terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Pela 1ª vez, música ao vivo na TV estatal

POR SAMY ADGHIRNI
28/01/14
Iranianos estão acostumados a ver músicos tocando instrumentos apenas em canais ou filmes estrangeiros. Na TV nacional, é proibido desde a revolução que levou os aiatolás ao poder, em 1979.
Imaginem, então, o choque que milhões de telespectadores tiveram, na semana passada, ao deparar-se com uma banda tocando ao vivo no programa matinal “Bom Dia Irã”, do canal 1 da toda-poderosa Islamic Republic of Iran Broadcasting (IRIB)?

Eram sete músicos do grupo Avaye Baran, sentadinhos, tocando uma canção em homenagem ao profeta Maomé com instrumentos persas tradicionais. Mais comportado, impossível. O exato oposto do Créu. Mesmo assim, a transmissão foi cortada após alguns segundos.
                           Musical
Foi o suficiente para que a aparição gerasse intenso debate nas redes sociais e na mídia local, onde proliferaram fotos da TV tiradas por telespectadores atônitos.
A pergunta que todos fazem é: a banda entrou ao vivo por descuido da produção ou foi uma jogada das facções liberais próximas do presidente Hasan Rowhani apontando para uma programação mais flexível?
O jornal reformista “Sharq” festejou o que viu como “fim do tabu.” Internautas iranianos estavam eufóricos no Facebook e no Twitter, bloqueados, mas amplamente acessados graças a programas antifiltro.
A alegria se esvaiu depois que o diretor do programa, Gholamreza Bakhtiari, minimizou o ocorrido, sob pressão dos ultraconservadores que têm ojeriza à ideia de capitulação ideológica. “As imagens dos instrumentos que foram ao ar não têm nada a ver com uma mudança na abordagem ou nas práticas da IRIB. Foi apenas um erro da nossa parte”, disse à agência de notícias Fars, próxima dos linha dura. Bakhtiari disse que estava disposto a “assumir as consequências” pelo suposto vacilo.
Há 34 anos, a IRIB se pauta por uma interpretação rígida da lei islâmica, contestada por muitos clérigos, que considera música algo impuro e imodesto, com exceção das marchas militares à glória do regime.
Banir de vez a música colocaria o Irã na mesma categoria que o Taleban, comparação pavorosa para a teocracia iraniana, que detesta ser vista como extremista. O jeito foi enquadrá-la.
Todos os álbuns vendidos legalmente no país precisam do aval do Ministério da Cultura e Orientação Islâmica. Entre as músicas ocidentais, praticamente só a clássica circula em paz. Mulher só pode cantar se estiver acompanhada de um homem. Dança, nem pensar. Shows e concertos, que também dependem do aval oficial, se limitam quase sempre a formações tradicionais. Ou seja que as pessoas podem ver instrumentos sendo executados ao vivo, mas passar na TV não pode. Entenderam?
Na verdade, música ao vivo na TV até pode, desde que os instrumentos não apareçam. Só o cantor pode mostrar a cara. Quando bandas tocam sem vocal nas emissoras da IRIB, a telinha mostra imagens da natureza, campos floridos ou montanhas.
Após a polêmica acerca do “Bom Dia Irã”, a banda fusion Pallett aproveitou convite para se apresentar num canal educativo da TV estatal para fazer um protesto elegante e original: enquanto sua música era tocada no estúdio, o quinteto mimou a execução dos instrumentos. 
O problema, para a IRIB, é que todas essas restrições são facilmente contornadas pelos iranianos. Difícil achar uma casa que não tenha parabólica. CDs piratas de Lady Gaga a Celine Dion são vendidos por jovens que correm entre os carros quando fecha o sinal de trânsito.
Rowhani entendeu esse descompasso e fez campanha prometendo aliviar barreiras à cultura. Por isso, jovens e nem tão jovens votaram nele em massa, dispensando até segundo turno nas eleição de junho.
Desde então, o ministro da Cultura de Rohwani, Ali Jannati, vem travando queda de braço duríssima contra os ultraconservadores que ainda controlam setores chave da teocracia iraniana, incluindo a Justiça e instituições morais. No complexo e fragmentado sistema iraniano, o presidente e sua clique têm poderes limitados.
Já há deputados tentando articular o impeachment de Jannati para puni-lo por ter defendido regras mais brandas para artistas, inclusive na publicação de livros.

A internet é outra briga.
Rowhani, Jannati e aliados querem levantar os filtros e liberar Facebook, Twitter e milhares de outros sites. A exemplo da surpresa com a banda tocando instrumentos na TV estatal, iranianos descobriram, numa noite de setembro, que o Facebook estava liberado. Horas depois, o site só podia ser acessado via antifiltros. Até hoje não se sabe o que aconteceu. Mas é difícil não enxergar mais um capítulo da batalha entre ultras e liberais.
O fato de a turma do presidente terem conseguido cumprir promessa acerca de algo tão simples, ao menos em tese, pode indicar que reformas internas mais profundas ainda são sonho distante.

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Afeganistão luta contra desnutrição infantil

Lashkar Gah, Afeganistão
No hospital Bost, em Lashkar Gah, Bibi Sherina estava sentada num leito da enfermaria de desnutrição grave e aguda com seus dois filhos. Com apenas três meses de idade, Ahmed parecia maior que seu irmão Mohammad, que tinha um ano e meio e pesava menos de cinco quilos.
Outro leito era ocupado por Fatima, com menos de um ano de idade e tão desnutrida que seu coração estava entrando em falência. Os médicos disseram que a menina morreria em pouco tempo, a não ser que seu pai conseguisse dinheiro para levá-la a Cabul para uma cirurgia.
Hospitais afegãos como o Bost, na capital da província de Helman, vêm registrando forte aumento nos casos de desnutrição infantil grave.
Em todo o país, segundo cifras da ONU, o número desses casos cresceu 50% ou mais comparado a 2012.

Mesmo a capital registrou aumento. "Em 2001 a situação foi ainda pior, mas hoje estamos no pior momento desde aquele ano", disse Saifullah Abasin, diretor da enfermaria de desnutrição do hospital infantil Indira Gandhi, em Cabul.
Daniel Berehulak/The New York Times
                          Samiullah, de oitos meses, possui desnutrição crônica; ele está sendo tratado no hospital Bost, no Afeganistão
Samiullah, de 8 meses, possui desnutrição crônica; ele está sendo tratado em hospital do Afeganistão

As razões do aumento ainda não estão claras. A maioria dos médicos e funcionários humanitários concorda que a guerra contínua e o deslocamento de refugiados estão contribuindo para a desnutrição. Para alguns, o número crescente de pacientes infantis pode ser um bom sinal, pelo menos em parte, pois indicaria que mais afegãos pobres estão ouvindo falar que há tratamento disponível.
Quase todas as vias de suprimento de alimentos sofrem problemas ou estão rompidas. Os esforços para informar a população sobre nutrição e saúde, com frequência, são dificultados por tradições conservadoras que mantêm as mulheres enclausuradas, sem acesso a qualquer pessoa de fora da família. A agricultura e as fontes tradicionais de apoio social foram prejudicadas pela guerra e pelo êxodo de refugiados para as cidades. Os programas de alimentação terapêutica foram comprometidos, na medida em que o fluxo de ajuda foi obstruído por tensões políticas ou violência.
Em nenhum lugar a situação parece ser tão obviamente grave quanto na enfermaria de desnutrição do hospital Bost, que vem recebendo 200 crianças por mês com desnutrição grave e aguda -quatro vezes mais que em janeiro de 2012, segundo a organização Médicos Sem Fronteiras, que fornece verbas e profissionais ao hospital, administrado por afegãos.
Um paciente, o garoto Ahmed Wali, de dois anos, apresentava kwashiorkor, condição resultante de deficiência de proteínas, com cabelos alaranjados, abdome distendido e pés inchados. Samiullah, bebê de oito meses, sofria de marasmo (desnutrição crônica), em que o rosto da criança parece o de um idoso enrugado.
No final do ano passado, a Médicos Sem Fronteiras ajudou o hospital Bost a quase dobrar o número de leitos na ala pediátrica, mas ainda não há leitos suficientes. Entre 40 e 50 crianças recebem tratamento a cada dia; cada leito geralmente é ocupado por duas crianças, pelo fato de elas serem tão pequenas. Quase 300 outras crianças seguem um programa de alimentação para pacientes ambulatoriais. O pediatra Mohammad Dawood disse que, entre junho e agosto, o hospital perdeu sete a oito pacientes infantis por mês por desnutrição, número que caiu para cinco em setembro.
Diferentemente das crises de desnutrição vistas em outros lugares do mundo, esta não está vinculada à escassez de alimentos específicos ou ao fracasso de safras. Além disso, os pais não aparecem subnutridos, mesmo quando seus filhos estão.
Os médicos que tratam das vítimas propõem muitas explicações. "Há minas terrestres nos campos, e eles não têm como chegar às suas plantações", disse Dawood. Para o médico Yar Mohammad Nizar Khan, diretor de pediatria do hospital Bost, a causa está na falta de aleitamento materno.
Daniel Berehulak/The New York Times
                          Noor Ahmad, 4, foi trazido ao Bost para tratamento contra desnutrição
                    Noor Ahmad, 4, foi trazido ao hospital Bost para tratamento contra desnutrição

O acesso à água potável é difícil no país, e a maior parte do leite consumido é leite em pó. É uma receita para diarreia e outras condições que agravam a desnutrição.
Os casos de desnutrição aguda já chegam a mais de cem por mês no hospital infantil Indira Gandhi, em Cabul, com entre cinco e dez mortes mensais. Os casos dobraram desde 2012, disse o médico Aqa Mohammad Shirzad, encarregado dos programas de desnutrição pediátrica do hospital.
Cada um dos 17 leitos que o hospital tem para pacientes gravemente desnutridos está ocupado por pelo menos dois pacientes. A UTI contra desnutrição possui uma incubadora que não funciona, uma bomba de sucção e tubos de oxigênio (para máscaras respiratórias) utilizados sem suportes ou conexões adequadas. Recentemente, um garoto de cinco anos estava sendo tratado sobre um banco, porque o tubo de infusão não chegava até o leito. Faltavam duas vidraças na janela ao lado.
Este é o melhor hospital pediátrico do país, aquele para o qual o pai da menina Fatima foi orientado a levá-la para passar por cirurgia cardíaca.

Colaboraram Jawad Sukhanyar, de Cabul, Taimoor Shah, de Kandahar, e funcionários do "New York Times" em Khost e Kunar 
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2014/01/1402476-afeganistao-luta-contra-desnutricao-infantil.shtml

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Corte Internacional define nova fronteira marítima ente Peru e Chile

Peru ficou com maior parte da área disputada, mas Chile manteve região costeira importante para pesca

27 de janeiro de 2014
O Estado de S. Paulo
Os presidentes do Peru, Ollanta Humala (esq.), e do Chile, Sebastián Piñera (dir.), em entrevistas sobre a decisão. Um pronunciamento de televisão simultâneo deve ser feito ainda hoje. (Fotos:  Presidencia de Perú/EFE e Mario Ruiz/EFE)   HAIA, HOLANDA - A Corte Internacional de Justiça definiu nesta segunda-feira, 27, a nova fronteira marítima entre o Peru e o Chile. A disputa da região remonta à Guerra do Pacifico, do final do século 19, na qual o Chile conquistou territórios do Peru e da Bolívia.
                                                                                                                                                     editoria de arte/folhapress
A decisão do tribunal, que deve encerrar uma das últimas disputas territoriais na América Latina, concedeu mais da metade dos 38 mil km² em litígio ao Peru. O Chile, porém, manteve a rica região costeira compreendida em até 80 milhas em uma linha reta a partir da costa, área muito importante em razão da atividade pesqueira realizada na região pelos chilenos.
As decisões da CIJ são inapeláveis e o cumprimento é obrigatório pelos dois países. Os dois países se comprometeram a acatar a decisão, que a longo prazo, deve melhorar as relações entre as duas economias, cujo comércio bilateral em 2013 ultrapassou os US$ 3 bilhões e deve aumentar neste ano.
"A Corte espera que as partes determinem essas coordenadas com o espírito da boa vizinhança", afirmou o presidente do tribunal, Peter Tomka, ao explicar que caberá ao Peru e ao Chile marcar precisamente os limites das fronteiras.
"Hoje, a Corte Internacional de Justiça de Haia confirmou, em substância, os argumentos da posição chilena", afirmou o presidente do Chile, Sebastián Piñera, em Santiago.
"O Peru está satisfeito com o resultado desta opção de paz", disse o presidente do Peru, Ollanta Humala, em Lima. "Serão tomadas ações imediatas e medidas necessárias para a sua rápida implementação", disse ele.
Um pronunciamento de televisão simultâneo feito pelos presidentes dos dois países está planejado para ocorrer na noite desta segunda-feira. / AP e REUTERS
http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,corte-internacional-define-nova-fronteira-maritima-ente-peru-e-chile,1123543,0.htm
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2014/01/1403503-tribunal-internacional-de-justica-altera-fronteiras-entre-chile-e-peru.shtml

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Sobre barreiras e muros em Israel

POR DIOGO BERCITO
15/01/14
                         Trecho da barreira de segurança entre Israel e um campo de refugiados palestinos. Crédito Ammar Awad/Reuters
Trecho da barreira de segurança entre Israel e um campo de refugiados palestinos. Crédito Ammar Awad/Reuters
Refiz, nas vésperas do Natal, o caminho bíblico de Maria entre Nazaré e Belém. Em uma reportagem (Leia abaixo) bastante criticada, inclusive pela diplomacia israelense, a edição natalina do jornal narrava os obstáculos nesse percurso, caso repetido hoje entre Israel e os territórios palestinos da Cisjordânia.
O texto não tinha objetivo político, a despeito do afirmado pelos críticos. Tampouco tomava posição de um ou de outro lado. Mas, de acordo com a observação de que a reportagem carecia de uma análise mais profunda sobre a razão de haver uma barreira física entre Israel e a Cisjordânia, convidei o capitão Roni Kaplan, porta-voz do Exército israelense, para um relato especial aqui no Orientalíssimo blog.
O texto abaixo, assinado pelo capitão, foi escrito em espanhol e traduzido por mim ao português com a autorização dele. Os interessados podem procurá-lo pelo Facebook (clique aqui) ou Twitter (aqui). Nenhuma ofensa pessoal ao capitão ou a mim serão publicadas nos comentários deste blog.
***
Para mim é um prazer receber este convite ao blog de Diogo Bercito, daFolha, único veículo escrito brasileiro que tem um jornalista fixo aqui no Oriente Médio, pelo que me consta.
Somente tendo como base um jornalismo sério e profissional é que se pode abordar os conflitos complexos que inundam o Oriente Médio e, em particular, o conflito israelense-palestino, que se encontra nestes meses em meio a um processo de paz mediado pelos americanos.
O objetivo destas linhas é oferecer ao leitor uma visão mais profunda das razões que levaram ao estabelecimento da barreira defensiva entre os territórios da Judeia e Samaria (Cisjordânia) e na zona oeste do Estado de Israel, em uma perspectiva de segurança e de direitos da população.
Para abordar o tema é importante ter em mente alguns axiomas básicos: 1) Israel é 400 vezes menor do que o Brasil. 2) Na zona de Tulkarem, ao norte de Tel Aviv, a distância entre o mar Mediterrâneo e a linha verde é somente de 13,8 quilômetros. 3) A faixa costeira de Israel, que está ao lado de Judeia e Samaria, é 20% do território nacional, em que vive 70% da população (140 milhões de pessoas, em termos de Brasil) e se produz 80% do PIB. Essa zona é o coração do país tanto do ponto de vista populacional quanto do produtivo.
Aproximadamente 3% da extensão da barreira defensiva está construída em forma de parede de concreto por duas razões: evitar que francoatiradores ataquem casas e veículos e diminuir possíveis danos causados por vandalismo. A Amazônia ocupa aproximadamente 20% do território brasileiro. Seria ilógico que alguém diga que o Brasil é uma selva; duplamente ilógico seria argumentar que a barreira defensiva é um muro.
Em muita vezes, aqui em Israel, a gente pode chegar a viver com medo. Porque minha esposa e minhas filhas têm de subir ao ônibus em Jerusalém com medo de que uma bomba exploda? Desde que a barreira defensiva existe, o medo é menor, assim como a perda de vidas civis israelenses.
Entre 2000 e 2005, sem a barreira, morreram em Israel mais de mil civis em atentados suicidas, francoatiradores e outras formas de terrorismo. Mais de 6.000 israelenses foram feridos na mesma época. Estamos falando de civis assassinados enquanto tomam um café, desfrutam das férias em um hotel com a família ou dançam e bebem cerveja em uma discoteca de Tel Aviv. É claro que, para o terrorista, é bastante fácil chegar a esses lugares se não houve um controle.
Segundo os axiomas escritos acima, está claro que da Cisjordânia ao coração da vida civil israelenses há alguns minutos de direção ou um pouquinho de caminhada. Se o terrorista tiver a intenção e os meios para efetuar o atentado, é uma questão de decisão, e não mais, se vai executá-lo ou não. Como fazer, então, para nos defender de um terror que ameaça a população e arruína a rotina da vida, em um espaço tão pequeno?
A construção da barreira segue salvando vidas diariamente ao evitar atentados terroristas que não aparecem na imprensa. Mas a barreira não salva vidas por si só, mas faz parte de uma doutrina de defesa que inclui a Inteligência e as capacidades operacionais das Forças de Defesa de Israel para frustrar atentados terroristas antes que sejam executados.
A isso temos de adicionar as atividades das forças de segurança palestinas, que por interesse próprio lutam contra grupos terroristas como o Hamas, evitando que levem a cabo atentados que, ao longo prazo, prejudicariam o grau de governabilidade da própria Autoridade Palestina.
É claro que a barreira não é hermética. Nos últimos meses, houve váriosatentados nas mãos de terroristas que vivem na Cisjordânia, como os assassinatos a sangue frio dos soldados Tomer Jázan e Eden Atías e o artefato explosivo em um ônibus na cidade de Bat Yam há três semanas, que por sorte não deixou vítimas. Sem esta barreira, seria muito pior.
Esta barreira defensiva é um obstáculo para o terror, não é uma barreira para a paz. Nós a construímos de uma maneira em que possa ser movida facilmente, se necessário. Se não houvesse terrorismo, não haveria barreira.
Além disso, a localização pela qual passa a barreira está sujeita a constante revisão judicial por parte da Suprema Corte de Justiça. Palestinos ou israelenses estão em seu direito de dirigir-se à ela e solicitar a mudança. De fato, palestinos se dirigiram 168 vezes à Corte para pedir que a localização da barreira seja alterada. Em várias vezes a Corte decidiu em seu favor, ao custo de dezenas de milhões de dólares para o Estado de Israel.
Nas Forças de Defesa de Israel, estamos totalmente comprometidos com oprincípio da proporcionalidade, que se equilibra entre o direito da população palestina na região (à vida, ao respeito, à propriedade privada, à liberdade de culto e de costumes) e o direito à segurança da população israelense. Ambos os elementos determinam a localização exata de cada trecho da barreira.

Há 46 passagens na barreira que permitem o movimento de um lado ao outro, além de 78 cruzamentos projetados para o uso pessoal para questões familiares ou de agricultura. Assim também foram construídos 14 caminhos alternativos para a população palestina de maneira a interferir minimamente em sua liberdade de movimento. Em 2013, palestinos passaram pela barreira para Israel em mais de 11 milhões de vezes. O custo total da barreira para o governo de Israel é de US$ 11 bilhões.

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Folha refaz trajeto que Maria teria percorrido antes do nascimento de Jesus

DIOGO BERCITO
ENVIADO ESPECIAL A BELÉM (CISJORDÂNIA)
25/12/2013

Crianças árabes posam, em Nazaré, para uma fotografia. Nas cabeças inquietas, um chapéu em forma de árvore natalina. Elas aproveitam o dia para passear pelo cenário que a tradição cristã atribui à infância de Jesus.
Mas a reportagem não as segue pelas ruelas pelas quais caminham cantando. A Folha está em Nazaré para fazer o caminho bíblico entre essa cidade e Belém. É o trajeto que a tradição estabelece para Maria, antes de Cristo nascer.
Mas Maria, se decidisse fazer a viagem atualmente, teria de lidar com os desafios contemporâneos, distintos daqueles da Antiguidade. Hoje, essa estrada inclui controles militares e um caminho que, em tempos de ocupação da Cisjordânia, é em todo volátil e imprevisível.
O trajeto tem cerca de 160 quilômetros pela estrada que vai por fora dos territórios palestinos, em Israel, tomando menos de duas horas. Mas a reportagem leva, por dentro da Cisjordânia, todo o dia para repetir esse difícil caminho, entre viagens e entrevistas.
O ditado, entre palestinos, diz que Jesus teria nascido no muro que separa Israel da Cisjordânia. Cartões natalinos mostram reis magos impedidos de ir à manjedoura.
PARTIDA
A viagem começa no tradicional mercado de artesanato de Nazaré. Mercadores reclamam da falta de organização e de divulgação, que fazem desta importante cidade histórica um destino turístico pouco visitado.
"No ano passado, a Prefeitura pagou pela viagem e pela acomodação", diz Margo Zeidan, que vende "tatriz", bordados palestinos. "Eles deveriam organizar melhor o Natal, para que essa não seja minha última participação."
A Maria inventada pela reportagem segue, depois de comprar um xale com detalhes de flores, para a periferia de Nazaré, onde toma uma xícara de chá com hortelã no restaurante Nostalgia.
A árvore de Natal, ali, é decorada com os nomes de vilarejos palestinos destruídos desde 1948, a data da criação do Estado de Israel.
"Se Maria viajasse hoje de Nazaré a Belém, ela veria os problemas pelos quais passamos", diz Sami Nsir, dono do estabelecimento. "Ela iria se sentir mal ao ver que as pessoas não se importam com a causa palestina."
Dali, a reportagem toma a estrada rumo a Belém. No trajeto, o carro é flanqueado pelas montanhas do vale de Marj Ibn Amr, inesperadamente verde após a neve.
       
Editoria de Arte/Folhapress
 
ORIENTAÇÃO
Maria talvez se perdesse por ali. Não há placas indicando a cidade palestina de Jenin, assim como não há transporte público regular.
Ela também correria o risco de ter de encerrar sua viagem. O carro encontra o posto de controle de Gilboa fechado. Em contato com as Forças de Defesa de Israel, a reportagem descobre que o acesso de veículos está impedido devido a um embate entre Exército e palestinos.
A alternativa é contornar a Cisjordânia e procurar uma entrada aberta. A Folha chega a Rihan, também fechada, exceto para colonos. Mas, com a identificação de imprensa, indisponível a Maria, os portões são abertos, após 15 minutos de negociação.
A Maria fictícia chega então à cidade de Nablus.
Lá, o padre Johny Abu Khalil, do patriarcado latino, reclama: "Estou de saco cheio das permissões natalinas".
Sua paróquia tem 220 católicos. Todo ano, ele negocia com a administração israelense para que possam viajar a Jerusalém para o Natal.
"Israel quer que Jerusalém vire um museu e que a Igreja do Santo Sepulcro, onde Jesus morreu, seja a melhor discoteca do país", reclama.
Khalil não acredita que Maria tentaria ir a Belém hoje. Para ele, ela se contentaria com Jerusalém, se obtivesse uma permissão de viagem.
Na estrada para Jerusalém, o Sol se põe contra o carro, enquanto o rádio toca clássicos libaneses dos anos 80. Há um controle militar na saída de Nablus e outro na entrada de Jerusalém. Palestinos mostram os documentos e as autorizações aos soldados.
MURO
A entrada em Belém é feita pelo muro que separa Israel da Cisjordânia, hoje um mural para pichações e grafites, incluindo clássicos do britânico Banksy, como o que mostra uma garota revistando um soldado israelense.
A barreira fez murchar a loja de Claire Anastas, que vende artesanato diante da parede de concreto. Turistas desistiram de vir, afirma.
"Se Maria entrasse aqui, talvez não conseguisse sair", diz. Ela vende presépios com um muro no meio, em protesto.
O trajeto está quase no fim. A pé, teria levado dez dias. George Rashmawi, que organiza o caminho para peregrinos, afirma que é necessário desviar de assentamentos na Cisjordânia para evitar problemas com as autoridades israelenses. "A viagem fica mais longa", afirma.
Em uma loja diante da Igreja da Natividade, onde se crê que Jesus nasceu, Nadia Hazbun reclama do muro.
"É difícil para os turistas passar pelo muro, então eles não vêm. Na Europa, viajam pelo continente sem passaporte. Aqui, precisam passar pelas barreiras militares."
Ela dá de presente ao repórter um cartão natalino. Um papai Noel dando uma voadora na muralha que separa Israel da Cisjordânia.
"Maria nunca viria de Nazaré até Belém", diz. "Ela se recusaria a ver nosso povo em campos de refugiados."
               
Muhesen Amren/Folhapress
A palestina Claire Anastas mostra presépio diante do muro que separa a Cisjordânia de Israel
A palestina Claire Anastas mostra presépio diante do muro que separa a Cisjordânia de Israel

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2013/12/1389878-folha-refaz-trajeto-que-maria-teria-percorrido-antes-do-nascimento-de-jesus.shtml

Pyongyang faz nova ameaça a Seul e EUA devido a exercícios militares

16/01/2014
A Coreia do Norte exigiu que a Coreia do Sul e os Estados Unidos suspendam exercícios militares anuais, marcados para fevereiro e março, alegando que representam uma provocação direta – uma declaração que sugere uma repetição da escalada das tensões ocorrida no ano passado.
Em 2013, a Coreia do Norte prometeu retaliar eventuais hostilidades com ataques aos Estados Unidos, à Coreia do Sul e ao Japão. Por causa disso, a península da Coreia registrou a maior mobilização militar das últimas décadas.
"Nós alertamos firmemente as autoridades dos EUA e da Coreia do Sul para que parem os perigosos exercícios militares que podem levar a situação da península e os laços Norte-Sul para uma catástrofe", disse um órgão norte-coreano encarregado de buscar a reunificação da Coreia, segundo a agência estatal de notícias KCNA.
A Coreia do Sul disse que os exercícios serão mantidos. Apesar das ameaças, não houve relatos de atividades militares excepcionais na Coreia do Norte.
"Se a Coreia do Norte realmente se comprometer com a agressão militar com o pretexto do que é um exercício normal que conduzimos como preparação para uma emergência, nossos militares vão puni-los de forma inclemente e decidida", disse Kim Min-seok, porta-voz do ministério sul-coreano da Defesa.
As duas Coreias permanecem tecnicamente em guerra, já que seu conflito de 1950 a 1953 foi encerrado apenas com um armistício, não com um tratado de paz. A China, única aliada relevante da Coreia do Norte, se mostra alarmada com as provocações de ambas as partes e pediu moderação.
"Todos os lados têm uma responsabilidade de manter a paz e a estabilidade na península coreana, e isso está de acordo com os interesses de todos os lados", disse Hong Lei, porta-voz da chancelaria, em uma entrevista coletiva diária.
Analistas dizem que, apesar das ameaças, a Coreia do Norte não pode correr o risco de dar início a um confronto armado, já que quase certamente sairia derrotada.
Mas muitos observadores acreditam que o isolado regime comunista norte-coreano poderia novamente disparar um foguete de longo alcance ou testar uma arma nuclear. O país já testou três bombas atômicas, a última delas em fevereiro de 2013.
Outra possibilidade seria um ataque de artilharia contra o território sul-coreano, como ocorreu em 2010, o que poderia motivar uma retaliação de Seul e um conflito mais amplo. 

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2014/01/1398441-pyongyang-faz-nova-ameaca-a-seul-e-eua-devido-a-exercicios-militares.shtml

domingo, 12 de janeiro de 2014

EUA podem treinar forças de elite do Iraque na Jordânia

Ação seria forma de autoridades americanas ajudarem o premiê iraquiano a enfrentar ofensivas da Al-Qaeda

10 de janeiro de 2014
O Estado de S. Paulo
WASHINGTON - O governo dos Estados Unidos cogita oferecer um novo treinamento às forças de elite do Iraque, na Jordânia. Autoridades americanas buscam formas de ajudar o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, a enfrentar ofensivas da Al-Qaeda.
Autoridades dos EUA disseram esta semana que Washington e Bagdá estão discutindo o treinamento das forças de elite iraquianas em um terceiro país, já que acordos previamente firmados impedem a atuação de militares americanos no Iraque.
"Há uma discussão sobre isso e a Jordânia está incluída nas discussões", disse uma fonte de defesa, sob anonimato. A Jordânia, que assim como o Iraque enfrenta as consequências da guerra civil na vizinha Síria, é um dos principais aliados dos EUA no Oriente Médio. O treinamento poderia ocorrer em um local particular próximo a Amã.
As autoridades dos EUA estão mais preocupadas com o Iraque nas últimas semanas, já que a Al-Qaeda demonstra uma presença cada vez maior na província de Anbar, no oeste - a partir de onde o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, grupo afiliado à Al-Qaeda, tenta implantar um Estado religioso sunita que abranja o Iraque e a Síria.
Dois anos depois do presidente americano, Barack Obama, terminar de retirar suas forças do Iraque, a reação dos EUA à crescente tensão sectária no Iraque se limita a um relutante apoio a Maliki, um xiita cada vez mais confrontado com a minoria sunita. Há nos EUA um desejo generalizado de não envolver o país em mais uma guerra no Oriente Médio.
Os EUA já estão enviando mísseis Hellfire, aeronaves de vigilância e outros equipamentos que Maliki solicitou, mas ainda não forneceram os helicópteros de ataque que Bagdá quer.
Muitos parlamentares americanos consideram que Maliki tem tendências autoritárias e é excessivamente próximo do Irã./ REUTERS  

Ariel Sharon, uma vida repleta de claridades e sombras

11 de janeiro de 2014 
Gilles Lapouge
Ele deixou este mundo depois de passar os últimos oito anos da sua vida em coma. Em silêncio. Ouvia o que terra ainda lhe dizia? Há pouco tempo neurologistas israelenses e americanos o examinaram. E ficaram surpresos com a intensa atividade cerebral deste homem agonizante que já não pesava mais de 50 quilos. Mas estaria consciente do que se passava à sua volta? Último mistério antes de ele penetrar, algumas semanas depois, no grande segredo da morte.
Sua partida deixará um grande vazio. O poeta francês Victor Hugo já se referiu ao alvoroço que fazem os heróis quando morrem: "Oh, que ruído terrível fazem no crepúsculo, estes carvalhos que abatemos para a fogueira de Hércules".
Ariel Sharon foi um herói. E sua vida repleta de claridades e sombras. Foi um magnífico guerreiro e nos últimos momentos da sua vida consciente, em 2004 e 2005, um político imaginativo. Quantas incoerências em sua vida. Foi detestado e adulado, admirado e desprezado. Mas fica uma certeza: ele foi por vezes o destino doloroso e grandioso de Israel.
"A guerra de independência de Israel não acabou. Toda a minha vida foi passada neste conflito. Combater foi a tarefa da minha geração. E permanecerá a tarefa da próxima", ele afirmou em 2001. E de fato foi um guerreiro autêntico e implacável este homem nascido na Palestina em 1928, filho de um polonês e mãe bielo-russa. Desde antes da independência de Israel e posteriormente ele se manteve na linha de frente de todos os combates - guerra entre israelenses e árabes de 1948-1949, de Suez, dos Seis Dias, do Yom Kippur.
Muitas vezes extrapolou os limites da legalidade. Em 1952, quer formar uma "unidade de comandos especializados em represálias". Seus superiores hierárquicos proíbem. Em 14 de outubro de 1952, sua unidade arrasa o vilarejo de Qibia, na Jordânia, e 69 habitantes são massacrados. Sharon terá de se defender.
No curso das guerras, sua bravura o leva ao ápice. Mas a carreira fulgurante (em 1982 tornou-se ministro da Defesa) sofre uma parada brutal em 1983, quando da invasão do Líbano pelo Exército israelense.
Foi o episódio de Sabra e Chatila.
Falangistas cristãos libaneses atacam os campos de Sabra e Chatila e massacram entre 460 e 4.000 palestinos. O mais inquietante foi que os dois campos estavam sob controle do Exército israelense e ele poderia ter impedido essa carnificina. Ficou impassível e 400.000 israelenses protestaram contra essa tragédia. Uma ação judicial é impetrada. O juiz da Suprema Corte evoca "a responsabilidade pessoal" de Sharon. Este julgamento tinha base? Ninguém saberá decidir. Mas o que é certo é que por alguns anos Sharon fica afastado.
Retorna em 1990. Ocupa postos elevados. Membro dos "falcões", assume a liderança do partido de direita Likud, em 1999, após a demissão de Binyamin Netanyahu. Será ele, por suas provocações em Jerusalém, (visita à Esplanada das Mesquitas e o Monte do Templo) um dos responsáveis pela Segunda Intifada?
Em 2001, torna-se primeiro ministro e é reeleito em março de 2003. Adota a política clássica da direita: segurança máxima, construção de um muro de separação no interior da Cisjordânia e em torno de Jerusalém, criação de colônias.
No final de 2004, a grande reviravolta. Sharon determina a retirada unilateral das colônias israelenses da Faixa de Gaza. Para seus amigos do Likud, é uma consternação. Vergonha. Sharon precisa formar uma aliança precipitada com os socialistas. Em novembro de 2005, ele se demite do Likud e cria um novo partido de centro-direita, o Kadima.
Algumas semanas depois, em 18 de dezembro de 2005, sofre um derrame. Recupera-se rapidamente, mas em 4 de janeiro de 2006 sofre um novo derrame. E entra num coma profundo. Quatro anos depois é transferido para seu "rancho dos Sicômoros", mas o tratamento a domicílio tem um custo exorbitante (300.000 euros por ano) e ele é levado de volta para o hospital. Para os médicos não há esperança, mas os filhos decidem mantê-lo com vida.
Israel continua sua vida tumultuada, heroica e complicada. A Faixa de Gaza está nas mãos dos palestinos do Hamas, e sabemos o que sucederá proximamente. Quanto ao Partido fundado por Sharon, o Kadima, às vésperas do seu derrame, depois do sucesso de Ehud Olmert nas eleições de 2006, perde energia e projeção. Nas eleições legislativas de 2013, é duramente derrotado. Consegue obter apenas dois assentos no Parlamento. Tradução de Terezinha Martino 

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Frio intenso nos EUA pode chegar a -35°C




Fenômeno conhecido como 'vortex polar' pode provocar fechamento de escolas e cancelamento de voos

05 de janeiro de 2014

Agência Estado
Temperaturas que não eram vistas há anos devem alcançar recordes de baixa nos próximos dias nos EUA, criando condições difíceis para viagens e motivando escolas a fecharem as portas. O frio intenso vai afetar mais da metade do país a partir desde domingo e durante os próximos dois dias.
Um fenômeno conhecido como "vortex polar" - um bloco de ar frio e denso - está por trás da assustadora previsão de tempo para algumas regiões do país: -31ºC em North Dakota, -35ºC em Minnesota e -26ºC nas cidades de Indianapolis e Chicago.
"É um frio perigoso", alertou o meteorologista Butch Dye.
O mau tempo já criou problemas para quem tentou viajar neste domingo. Na cidade de Nova York, um avião de Toronto que tentou pousar no aeroporto JFK escorregou para fora da pista. Não houve feridos, mas o aeroporto suspendeu temporariamente suas operações devido ao gelo na pista.
Mike Duell, do site FlightAware.com, disse neste sábado que devem haver cancelamentos e atrasos de voos devido ao frio nos próximos dias.
O frio não chegava a esse ponto em quase duas décadas em muitas partes dos EUA. Devido a isso, muitos médicos estão lembrando a população de que a hipotermia pode ocorrer rapidamente em temperaturas mais baixas que -26ºC. "Uma pessoa sem a vestimenta apropriada pode morrer facilmente nesta temperatura", alertou o meteorologista Scott Truett.  
Carro fica encoberto pela neve.Darron Cummings/AP

Uma enorme faixa dos Estados Unidos, do Montana ao Alabama, vai estar nos próximos dias sob um frio tão forte como não se sente há pelo menos uma geração, dizem os meteorologistas. A culpa é do vórtex polar que está a derramar os seus ventos ciclónicos sobre aquela zona da América – algo que aconteceu pela primeira vez no Inverno de 2009/10, e produziu o nevão que ficou conhecido como “Snowpocalipse”.

                                               VÓRTEX VÉRTICE) POLAR 

O vórtex polar são os fortes ventos que rodeiam o Árctico, girando a enormes velocidades, como se fossem furacões. O problema é quando essa correnteza de ventos abranda, permitindo aos ventos gelados escapar-se mais para Sul: a temperatura desce aceleradamente, como se está agora a verificar nos Estados Unidos.

Prevê-se que as temperaturas possam atingir 31 graus Celsius negativos em Fargo, no Dakota do Norte, e 35 negativos em International Falls, no Minnesotta, Indianápolis e Chicago. Em algumas zonas, com vento, a temperatura pode chegar a 45,5, 51 ou 56,7 graus Celsius negativos, diz a Associated Press. 

Chicago pode mesmo bater o recorde da temperatura mais fria de sempre na cidade – 24 graus negativos, atingido a 18 de Janeiro de 1994 e de novo a 24 de Dezembro de 1983, recorda o Weather Channel.Cientistas da Agência Nacional dos Oceanos e da Atmosfera dos EUA sugeriram que o facto de o vórtex polar estar mais frequentemente a permitir que os ventos se escapem para Sul nos últimos anos estará relacionado com a perda de gelo no Árctico – causada pelas alterações climáticas.









sábado, 4 de janeiro de 2014

São Paulo tem educação abaixo da média do País segundo dados do Pisa

Por Estados, só 4 redes públicas conseguem superar média; Brasil ficou em 57º lugar entre 65 países na avaliação internacional

30 de dezembro de 2013
Paulo Saldaña - O Estado de S.Paulo
Apenas quatro redes de ensino estaduais brasileiras têm resultados superiores à média geral do Brasil, de acordo com dados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês) de 2012. A rede de São Paulo, o Estado mais rico do País, fica abaixo do Brasil na média das áreas avaliadas.

Os dados desagregados pelas redes de cada Estado são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), que trabalha com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) na realização do Pisa. A OCDE realiza a avaliação nos 34 países considerados de primeiro mundo e em outros convidados, como o Brasil.

Nesta última edição, o País ocupou 57.º lugar entre os 65 países participantes. O Brasil está entre os que mais cresceram em pontuação desde 2000, quando a prova foi criada, mas ainda não conseguiu sair das últimas posições. O índice geral leva em consideração as redes particular e pública. Quando separadas apenas as redes estaduais (que concentram 85% das matrículas do ensino médio, fase em que está a maioria dos alunos avaliados no Pisa), o cenário é mais preocupante. 

Até a rede estadual mais bem colocada no Pisa, a de Santa Catarina, com 422 pontos, ainda fica a 75 pontos de distância da média dos países ricos. A pontuação equivale a quase dois anos de aprendizado.

São Paulo. A rede estadual de São Paulo é a quinta melhor rede estadual do País, mas está um ponto abaixo da média geral do País. Apenas na área de Matemática o resultado paulista é superior à média do Brasil.
Se São Paulo fosse um país, estaria na 58.ª posição, abaixo de Brasil, Uruguai e Chile e acima somente de oito países, incluindo Jordânia, Argentina, Colômbia e Peru. A Secretaria de Educação do Estado tem como objetivo (em seu programa Educação - Compromisso de São Paulo, lançado pela atual gestão) que a educação paulista figure entre as mais avançadas do mundo até 2030, com base nos dados do Pisa. O plano é que São Paulo chegue à 25.ª posição. Se levar em consideração também a rede particular, São Paulo subiria para 54.º, com média de 415 pontos.

Para a professora Maria Izabel Noronha, presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), os resultados mostram uma falta de continuidade na política educacional nos últimos 20 anos. "São Paulo tem tomado medidas muito pontuais na educação, responde a questões emergenciais. Falta um plano estadual de educação, um projeto articulado", diz Maria Izabel.

A consultora em educação Ilona Becskeházy concorda que o sistema educacional ainda é deficiente em São Paulo, mas ressalta que a amostra do Pisa para a rede estadual pode, na comparação, esconder alguns aspectos positivos. "São Paulo é a rede que tem mais gente dentro da escola e mais gente no ensino médio. Fica difícil penalizar."

Análise. A Secretaria afirmou, em nota, que a análise do Pisa 2012 é feita pela Coordenadoria de Informação e Monitoramento e Avaliação (Cima). "As escolas estaduais de São Paulo são caracterizadas pelo atendimento universal, inclusivo, e que respeita a diversidade da maior rede de ensino do País, com 4,3 milhões de alunos."

A pasta refutou a comparação da rede estadual com a média geral do País, afirmando que o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), do governo federal, aponta evolução no desempenho dos alunos de São Paulo. No Ideb de 2011, o ensino médio de São Paulo teve melhora, mas os dois ciclos do ensino fundamental ficaram estagnados, com o mesmo resultado no índice de 2009.


quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Senador tucano diz que tem pena de quem vive com 19 mil reais por mês


O senador Cyro Miranda (PSDB-GO), reclamou da possibilidade de o Congresso Nacional colocar fim ao benefício do 14º e 15º salários dos parlamentares. Ele afirmou “tenho pena daquele que é obrigado a viver com R$ 19 mil líquido”, se referindo aos cerca de 30 salários mínimos e meio que “sobram” depois dos descontos da folha de um senador. Ele explicou que não há correção anual nos vencimentos dos parlamentares. A remuneração bruta de deputados e senadores é de R$ 26,7 mil. - Charge por Eder para o Humor Político
cyro miranda psdb goiás
Para senador Cyro Miranda (PSDB-GO), salário de 19 mil reais é digno de pena

Além do salário mensal de R$26,7 mil, cada senador da República recebe mensalmente R$15 mil em verba indenizatória para despesas em seus estados de origem, combustíveis e divulgação do mandato, entre outras finalidades. Também recebem cota de passagens aéreas para deslocamentos aos estados e as despesas com telefone e Correios pagas pelo Senado.


por Eder para o Humor Político



Os 14º e 15º salários são considerados uma ajuda de custo aos congressistas, uma vez que os valores são pagos todo início e fim de ano. Na época em que o benefício foi criado, na década de 1940, tinha como justificativa servir como ajuda para os parlamentares retornarem a seus estados de origem anualmente. O projeto aprovado agora prevê o pagamento dos salários extras no início e no final do mandato de cada parlamentar, como ajuda para se deslocar em mudança para Brasília.
“O procedimento naquela época se justificava porque os parlamentares se mudavam para o Rio com suas famílias e passavam todo o ano no Rio. Hoje, sabemos que a coisa não acontece dessa forma, voltamos todas as semanas para os estados. O projeto modifica a ajuda de custo, que passa a vigorar no início e no final do mandato, e não no final de casa sessão legislativa”, disse o senador Lindbergh Farias (PT/RJ), relator do projeto.
http://www.humorpolitico.com.br/congresso-nacional/senador-tucano-diz-que-tem-pena-de-quem-vive-com-19-mil-reais-por-mes/
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