderes partilharam uma visão comum sobre a desnuclearização da Coreia do Norte, a manutenção da paz e da estabilidade na península da Coreia e a resolução das questões por meio do diálogo e das negociações", disse a Presidência sul-coreana em nota.
A China apoiou o Norte na Guerra da Coreia (1950-53) e depois prestou, durante décadas, uma vital ajuda econômica e diplomática ao país. Mas Pequim nos últimos anos vem adotando uma postura mais rígida contra o regime de Pyongyang, que já fez três testes com armas nucleares desde 2006.
O governo chinês adotou várias sanções contra o Norte para forçar o país a negociar, incluindo, neste ano, restrições à atividade de bancos norte-coreanos na China. Em abril, Xi disse em um fórum internacional que nenhum país "deve ter o poder de atirar a região e até o mundo todo no caos por causa de ganhos egoístas". Ele não citou nominalmente a Coreia do Norte, mas a declaração foi feita no momento de maior tensão na região em várias décadas, quando Pyongyang fazia ameaças diárias de ataques contra a Coreia do Sul e os EUA.
Do ponto de vista comercial, a China tem muito mais a ganhar aproximando-se da Coreia do Sul, com a qual tem um comércio bilateral anual de US$ 215 bilhões. Com a Coreia do Norte, o comércio é de apenas US$ 6 bilhões por ano./ REUTERS



terça-feira, 25 de junho de 2013

Quanto custa um parlamentar: deputado e senador

Cada senador custa mais de R$ 33 milhões por ano aos cofres públicos

Levantamento da ONG Transparência Brasil sobre os orçamentos da União, dos estados e municípios revela que o Senado é a Casa legislativa que tem o orçamento mais confortável por legislador: seus R$ 2,7 bilhões anuais correspondem a R$ 33,4 milhões para cada um dos 81 senadores. 
Na Câmara dos Deputados, a razão é de R$ 6,6 milhões para cada um dos 513 deputados federais, segundo a ONG. Dentre as assembléias legislativas, o maior orçamento por legislador é o da Câmara Legislativa do Distrito Federal: equivale a R$ 9,8 milhões para cada um dos 24 deputados distritais. O DF não tem Câmara de Vereadores. 
O mais exíguo é o de Tocantins: pouco mais de R$ 2 milhões para cada um dos 24 deputados.
Nas câmaras municipais, a mais rica é a do Rio: seu orçamento equivale a R$ 5,9 milhões para cada um dos 50 vereadores. No outro extremo, em Rio Branco (AC), a provisão para 2007 equivale a R$ 715,3 mil para cada um dos 14 vereadores. 
Custo por habitanteA Câmara dos Deputados custa R$ 18,14 por ano para cada brasileiro, enquanto o Senado sai por R$ 14,48. Entre os estados, a assembléia legislativa mais cara por habitante é a de Roraima (R$ 145,19), e a mais barata, a de São Paulo (R$ 10,63).
Entre as capitais de estados, a câmara de vereadores mais cara por habitante é a de Palmas (TO), que custa anualmente R$ 83,10 para cada morador da cidade. A mais barata é a de Belém (PA), com R$ 21,09 por ano.
A fatia do Orçamento da União destinada ao Congresso Nacional (R$ 6,1 bilhões) chega perto de equivaler à soma do Orçamento destinado ao legislativo em todos os estados e capitais do país (R$ 6,4 bilhões).
O montante orçamentário por parlamentar do Congresso (deputados federais e senadores) é mais do que o dobro do que custam os deputados estaduais, que por sua vez custam acima do dobro dos vereadores das capitais.
O estudo revela que as três esferas do legislativo custam em média R$ 117,42 por habitante nas capitais brasileiras e que o trabalho legislativo é mais caro para habitantes de capitais menos habitadas - geralmente, as mais pobres.
Enquanto em Boa Vista (RR) cada habitante paga R$ 224,82 anuais pelos serviços associados ao trabalho de seus representantes eleitos nas três esferas, em São Paulo o custo é de R$ 68,51 por habitante.
Em Boa Vista, o gasto total com o legislativo (federal, estadual e municipal) representa 4,7% do PIB per capita. No outro extremo, em Vitória (ES), o gasto total de cada habitante com o legislativo representa 0,4%. 
Em cinco estados - Alagoas, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Sergipe e Tocantins - e doze capitais os dados orçamentários não estavam disponíveis na internet. Em três casos, nem o orçamento estadual e nem o da capital estavam na internet: Rio, Tocantins e Sergipe. 
Quanto custa um senador e um deputadoVeja quanto os senadores e deputados podem gastar e quanto recebem.
Senadores 
Subsídio mensal R$ 16.512,09. Além dos 12 salários por ano e do 13º, cada senador recebe o mesmo valor no início e no final de cada sessão legislativa, ou seja, 14º e 15º salários.
Funcionários Ao contrário da Câmara, onde existe a verba de gabinete (R$ 60 mil a partir deste mês) para o deputado contratar seus assessores, é o Senado que contrata diretamente o pessoal do gabinete dos senadores. Cada gabinete tem direito à contratação de 11 profissionais, sendo seis assessores parlamentares e cinco secretários parlamentares.
Um assessor parlamentar ganha R$ 8 mil brutos e um secretário, 85% desse valor. Com isso, o total de gastos com funcionários pode chegar a R$ 54 mil. Os cargos podem ser desmembrados, desde que não seja ultrapassado o valor originalmente designado para os 11 funcionários.
Verba IndenizatóriaR$ 15 mil. Recursos para uso em gastos nos estados, com aluguel, gasolina, alimentação. O parlamentar tem que apresentar nota fiscal com os gastos e, se não usar toda a verba num determinado mês, acumula para o seguinte. Passado um semestre, ele não tem mais direito de usar o acumulado.
Auxílio-moradiaR$ 3.800. Têm direito os senadores que não moram em apartamentos funcionais. O parlamentar tem que comprovar o gasto, apresentando notas de hotéis ou de imóveis que tenha alugado em Brasília.
Cota postal A cota postal varia segundo o número de eleitores do estado. O senador do estado menos populoso (AP), em termos de número de eleitores, tem direito a uma cota de R$ 4 mil/mês. Um senador do estado mais populoso (SP) tem direito a usar até R$ 60 mil/mês. O pagamento da postagem é feito diretamente pelo Senado aos Correios, mediante comprovação da postagem, não havendo repasse de recursos.
Cota telefônica Cada senador tem direito a R$ 500 mensais. 
Passagens aéreasVerba variável, dependendo do estado pelo qual o senador foi eleito. O valor mínimo é de R$ 4,3 mil (para os eleitos pelo Distrito Federal) e máximo de R$ 16 mil, para os do Acre.
Combustível Todo senador tem direito a 25 litros de combustível por dia.
GráficaCada senador tem direito a uma cota de serviços gráficos, na Gráfica do Senado, para material estritamente relativo à atividade parlamentar, de R$ 8.500 por ano.
Jornais e revistasNos dias úteis, cada senador recebe cinco publicações, entre jornais e revistas. 
Deputados
Subsídio mensal R$ 16.500. Além dos 12 salários por ano e do 13º, cada deputado recebe o mesmo valor no início e no final de cada sessão legislativa, ou seja, 14º e 15º salários.
Verba de gabineteR$ 60 mil, a partir de abril de 2008. Verba destinada ao pagamento dos funcionários de gabinete. Cada deputado tem direito a empregar de 5 a 25 pessoas em seu gabinete, mas com salários que não ultrapassem o somatório da verba e que não sejam inferiores ao mínimo.
Verba indenizatória R$ 15 mil. Recursos para uso em gastos nos estados, com aluguel, gasolina, alimentação. O parlamentar tem que apresentar nota fiscal com os gastos e, se não usar toda a verba num determinado mês, acumula para o seguinte.
Auxílio-moradiaR$ 3 mil. Têm direito os deputados que não moram em apartamentos funcionais. O parlamentar tem que comprovar o gasto, apresentando notas de hotéis ou de imóveis que tenha alugado em Brasília.
Cota postal e telefônica R$ 4.2687,55 para deputados, e R$ 5.513,09 para líderes e vice-líderes da Câmara, presidentes e vice-presidentes de comissões permanentes da Casa. A cota é mensal, mas, se não utilizada naquele mês, acumula para o seguinte.
Passagens aéreasVerba variável, dependendo do estado pelo qual o deputado foi eleito. O valor mínimo é de R$ 4,3 mil (para os deputados eleitos pelo Distrito Federal) e máximo de R$ 16 mil, para os do Acre.
GráficaCota de R$ 6 mil.

Jornais e revistas Nos dias úteis, cada deputado recebe cinco publicações, entre jornais e revistas.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

O QUE A IMPRENSA BRASILEIRA SE NEGA DIZER PARA O POVO, A CNN FALOU POR ELA

A CNN, maior rede de jornalismo da TV americana e mundial, fez uma reportagem especial sobre os verdadeiros motivos por trás dos protestos ocorridos em várias cidades do Brasil.

Em tradução, o texto, intitulado "O Que Realmente Está Por Trás dos Protestos Brasileiros?", lê:

"Os protestos que estão acontecendo no Brasil vão muito além do aumento de 20 centavos no transporte público.



O Brasil está vivenciando atualmente um amplo colapso de sua infraestrutura. Há problemas com portos, aeroportos, transporte público, saúde e educação. O Brasil não é um país pobre e os impostos são extremamente altos. Os brasileiros não veem motivo para terem uma infraestrutura tão ruim quando há tanta riqueza e tantos impostos altos. Nas capitais estaduais as pessoas chegam a gastar 4 horas por dia no tráfego, seja em seus carros ou em transportes públicos lotados e de má qualidade.



O governo brasileiro tomou medidas para controlar a inflação cortando taxas e ainda não se deu conta que o paradigma deve mudar para uma abordagem focada na infraestrutura do país. Ao mesmo tempo o governo brasileiro está reproduzindo em menor escala o que a Argentina fez anos atrás: evitando austeridade fiscal e prevenindo o aumento dos juros, o que está levando a uma alta inflação e baixo crescimento.



Além do problema de infraestrutura, há vários escândalos de corrupção que permanecem sem julgamento, e os casos que são julgados tendem a terminar com a absolvição dos réus. O maior escândalo de corrupção na história brasileira finalmente terminou com a condenação dos réus e agora o governo está tentando reverter essa condenação ao usar manobras inacreditavelmente inconstitucionais, como a PEC 37, que vai tirar o poder investigativo dos promotores do ministério público, delegando a responsabilidade da investigação unicamente para a polícia federal. Além disso, outra proposta tenta sujeitar as decisões da Suprema Corte Brasileira ao Congresso – uma completa violação dos três poderes.



Estas são, de fato, as revoltas dos brasileiros.



Os protestos não são meramente isolados, não são movimentos da extrema esquerda, como algumas fontes da mídia brasileira afirmam. Não é uma rebelião adolescente. É o levante da parte mais intelectualizada da sociedade que quer por um fim a essas questões brasileiras. A jovem classe média que sempre esteve insatisfeita com o obscurecimento político agora “desperta”.

TEXTO ORIGINAL: CNN iReport
Texto copiado do Facebook
http://opiniaoenoticia.com.br/sem-categoria/o-que-diz-a-cnn-sobre-os-protestos-no-brasil/

sábado, 22 de junho de 2013

RETRATO DO BRASIL QUE ACORDOU


SÃO PAULO


Foto: Dida Sampaio/Estadão


Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Belo Horizonte


Foto: @gush21 (Gustavo Henrique)/Reprodução


Foto: @guilhermealvarenga (Guilherme Alvarenga)/Reprodução

Distrito Federal


Foto: @viclampert (Vic Lampert…)/Reprodução


 
Foto: Dudu Macedo/Divulgação


Foto: JF Diorio/Estadão


Foto: JF Diorio/Estadão


 Foto: @shiltonroque/Reprodução

Fotos de várias cidades brasileiras, mostrando a insatisfação da população, com a corrupção dos políticos, com os gastos excessivos dos governos federal, estadual e municipal, com as mordomias dos políticos. O GIGANTE ACORDOU!!!!!!!

http://blogs.estadao.com.br/estadao-urgente/

terça-feira, 18 de junho de 2013

Noruega importa lixo para produzir energia

18/06/2013
DO "NEW YORK TIMES"


Oslo é uma cidade que importa lixo. Parte vem da Inglaterra, parte vem da Irlanda e parte vem da vizinha Suécia. Ela inclusive tem planos para o mercado americano.
"Eu gostaria de receber alguma coisa dos Estados Unidos", disse Pal Mikkelsen em seu escritório, numa enorme usina na periferia da cidade, onde o lixo é transformado em calor e em eletricidade. "O transporte marítimo é barato."
Oslo, onde metade da cidade e a maioria das escolas são aquecidas pela queima do lixo -lixo doméstico, resíduos industriais e até resíduos tóxicos e perigosos de hospitais e apreensões de drogas-, tem um problema: o lixo para queimar se esgotou.
O problema não é exclusivo de Oslo. Em toda a Europa setentrional, onde a prática de queimar lixo para gerar calor e eletricidade disparou nas últimas décadas, a demanda por lixo é muito superior à oferta.
A meticulosa população do norte europeu produz apenas cerca de 136 milhões de toneladas de resíduos por ano, muito pouco para abastecer usinas incineradoras capazes de consumir mais de 635 milhões de toneladas.
"Mas os suecos continuam a construir [mais usinas], assim como a Áustria e a Alemanha", disse Mikkelsen, 50, engenheiro mecânico que há um ano é o diretor-gerente da agência municipal encarregada da transformação de resíduos em energia.
De navio e de caminhão, incontáveis toneladas de lixo viajam de regiões onde há excesso de resíduos para outras que têm capacidade para queimá-las e transformá-las em energia. A maioria das pessoas no país aprova a ideia.
Os ingleses também gostam. A empresa de Yorkshire que lida com a coleta de lixo no norte da Inglaterra atualmente embarca até 907 toneladas de lixo por mês para os países do norte da
Europa, incluindo a Noruega, de acordo com Donna Cox, assessora de imprensa da prefeitura de Leeds. Um imposto britânico sobre os aterros sanitários faz com que seja mais barato enviar o lixo para lugares como Oslo.
The New York Times
Energia gerada com lixo em usina de Oslo aquece metade da cidade
Energia gerada com lixo em usina de Oslo aquece metade da cidade
Para alguns, pode parecer bizarro que Oslo recorra à importação de lixo para produzir energia. A Noruega está entre os dez maiores exportadores mundiais de petróleo e gás e tem abundantes reservas de carvão e uma rede de mais de 1.100 usinas hidrelétricas em suas montanhas, ricas em água.
Mikkelsen, no entanto,disse que a queima do lixo é "um jogo de energia renovável para reduzir o uso de combustíveis fósseis".
Já Lars Haltbrekken, presidente da mais antiga entidade ambientalista da Noruega, afirmou que, do ponto de vista ambiental, a tendência de transformar resíduos em energia constitui um grande problema, por gerar pressão pela produção de mais lixo.
Numa hierarquia de objetivos ambientais, disse Haltbrekken, a redução da produção de resíduos deveria estar em primeiro lugar, ao passo que a geração de energia a partir do lixo deveria estar no final. "O problema é que a nossa prioridade mais baixa conflita com a mais alta", disse ele.
Em Oslo, as famílias separam seu lixo, colocando os restos de comida em sacos plásticos verdes, os plásticos em sacos azuis e os vidros em outro lugar. Os sacos são distribuídos gratuitamente em mercearias e outras lojas.
Mikkelsen comanda duas usinas. A maior delas usa sensores computadorizados para separar os sacos de lixo codificados por cor.
A separação do lixo orgânico, incluindo os restos de comida, passou a permitir que Oslo produza biogás, o qual já abastece alguns ônibus no centro da cidade.
Outras áreas da Europa estão produzindo grande quantidade de lixo, incluindo o sul da Itália, onde lugares como Nápoles pagaram a cidades da Alemanha e da Holanda para que aceitem seus resíduos, ajudando a neutralizar uma crise napolitana na coleta do lixo. No entanto, embora Oslo tenha cogitado receber o lixo italiano, a cidade preferiu continuar com o inglês, considerado mais limpo e seguro. "É uma questão delicada", diz Mikkelsen.

domingo, 16 de junho de 2013

Tempo esgotado

Basta mergulhar nas águas turvas e ver o lixo espalhado pelo fundo do mar para constatar que será impossível entregar a Baía de Guanabara limpa até a Olimpíada

por Bruna Talarico e Ernesto Neves | 19 de Junho de 2013


Mergulhar nas águas escuras da Baía de Guanabara dá medo, não há vergonha em admitir. A 6 metros de profundidade, bem em frente à mureta onde os clientes do Bar Urca bebem sua cervejinha, o silêncio só é cortado pelo som das bolhas da própria expiração e pelos murmúrios que denotam o nojo de tocar no fundo. O cenário iluminado por um refletor é apocalíptico: colinas de lama marrom, densa e gosmenta, se estendem em um relevo contínuo a perder de vista. Trata-se de matéria orgânica em putrefação, proveniente do contínuo despejo de lixo e esgoto nas águas. Sobre os morrinhos, está disposta toda sorte de objetos. Tênis, jarras, pneus, embalagens de plástico e de alumínio, preservativos, pincéis, tapetes, roupas, correntes e brinquedos, tudo facilmente identificável. Mas há também aqueles em decomposição, que se desfazem ao toque. Qualquer movimento mais abrupto é suficiente para que a matéria orgânica se desgarre da espessa camada de lodo e envolva tudo o que está ao redor em uma nuvem de partículas. Aí sim a situação fica realmente assustadora, e a visibilidade simplesmente deixa de existir na água imunda.





O panorama desolador constatado pelos repórteres de VEJA RIO é surpreendente para quem está acostumado a ver o belo cenário de fora, mas já é esperado por quem navega ali. Em maio, uma regata ecológica organizada pela Escola Naval na Marina da Glória comprovou o estado mais que crítico das águas. Em duas horas, os participantes recolheram nada menos que 220 quilos de lixo que flutuava na superfície, no mesmo local em que serão realizadas as provas de vela da Olimpíada de 2016. A podridão é tal que já fez soar o alerta vermelho entre os esportistas e os organizadores dos Jogos. No dossiê de candidatura do Rio a cidade-sede, os governos federal, estadual e municipal prometeram que tratariam cerca de 80% dos 18 000 litros de esgoto lançados por segundo na baía. Faltando três anos para o acendimento da pira olímpica, é consenso entre especialistas que esse índice não será alcançado. "Em áreas densamente povoadas no entorno, como Maré e São Gonçalo, não existe saneamento básico nem coleta de lixo", diz Paulo Cesar Rosman, professor de engenharia oceânica da Coppe-UFRJ. "Organizar esse caos urbano em três anos é impossível", constata.

Na triste realidade da Guanabara, as estatísticas comprovam o que o olfato dos cariocas percebe de longe. Dois terços dos dejetos produzidos por mais de 10 milhões de pessoas são despejados ali sem nenhum tratamento. Como resultado, as 53 praias em seu perímetro são impróprias para o banho devido aos elevados índices de coliformes fecais. Em um dos pontos mais críticos, próximo à Ilha do Governador, 70% das amostras coletadas no último ano indicavam uma quantidade de fezes quase cinco vezes maior que a aceitável. Outro problema grave é o lixo. Cinquenta e cinco rios, córregos e canais fétidos que cortam os oito municípios do entorno transportam a cada dia aproximadamente 1 000 toneladas de detritos — um combinado que vai de embalagens descartáveis a sofás, eletrodomésticos e partes de automóveis. Além do inegável impacto ambiental, destroços e objetos flutuando na baía são particularmente perigosos para velejadores. "Com o barco a 50 quilômetros por hora, um pedaço de madeira pode provocar grave acidente", afirma o iatista Ricardo Winicki, que participou de quatro olimpíadas. "Jamais vi um local de competição poluído como aqui. Na Europa e nos Estados Unidos, as águas são tão translúcidas que é possível enxergar até o fundo", compara.



As primeiras iniciativas para tentar limpar um de nossos mais espetaculares cartões-postais remontam à última década do século passado. Há 21 anos, o anúncio da faxina foi feito com pompa durante a Conferência de Meio Ambiente das Nações Unidas, a Eco 92. O controle sobre fábricas poluidoras aumentou, mas o projeto que consumiu mais de 1,5 bilhão de reais ao longo de seis governos fracassou vergonhosamente no que diz respeito ao controle do esgoto. Entre 1994 e 2006, ano de seu encerramento, foram construídas seis centrais de tratamento, que, no entanto, ainda hoje operam em padrões muito inferiores a sua capacidade. A rede de tubulações de 1 248 quilômetros que deveria ser implantada para transportar os resíduos até as estações foi deixada pela metade. Desde 2007, está em andamento um novo programa orçado em 1,3 bilhão de reais para terminar o que se abandonou pelo caminho. Mas o ritmo segue lento. Em Duque de Caxias, onde há três anos não existia rede de esgoto, apenas 2% do previsto foi efetivamente implantado. As dez ecobarreiras instaladas até hoje na bacia hidrográfica da baía retiraram em 2012 pouco mais de 4 000 toneladas de lixo, o equivalente ao volume lançado pela população local em apenas quatro dias. "O passivo que encontramos é enorme, e estamos correndo contra o tempo para evitar um vexame internacional", justifica o secretário estadual de Ambiente, Carlos Minc. Na atual velocidade, será muito difícil não passarmos vergonha.



Diante de tal cenário, começam a ser adotadas medidas paliativas que, embora tenham o objetivo de mitigar o problema, estão longe de ser uma solução eficaz. Como não há mais tempo para construir uma rede de saneamento abrangente, foi iniciada a implantação de cinco Unidades de Tratamento de Rios (UTRs), ao custo de 40 milhões de reais cada uma. As estações serão construídas na foz de canais poluídos e removerão até 80% da imundície orgânica da água com o uso de aditivos químicos. Dessa nova leva, a primeira, no Rio Irajá, fica pronta em novembro e possui capacidade para tratar 1 750 litros de efluentes por segundo. Pelos cálculos do governo, a unidade deve reduzir em 12% a quantidade de esgoto que emporcalha a baía. Em São Paulo, a mesma técnica foi testada sem sucesso. Lá, o governo estadual injetou 160 milhões de reais para limpar o Rio Pinheiros, mas verificou que, mesmo após o processo, a água permanecia contaminada por outros tipos de poluente. "É uma solução transitória. No dia em que conseguirmos implantar o sistema de coleta, poderemos desativar as UTRs", diz Gelson Serva, coordenador do programa de saneamento. Outro recurso emergencial que começa a ser utilizado até o fim do ano é uma frota com uma dezena de barcos que recolherão os detritos flutuantes. Serão os navios-lixeiros. Pois é. O antropólogo francês Claude Lévi-Strauss (1908-2009), que, em visita ao Rio há quase oitenta anos, disse detestar a Baía de Guanabara, teria hoje razões bem concretas para repetir tal declaração.





É bem possível que, até a realização dos Jogos, a operação implantada de afogadilho consiga melhorar a situação periclitante de hoje. No entanto, a abordagem cosmética apenas reforça a frustração de deixar passar mais uma excelente oportunidade de atacar o problema, que é a falta de saneamento básico no Grande Rio, pela raiz. Outras metrópoles se saíram bem ao combater a poluição de suas águas. Maior cidade australiana, Sydney é um caso emblemático de como aproveitar o embalo dos Jogos Olímpicos para se livrar da sujeira das águas de sua baía. Lá, o problema eram os resíduos químicos lançados durante várias décadas por empresas instaladas nos subúrbios e o lixo trazido pelo sistema de escoamento pluvial para a baía e a região do porto. Com um investimento de 1,6 bilhão de dólares, foi realizada durante quatro anos uma gigantesca operação de limpeza para retirada das camadas do solo contaminado do fundo do mar e construído um complexo sistema de reservatórios e estações de tratamento. Um ano antes da chegada dos atletas, os resultados já eram visíveis. É um cenário que dificilmente se verá aqui. "Para falar em recuperação, é preciso atacar o lançamento de esgoto e lixo. Não existe nenhuma possibilidade de mudança se isso não for feito", afirma David Zee, oceanógrafo e professor da Uerj. O descaso torna-se ainda mais triste quando se leva em conta que há pontos onde a vida marinha resiste de forma comovente. Mesmo nas asquerosas dunas subaquáticas de lodo visitadas por VEJA RIO, é possível ver um ou outro peixinho nadando na sujeira. Um sinal de que nossa baía ainda pode voltar à vida.

sábado, 15 de junho de 2013

Atos são marcados em 27 cidades no exterior em apoio a protestos no Brasil

Brasileiros que vivem fora do País marcaram eventos por rede social

14 de junho de 2013

Paulo Saldaña
Dezenas de manifestações estão sendo organizadas em outros países em apoio aos protestos contra aumento de tarifa de ônibus realizados no Brasil, principalmente depois do ato de quinta-feira, dia 13, marcado pela ação violenta da Polícia Militar. Há eventos marcados pelo Facebook em pelo menos 27 cidades da Europa, Estados Unidos e América Latina.
A organização está sendo feita por brasileiros que moram em outros países e muitas contam com a confirmação online de milhares de pessoas, como é o caso do ato organizado em Dublin, na Irlanda. O ato, marcado para as 13 horas de domingo, dia 16, tem confirmação de 1.191 pessoas.
"Os brasileiros que vivem na Irlanda também estão indignados com o tratamento oferecido por seus governantes nos últimos tempos e que eclodiu após o anúncio do abusivo aumento da tarifa", informa release do evento. Uma das organizadoras, a catarinense Andréa Cordeiro, de 32 anos, diz que tem acompanhado atenta as manifestações no Brasil. "Ficamos chocados com as ações da polícia. É uma junção de coisas: não só o aumento de uma passagem, mas todo um sistema falho", diz ela sobre os motivos da convocação. Andréa morou em São Paulo por 22 anos e passa uma temporada em Dublin para aperfeiçoar o inglês. 
Muitas das manifestações convocadas pela rede social estão ligadas ao evento chamado Democracia Não Tem Fronteiras. Em geral, os atos estão marcados para terça-feira, dia 18. Veja abaixo a lista de eventos:
PARIS  -  https://www.facebook.com/events/147318595459350/147355748788968/?notif_t=plan_mall_activity
VALENCIA:  -  https://www.facebook.com/events/136456916554894/136463359887583/?notif_t=like
MADRID:  -  https://www.facebook.com/events/625940557418200/
LONDRES:
https://www.facebook.com/events/183382041822867/?ref=3
LISBOA:  -  https://www.facebook.com/events/131690073703767/?context=create
BERLIM:  -  https://www.facebook.com/events/165396716966531/
TURIM:  -  https://www.facebook.com/events/261371487339249/261371490672582/?notif_t=like
COIMBRA:  -  https://www.facebook.com/events/200661703420881/
DEN HAAG  -  https://www.facebook.com/events/363696367086327/
PORTO:  -  http://www.facebook.com/events/645859998777392/
BARCELONA  -  https://www.facebook.com/events/202433683240284/
DUBLIN*  -  https://www.facebook.com/events/268625579944061/
(16 de Junho)
MUNIQUE  - https://www.facebook.com/events/367062640060027/367157030050588/?notif_t=plan_mall_activity
LA CORUNA  -  https://www.facebook.com/events/506258462756431/
BRUXELAS  -  https://www.facebook.com/events/594266403939531/?notif_t=plan_user_invited
BOLOGNA  -  https://www.facebook.com/events/468817986538368/
FRANKFURT   -  https://www.facebook.com/events/175117009324268/
HAMBURG   -  https://www.facebook.com/events/341611152632858/
BOSTON  -  https://www.facebook.com/events/238595646265111/?context=create
CHICAGO  -  https://www.facebook.com/events/474892132587144/
NOVA YORK  -  https://www.facebook.com/events/464704513623013/?ref=3
TORONTO  -  https://www.facebook.com/events/128677670672718/?notif_t=plan_user_invited
MONTREAL*  -  https://www.facebook.com/events/185780441587055/
(16 de Junho)
VANCOUVER  -  https://www.facebook.com/events/186329608197344/
EDMOND  -  https://www.facebook.com/events/153694814817084/
CIDADE DO MEXICO  -  https://www.facebook.com/events/163069633872720
BUENOS AIRES  -  https://www.facebook.com/events/193499234142111/

Eleição no Irã surpreende e vence único moderado na disputa

Hassan Rohani, vinculado a reformistas, obteve 50,86% dos votos

15 de junho de 2013
Reuters
Teerã - O moderado Hassan Rohani, apoiado pelos reformistas, obteve 50,68% dos votos e será o sucessor de Mahmoud Ahmadinejad na presidência do Irã, anunciou ontem o ministro do Interior, Mostafa Mohammad Najjar. Rohani era o único na disputa que não fazia parte do campo conservador, vinculado ao líder supremo, Ali Khamenei, e obteve vantagem suficiente para encerrar as eleições já no primeiro turno.
O resultado surpreendeu iranianos e observadores estrangeiros. A vitória folgada demosntra que grande parte dos iranianos está insatisfeita com os rumos que o líder supremo e seus aliados têm imposto ao Irã. Além disso, ela aponta que os reformistas – esmagados na onda de protestos de 2009 – ainda mantêm forte influência no país persa. O triunfo de Rohani, entretanto, não significará mudanças bruscas em temas estratégicos como o polêmico programa nuclear de Teerã ou a política econômica, decididos por Khamenei.
O segundo colocado foi o prefeito de Teerã, o conservador Mohammad Baqer Qalibaf, mas ele recebeu menos de um terço dos votos de Rohani. Depois, veio o ultraconservador Saeed Jalili, com cerca de 10%. A Justiça eleitoral disse que o comparecimento na votação de sexta-feira foi de 80%.
Ex-negociador nuclear, Rohani criticou ao longo da campanha o isolamento do Irã provocado pela retórica radical de líderes como Ahmadinejad e defendeu "uma relação construtiva com o mundo". Ele também bateu de frente com os conservadores em temas como os direitos das mulheres, prometendo criar um ministério para promover igualdade de oportunidades de trabalho.
"Tenho dificuldades em imaginar o sistema da república islâmica convivendo com um presidente Rohani. Como ele é apoiado pelos reformistas e centristas, trata-se de uma figura que em nada agrada ao líder supremo", disse ao Estado Ali Vaez, analista de Irã no centro Crisis Group. "A oposição perdeu a rede de poder que tinha até 2009, alguns de seus líderes estão em prisão domiciliar e seus jornais acabaram fechados."
Divisões. A república islâmica criada tem uma estrutura híbrida de poder, com duas fontes distintas de autoridade: o voto e o Islã. O presidente é escolhido nas urnas, assim como o Parlamento, mas o guardião da ordem – e responsável pelas decisões-chave do Estado – é o líder supremo, apoiado em um colegiado de clérigos. O quanto o Rohani poderá influenciar nas negociações nucleares é tema de debate entre especialistas.
Vaez afirma que o impacto do presidente no diálogo diplomático "será mínimo, porém não insignificante". Ele afirma que o chefe eleito do Executivo consegue interferir na definição da agenda do governo, mas o conteúdo das políticas está além de seu raio de alcance, especialmente em questões estratégicas como o dossiê nuclear. "Se olharmos a história iraniana, veremos que as decisões importantes sempre foram tomadas pelo líder supremo."
No entanto, outros especialistas consideram que o presidente tem, sim, papel determinante na política nuclear e no rumo das negociações. Mohsen Milani, da Universidade do Sul da Flórida, argumenta que a eleição de um novo chefe do Executivo altera a composição do Conselho Supremo de Segurança Nacional, o colegiado que delibera e sugere ao Khamenei linhas de ação em temas-chave.
"A chegada de um presidente ao poder, com todo seu gabinete, altera, ainda que não seja de modo decisivo, a composição do conselho e isso tem impactos importantes na forma e no conteúdo das decisões", afirmou Milani ao Estado. "E é bom não esquecer: o líder supremo é de fato a autoridade mais importante da república islâmica; mas o presidente é a segunda mais importante."
Segundo ele, Khamenei enviou nos últimos meses sinais de que está mais aberto a um compromisso com as potências sobre o programa atômico, ao reconhecer que as sanções estão minando a economia iraniana. Milani acredita que, com Rohani na presidência, o líder supremo poderá colocar parte da responsabilidade de um eventual compromisso internacional sobre os ombros do clérigo moderado.
Os dois analistas iranianos chamam atenção para a tendência de que o próximo presidente entre em rota de colisão com Khamenei – e isso vai além da figura de Rohani. A divisão entre o temporal e o religioso nas instituições da república islâmica cria uma tensão permanente entre o líder supremo e o eleito o poder Executivo. Essa rivalidade marcou os últimos três governos: de Akbar Hashemi Rafsanjani, Mohammad Khatami e Ahmadinejad. O presidente que está de saída, de protegido de Khamenei, tornou-se ao final um pária dentro do sistema iraniano.
COLABOROU ROBERTO SIMON