Compartilhado do perfil de Clecios Vinicius.... do seu amigo LeLo
Zaccaro Garcia , um relato tocante sobre como ele recebeu a notícia de
Santa Maria do outro lado do mundo, no Japão.
(Ontem (domingo) fiquei o dia todo fora. E como só voltei pra casa
tarde da noite, não cheguei a ver nenhuma notícia sobre o Brasil. Só
meu amigo Léo Barbério que me avisou rapidamente pelo Whatsap p, no
domingo a noite, que um incêndio em uma boate no Sul matou um monte de
jovens.
Hoje de manhã cheguei para trabalhar e muitos japoneses que trabalham
aqui na ONU estavam enfileirados, lado a lado, na porta do escritório,
com uma expressão grave em seus rostos. Todos se curvaram
respeitosamente para mim e, um a um, expressaram seu "profundo pesar
diante da tragédia que atingiu o seu povo, Zaccarô-san..."
Meu povo.
"... seu povo, Zaccarô-san..."
Muitos funcionários japoneses, desde altas autoridades até a velhinha
da limpeza, expressaram suas condolências nos corredores, quando nos
encontramos, pelo mesmo motivo, nos mesmos termos.
E eu sou um zé ninguém aqui. Sou somente mais um no meio de tantos
outros. Fui o último a chegar...
E eu confesso que nem tinha me sentido atingido pessoalmente pela
tragédia. Fiquei muito triste com o ocorr ido e sen ti pena dos
envolvidos, obviamente, mas nem tinha me sentido atingido PESSOALMENTE,
e talvez muitos aqui também não. Não é nossa família, e não são nossos
amigos ou conhecidos...
Também somos jovens, e também frequentamos boates e barzinhos, e de
repente você pensa que poderia ser com você também, naquele lugar que
todos costumamos ir...
E os japoneses falaram como se os envolvidos fossem parte da minha
própria família.
"... seu povo, Zaccarô-san..."
Isso disparou uma série de reflexões em minha cabeça sobre fraternidade
real, senso de coletividade, identidade cultural e nacional,
nacionalismo, e por aí vai. Não consigo parar de pensar nisso tudo!
Nem preciso dizer o quanto isso me emocionou. E até agora, ao escrever
isso aqui, eu não sei direito o que pensar sobre nós (os brasileiros),
e nossas posturas diante de nós mesmos e dos outros brasileiros, como
povo de um mesmo país.
Gostaria que os pais desses jovens pudessem receber e sentir o que os
japoneses falaram por aqui. Isso foi pra eles, não para mim...
Ou foi para mim, e eu, até então, não tinha percebido nada disso.
E talvez tenha sido pra você também.
Para nós.)
(Vamos refletir sobre esse emocionante exemplo de solidariedade, humanismo, respeito a
vida)
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