sábado, 26 de outubro de 2013

Produtividade cresce nas fronteiras agrícolas

26/10/2013
O ano passado trouxe novidades para a agricultura. A produção de milho ultrapassou a de soja e a da safrinha (a segunda safra de milho) ficou acima da de verão.
É o que mostra o PAM (Produção Agrícola Municipal) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Boa parte da produção desses produtos foi influenciada pela adversidade climática em várias regiões. Mas os dados do instituto apontam um bom avanço na produção de grãos e de leguminosas fora das antigas áreas tradicionais, como Sul e Sudeste.
O importante é que o avanço vem não só em volume, mas também em produtividade. Esta acima, inclusive, das do Sul e do Sudeste.
Volume e produtividade já colocam há vários anos as cidades das novas fronteiras agrícolas como líderes nacionais em renda.
Em 2012, São Desidério recolocou o oeste baiano na liderança. O município teve renda de R$ 2,3 bilhões, se consolidando na produção de algodão, que atingiu 12% do volume nacional.
O município obteve R$ 1,4 bilhão só com o algodão no ano passado, valor que representou 17% de todo o nacional, que foi de R$ 8,1 bilhões, segundo informação do IBGE.
A agricultura brasileira utilizou 69,2 milhões de hectares nas 64 culturas acompanhadas pelo IBGE. O valor total dessas culturas subiu para R$ 204 bilhões, 4,3% mais do que em 2011.
O avanço da produtividade do Centro-Oeste em relação às do Sul e do Sudeste fica evidente não só em soja e milho, mas passa também por outros produtos como alho, tomate e batata.
A produtividade do algodão foi de 3.880 quilos por hectare no Centro-Oeste, mas ficou em 3.171 no Sul e Sudeste. No caso do milho, o Centro-Oeste colheu uma média de 5.852 quilos por hectare, 17% mais do que no Sul.
Essas produtividades podem ter variações de uma região para outra devido ao clima e problemas regionais, mas o avanço tecnológico nas novas fronteiras está colocando a agricultura brasileira em um novo patamar.
Outras culturas também apontam bom ganho de produtividade no Centro-Oeste. A média de produção do tomate é de 81 toneladas nessa região 26% mais do que no Sudeste. No caso da batata-inglesa, o ganho e de 10%.
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Concentração gera perigo em várias regiões do país
Os dados da produção agrícola por município do IBGE apontam um perigo para determinadas regiões do país. Alguns Estados estão concentrados em poucos produtos e um eventual desastre nessas culturas afetaria fortemente a economia da região.
Um problema na produção de soja, por exemplo, colocaria pelo menos nove Estados brasileiros em alerta, uma vez que a oleaginosa é a principal fonte de receitas do campo nessas regiões.
Alagoas também tem uma situação bastante delicada, pois 86% dos valores obtidos com a agricultura vêm da cana-de-açúcar, um produto que não tem gerado muita renda no campo.
Além de Alagoas, cinco outros Estados têm a cana como líder de receitas, enquanto outros quatro dependem da produção de mandioca para melhorar a renda dos produtores.
O café também traz uma situação de muita concentração. Espírito Santo tem 70% do valor da produção agrícola dependente do produto, que no momento é um dos que têm os mais baixos preços no campo. Minas Gerais lidera a produção nacional do café.

Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma mais de 35 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária.

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