quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Desastres ambientais agravam crise de água na China

03/08/2010
GUILLEM MARTINEZ PUJOL
DA EFE, EM PEQUIM

A sucessão de acidentes ambientais nas águas da China está agravando o problema de abastecimento no país, que sustenta 20% da população mundial com apenas 7% dos recursos hídricos disponíveis no planeta.

Com estes dados, segundo as Nações Unidas, cada cidadão chinês dispõe de 2.138 metros cúbicos de água por ano, quatro vezes menos que a média dos países desenvolvidos.

Por sua distribuição geográfica e os diferentes climas no país, a distribuição interna de água na China também não é equilibrada, com um norte árido e frequentemente semidesértico e um sul tropical e sujeito a chuvas de monção.
Trabalhadores chineses coletam lixo trazido pelas águas próximas à represa de Três Gargantas

O gigante asiático vive suas piores enchentes em 12 anos, que já deixaram mais de 1.500 mortos e desaparecidos no país, mas não pode garantir a provisão de água em todo seu território.

O governo chinês se mostra incapaz de ordenar seu mapa hidrográfico e realiza obras faraônicas, como a represa das Três Gargantas, no rio Yang-Tsé, ou o futuro Eixo de Desvio de Águas Sul-Norte, previsto para 2014, e vê uma proliferação, sem remédio, dos acidentes.

Nas últimas semanas, marés negras chegaram ao litoral, além de pragas de algas, que cobriram milhares de quilômetros quadrados e mataram toneladas de peixes, entre outros fatos.

A China é um dos países mais poluídos do mundo, devido em grande parte à acelerada industrialização vivida no país, cuja riqueza foi construída com uma exploração dos recursos com pouco controle e supervisão.

DOBRO

As últimas estatísticas oficiais apontam que os acidentes ambientais duplicaram em relação ao ano passado, com 102 incidentes apenas nos seis primeiros meses de 2010.

O Ministério de Proteção Ambiental chinês apresentou na semana passada os negativos resultados de um estudo oficial realizado este ano em milhares de amostras de águas da superfície do país.

Segundo a avaliação oficial, apenas 49,7% das águas estão aptas para o consumo e 26,4% são destinados à indústria, por não serem adequadas.

De fato, mais de 100 das 600 maiores cidades da China sofrem cortes regulares e outras 400 vivem problemas temporários de abastecimento dependendo da temporada.

A indústria pesada e a atividade agrícola, que abusa de pesticidas e adubos industriais, são as principais causas da deterioração da água, além das pobres medidas de aproveitamento, já que apenas 38% da água é tratada para poder ser reutilizada.

O Greenpeace estima que cerca de 100 milhões de chineses --um em cada 14-- realiza suas atividades cotidianas, como cozinhar, beber, tomar banho, com águas poluídas que afetam diretamente sua saúde.

Por sua vez, a Organização Mundial da Saúde (OMS) cifrou em 100 mil as mortes anuais que a China sofre por doenças diretamente ligadas à poluição da água.

Em 2007, o governo chinês assumiu que foram lançadas 30,3 milhões de toneladas métricas de resíduos nas águas do país, que deixaram 70% dos rios, lagos e reservas "gravemente contaminados", incluindo fontes importantes como os rios Yang-Tsé e Amarelo, além de lagos como o Taihu e o Chaohu, terceiro e quinto de maior capacidade, respectivamente.

"A crise ambiental, particularmente para a água, está chegando à China antes do esperado", reconheceu Pan Yue, vice-ministro de Proteção Ambiental.

O Banco Mundial (BM) elaborou um relatório no qual considerava que a poluição do ar e das águas na China são problemas com "consequências catastróficas para gerações futuras", que custam mais de US$ 100 bilhões anualmente, superiores a 5% de seu Produtor Interno Bruto (PIB).

http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/776941-desastres-ambientais-agravam-crise-de-agua-na-china.shtml

Evo Morales pede que Obama rejeite lei de imigração do Arizona

05/08/2010
DA ANSA, EM LA PAZ

O presidente da Bolívia, Evo Morales, apelou à origem afro-americana de seu homólogo norte-americano, Barack Obama, para pedir que ele rejeite a lei anti-imigração do Arizona e evite o retorno "dos obscuros dias de perseguição por cor de pele e origem racial" nos Estados Unidos.

Morales anunciou nesta quinta-feira que enviará a Obama uma carta com a solicitação e iniciará uma campanha internacional "em defesa" dos migrantes, tal como fez para que a Organização das Nações Unidas (ONU) aprove uma resolução que reconheça a água como um dos direitos humanos.

O presidente boliviano leu em uma coletiva de imprensa a missiva, na qual recorda que o mandatário dos EUA "é o primeiro afro-americano" que chegou ao cargo político máximo da nação, e que seus pais, assim como milhares de imigrantes, "tiveram que iniciar uma vida em um país que não era deles".

"Não sei o que pensou seu pai, que foi imigrante, se sentiu que não podia viver e trabalhar" em um país que "prega a justiça social, a livre circulação e mercado, e castiga os latino-americanos", que fazem "tanto esforço para o desenvolvimento" dos Estados Unidos, continua a mensagem.

A lei SB1070 entrou em vigor há uma semana, embora parte de seus artigos tenham sido bloqueados pela juíza Susan Bolton. Entre os pontos suspensos estão os mais polêmicos, como o que possibilitaria às autoridades revistarem uma pessoa que pareça suspeita de ser ilegal e o que obrigaria os imigrantes a portarem documentos que comprovassem sua estadia.

A vigência da norma do Arizona "somada à diretiva de retorno voluntário" da Europa, afirma a carta de Morales, coloca "em difícil situação milhares de imigrantes, principalmente latino-americanos".

A diretiva aplicada na União Europeia (UE) prevê o regresso voluntário de imigrantes ilegais, estabelecendo um período máximo de detenção para quem for preso, o qual não poderá exceder seis meses, e introduzindo a proibição de entrada nos países do bloco por até cinco anos para quem for expulso.

O presidente boliviano lembra ainda a Obama que "está em suas mãos evitar que em seu país retornem os obscuros dias de perseguição pela cor de pele e a origem racial".

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/778278-evo-morales-pede-que-obama-rejeite-lei-de-imigracao-do-arizona.shtml