sábado, 10 de agosto de 2013

Os impactos de Belo Monte

Pescador recolhe o motor do barco em um igarapé de Altamira. Todas as casas localizadas nas áreas mais baixas da cidade serão removidas por causa do aumento do nível do rio Xingu com a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte

Pescador recolhe o motor do barco em um igarapé de Altamira. Todas as casas localizadas nas áreas mais baixas da cidade serão removidas por causa do aumento do nível do rio Xingu com a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte.
Pés sujos de barro de um trabalhador da olaria artesanal do Panelas, localizada na periferia de Altamira. Com a construção de Belo Monte, a área onde está localizada a olaria, que tem mais de 200 pequenos produtores, será inundada pelas águas do rio Xingu
Pés sujos de barro de um trabalhador da olaria artesanal do Panelas, localizada na periferia de Altamira. Com a construção de Belo Monte, a área onde está localizada a olaria, que tem mais de 200 pequenos produtores, será inundada pelas águas do rio Xingu.
Índios mundurukus que haviam invadido um dos canteiros de obra da hidrelétrica de Belo Monte aguardam no aeroporto de Altamira para embarcar em um avião da FAB com destino a Brasília, onde foram se reunir com membros do governo
Índios mundurukus que haviam invadido um dos canteiros de obra da hidrelétrica de Belo Monte aguardam no aeroporto de Altamira para embarcar em um avião da FAB com destino a Brasília, onde foram se reunir com membros do governo.
Trecho do rio Xingu próximo ao local onde está sendo construída a barragem principal da hidrelétrica de Belo Monte
Trecho do rio Xingu próximo ao local onde está sendo construída a barragem principal da hidrelétrica de Belo Monte.

http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/18191-os-impactos-de-belo-monte

Conflito na Irlanda do Norte deixa 56 policiais feridos

10/08/2013

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Cinquenta e seis policiais e dois civis ficaram feridos durante confrontos no centro de Belfast, depois da mais recente explosão de violência, estimulada pela tensão entre as comunidades católicas republicanas e os protestantes pró-Reino Unido da Irlanda do Norte.
Quatro policiais foram levados ao hospital depois dos confrontos na madrugada de sexta-feira, quando a polícia disparou balas de borracha e usou canhões de água, depois de ser atacada com pedras, garrafas e pedaços de andaimes pela segunda noite consecutiva. Manifestantes também atearam fogo a vários carros.
Os confrontos começaram quando centenas de protestantes tentaram bloquear uma marcha dos republicanos católicos, em comemoração ao 9 de agosto de 1971, quando 11 civis foram mortos pelo Exército britânico em Belfast.
Os católicos, que defendem a união com a Irlanda, consideram essa uma das medidas mais repressivas das três décadas de conflito na Irlanda do Norte.
Policial recebe cuidados de colega após protesto violento, em Belfast

Manifestantes se enfrentam com a polícia no centro de Belfast
Manifestantes incendeiam carro durante protesto no centro de Belfast

Na quinta-feira, oito policiais ficaram feridos e oito pessoas foram detidas em outra manifestação.
A Irlanda do Norte viveu 30 anos de violência sectária, que deixou 3.500 mortos. Os acordos de paz firmados em 1998 levaram católicos e protestantes a compartilhar o poder, mas ainda continuam a ocorrer incidentes violentos.
"A violência e os ataques aos policiais de ontem à noite foram uma vergonha," disse a ministra britânica para a Irlanda do Norte, Theresa Villiers, em um comunicado. "A desordem nas ruas é um retrocesso extremamente lamentável."
O chefe de polícia Matt Baggott acusou manifestantes de manchar a reputação da cidade. "Essas pessoas não queriam fazer um protesto pacífico, elas não têm dignidade", disse.


A pomba da paz, envenenada

Diogo Bercito é correspondente em Jerusalém

08/08/13
Caricatura mostra o premiê Binyamin Netanyahu envenenando a pomba da paz. Crédito Reprodução
Já tive a honra de ler os comentários dos leitores deste Orientalíssimo blog a respeito dos assuntos mais variados, da democracia no Oriente Médio ao movimento gay jerosolimita. Conversamos sobre linguística, sobre preconceito, sobre terrorismo e sobre um par de outras questões. Mas temos nos desviado, talvez por resistência ao atrito, de um dos assuntos mais importantes de toda a região –a paz.
Agora que as negociações foram retomadas entre palestinos e israelenses, sob intenso esforço diplomático do secretário de Estado americano John Kerry, voltamos a imaginar um Oriente Médio sem o conflito que fez deste país um dos lugares mais polêmicos do globo. Alguns de nós olham para o mapa-múndi e imaginam novas fronteiras traçadas, delimitando um futuro Estado palestino. Ao mesmo tempo, as fronteiras com Síria e Líbano finalmente reabertas –pela paz.
Como um estrangeiro na região, me dou o direito de ser otimista, de ler as notícias e de pensar que pode ser que eu tenha a honra de ser o correspondente a noticiar a assinatura dos acordos finais –de paz.
Os pessimistas, no entanto, parecem ser maioria. Como o negociador-chefe palestino Saeb Erekat me disse durante uma entrevista exclusiva (uma das únicas que ele deu, desde o início das negociações), não é de surpreender que as pessoas estejam céticas. Após vinte anos de conversas pós-acordos de Oslo, o que temos em solo são mais extremistas em ambos os lados –e não temos paz.
Mas é consenso também, ao mesmo tempo, que o contexto histórico está mudando. Enfraquecido em sua coalizão de direita, o premiê Binyamin Netanyahu pode se sentir, por exemplo, tentado a um acordo que marcaria sua gestão assim como ex-premiê Menachem Begin (1913-1992) ficou conhecido não pela mão dura, mas por ter negociado o acordo de Camp David com o Egito –recebendo, em 1978, um Nobel da Paz.
Além disso, Israel tem sofrido forte pressão da União Europeia, que parece disposta a aplicar na prática sua posição ideológica de repúdio à ocupação israelense dos territórios palestinos da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental. Assim, os acordos assinados com Israel a partir de 2014 terão de registrar claramente que os termos não serão válidos para os assentamentos, pois a rigor não constituem território israelense. O bloco europeu insiste que quer –a paz.
É claro que toda a discussão a respeito de um futuro acordo entre árabes e palestinos é, de certa maneira, feito a partir de pouca informação e muita especulação. As negociações entre Saeb Erekat e Tzipi Livni, ministra da Justiça de Israel, serão feitas em sigilo durante os próximos meses. Mas eu gostaria de saber o que vocês pensam –sobre a paz.
Em tempo, explico a ilustração deste relato. É um desenho publicado pelo jornal alemão “Stuttgarter Zeitung” durante esta semana, mostrando o premiê Netanyahu envenenando a pomba da paz do Oriente médio. Na garrafa de veneno, está escrito “construção de assentamentos”. A embaixada israelense protestou contra o desenho e contra a ideia da morte –da paz.

sábado, 3 de agosto de 2013

Análise: Lua de mel do Brasil e demais Brics parece ter chegado ao fim

03/08/2013
NOURIEL ROUBINI
ESPECIAL PARA O PROJECT SYNDICATE

Nos últimos anos, muitos exageros foram proferidos sobre os países do grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Diziam que logo estariam entre as maiores economias do mundo -e, no caso da China, a maior do mundo, talvez já em 2020.
Mas os Brics, como muitos outros países emergentes, vêm passando recentemente por uma rápida desaceleração. Qual é o problema deles?
Primeiro, a maioria deles estava superaquecida em 2010/2011, com crescimento acima de seu potencial e inflação em alta. Por isso, muitos BCs apertaram a política monetária em 2011, o que trouxe consequências para avanço em 2012 e continua a se fazer sentir neste ano.
Segundo, a ideia de que as economias emergentes podiam se desacoplar plenamente da debilidade econômica nos países ricos (como Europa e EUA) era absurda.
Terceiro, a maioria dos Brics e alguns outros países emergentes caminharam em direção a uma variante do capitalismo de Estado. Isso implica desaceleração nas reformas que elevam a produtividade e a participação do setor privado na economia, e um papel econômico mais forte para as estatais, bem como maior nacionalismo quanto aos recursos naturais e protecionismo comercial.
Essa abordagem pode ter funcionado em estágios anteriores de desenvolvimento e enquanto a crise global causava queda nos gastos privados, mas agora distorce a atividade econômica e deprime o potencial de crescimento.
Quarto, o superciclo das commodities que ajudou Brasil, Rússia, África do Sul pode realmente ter acabado.
É claro que algumas economias emergentes, mais bem administradas, continuarão a registrar rápido crescimento. Mas muitos deles podem encontrar uma espessa barreira, e seu crescimento e mercados financeiros sofrerão fortes abalos.
NOURIEL ROUBINI é presidente da Roubini Global Economics e professor de Economia na Escola Stern de Administração de Empresas, Universidade de Nova York.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2013/08/1321185-analise-lua-de-mel-do-brasil-e-demais-brics-parece-ter-chegado-ao-fim.shtml

Em meio a críticas, Mugabe é reeleito no Zimbábue pela sétima vez

03/08/2013
DA BBC BRASIL

O Comitê Eleitoral do Zimbábue anunciou neste sábado que Robert Mugabe foi reeleito com 61% dos votos, enquanto seu opositor, o premiê Morgan Tsvangirai, obteve 34% dos votos.
Antes da publicação oficial, Tsvangirai se manifestou mais uma vez dizendo que a eleição foi conduzida de forma "fraudulenta" e prometeu entrar com ação na justiça para questionar os resultados.
Ele também ressaltou que seu partido, o Movimento para Mudança Democrática (Movement for Democratic Change - MDC), não irá se aliar mais ao partido de Mugabe, o Zanu-PF.
Aos 89 anos, Mugabe é o mais velho líder da África e esse será seu sétimo mandato como presidente. Ele comanda o país desde 1980, quando era primeiro-ministro.
O partido de Mugabe, o Zanu-PF, conquistou 137 das 210 cadeiras do Congresso.
A reeleição de Mugabe está cercada de declarações totalmente opostas. De um lado, líderes de seu partido, o Zanu-PF, e observadores da União Africana e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla em inglês) garantem que a votação e a apuração foram livres, justas e transparentes.
A mesma opinião é compartilhada pelo representante do governo brasileiro convidado a acompanhar o pleito, que ocorreu na quarta-feira. "A votação foi extremamente tranquila e muito organizada. Bem diferente do que vimos na eleição anterior (em 2008)", disse o diplomata Antonio Carlos de Souza Leão, que é da embaixada do Brasil em Pretória, na África do Sul.
"Houve, sim, problemas com as listas eleitorais, que foram distribuídas muito em cima da hora. Mas isso não impediu que os partidos topassem participar", disse Leão, que visitou sessões eleitorais na periferia da capital Harare.
FARSA
No entanto, opositores de Mugabe e um grupo nacional que monitorou a eleição denunciaram inúmeras fraudes, especialmente nas áreas rurais, que abrigam os redutos eleitorais do presidente.
Tsvangirai, que tem 61 anos e lidera o partido Movimento para Mudança Democrática (MDC), disse que a eleição foi uma farsa.
"A credibilidade desse processo eleitoral foi minada por violações administrativas e legais, que prejudicam a legitimidade desse resultado", disse. "Essa eleição é uma farsa que não reflete o desejo das pessoas."
A Rede de Apoio à Eleição no Zimbábue (Zesn, na sigla em inglês), que é o maior grupo de monitores nacionais, com cerca de 7 mil pessoas espalhadas pelo país, também denunciou fraudes generalizadas.
Na quinta-feira, o grupo afirmou que as eleições haviam sido "seriamente comprometidas", com até um milhão de pessoas sendo impedidas de votar.
A Zesn afirmou ainda que potenciais eleitores foram constantemente barrados em seções eleitorais nas áreas urbanas, onde o apoio a Tsvangirai é mais forte. O grupo afirma ainda que até um dos 6,4 milhões de eleitores foram impedidos de votar.
PERFEITA
No grupo dos que endossaram o processo eleitoral no país está o líder da União Africana, o ex-presidente nigeriano Olusegun Obasanjo. Ele afirmou que a eleição foi livre e justa, mas admitiu que houve incidentes "que poderiam ter sido evitados".
"Mas em termos gerais, não acreditamos que esses incidentes vão impactar no resultado, afetando a vontade do povo. Eu nunca vi uma eleição tão perfeita."
Já os monitores da SADC também elogiaram a votação, mas disseram ser cedo demais para dizer que elas foram justas.
"Em uma democracia, nós não apenas votamos e fazemos campanha, nós aceitamos fatos difíceis, particularmente os resultados", disse o chefe da missão da Sadc no Zimbábue, Bernard Membe.
O Zanu-PF e o MDC formam, desde 2009, uma coalizão governamental instável. O acordo entre rivais colocou fim à onda de violência que tomou conta do país após a divulgação dos resultados das eleições presidenciais no ano anterior.
Mas o futuro da coalizão é incerto após o resultado das eleições. "Se alguém não estiver satisfeito, os tribunais estão aí para isso. Faço um convite a Tsvangirai para ir à Corte se ele tiver como justificar o que está dizendo", disse o ministro da Justiça do Zimbábue, Patrick Chinamasa (Zanu-PF).
NOSSO REI
Nos últimos anos, enquanto a economia do Zimbábue ia de ruim para péssima, chegando a um patamar desastroso, muitos anunciaram a decadência física e política de Mugabe - uma previsão que foi frustrada, pelo menos por enquanto.
Nos anos 70, ele era visto como um herói revolucionário, que lutou pela liberdade do seu povo contra a minoria branca que comandava o país. E em respeito a esse passado que muitos líderes afrianos se recusam a criticá-lo.
Décadas depois, o país que ele ajudou a libertar mergulhou em uma crise financeira sem precedentes, com uma inflação anual de 100.000% e a economia que mais encolhia no mundo.
Mas Mugabe disse que um país jamais iria à falência e culpou as sanções internacionais pelos caos econômico.
Politicamente, seu maior golpe ocorreu em 2008, quando ele ficou em segundo lugar no primeiro turno da eleição, atrás de Tsvangirai. Ele então convocou sua milícia, que entrou em confronto com opositores, levando o país a uma onda de violência que deixou dezenas de mortos - e fazendo com que o opositor abrisse mão da disputa.
Em seu aniversário do ano passado, ele negou os relatos de que estaria com câncer, como diziam documentos vazados pelo Wikileaks.
"Eu morri muitas vezes - por isso posso dizer superei Cristo, que morreu e ressuscitou somente uma vez", disse Mugabe, rindo, durante a festa, que custou mais de US$ 400 mil e teve um bolo de 89 quilos para celebrar a idade do presidente.
Após mais de três décadas no poder e prestes a completar 90 anos, muitos se questionam porque Mugabe não escolhe um sucessor - alguém que não investigasse seus mandatos ou as acusações de violação de direitos humanos que pesam contra ele.
Mas um de seus aliados, Didymus Mutasa, contou em uma entrevista a BBC que na cultura do Zimbábue, reis só são substituídos quando morrem. "E Mugabe é nosso rei", disse.
Com reportagem de MARIANA BELLA BARBA