DO RIO
JUCA VARELLA
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
O lugar funciona como entreposto do entulho, que depois segue para um terreno na Baixada Fluminense. A Folha flagrou operários revirando bolsas, álbuns de fotos, peças de metal, cabos elétricos e telefônicos.
Eles usavam uniformes da Secretaria estadual de Obras e de empreiteiras que trabalham na região. A prefeitura, responsável pelo entulho, vai investigar o caso. O Estado diz que a roupa pode ter sido usada indevidamente.
Leia mais na edição da Folha deste sábado.
SUSPEITAS
O número de mortos no desabamento chega a 17. Ainda há ao menos cinco desaparecidos.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), afirmou nesta quinta-feira (26) que os indícios apontam que é improvável que o desabamento dos três prédios tenha sido causado por uma explosão. A principal hipótese aponta para um problema na estrutura de um dos prédios.
O ajudante de obras Alexandre Fonseca, 31, que sobreviveu ao desabamento ao se abrigar dentro do elevador, afirmou, porém, que não mexeu em pilares, vigas e lajes, que poderiam comprometer a estrutura do local.
Segundo o Crea, não havia qualquer registro da obra que estava sendo realizada em dois andares do edifício Liberdade. A prefeitura afirma que os imóveis estavam em situaçãoregular.
Sérgio Alves, sócio-diretor da empresa TO - Tecnologia Organizacional, afirmou em entrevista nesta sexta-feira que as obras realizadas no 3º e 9º andar do edifício Liberdade, que desabou quarta-feira (25), não tinha irregularidades.
De acordo com Alves, as intervenções retiraram apenas paredes de tijolos, o que, segundo ele, não altera a estrutura do prédio.
DO RIO
A Prefeitura do Rio informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que já foram identificados e serão demitidos quatro funcionários que aparecem em fotos publicadas na Folha, neste sábado, manuseando bens encontrados no depósito para onde foram levados escombros dos prédios que desabaram.
A Polícia Civil já foi comunicada, e na segunda, deverá receber por parte da prefeitura oficialmente as fotos que mostram os operários desviando bens no lixo do desabamento.
Os funcionários trabalhavam para o consórcio Porto Novo e para a empresa Brasfond, que não exercem nenhuma função na remoção de entulhos, mas realizavam obras na região para onde foram levados os escombros, na zona portuária da cidade.
A Folha flagrou operários revirando bolsas, álbuns de fotos, peças de metal, cabos elétricos e telefônicos.
Eles usavam uniformes da Secretaria do Estado de Obras e de empreiteiras que trabalham na região.
O comandante do Corpo de Bombeiros do Rio e secretário estadual de Defesa Civil, coronel Sérgio Simões, classificou como lamentável o possível desvio de bens.
Simões disse, entretanto, não acreditar que o desvio esteja de fato acontecendo.
"Eu acho que se realmente aconteceu nos dá uma tristeza muito grande, porque cada um de nós convive com esse cenário de intenso sofrimento. O contato com os familiares que estão lá aguardando nossa resposta é uma das cenas mais tristes. Então diante deste cenário, se alguém está pegando isso ou aquilo é realmente para se lamentar, mas eu não creio que isso seja fato", afirmou.
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