domingo, 25 de agosto de 2013

SÓ 7% DIZEM SABER BEM DO QUE SE TRATA A REFORMA POLÍTICA

Pesquisa Ibope/'Estado' mostra que assunto era novidade para 2 a cada 3 eleitores; voto aberto no Congresso é causa mais apoiada

25 de agosto de 2013

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO, DANIEL BRAMATTI - O Estado de S.Paulo
O Brasil acha a reforma política importante, mas sabe muito pouco sobre ela. Pesquisa Ibope/Estado mostra que dois em cada três brasileiros ouviram falar pela primeira vez do assunto ao serem interpelados pelo pesquisador - ou nem sequer conseguiram responder à questão - e menos de 1 em 10 entrevistados diz saber bem do que se trata.
Apenas 36% disseram ter conhecimento de que se discute a reforma política. Saber que o debate existe não significa estar por dentro do seu conteúdo. Tanto que só 7% dos entrevistados se declararam bem informados sobre a reforma política. Outros 34% disseram ao Ibope estar pouco informados, e a maioria absoluta disse estar "nada informado" (52%) ou nem sequer soube responder (7%).
Considerando-se apenas os 41% que têm alguma informação (a soma dos "bem" e "pouco" informados), a maioria é favorável à realização da reforma política no Brasil: 39% concordam totalmente, 33% concordam em parte e 7% discordam. O resto ficou no muro (nem concordou, nem discordou) ou não respondeu.
Mas nem todos desses 41% teoricamente informados sabem dizer, espontaneamente, do que trata a reforma política. Um em cada três (28%) não conseguiu dizer nenhuma medida específica que esteja sendo discutida para reformar a política brasileira.
Na prática, sobram 30% de brasileiros que dizem ter algum grau de informação sobre a reforma política e sabem citar um exemplo do que está em debate. Os pontos mais mencionados por eles foram: acabar com suplente de senador, com as votações secretas no Congresso, com as coligações partidárias e com o voto obrigatório - todas essas na faixa de 20% a 23% de citações.
A seguir, os exemplos de reformas mais lembrados foram a realização de um plebiscito conforme proposto pelo governo federal (18%), mudar a forma de financiar as campanhas eleitorais (12%), reduzir o número de partidos (12%), realizar uma constituinte sobre o tema (8%) e outros menos cotados.
O Ibope perguntou então aos entrevistados quão informados eles estavam sobre sete pontos específicos da reforma política. As opções de resposta ("bem", "pouco" ou "nada" informado) foram convertidas em uma escala de até 100 pontos, que mede o grau de conhecimento do brasileiro sobre cada uma dessas reformas.
Voto secreto. O tema que se mostrou mais popular entre os brasileiros foi "acabar com o voto secreto no Congresso Nacional, ou seja, permitir que todos possam saber como os deputados votam". Mesmo assim, marcou apenas 26 pontos num máximo de 100 na escala de conhecimento sobre o tema. Com os outros foi ainda pior.
"Acabar com suplente de senador" e "mudar a forma de financiamento das campanhas eleitorais" empataram em segundo lugar, com grau de conhecimento 22 em 100. Depois vieram "acabar com alianças entre partidos nas eleições de deputados" (20/100), "voto distrital" e "permitir candidatos não filiados a partidos nas eleições" (ambas com 18/100). A "lista fechada" para eleição de deputados e vereadores ficou em último lugar, com 16/100.
É levando-se em conta esse baixo grau de conhecimento dos eleitores sobre as propostas que se deve analisar o seu grau de concordância com cada uma delas. Usando-se a mesma escala de 0 a 100, o maior apoio dos entrevistados foi para acabar com as votações secretas no Congresso: 86 num máximo de 100. A seguir, com 85/100, vem o apoio ao fim dos suplentes de senador.
Acabar com as coligações partidárias nas eleições proporcionais marcou 81 pontos de apoio, e a permissão para candidaturas avulsas, ou seja, de pessoas sem filiação partidária nas eleições ficou com 72 pontos num máximo de 100.
Pelo baixo grau de conhecimento prévio das propostas, essas questões configuram o que se chama de imposição de problemática: a maioria dos entrevistados só toma pé do assunto após ser abordado. Isso significa que as taxas de apoio e rejeição estariam sujeitas a grandes variações caso a reforma política fosse popularizada via campanhas publicitárias durante a preparação para um plebiscito, por exemplo.
A pesquisa Ibope/Estado foi feita entre os dias 15 e 19 de agosto. Foram 2.002 entrevistas face a face, na residência dos entrevistados. A pesquisa tem abrangência nacional: foi feita em 143 municípios de todas as regiões do Brasil. Sua margem de erro máxima é de dois pontos porcentuais, para mais ou para menos, num intervalo de confiança de 95%.
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,so-7-dizem-saber-bem-do-que-se-trata-a-reforma-politica-,1067532,0.htm

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Limite de uso anual dos recursos naturais no mundo já foi alcançado

O dado significa que a humanidade falha na tentativa de gerar crescimento econômico de forma sustentável
Publicação: 20/08/2013 
Poluição paira sobre Pequim: devido à enorme população e ao forte crescimento econômico, a China é o país com a maior pegada ecológica (Jason Lee/Reuters)
Poluição paira sobre Pequim: devido à enorme população e ao forte crescimento econômico, a China é o país com a maior pegada ecológica
A partir de hoje, a humanidade está em dívida com a natureza: o limite anual de consumo dos recursos naturais no mundo acaba de ser ultrapassado, de acordo com a Rede da Pegada Global (GFN, na sigla em inglês), instituição internacional parceira da organização WWF (World Wildlife Fund). Neste ano, 20 de agosto foi definido como o Dia da Sobrecarga da Terra. Ou seja, em menos de nove meses, o homem usou tudo o que a natureza poderia oferecer sem se prejudicar até 2014, o que significa mais devastação. Nesse cenário preocupante, que se repete a cada ano — em 2012, a data fixada foi 22 de agosto —, o Brasil aparece na lista de nações com crédito (gastam menos do que sua capacidade ecológica permite), mas especialistas alertam para a necessidade de mais consciência no país para manter a sustentabilidade.
A dívida que será acumulada até o fim do ano virá de diversas atividades que exploram o meio ambiente, como a redução dos estoques pesqueiros, o corte de árvores e a emissão de gás carbônico na atmosfera. Como consequência, os especialistas preveem mais desastres naturais e prejuízos financeiros. “À medida que utilizamos os recursos ecológicos, diminuímos a capacidade de regeneração, e isso influencia a economia. Por exemplo, quando pescamos mais peixes do que deveríamos, no ano seguinte, perdemos esse alimento”, explica Michael Becker, superintendente de Conservação do WWF-Brasil.
Becker afirma que o cenário mostrado pela pegada ecológica (área produtiva total que um país, pessoa ou comunidade precisa utilizar para manter seu estilo de vida) reforça a necessidade de uma maior preocupação com a maneira como os recursos têm sido usados. “Do mesmo modo que se utilizam-se na economia dados como o PIB e a inflação, também deveria ser mantido um índice que mostrasse os gastos com o meio ambiente, pois os outros números se sustentam nos recursos ecológicos, são sua base.”

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Vereadora é impedida de assumir cargo no Irã por ser 'bonita demais'

15/08/2013
SAMY ADGHIRNI
DE TEERÃ
Uma jovem candidata a vereadora no interior do Irã foi impedida de assumir o cargo por ser "bonita demais", segundo a imprensa local.
Candidata em Qazvin (norte), Nina Siahkali Moradi, 27, obteve 10 mil votos na eleição ocorrida junto com o pleito presidencial, em junho.
O resultado a colocou na 14ª posição num ranking que qualificava os 13 primeiros entre 163 candidatos.
Com a desistência do primeiro colocado, Moradi entrou na lista dos vencedores. Mas conservadores barraram sua ida à prefeitura.
"Seus votos foram anulados por [causa de] suas credenciais", disse Reza Hossaini, do comitê local de monitoramento de eleições.
"Não queremos uma modelo desfilando na prefeitura", disse um clérigo local.
Seus adversários já a haviam acusado de manter comitê de campanha que atraía comportamentos incompatíveis com valores islâmicos.
Moradi conquistou apoio ao defender direitos da mulher e incentivos culturais.
O incidente contraria esforços do novo presidente iraniano, Hasan Rowhani, que acaba de nomear uma vice-presidente como parte da promessa de promover direitos da mulher.

Reprodução/Al Arabiya
Nina Siakhali Moradi, que foi impedida de assumir seu posto na Câmara de Qazvin
Nina Siakhali Moradi, que foi impedida de assumir seu posto na Câmara de Qazvin

Até agora, vazia

13/08/2013
Eliane Cantanhêde, jornalista, é colunista da Página 2 da versão impressa da Folha

BRASÍLIA - Dúvida de setores diplomáticos: houve mesmo uma ameaça de novo 11 de Setembro, ou Obama precisava de justificativas para a espionagem?

O secretário de Estado, John Kerry, chega ao Brasil hoje com um discurso de autodefesa, mais ou menos assim: vão desculpando o mau jeito, mas, se a gente não espionar, não vai poder identificar ameaças e se prevenir, como agora.

Isso confirma que Washington precisa dizer alguma coisa ao Brasil sobre a espionagem antes da viagem de Dilma em outubro, mas não tem o que dizer. Precisa de subterfúgios, pois não vai jurar que nunca mais vai fazer isso, porque vai, sim.
Do lado de cá, o Brasil tem de manifestar indignação e cobrar explicações, mas também só por dever de ofício, sabendo que nada vai mudar. Reclamar na ONU? Mas quem é mesmo que manda na ONU?

Apesar do teatro, continua o empenho bilateral para que a espionagem não contamine a ida de Dilma, mas não é fácil achar temas e discurso para ela na "única visita de Estado a Washington neste ano", como os dois lados comemoram.

Com o baixo PIB brasileiro e a recuperação americana além das expectativas, não dá mais para Dilma querer ensinar aos países ricos como se faz. Com as manifestações por educação e saúde, também é improvável que ela anuncie a compra dos caças da FAB, que seguem como o trem-bala: de adiamento em adiamento.

E, como os dois países discordam quanto ao Irã, por exemplo, a política externa é outro campo minado. Kerry e Patriota, Obama e Dilma vão acabar falando mesmo é de Copa, Olimpíada, segurança e da lenga-lenga da identidade de dois países amigos, democráticos, multirraciais.

A não ser que o governo Obama avance no apoio a uma vaga permanente do Brasil no Conselho de Segurança da ONU, a viagem de Dilma aos EUA será tão irrelevante quanto a que Obama fez ao Brasil, cheio de gracinhas e vazio de conteúdo.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Médicos Sem Fronteiras deixam a Somália por causa de ataques

14/08/2013
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A ONG internacional Médicos Sem Fronteiras começou a encerrar as operações humanitárias na Somália nesta quarta-feira (14) devido aos ataques à sua equipe no país, informou a organização.
A retirada do grupo é um revés para o governo que se esforça para convencer os somalis e os doadores estrangeiros de que a segurança está melhorando e que a insurgência islâmica estaria em declínio.
O presidente internacional da organização, Unni Karunakara, reconheceu que a retirada do grupo vai cortar ajuda médica a centenas de milhares de somalis.
"O encerramento de nossas atividades é um resultado direto de ataques a nossa equipe, em um ambiente onde os grupos armados e líderes civis cada vez mais apoiam ou toleram o assassinato, agressão e sequestro dos trabalhadores de ajuda humanitária", disse Karunakara em Nairóbi, capital do Quênia.
O governo do país, que luta por transformações após duas décadas de conflitos, e fornece alguns poucos serviços públicos, como saúde e educação, ainda não se manifestou.
O anúncio acontece cerca de dois meses após a libertação de duas colaboradoras espanholas da organização, que passaram quase dois anos em cativeiro após terem sido sequestradas por somalis no Quênia.
No início de 2012, o Médicos Sem Fronteiras encerrou as atividades de dois grandes centros médicos na capital do país, Mogadício, depois que dois funcionários estrangeiros foram mortos por um ex-colega no coração da cidade, que é controlada pelo governo.
Outros 14 membros da organização já foram mortos desde 1991, quando a guerra civil eclodiu no país. A organização sempre negociou com grupos armados e autoridades de todos os lados e até mesmo recorreu a contratação de guardas armados, algo que não faz em qualquer outro país", disse Karunakara. "Mas chegamos no limite", acrescentou.

Thomas Mukoya /Reuters
Presidente international dos Médicos Sem Fronteiras, Unni Karunakara, anuncia desligamento do grupo na Somália
Presidente dos Médicos Sem Fronteiras, Unni Karunakara, em entrevista no Quênia nesta quarta-feira (14)
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2013/08/1326680-medicos-sem-fronteiras-deixam-a-somalia-por-causa-de-ataques.shtml