sábado, 30 de novembro de 2013

A nova América Central

24 de novembro de 2013 
MAC MARGOLIS
O ataque foi rápido e violento. Na madrugada de 14 de novembro, três homens armados invadiram a sede da Pro-Búsqueda, entidade cívica de El Salvador dedicada a rastrear crianças desaparecidas na guerra civil. Saquearam o escritório, levaram computadores e atearam fogo no que restava. Ninguém foi preso ou assumiu o ataque, nem precisava. Naquele país mal cicatrizado do combate, tal truculência dispensa apresentações.
Apenas 72 horas antes, a Corte Suprema salvadorenha ouvira depoimentos inéditos sobre outro ataque, ocorrido três décadas antes, quando tropas do governo entraram atirando num vilarejo. As testemunhas, crianças na época, viram seus pais serem mortos pelos militares, mas sob a guarida da Pro-Búsqueda, agora, contam à nação a história daquele dia de 1982.
Os tempos de chumbo na América Central estão de volta? A Igreja Católica não titubeou. Mês passado, a arquidiocese de San Salvador, repentinamente, fechou seu escritório jurídico. Pudera. Seu arquivo de 50 mil documentos sobre abusos de direitos humanos é a fonte principal dos processos contra ex-autoridades nacionais.
Há muito mais. De 1979 a 1992, sucessivos governos salvadorenhos, muitos com a bênção dos EUA, combateram insurgentes marxistas. De ambos os lados, morreram 75 mil. Veio a anistia, em 1993, que pôs o véu sobre o conflito, com a crença de que a sociedade só se cura quando para de cutucar a ferida. O assalto contra Pro-Búsqueda abalou essa convicção. Ou não.
Vitaminada pela reconquista de liberdade democrática, a sociedade reivindica direitos e rejeita o silêncio. Alega que não há reconciliação com histórias mal contadas. O clamor moveu parlamentos e tribunais, que começam a escancarar os porões. Ganharam reforço da Corte Interamericana de Direitos Humanos que, ano passado, vetou a anistia para crimes contra a humanidade.
Foi a senha para vasculhar o massacre de El Mozote, de 1981, quando tropas oficiais mataram mil pessoas, metade delas crianças. Outros processos pipocaram pela região, arrastando os antes intocáveis aos tribunais - até Efraín Ríos Montt. O ex-general guatemalteco conseguiu anular uma sentença, em maio, mas ainda responde por genocídio.
Claro, os brutos ainda rondam a região, mas não amedrontam mais. Eis a boa-nova na América Latina. A má notícia é que os opressores de hoje não usam manequim verde-oliva. Têm roupas de grife e smartphones, trabalham nas frestas do sistema financeiro e dominam a democracia. Alguns usam popularidade nas urnas para concentrar superpoderes, como Nicolás Maduro.
Na América Central, os militares cedem lugar aos narcoempresários e suas redes de crimes transnacionais, com as quais conseguem intimidar governos, comprar juízes e desordenar seus países. A América Latina é a região mais insegura do mundo. Três dos países mais mortíferos - Honduras, El Salvador e Guatemala - estão na região.
Seu calvário é a geografia da droga, com os produtores da cocaína e maconha, ao sul, e o maior mercado consumidor, ao norte. Assim, em pleno reavivar das liberdades democráticas, a América Central sofre com corrupção, instituições frágeis e política fratricida. A ditadura de bananas tornou-se a democracia de bananas, onde imperam os donos do crime. É um poder com que os generalíssimos apenas sonhavam.
MAC MARGOLIS É COLUNISTA DO 'ESTADO', CORRESPONDENTE DO SITE THE DAILY BEAST E EDITA O SITE WWW.BRAZILINFOCUS.COM

Irã, Síria, Obama e a base da nova diplomacia

29 de novembro de 2013
O sistema geopolítico que governa o mundo entrou há alguns meses em uma nova era. Uma formidável comoção embaralhou as cartas de uma ponta a outra do planeta. Ela abalou posições que se julgavam consolidadas e inamovíveis na Europa (Ucrânia, Rússia), na China, mas, sobretudo, no Oriente Médio.
Não é correto pensar que esse imenso alvoroço deveu-se exclusivamente à vontade de um homem ou de uma potência. Muitos indícios sugerem, contudo, que o presidente americano, Barack Obama, foi um dos atores dessa metamorfose.
Duas ações decisivas tiveram lugar nos últimos meses. A primeira é a fadiga da insurreição dos "rebeldes" na Síria, cada vez mais isolados pelas tropas de Bashar Assad que a cada dia marcam novos pontos. A segunda, a assinatura do acordo em Genebra entre o grupo P5+1 (os cinco membros permanentes do conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha) e o Irã.
Nos dois casos, Obama esteve nas manobras. Relembrando: há poucos meses, os EUA estavam resolvidos a punir o tirano Assad, fornecendo mísseis Tomahawk aos insurgentes com esse fim. Obama chegou a arrastar a França para a ideia dessa cruzada anti-Assad e o secretário de Estado John Kerry fez o papel de incendiário.
De repente, quando explodiu a crise sobre as armas químicas usadas na Síria, tudo mudou: a questão não era mais a deposição de Assad. Washington acertou a questão dos arsenais químicos sírios em estreita cooperação com o presidente russo, Vladimir Putin, sem falar com os europeus ocidentais, que ficaram decepcionados (François Hollande em especial).
A grande revolta democrática da rua síria, tão enaltecida nos dois últimos anos por todos os poetas líricos da Europa e da América, saiu das primeiras páginas. A mudança americana sobre a síria é explicável. A rebelião síria está cada vez mais contaminada por jihadistas cujo fanatismo e obscurantismo são de assustar. Mas parece haver uma outra razão. E ela deve ser buscada na outra grande virada diplomática: o acordo assinado em Genebra com o Irã. Este acerto era uma das obsessões de Obama desde sua primeira eleição.
Não foi um acaso que as duas surpresas diplomáticas deste ano se produziram quase ao mesmo momento. De fato, o acordo com o Irã não poderia ter sido assinado se, ao mesmo tempo, os EUA tivessem lançado ataques aéreos contra as posições de Assad na Síria. Nesse caso, Teerã, que apoia o regime sírio, teria imediatamente rompido a discussão com Obama.
Nesses dois âmbitos, observa-se um outro ponto em comum: o estilo solitário e quase arrogante com que Obama conduziu o caso. Na Síria, ele mudou subitamente de curso abandonando a ideia de ataques contra Assad e resolvendo o problema das armas químicas apenas com Putin. No caso do Irã, ele fez os aliados europeus acreditarem que eles estavam juntos na empreitada, mas, uma vez assinado o acordo de Genebra, Washington deixou filtrar a verdade: as discussões entre Teerã e Washington sobre o arsenal iraniano vinham ocorrendo havia meses sem que Obama julgasse útil informar outros países a esse respeito. 
TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK - É CORRESPONDENTE EM PARIS

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Consulado dos EUA no Rio alerta para arrastões nas praias

Representação diplomática orienta turistas sobre como proceder e chama atenção para crescimento do número de casos no Leblon, Ipanema, Arpoador e Copacabana

25 de novembro de 2013
Marcelo Gomes - O Estado de S. Paulo
RIO - O consulado dos Estados Unidos no Rio de Janeiro divulgou em sua página na internet em inglês alerta sobre aumento de incidência de arrastões em áreas frequentadas por turistas. Segundo a nota, recentemente houve crescimento de registros de arrastões (traduzidos para o inglês como "mass robberies", ou roubos em massa), praticados por grande número de adolescentes, nas praias do Leblon, de Ipanema, do Arpoador e de Copacabana.
Ainda segundo a mensagem, a tendência é que os roubos em série continuem pelo mês de dezembro. O alerta, publicado na sexta-feira, 22, é dirigido a cidadãos americanos que residem no Rio ou que estão na cidade a turismo.
O consulado recomenda aos americanos para sempre prestarem atenção ao seu redor. Diz ainda para os estrangeiros não carregarem consigo objetos valiosos quando forem à praia ou a outros pontos turísticos. De acordo com o alerta, smartphones e cordões são os principais alvos dos ladrões, mas também há casos de furtos de carteiras, bolsas e até bicicletas.
Por fim, o alerta sugere que os americanos deixem seu passaporte em local seguro. Eles devem portar apenas cópia do documento, bem como um comprovante do seguro de saúde.
A Secretaria de Segurança do Estado do Rio ainda não se manifestou sobre o caso.
Confira a íntegra do alerta:
"O Consulado dos EUA no Rio alerta cidadãos americanos em viagem ou residentes no Rio de Janeiro sobre aumento da incidência de crimes em áreas frequentadas por turistas. Nos últimos dias, a imprensa local tem noticiado um crescimento de crimes, notadamente de arrastões, nos quais uma grande quantidade de adolescentes praticaram roubos em áreas inteiras das praias do Leblon, de Ipanema, do Arpoador e de Copacabana.
A incidência de crimes contra turistas é maior em áreas próximas a praias, hotéis, bares, boates e outros destinos turísticos. Incidentes de roubos e ônibus urbanos também são comuns. Crimes são especialmente comuns antes e durante o Carnaval e o Natal, mas também ocorrem durante todo o ano. É provável que o aumento atual dos crimes continue pelo mês de dezembro.
Os principais alvos dos criminosos são smartphones e cordões, mas há muitos registros de roubos de bicicletas, carteiras e bolsas. Por favor preste atenção ao seu redor. Mantenha objetos valiosos em locais seguros e não consigo quando visitar a praia ou outros pontos turísticos. Por favor tenha cuidado quando utilizar celulares em locais públicos, e considere esperar até entrar num local seguro antes de usá-lo.
Você deve manter uma cópia do seu passaporte consigo quando estiver em público. Mantenha seu passaporte no hotel ou em outro local seguro. Você também deve carregar uma prova do seu seguro saúde".

domingo, 24 de novembro de 2013

Irã fecha acordo com EUA que congela programa nuclear

Acordo | 24/11/2013

O presidente iraniano endossou o acordo, que implica na suspensão das atividades nucleares por seis meses em troca de alívio limitado e gradual das sanções

Wiliam Hague (Secretário de Assuntos Exteriores do Reino Unido), Wang Yi (Ministro de Assuntos Exteriores da China), John Kerry (Secretário de Estado dos EUA), Laurent Fabius (Ministro de Assuntos Exteriores da França), Sergei Lavrov (Ministro da Rússia), Catherine Ashton (Chefe de política externa da União Europeia) e Mohammad Javad Zarif (Ministro de Assuntos Exteriores do Irã) se reúnem no palácio das Nações Unidas em Genebra
Irã, EUA e outras cinco potências mundiais chegam a acordo que congela a capacidade do país para enriquecer urânio no nível máximo de 5%, bem abaixo do limite necessário para produção de armas nucleares.

Genebra - O Irã fechou um acordo histórico neste domingo com os Estados Unidos e outras cinco potências mundiais, aceitando congelar temporariamente seu programa de enriquecimento de urânio. É o avanço mais significativo das negociações entre Washington e Teerã em mais de três décadas de estranhamento.
O presidente iraniano, Hassan Rohani, endossou o acordo, que implica na suspensão das atividades nucleares por seis meses em troca de alívio limitado e gradual das sanções, incluindo o acesso aos US$ 4,2 bilhões gerados pelas vendas de petróleo. O período de seis meses dará aos diplomatas tempo para negociar um pacto mais abrangente.
A decisão resulta do diálogo público aberto no encontro anual da Organização das Nações Unidas (ONU) em setembro, durante o qual o presidente norte-americano, Barack Obama, teve uma conversa de 15 minutos por telefone com Rohani, eleito em junho deste ano.
O acordo congela a capacidade do Irã para enriquecer urânio no nível máximo de 5%, que está bem abaixo do limite necessário para produção de armas nucleares, e visa a minimizar as preocupações de que um dia Teerã terá a sua própria bomba atômica.
Obama saudou o pacto, que inclui restrições ao enriquecimento de urânio e outros projetos que podem ser destinados à fabricação de armas, como essencial para impedir o Irã de se tornar uma ameaça nuclear. "Simplificando, eles cortaram os caminhos mais prováveis do Irã para uma bomba", disse a repórteres em Washington. Fonte: Associated Press.

15 maneiras de jogar seu dinheiro no lixo

Veja algumas formas de usar o dinheiro que são o mesmo que depositá-lo diretamente na lata de lixo

Desperdício | 19/11/2013 

 Exame.com   
                                                                                                                                      São Paulo – Se você não for uma pessoa muito atenta à forma como gasta seu dinheiro é possível que você esteja jogando ou já tenha jogado milhares e até centenas de milhares de reais no lixo. A seguir estão listadas 15 maneiras de jogar seu dinheiro fora. Confira e evite que elas sejam aplicadas a você.
  1 Não fazendo o financiamento de imóvel mais barato
Ao financiar um imóvel, o comprador pode chegar a gastar mais do que o dobro do que na compra à vista. Como parcelar pode ser a única opção e comprar um imóvel pode ser uma questão de necessidade, falar que o financiamento é dinheiro jogado no lixo pode ser algo muito controverso. Mas, quando o comprador gasta mais dinheiro do que precisaria ao não realizar o financiamento mais barato do mercado, é inevitável dizer que ele está jogando dinheiro no lixo, e em grande quantidade. 
Conforme mostra uma simulação feita pelo Canal do Crédito, no financiamento de um imóvel de 500 mil reais em 30 anos, com uma entrada de 100 mil reais, o comprador paga até o final do prazo 932 mil reais no financiamento mais barato do mercado, do HSBC, enquanto no mais caro, ele paga 1,041 milhão de reais, uma diferença de 108 mil reais. O exemplo considerou um perfil de cliente entre 36 e 40 anos, com renda mensal de 15 mil reais e não levou em conta apenas as taxas de balcão, que são aquelas inicialmente divulgadas pelos bancos, mas as taxas que podem ser obtidas depois de realizada uma análise de crédito do cliente (por isso a Caixa não aparece como a opção mais barata). 
2 Abastecendo o carro com o combustível mais caro
Você não precisa abastecer seu carro com gasolina aditivada se o manual do veículo não faz esse tipo de recomendação. E nem é aconselhável fazer isso. “Com os carros da Volvo, por exemplo, os próprios técnicos orientam o proprietário a não usar gasolina aditivada. Mas para as petrolíferas é bom promover esse tipo de combustível pois existem alguns elementos na gasolina que podem levar ao acúmulo de borra. Por isso, o ideal é sempre seguir a orientação do manual”, explica Milad Kalume Neto, Gerente de Desenvolvimento de Negócios da Jato Dynamics.
3 Comprando o óleo mais caro sem necessidade
A mesma lógica da gasolina aditivada vale para a troca de óleo. “Ao comprar um óleo que trabalha abaixo da especificação do manual, o motor pode ser danificado, mas se o proprietário usar um óleo de gama maior do que a necessária, ele pode estar jogando dinheiro fora”, afirma Kalume. 
Ele acrescenta que ao fazer a revisão periódica do carro, muitas concessionárias também aconselham a realização da limpeza dos bicos de injeção. “Todo mundo coloca na revisão a limpeza do bico, mas não existe necessidade de limpar o bico a cada 10 mil quilômetros porque neste intervalo normalmente não ocorre a formação de elementos prejudiciais. E o propriertário gasta com isso 100, 200, 300 reais à toa. Novamente, é preciso seguir a orientação do manual”, diz o gerente da Jato Dynamics. 
A troca do disco de freio também costuma ser indicada sem necessidade em alguns casos. “Se a pessoa não conhece, ela olha e acha que precisa trocar. Não é como o pneu, que a pessoa percebe que está desgastado. Uma regrinha básica é realizar uma troca de disco a cada duas trocas de pastilha”, diz Kalume.
4 Usando um plano de celular não adequado ao seu uso
Uma pesquisa realizada pelo site Pricez, de comparação de preços de planos de celular, mostrou que 87% das pessoas estão com o plano de telefonia errado, gastando, em média, cerca de 980 reais a mais por ano.
Para não contratar um plano com mais ou menos serviços do que você necessita, o ideal é que seja avaliado o tipo de uso que você faz para que sejam pesquisadas as opções mais adequadas. No Pricez, ao informar a quantidade de minutos de ligações por mês e o plano de dados ideal para a sua frequência de acesso à internet, são mostrados os valores cobrados nas operadoras Claro, Oi, Tim e Vivo.
5 Usando o modelo errado de declaração do imposto de renda
No modelo simplificado da declaração de imposto de renda, o contribuinte substitui todas as possíveis deduções por um desconto único de 20% dos rendimentos tributáveis, sem a necessidade de detalhar seus gastos.
Mas quem tem dependentes, possui um plano de previdência privada da modalidade PGBL ou tem despesas médicas pode deixar de aproveitar uma restituição maior ou pode pagar mais imposto do que deveria caso opte pelo desconto de 20%. Isto porque o modelo completo permite as deduções de gastos com dependentes, consultas médicas, planos de saúde, aportes feitos ao PGBL, etc. O ideal é preencher a declaração com todas as possíveis deduções e deixar que o programa da Receita calcule qual dos dois modelos é o mais vantajoso para o contribuinte.
6 Contratando pacotes de serviços bancários caros 
Tal como os planos de celular, os serviços bancários também devem ser contratados de acordo com o tipo de uso que o cliente faz. Se você não pensou nisso antes de abrir sua conta e deixou por conta do banco a escolha do pacote contratado, é possível que você esteja pagando mais do que deveria.
Por uma disposição do Banco Central, todos os bancos são obrigados a oferecer aos clientes, sem qualquer tipo de cobrança, um conjunto de serviços essenciais que inclui: 10 folhas de cheque, quatro saques, dois extratos dos últimos 30 dias e duas transferências entre contas da própria instituição. Além de oferecer a opção de contas sem custo, os bancos também devem, por lei, oferecer quatro pacotes padronizados de serviço, cada um com um grupo de serviços por um valor fechado.
Em reportagem anteriormente publicada, EXAME.com explicou o que cada um dos pacotes oferece e mostrou que a Caixa e o HSBC têm os pacotes mais baratos. No site Febraban Star, da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), é possível comparar não só o preço dos pacotes padronizados, como as tarifas de todos os outros serviços de qualquer banco do mercado. 
Além disso, os bancos também podem oferecer pacotes promocionais. O Santander, por exemplo, possui opções de contas isentas de tarifas, desde que o cliente realize algumas ações em contrapartida, como a portabilidade de salário ou manutenção do crédito de salário no Santander e o pagamento de uma conta nos canais eletrônicos.
7 Deixando dinheiro na conta corrente
Se você não está utilizando todo o dinheiro que entra na sua conta, deixá-lo parado é o mesmo que jogá-lo no lixo, já que ele poderia estar rendendo se fosse destinado a alguminvestimento. Além disso, você corre o risco de gastar até o último centavo com coisas desnecessárias. Por isso, por mais que você ainda esteja estudando qual o melhor destino para o seu dinheiro, aplique-o pelo menos na poupança. Por mais que outros investimentos possam ser mais adequados ao seu objetivo, pelo menos os recursos estarão rendendo enquanto você se decide.
8 Atrasando a fatura do cartão
Atrasar a fatura do cartão de crédito e pagar juros por isso é uma das melhores táticas para jogar seu dinheiro no lixo, e os bancos adoram. Se você não pagar toda a fatura até o vencimento e parcelar a dívida, você entrará no crédito rotativo e pagará um dos juros mais caros do mercado. Conforme mostra uma simulação feita na Calculadora do Cidadão do Banco Central, o parcelamento de uma fatura de 5 mil reais em um banco de Custo Efeitvo Total (CET) de 9% (taxa comum no mercado), você jogará fora nada menos que 1.185 reais em juros e encargos.
9 Pagando multas de trânsito
Talvez a maneira mais irritante de jogar seu dinheiro no lixo sejam as multas de trânsito, que a cada ano são aplicadas de forma mais eficiente. Em São Paulo, por exemplo, a gestão de Fernando Haddad estima que a arrecadação com multas deve aumentar 22% em 2014 com a instalação de 200 novos radares de trânsito.
10 Viajando na alta temporada
Seria necessário um espaço muito maior do que este para mostrar todos os exemplos de serviços e produtos turísticos que ficam mais caros durante a alta temporada. Mas, para ficar em apenas um deles, o site Viaje Aqui, da revista Viagem e Turismo, mostrou que um pacote para Fernando de Noronha em dezembro de 2012 era vendido por 7 mil reais, enquanto em março saía por 3 mil reais.
Em geral, os meses de janeiro, fevereiro, julho e dezembro são os mais caros para se viajar e o restante representa a baixa temporada. Mas cada lugar pode ter sua própria alta temporada, como é o caso de Nova York na semana do Thanksgiving Day, a última semana do mês de novembro.
Além disso, alguns lugares podem ser mais bem aproveitados na baixa temporada não só pelos custos. Na mesma reportagem do site Viaje Aqui, o autor mostra que alguns destinos ficam não só mais baratos, como mais bonitos na baixa temporada, como é o caso da Holanda e do Japão na primavera e das serras Gaúcha e Catarinense no outono.
11 Comprando título de capitalização
Os bancos vendem os títulos de capitalização exaltando que o produto oferece uma remuneração maior ou igual à da poupança e ainda permite que o cliente concorra a sorteios. Mas, mesmo que o rendimento se iguale ao da poupança, boa parte do valor destinado ao título é abocanhado por taxas altíssimas.
Em um título comercializado no mercado, que reflete bem como funcionam outros produtos similares, apenas 10% do valor das três primeiras mensalidades vai para a cota de capitalização para ser remunerado por uma taxa de juros. Do quarto ao 23º mês, 90% do valor da mensalidade vai para a cota de capitalização e, do 24º ao 48º mês, 97,98%. Neste produto, essas quantias são remuneradas da seguinte forma: juros de 0,45% ao mês mais TR (Taxa Referencial) do primeiro ao 12º mês, e juros de 0,5% ao mês mais TR do 13º ao 48º mês.
Portanto, a não ser que você acredite que sua sorte pode ser maior com um título de capitalização do que com um jogo da Mega-Sena, é melhor não desperdiçar seu dinheiro com isso.
12 Pagando o seguro de automóvel mais caro
Notícias e mais notícias mostram que os preços dos seguros podem variar muito de acordo com o perfil do cliente, o modelo do carro e a seguradora. Para se ter uma ideia, em um mesmo CEP, o seguro de um mesmo modelo, vendido a um mesmo proprietário, pode variar até mil reais dependendo da empresa. Por isso, vale a pena simular os custos em diferentes seguradoras, como em sites de corretoras online. 
Além de não contratar a apólice mais barata, outra forma de perder dinheiro com o seguro ocorre quando alguma característica no seu perfil mudou e você não comunicou isso à seguradora. Se o seu filho saiu de casa, por exemplo, você pode estar pagando o valor que seria cobrado de um cliente com perfil de risco mais arriscado e pode estar gastando centenas de reais a mais à toa.
13 Comprando um carro que consome muito combustível
Não são só os carros de luxo e os SUVs que bebem muito combustível. Em uma mesma categoria, o consumo pode variar muito dependendo do modelo do carro. Até mesmo um mesmo modelo pode ter níveis de consumo diferentes de acordo com a versão. No ranking de consumo de combustíveis do Inmetro, duas das versões do Volkswagen Polo, a 1.6 e a Sportline 1.6, aparecem entre os carros que mais consomem combustível, enquanto a versão BlueMotion é um dos exemplos de menor consumo da tabela.
14 Pagando por coisas que você não usa
Você realmente usa sua casa na praia? E a academia, tem sido frequentada? Estes são dois dos diversos exemplos de coisas que costumamos pagar, mas não usamos. Pense bem e avalie se esses gastos realmente valem a pena, ou se convença de uma vez por todas que você não gosta de puxar ferro ou não tem tempo para viajar. Você pode aproveitar esse dinheiro muito mais com algo que você vá de fato usufruir. 
15 Comprando as marcas mais caras
Assim como remédios genéricos custam menos e fazem o mesmo efeito que os remédios de marcas mais caras, suas roupas, cosméticos, alimentos e diversos outros produtos podem satisfazê-lo plenamente, mesmo sem um nome famoso na etiqueta. Basta pesquisar para encontrar um produto de qualidade e entender que talvez a funcionalidade e a economia podem ser mais importantes do que o status que o produto de marca garante. Afinal, uma embalagem bonita e um logo famoso nem sempre são sinônimos de melhor qualidade. 

sábado, 23 de novembro de 2013

Governo estuda nova estrada para desafogar trânsito para o litoral

Rodovia teria 36 quilômetros, com início no Trecho Leste do Rodoanel, que está em construção; motorista seguiria percurso formado por túneis e viadutos até a área continental de Santos, na altura do pedágio da Rodovia Cônego Domenico Rangoni

23 de novembro de 2013 
ADRIANA FERRAZ - O Estado de S.Paulo
Os longos congestionamentos que ocorrem em feriados e fins de semana de calor nas rodovias que levam ao litoral paulista poderão ser reduzidos dentro de cinco ou seis anos. Isso se a nova proposta de acesso às praias em análise pelo governo do Estado sair do papel. O estudo prevê a construção de uma via para ligar a cidade de Suzano, na Grande São Paulo, à Baixada Santista e ao litoral norte.
A estrada em análise tem 36 quilômetros, com início no futuro Trecho Leste do Rodoanel, já em construção. O acesso seria feito nas proximidades da Estrada dos Fernandes, em Suzano. De lá, o motorista seguiria um percurso formado por túneis e viadutos até a área continental de Santos, a apenas 15 minutos da entrada do Guarujá, na altura do pedágio existente na Rodovia Cônego Domenico Rangoni. Nesse ponto, um túnel serviria de rota especialmente para veículos de carga até o Porto de Santos.
O projeto prevê ainda que a futura estrada dê acesso direto à Rodovia Rio-Santos, via Bertioga, proporcionando rota alternativa para as cidades do litoral norte (veja ao lado). A expectativa é de que a viagem de Suzano a Santos leve cerca de 40 minutos e possa ser inaugurada em 2019, caso a proposta apresentada ao governo seja levada adiante sem atrasos.
A iniciativa de projetar a nova rodovia é do Grupo Bertin, dono da Contern, responsável pela construção dos Trechos Leste e Sul do Rodoanel. Na próxima semana, a construtora - que firmou um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) com o governo - apresentará informações adicionais à Secretaria Estadual de Logística e Transportes, que participa das negociações com representantes das prefeituras de Santos e Suzano.
Batizada preliminarmente como Via Mar, a nova rodovia ainda poderá ajudar a desafogar as pistas da Cônego Domenico Rangoni nas proximidades do acesso ao Porto de Santos. Não raramente, a estrada fica completamente parada pelo excesso de caminhões no complexo portuário. Com o túnel em direção a Santos, a via daria acesso a São Vicente e Praia Grande e aos municípios do litoral sul: Itanhaém, Peruíbe e Mongaguá.
O modelo final depende da aprovação do governo, que oficialmente afirma apenas cogitar a proposta. Os estudos da Contern devem estender-se até março, quando o Estado planeja abrir chamamento público para o desenvolvimento do projeto executivo da obra.
Para o professor de Transportes da Fundação Educacional Inaciana (FEI) Creso de Franco Peixoto, o governo caminha para a construção de uma nova via no sentido litoral, assim como ocorreu no fim dos anos 1990, quando se optou pela segunda pista da Imigrantes. "Ainda temos essa tendência de investir em soluções rodoviárias, sempre paliativas. A prioridade deveria ser o transporte público. De todo modo, o sistema está mesmo saturado, reflexo direto do nosso enorme índice de motorização", diz.
Rota. A nova rota para o litoral seria uma boa alternativa especialmente para moradores da zona leste da capital, de Guarulhos e até do interior, via São José dos Campos. Pelo projeto, o percurso teria cerca de três ou quatro viadutos - a maior parte do percurso seria feita por túneis profundos, cavados a mais de 20 metros.
A construção por túneis é condição para viabilizar o negócio do ponto de vista ambiental, apesar de dificultar do ponto de vista financeiro - o método é de seis a dez vezes mais caro. Segundo projeto da Contern, ao qual o Estado teve acesso, esses túneis teriam três faixas de rolamento em cada um dos sentidos e altura suficiente para receber, no "subsolo", uma ferrovia para transporte de cargas e dutos para levar líquidos, como etanol, do Planalto ao litoral.
Mesmo com alta tecnologia, a execução do trajeto causaria impacto no Parque Estadual da Serra do Mar, área de preservação ambiental. Por causa do risco, outro projeto de estrada rumo ao litoral, via Parelheiros, na zona sul, está praticamente descartado. O percurso até Itanhaém exigiria ainda mais desmatamento.

Personagens infantis raspam a cabeça em apoio às crianças com câncer

                                    Personagens infantis raspam a cabeça em apoio às crianças com câncer

Personagens dos quadrinhos e de desenhos animados "rasparam a cabeça" para dar fôlego ao Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil, celebrado neste sábado, 23.

Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, melhor. O tratamento pode englobar a quimioterapia, a cirurgia e a radioterapia. A cura é mais facilmente alcançada se os pequenos receberem o apoio de familiares e amigos. feito o diagnóstico, melhor. O tratamento pode englobar a quimioterapia, a cirurgia e a radioterapia. A cura é mais facilmente alcançada se os pequenos receberem o apoio de familiares e amigos.


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Violência tira 1,73 ano de vida de negros

Valor é mais que o dobro da perda dos homens brancos, segundo o Ipea; a cada 3 homicídios no País, em 2 a vítima é negra

20 de novembro de 2013
LISANDRA PARAGUASSU , BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
A expectativa de vida de um homem negro no Brasil é 1,73 ano menor do que deveria ser por causa da violência - o valor é mais do que o dobro da perda dos homens brancos. Os dados, levantados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostram que, a cada três homicídios no Brasil, em dois a vítima é negra.
Para além das causas socioeconômicas, a maior razão das mortes violentas dos negros, diz a pesquisa, é o racismo. Informações sobre mortalidade do Censo 2012, usadas pelos pesquisadores, mostram que a taxa de mortes violentas entre os negros é de 36 mortes por 100 mil. Entre os não negros, de 15,2. A principal conclusão da pesquisa é que a cor aumenta a vulnerabilidade dos negros, que correm 8% mais riscos de se tornarem vítimas de homicídio do que um homem branco, ainda que nas mesmas condições de escolaridade e características socioeconômicas.
"O negro é duplamente discriminado no Brasil, por sua situação socioeconômica e por sua cor de pele. Essas discriminações combinadas podem explicar a maior prevalência de homicídios de negros vis-à-vis o resto da população", diz o estudo. Variáveis como educação, emprego, renda e localização do domicílio explicariam, segundo o estudo, apenas 20% da diferença no número de mortes entre negros e brancos. O restante estaria ligado à cor da pele.
No Espírito Santo, por exemplo, homens negros perdem 5,2 anos em sua expectativa de vida e, na Paraíba, 4,8 anos. Nos dois casos, a queda na expectativa de vida do grupo é causada basicamente por homicídios.
Protesto. Para protestar em São Paulo contra a violência que atinge "pretos, pobres e periféricos", sai hoje da Avenida Paulista a Marcha da Consciência Negra, com destino ao Teatro Municipal. Entre os organizadores está o professor universitário Ailton dos Santos, de 46 anos. Ele é negro e morador do Mandaqui, na zona norte.
Santos calcula que já tenha perdido 50 amigos assassinados. "Ao menos 40% dos meus amigos de infância e adolescência morreram", diz. Há quatro meses, quando andava pelos Jardins, foi abordado por policiais, que perguntaram: "O que está fazendo aqui?". Foi uma entre as mais de 30 abordagens constrangedoras que já recebeu.

Por que os aliados EUA e Israel divergem sobre o Irã?

21/11/2013
Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News 
Os Estados Unidos e Israel são e continuarão sendo aliados. Mas, como todos os países do mundo, possuem seus próprios interesses. Na maior parte dos casos, americanos e israelenses estão do mesmo lado no Oriente Médio. Algumas vezes, porém, adotam posições divergentes. Foi assim, por exemplo, na Guerra do Sinai e, mais recentemente, na deposição de Hosni Mubarak no Egito. Aparentemente, o mesmo se repete agora em relação ao Irã.
Washington quer se distanciar do Oriente Médio neste momento. Primeiro porque há uma fadiga com a região depois da guerra do Iraque. Em segundo lugar, porque os EUA estão próximos da independência energética, sem precisar se preocupar tanto em agradar regimes como o da Arábia Saudita.
Por este motivo, o governo de Barack Obama busca uma solução para questões ainda pendentes na região. No Iraque, retirou as tropas. Na Síria, busca evitar um envolvimento direto. Falta ainda tentar uma solução para o conflito Israel-Palestina e para o Irã.
Não vou me aprofundar hoje no conflito Israel-Palestina. Vou manter o foco apenas no do Irã. Para os israelenses, o risco de um Irã nuclear, por menor que seja depois de um acordo, tem uma proporção muito maior do que para os americanos. Os EUA jamais seriam alvejados por uma bomba atômica iraniana. O regime de Teerã não teria capacidade de lançar um míssil ou uma operação contra o território americano. Nova York, Washington, Los Angeles, Detroit e Chicago estão a salvo. Já Israel, mesmo sendo mais poderoso, poderia sim ver o país ser destruído, com uma bomba arrasando Tel Aviv – noto que eu sigo a teoria da mútua destruição assegurada e não acho que o Irã atacaria Israel pois Teerã seria destruída minutos depois. Mas entendo quem discorda de mim.
Isso explica as posições distintas de ambos neste momento. Israel quer a eliminação total do programa nuclear iraniano para existir risco zero. Os EUA, avaliando que o risco zero é impossível, querem um regime com redução acentuada das atividades nucleares e a imposição de um mais intrusivo esquema de inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica. Para os israelenses, isso não seria suficiente porque não “zera” a possibilidade de um Irã nuclear.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Irã e potências ocidentais ainda tentam chegar a acordo nuclear em Genebra

Diplomata iraniano diz que é necessário recuperar confiança perdida em negociação anterior

21 de novembro de 2013
O Estado de S. Paulo
GENEBRA  - O grupo das potências nucleares 5+1 (EUA, China, Rússia, Grã-Bretanha, Rússia e Alemanha) e o Irã ainda tentam diminuir as divergências para um acordo preliminar sobre o programa nuclear do país persa nas negociações que ocorrem nesta quinta-feira, 21, em Genebra, na Suíça. O vice-chanceler iraniano Abbas Araghchi e a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton discutem um rascunho que agrade ambas as partes.
Segundo o diplomata iraniano, os dois ainda discutiriam detalhes que impedem uma solução para o impasse noite adentro.
"Esperamos que o Ocidente tenha uma posição conjunta sobre o rascunho", disse Araghchi à iraniana Press TV. " Estamos tentando reconstruir a confiança perdida em rodadas anteriores de negociação. E conseguimos recuperar parte dessa confiança. Mas aparar as divergências é um trabalho difícil".
Na semana passada, a desconfiança da diplomacia francesa em relação ao reator de plutônio de Arak impediu um acordo. Os EUA e seus aliados europeus estariam dispostos a amenizar parte das sanções que congelam bens do regime iraniano em troca de uma paralisação no programa nuclear, como parte de um acordo preliminar.
Os iranianos querem, no entanto, um reconhecimento ao seu direito de enriquecer urânio, uma concessão que os países ocidentais ainda hesitam em fazer. / AP

Cinco mitos sobre favela desfeitos pelo Censo 2010

07 de novembro de 2013
ANÁLISE: José Roberto de Toledo - O Estado de S.Paulo
A favela superou o clichê. A proverbial do morro carioca da Previdência (para onde soldados da Guerra de Canudos transpuseram o nome de um morro sertanejo no qual vicejava uma planta chamada favela) é uma exceção até no Rio de Janeiro: 57% dos domicílios "favelados" da cidade ficam no plano. Só 15% estão em encostas íngremes. O "morro" mítico dos sambas foi aterrado há tempos.
Tampouco a maioria das pessoas "prefere" morar em favelas para estar perto do trabalho. Em São Paulo, três de quatro habitantes dos ditos "aglomerados subnormais" levam mais de uma hora para ir e voltar do emprego - a proporção é 27% maior do que para o resto dos paulistanos. A regra se repete em 76% das cidades: o "favelado" perde mais tempo no trânsito que os demais.
O estudo do IBGE mostra que morar em "favela" é, acima de tudo, uma adaptação à geografia. É outro mito imaginar que o cenário é sempre o mesmo.
Em Natal, 40% das moradias "subnormais" ocupam dunas ou praias. Na paulista Cubatão, 29% ficam em manguezais. Em Linhares, no Espírito Santo, 38% ocupam irregularmente unidade de conservação ambiental. E em Petrópolis, na serra fluminense, local de repetidos e trágicos deslizamentos, 86% das moradias desse tipo estão em declives acentuados (superior a 16,7 graus).
Risco de outro tipo mas também grave há em 17 cidades onde há casas em lixões, aterros sanitários ou áreas contaminadas.
Favela não é tudo igual nem geográfica, nem urbanisticamente. Em Belford Roxo (RJ), 89% dos domicílios dessas aglomerações têm acesso a arruamento regular. Já em Vitória (ES), 72% das casas faveladas não têm rua por perto porque estão no morro.
Em quinto, mas não em último lugar, o morador da favela não vive nela porque lhe faltou escola. Em Niterói (RJ), 27% têm diploma de nível superior. E não só lá: são 24% em Florianópolis, 23% em Santos (SP) e 20% em Curitiba e Porto Alegre. 

No interior filipino, falta ajuda

Assistência humanitária está presente só nas localidades litorâneas atingidas por tufão

20 de novembro de 2013
KEITH , BRADSHER , THE NEW YORK TIMES - O Estado de S.Paulo
A gora que um grande esforço de ajuda internacional começou tomar corpo em torno da cidade costeira de Tacloban, arrasada pelo tufão Haiyan, a situação é totalmente distinta alguns quilômetros para o interior, onde muitos feridos e doentes não receberam nenhuma assistência em mais de uma semana. Bem distante das áreas costeiras inundadas onde o maior número de mortes ocorreu, na ilha filipina de Leyte, o quadro é de completa devastação. Quilômetro após quilômetro ao longo das estradas para o interior, em especial no leste, praticamente todas as casas parecem que tiveram seus telhados arrancados por garras ferozes.
Coqueirais foram arrasados e vastos trechos dos cultivos tiveram suas árvores cortadas a cerca de cinco metros do chão. Troncos caídos esmagaram ou provocaram estragos em casas e choupanas.
Mas enquanto socorristas internacionais e funcionários do Departamento de Saúde das Filipinas vasculham bairros na região costeira, eles não são vistos no interior.
Médicos, prefeitos e vereadores de seis cidades e vilarejos do interior na Ilha de Leyte dizem que seus cidadãos não receberam tratamento nem suprimentos médicos - e nenhum alimento, água ou tendas do programa de ajuda internacional. Eles não receberam também nenhuma assistência médica do governo filipino; apesar de as administrações municipais terem recebido sacos de arroz, os alimentos não chegaram aos povoados.
Todos eles disseram que, com a exceção de algumas pessoas enviadas para hospitais em Tacloban com ferimentos claramente mortais, a maioria das pessoas com lacerações e outros ferimentos associados ao tufão foi mandada para casa com pouco ou nenhum cuidado. As áreas do interior, carecem de médicos e têm poucos (quando têm) antibióticos, antissépticos, gaze e outros suprimentos médicos.
Todos disseram também que estavam vendo um aumento na incidência de febres e diarreias, que atribuíram ao grande número de pessoas bebendo água contaminada e vivendo em casas destelhadas, que oferecem pouca proteção das chuvas pesadas e frequentes dos nove últimos dias.
Não há um único termômetro na aldeia de Macanip ou nessa região - e ninguém levou crianças a algum assistente de saúde e nenhuma ajuda chegou do governo filipino ou de qualquer grupo internacional desde o tufão, disse Raúl Artoza, um vereador local.
"Estamos simplesmente pondo folhas de árvore nas suas testas", afirmou uma moradora, Milagros Macanip. Outros habitantes expressaram surpresa quando souberam que dois grupos de assistência médica, um alemão e um belga, tinham aberto hospitais de campanha a apenas cinco quilômetros da cidade costeira de Palo.
A precariedade é tão grande que alguns pacientes têm sorte de ter recebido algum antibiótico por via oral por mais de uma semana, embora eles fossem do tipo barato, ao qual muitas bactérias são resistentes. Rosaura Diola, uma enfermeira que dirige a clínica principal no centro de Jaro, disse que havia racionado o remédio a apenas 3, dos 21 comprimidos que os pacientes precisavam para completar um ciclo de uma semana de antibióticos.
Era tamanha a carência de remédios após o tufão, que os pacientes precisavam improvisar para obter o restante dos comprimidos de que precisavam para completar os tratamentos, relatou ela.
A clínica realiza normalmente 70 partos por mês, mas perdeu o telhado no tufão. Seu andar superior está aberto e exposto às pesadas chuvas, embora o andar de baixo, muito úmido, ainda ofereça um abrigo parcial.
No começo da semana, quase todas as cidades e aldeias da região ainda estavam sem eletricidade. Em todas elas, os estoques de vacinas antitetânicas estavam baixos ou já não existiam e as poucas vacinas que ainda estavam sendo injetadas ficaram expostas ao calor por dez dias; as orientações farmacêuticas pedem que elas sejam mantidas frescas para terem seu poder de prevenção total, embora vacinas mornas sejam melhores do que nada.
Ricky Carandang, um porta-voz presidencial das Filipinas, disse que os carregamentos de ajuda tinham começado a chegar a todas as administrações locais da Ilha de Leyte e esses governos eram responsáveis pelo seu repasse aos governos dos povoados. Ele manifestou preocupação ao ser informado de que dirigentes de povoados em lugares como Macanip e Buenavista disseram que não haviam recebido nenhuma ajuda, nem mesmo alimentos, acrescentando: "Vamos considerar esses relatos e tomaremos as medidas apropriadas".
Cidades e povoados do interior tendem a ter menos habitantes e bem menos mortos do que as cidades costeiras atingidas pela tempestade. Catalina Agda, a prefeita de Tunga, uma cidade interiorana de 7 mil habitantes, disse que só havia uma morte relacionada ao tufão ali, causada pela queda de um coqueiro, e 75 feridos confirmados.
Santa Fé teve 10 mortes confirmadas e Jaro teve 13, segundo autoridades locais.
Mas os danos extremos às residências, combinados com uma tendência dos moradores do interior a não ir a uma clínica quando estão feridos ou doentes por saber da limitação dos suprimentos médicos disponíveis, aumenta a probabilidade de ferimentos e doenças serem mais generalizados em áreas do interior do que alguém no litoral percebe, segundo autoridades locais.
Após as autoridades locais em Santa Fé serem informadas da ajuda disponível na vizinha Palo, a ambulância foi transportar Doyola, uma garota de 9 anos, e outra pessoa, para ajudar. Mas o destino delas ainda era um mistério no começo da semana. Com o toque de recolher em Tacloban, autoridades médicas no hospital disseram que não tinham registro de sua chegada à cidade. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO - É JORNALISTA

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Supertufão nas Filipinas matou até 2.500, diz presidente

12/11/2013
DA REUTERS
O número de mortes provocadas pela passagem de um supertufão nas Filipinas é provavelmente de 2.000 ou 2.500, mas não o total relatado anteriormente de dez mil, afirmou o presidente do país, Benigno Aquino, em entrevista à CNN nesta terça-feira.
"Dez mil, eu acho, é muito", disse Aquino em entrevista publicada no site da emissora CNN na internet. A estimativa anterior, de dez mil mortos, veio de autoridades locais que talvez estivessem "muito perto" do centro da destruição para fazer uma estimativa precisa, disse.
"Houve um drama emocional envolvido nesta estimativa em particular", disse.
Aquino contou à CNN que o governo ainda está reunindo informações de várias áreas atingidas.
"Esperamos ser capazes de entrar em contato com cerca de 29 municípios que ainda temos que estabelecer seus números, especialmente de desaparecidos, mas até agora 2.000, cerca de 2.500, é o número que estamos trabalhando em relação às mortes", afirmou.
Sobreviventes são resgatados no aeroporto da cidade de Tacloban
Editoria de Arte/Folhapress


sábado, 9 de novembro de 2013

CHINA

Reformas não devem acontecer de uma hora para outra

09/11/2013
RAUL JUSTE LORES

DE WASHINGTON
  

Pouco depois de aparecer na lista da revista "Forbes" como o segundo homem mais rico da China, o empresário Huang Guangyu, então com 39 anos, foi preso, em novembro de 2008.
Antes disso, encarnava o milagre chinês: da lojinha de eletrônicos que abriu em Pequim em 1987 à criação da rede Gome, com 700 lojas de eletrônicos e eletrodomésticos, e uma fortuna avaliada em US$ 2,7 bilhões.
Os motivos de sua prisão não foram anunciados. Apenas 15 meses depois, em fevereiro de 2010, ele foi formalmente acusado de pagar propinas e de usar informação privilegiada.
Foi condenado a 14 anos de prisão e a pagar multas milionárias.
O humor chinês já apelidou listas como as da "Forbes" de sha zhu bang, ou "lista de porcos para o abate".
Em outra metáfora rural, cara aos chineses, algumas dessas prisões "matam os frangos para dar medo aos macacos". Quiseram assustar bichos maiores? Foi inveja? Ou apenas resultado das brigas políticas e econômicas das diferentes facções do Partido Comunista?
A insegurança jurídica é talvez a reforma urgente na China que ainda vai demorar para acontecer, em um país onde o sistema jurídico é apenas um braço do partido.
O empreendedor chinês vive o constante temor de que algum dia, inesperadamente, seu negócio ou ideia seja punido por alguém poderoso, sem que lhe seja oferecida a possibilidade de defesa.
Uma pesquisa do jornal chinês "Informação Econômica" ("Jingji Cankao") mostra que 46% dos empresários chineses ouvidos atribuem a vontade que sentem de sair do país ao que chamam de "alta ansiedade" em relação ao sentido de segurança.
ABERTURA
Nenhuma reforma na China será tão radical, em tempos de muitos testes antes de qualquer decisão.
A origem do capitalismo moderno no país deu-se de forma nada planejada e sem uma decisão tomada em Pequim -longe dos desígnios do pai da abertura do país, Deng Xiaoping.
Em 1979, quando ele empreendeu sua reforma, 90% da população chinesa morava no campo, trabalhando em cooperativas rurais. Só podia "vender" sua produção ao governo. Propriedade privada era proibida.
Mas os habitantes da cidade de Wenzhou, na província de Zhejiang, começaram a furar o comunismo -ilegalmente começaram a vender verduras e legumes da área rural na então diminuta área urbana, a criar empresas de fundo de quintal, a "lucrar" com seu trabalho.

Petar Kujundzic - 17.out.2013/Reuters
              Casal de idosos em triciclo nas ruas de Pequim; maior parte da população da China não tem aposentadoria

Casal de idosos em triciclo nas ruas de Pequim; maior parte da população da China não tem aposentadoria

O Partido Comunista local lucrava com o negócio também -e, nacionalmente, a liderança do partido estava ocupada demais com um país traumatizado pelos excessos da Revolução Cultural (1966-1976).
Nos anos 1980 e no início dos anos 1990, a cidade virou de "capital dos calçados" a "capital dos eletrônicos" -a pequena economia local descobriu as vantagens do empreendedorismo e da geografia, e quem começou a produzir tênis em fabriquetas de fundo de quintal em poucos anos estava produzindo para as grandes marcas globais.
Depois do fracasso de diversas campanhas radicais empreendidas por Mao Tsé-tung, que queria industrializar o país em três anos ou expurgar toda a "cultura feudal" em outros cinco, o Partido Comunista aprendeu a fazer reformas bastante graduais nas últimas décadas.
Assim como a flexibilização da política do filho único (que começou recentemente em Xangai) ou a cobrança de licenças para dirigir um automóvel, que custam mais que o carro (também na maior cidade chinesa), não se espera que o Partido Comunista faça de uma hora para outra monumentais ajustes de percurso.
Para virar o ABC do planeta e fabricar de brinquedos e calçados a automóveis e computadores, a China investiu pesado em sua infraestrutura: quase do zero, criou uma rede de portos, aeroportos, ferrovias, trens de alta velocidade e capacidade energética invisíveis nos anos 1980.
Em um país de poupadores, isso foi possível. Tanto investimento em infraestrutura também enriquecia governos locais, promovia crescimento e criava os milhões de empregos que a China precisa criar por ano para equilibrar o êxodo rural.
DESPERDÍCIO
Mas essa política também levou a obras faraônicas, desperdício e muita corrupção.
Ao contrário dos anos 1980, quando eram quase todos miseráveis e estavam no mesmo barco, hoje há muita gente poderosa no Partido Comunista com interesse zero em mudanças que certamente cortarão as fontes de sua riqueza.
Na última década algumas grandes reformas foram feitas, como o fim da cobrança de anuidade nas escolas públicas de ensino básico, aumento de investimentos na saúde no interior.
Mas ainda vai levar um bom tempo até que os chineses não se preocupem com o futuro (a maior parte da população não tem aposentadoria) e passem a gastar mais.
E promover o aumento do consumo doméstico, que cresce 14% ao ano, mas muito menos do que deveria (o consumo doméstico representa 35% do PIB; metade do que no Brasil ou nos Estados Unidos, onde se aproxima de 70%).
Ou fazer com que estatais riquíssimas aumentem o salário de seus funcionários ou com que prefeituras não despejem milhões para vender terrenos ao mercado imobiliário, sem falar de uma futura Previdência -porque os chineses só querem, mesmo, mais segurança.