segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Brasil está entre países onde publicidade de cigarro influencia crianças

Das 2.423 crianças estudadas em seis países, 68% eram capazes de reconhecer ao menos uma marca de cigarros
Publicação: 30/09/2013 
A publicidade das empresas fabricantes de cigarros influencia crianças de cinco e seis anos nos países de renda baixa e média, como o Brasil, o que aumenta o risco de que venham a se tornar fumantes, revelou um estudo americano divulgado nesta segunda-feira (30/9).

A pesquisa publicada na revista Pediatrics abrangeu seis países: Brasil, China, Índia, Nigéria, Paquistão e Rússia, escolhidos por terem as taxas mais elevadas de tabagismo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Nesses países, as crianças reconhecem com mais frequência pelo menos um logotipo de uma fabricante de cigarros, não necessariamente por morarem com alguém que fuma, destacou o estudo da Escola de Saúde Pública de Johns Hopkins em Baltimore (Maryland, leste).

"O incrível para mim foi ver crianças que não moravam com fumantes, mas eram muito conscientes das marcas de cigarros", disse à AFP a principal autora do estudo, Dina Borzekowski, da Universidade de Maryland.

"O que isso me diz é que (as crianças) estão recebendo a mensagem em sua comunidade, em seu entorno. Estão vendo em estabelecimentos comerciais, estão vendo cartazes. Quando vão comprar uma bala em uma loja local, elas veem esses logotipos", destacou.

Das 2.423 crianças estudadas em seis países, 68% eram capazes de reconhecer ao menos uma marca de cigarros, em um percentual que vai de 50% na Rússia a 86% na China, onde mais de 28% da população fuma (53% dos homens e 2% das mulheres), segundo a pesquisa da Escola de Saúde Pública de John Hopkins em Baltimore (Maryland, leste).
Quase seis em cada 10 crianças no Brasil identifica uma marca de cigarros

As taxas mais elevadas de reconhecimento foram registradas na China, onde 86% das crianças conseguiram identificar pelo menos um logotipo de uma marca de cigarros.

"Na China, em média, as crianças conheciam quase quatro de oito das marcas", disse Borzekowski. "Eram crianças pequenas. É incrível que possam reconhecer logotipos com tão pouca idade".

No extremo oposto do espectro está a Rússia, onde 50% das crianças estudadas conheciam pelo menos um logotipo de cigarros.

No Brasil, 59% das crianças podiam reconhecer uma marca de cigarros e 16% reconheceram especificamente a Marlboro.

Os resultados geram preocupação sobre o cumprimento das restrições internacionais da publicidade de tabaco em países de renda baixa e média, disseram os autores do estudo.

Na Índia, 30% das crianças pensam fumar quando forem adultas. Mais de um quarto das crianças estudadas foram capazes de identificar de duas a três marcas de cigarros e 18% conheciam quatro ou mais.

Também foi perguntado às crianças se pensavam em fumar quando chegassem à idade adulta. A taxa mais alta de respostas afirmativas ocorreu na Índia, onde 30% - tanto meninos quanto meninas - disseram que pensavam em se tornar fumantes.

Em China, Nigéria, Paquistão e Rússia, mais meninos do que meninas disseram que fumariam no futuro. O estudo foi realizado em áreas urbanas e rurais, com cuidado especial em não refletir apenas a realidade das comunidades mais ricas, onde a consciência da comercialização do tabaco poderia ser maior, afirmaram os pesquisadores. No entanto, eles advertiram que o estudo "pode não refletir as populações nacionais de cada país".

Este estudo e outros semelhantes evidenciam estratégias de marketing sofisticadas e eficazes, adotadas pelas fabricantes de tabaco, cujas mensagens afetam claramente os mais jovens, lamentaram os autores da pesquisa.

"Um longo caminho"

Embora muitos fatores estejam relacionados com o tabagismo, o estudo mostra que, para os mais jovens, estar exposto ao tabaco e ter uma atitude de aceitação dos anúncios de cigarros está ligado a um aumento da probabilidade de fumar.

Em 2003, a OMS reagiu à epidemia mundial do tabagismo com a adoção de um convênio assinado por 168 países, que aponta para um controle maior, especialmente da publicidade, da promoção e do patrocínio de eventos por parte das fabricantes.

Mas segundo esses estudiosos, "ainda há um longo caminho para a plena aplicação da presente Convenção e suas recomendações".

Diante das rígidas regulações da publicidade de cigarros e das campanhas antitabaco nos países industrializados, as fabricantes de cigarros concentram seus esforços promocionais em países de renda baixa e média, a maioria dos quais têm leis mais brandas nesta questão, destacaram os pesquisadores.

Um estudo feito nos Estados Unidos há 22 anos demonstrou que crianças de 6 anos podiam reconhecer tanto o logotipo da Disney quanto dos cigarros Camel. Essa pesquisa levou a regulamentações da publicidade de tabaco nos Estados Unidos para proteger as crianças, lembraram os cientistas.

sábado, 28 de setembro de 2013

Alemanha à direita

28/09/2013
André Singer

Embora previsíveis, os resultados da eleição na Alemanha, no domingo passado, devem ser olhados com atenção, pois desenham um horizonte sombrio para os próximos anos. A estrondosa vitória de Angela Merkel representa um endosso para a destruição econômica imposta pelos alemães aos países do sul do continente, colocando em perigo a própria União Europeia (UE) e, talvez, provocando um perigoso antigermanismo nos vizinhos.
O eleitorado, que deu 42% dos sufrágios à CDU/CSU contra 26% ao segundo colocado (SPD), votou pelo desempenho interno. Enquanto Portugal, por exemplo, via seu PIB reduzir 3,2% em 2012, a Alemanha cresceu 0,7%. Está longe de ser um número espetacular, mas, numa sociedade já muito rica, permite manter as condições de vida alcançadas.
Os motivos desse relativo sucesso tornam duvidosas, porém, as condições de sua continuidade. Na área industrial, as empresas alemãs parecem estar ainda se beneficiando do pacote antitrabalhista levado a cabo sob o comando de Gerhard Schröder (SPD), nos anos 2000. Ao diminuir direitos da classe trabalhadora, embora restem muitos, rebaixou-se o custo da mão de obra, o que, somado ao aumento de produtividade, tornou as mercadorias alemãs mais competitivas.
Como consequência, as exportações teutônicas cresceram, porém o detalhe relevante é que quase 60% delas são vendidas na própria UE. Isto é, ao arruinarem a eurozona, os alemães serram o galho sobre o qual estão sentados.
Por enquanto, os capitais que saem das regiões em depressão estão indo para a Alemanha, diz Joseph Stiglitz. Mas "o erro da população alemã é não ter percebido que essa situação (...) não vai durar muito tempo", declarou o Prêmio Nobel de Economia depois do último pleito (Folha, 26/9).
No plano político, não há alternativa. A opção pelo mercado nos anos 2000 destroçou o Partido Social-Democrata, convertido em uma sombra da grande agremiação que lutou pelo Estado de bem-estar.
O grupo que cindiu da velha legenda para tentar defender as cores da esquerda (Die Linke) não consegue convencer o grosso dos eleitores de que dispõe de um programa efetivo para dirigir o transatlântico em direção melhor que a atual. Embora esteja contente, pois se tornou a terceira força nacional com a queda dos liberais (FDP), que não conseguiram superar a barreira dos 5%, na realidade o Die Linke (A Esquerda) perdeu espaço no último período, indo de 12% em 2009 para 9% agora. Os Verdes também caíram, de 11% para 8%.
Enquanto durar a hegemonia da direita na Europa, lugar em que a civilização mais avançou no planeta, as perspectivas gerais de progresso não serão boas.

André Singer é cientista político e professor da USP, onde se formou em ciências sociais e jornalismo. Foi porta-voz e secretário de Imprensa da Presidência no governo Lula.

IRÃ

Irão (português europeu) ou Irã (português brasileiro) (em persa: ايران), oficialmente República Islâmica do Irão (Português do Brasil: Irã), é um país asiático do Médio Oriente que limita a norte com a Armênia, o Azerbaijão, o Turquemenistão e o Mar Cáspio, a leste com o Afeganistão e o Paquistão, a oeste com o Iraque e a Turquia, a sul com o Golfo de Omã e com o Golfo Pérsico. A sua capital é Teerão, a sua língua oficial, o persa e a sua moeda é o rial.
Conhecido no Ocidente até 1935 como Pérsia, passou desde então a ser conhecido como Iran (transliterado em Portugal como Irão e no Brasil como Irã), palavra que significa literalmente "terra dos arianos" (no sentido étnico do termo e não no seu sentido religioso, ligado ao arianismo). Em 1979, com a Revolução Islâmica promovida pelo aiatolá Khomeini, o país adotou a sua atual designação oficial de República Islâmica do Irão. Os seus nacionais se chamam iranianos, embora o termo persas seja ainda utilizado.
Durante a história, o território do país tem tido grande importância geográfica, visto a sua posição entre o Oriente Médio,CáucasoÁsia Central e o Golfo Pérsico, além da proximidade com o Leste Europeu e o Subcontinente Indiano.
جمهوری اسلامی ایران
(Jomhuri-ye Eslami-ye Iran)

República Islâmica do Irão / Irã
Bandeira do Irão / Irã
Emblema
BandeiraBrasão de armas
LemaEsteqlāl, āzādī, jomhūrī-ye eslāmī
(Persa: "Independência, Liberdade, (a) República Islâmica")
Hino nacionalSoroud-e Melli-e Jomhouri-e Eslami-e Iran
Gentílico: Iraniano

Localização do Irão / Irã
CapitalTeerão (Teerã)
35°41'N 51°25'E
Cidade mais populosaTeerão (Teerã)
Língua oficialPersa (parse ou pársi)
GovernoRepública Islâmica
 - Líder SupremoAli Khamenei
 - PresidenteHassan Rouhani
 - Vice-presidenteEshaq Jahangiri
 - Presidente do ParlamentoAli Larijani
 - Presidente do Supremo Tribunal de JustiçaSadeq Larijani
Revolução Iraniana 
 - Fim da monarquia11 de Fevereiro de 1979 
Área 
 - Total1 648 195 km² (18.º)
 - Água (%)0,7%
 FronteiraTurcomenistão,AfeganistãoPaquistão,IraqueTurquia,Azerbaijão e Arménia
População 
 - Censo 201275 149 6691 hab. 
 - Densidade42 hab./km² (158.º)
PIB (base PPC)Estimativa de 2009
 - TotalUS$ 830 058 mil milhões (17.º)
 - Per capitaUS$ 11 202 (73.º)
IDH (2012)0,742 (76º
MoedaRial iraniano (IRR)
Fuso horário(UTC+3:30)
Cód. Internet.ir
Cód. telef.+98

Principais cidades

Teerãocapital e maior cidade do país.
A principal cidade do Irão é Teerão, capital do país e da província homónima. Situada a 1132 metros de altitude, começou por ser um subúrbio da antiga cidade de Rey que foi destruída em 1220 pelos Mongóis. Em 1788 o primeiro soberano da dinastia Qajar conquistou Teerão e fez dela a capital. O grande desenvolvimento da cidade ocorreu a partir do primeiro quartel do século XX, razão pela qual Teerão é entre as cidades iranianas a que possui um aspecto menos oriental. A parte norte da cidade corresponde à cidade nova e a parte sul à cidade do tempo dos Qajar.
No Noroeste do Irão destaca-se a cidade de Tabriz, controlada em alguns períodos pela Rússia, facto que se exprime na sua arquitectura e na presença de um caminho-de-ferro que liga o Irão à antiga União Soviética.
Shiraz, capital da província de Fars e situada num oásis dos Montes Zagros, é conhecida por nela terem habitado grandes místicos do islão. Os túmulos destas figuras encontram-se na cidade que em função disso é denominada como "Torre dos Santos".
A cidade de Isfahan, localizada a aproximadamente 350 quilómentros a sul de Teerão, é famosa pela sua arquitectura. Em 1587Abbas I fez dela a capital da dinastia, ordenando a construção de palácios e mesquitas. Os principais monumentos da cidade estão na praça Maydan-i-Shah, destacando-se também em Isfahan a Masgid-i Gami (Mesquita da Sexta-Feira).


Presidentes de EUA e Irã conversam diretamente pela 1ª vez em 34 anos

27/09/2013
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Os presidentes Barack Obama e Hasan Rowhani conversaram por telefone na tarde de hoje, selando aquele que foi o mais alto contato oficial mantido entre os Estados Unidos e o Irã em 34 anos.
"Só o fato de essa ter sido a primeira comunicação entre um presidente americano e um iraniano desde 1979 já mostra a profunda desconfiança que há entre os nossos países, mas também indica a expectativa de seguir adiante", disse Obama.
O telefonema histórico marca o resultado de várias semanas de aproximação, que contaram com uma troca de cartas entre os dois líderes e com o encontro de seus respectivos chanceleres -- o primeiro em seis anos.
Na terça-feira, Obama chegou a cogitar encontrar-se pessoalmente, de modo informal, com Rowhani em Nova York, onde os dois estavam por ocasião da 68a Assembleia-Geral da ONU. Porém, os iranianos decidiram que isso seria "muito complicado".
Conforme Obama, na conversa, os dois trataram dos "presentes esforços para chegar a um acordo a respeito do programa nuclear iraniano".
"Eu acredito que existe base para uma resolução", disse Obama. "O teste estará em ações significativas, transparentes e verificáveis, que também aliviarão as abrangentes sanções internacionais hoje vigentes."
O Irã diz produzir energia nuclear com fins pacíficos, enquanto o Ocidente acusa o país de mascarar a busca por uma bomba. Tanto os EUA quanto Israel não descartam, inclusive agora, detonar uma ação militar para impedir que isso aconteça. Israel conta o Irã como um arqui-inimigo.
Obama citou o Estado judaico ao afirmar que, durante as negociações com Teerã, "manterá contato próximo com amigos e aliados na região".
                                                                                                                                               Pete Souza/Casa Branca/Reuters
                        O presidente dos EUA Barack Obama conversa por telefone com o presidente iraniano Hasan Rowhani, na Casa Branca, em 27 de setembro
Barack Obama conversa por telefone com o presidente iraniano Hasan Rowhani, na Casa Branca, em 27 de setembro

"GRANDE NAÇÃO"
Mais cedo, Rowhani havia concedido uma entrevista na qual disse que os EUA são, ao lado do Irã, "uma grande nação".
"Quero que essa viagem seja um primeiro passo, um começo para melhores e mais construtivas relações com os países do mundo bem como um primeiro passo para um melhor relacionamento entre os dois grandes países do Irã e dos Estados Unidos da América", afirmou.
Rowhani concedeu a entrevista a jornalistas em um hotel próximo à sede da ONU.
Na entrevista, Rowhani também afirmou que possui "completa autoridade" sobre as negociações relacionadas ao programa nuclear do país, que quer ver encerradas o quanto antes. Ele disse que, para tanto, conta com o mandato da população, que escolheu a moderação em vez do extremismo.
O iraniano afirmou também que o sucesso da visita superou suas expectativas, "especialmente com os países europeus".
Rowhani afirmou que, desta vez, tanto europeus quanto Obama "parecem soar diferente, em comparação com o passado". "E eu vejo isso como um passo positivo rumo à solução das diferenças entre o Irã e o Ocidente."
Conforme o iraniano, Obama "expressou esperança" de que o entendimento cresça "e de que possamos, como um primeiro passo, interromper a escalada de tensão, daí reduzi-las e, como um próximo passo, pavimentar o caminho para alcançar interesses mútuos".
Desde que Rowhani assumiu a Presidência, em agosto, o Irã parece mais determinado em aliviar o efeito sobre a economia das diversas sanções que lhe são impostas pela ONU, por força do Conselho de Segurança, e por EUA e UE (União Europeia), unilateralmente.
Entre as atividades impactadas estão desde transferências bancárias até --e principalmente-- a exportação de petróleo.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Taxa de analfabetismo para de cair e tem pequeno aumento no Brasil

Proporção de pessoas com 15 anos ou mais que não sabem ler nem escrever passou de 8,6% em 2011 para 8,7% em 2012, aponta Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad)

27 de setembro de 2013
Luciana Nunes Leal - O Estado de S. Paulo
RIO - Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgados nesta sexta-feira, 27, mostram que taxa de analfabetismo parou de cair e registrou pequeno aumento, entre 2011 e 2012. Desde que a Pnad passou a cobrir o País inteiro, em 2004, é a primeira vez que o índice ficou maior do que no ano anterior.
A proporção de pessoas com 15 anos ou mais que não sabem ler nem escrever passou de 8,6% em 2011 para 8,7% em 2012. Em número absolutos, representou um aumento de 297 mil analfabetos, de 12,866 milhões para 13,163 milhões.
Os técnicos do IBGE informaram que estão reavaliando o resultado e que não se pode falar em tendência de aumento do analfabetismo, que só acontecerá se o índice continuar a subir nos próximos anos. O dado mais surpreendente é que o analfabetismo subiu na faixa dos 40 aos 59 anos. Na faixa dos 15 aos 19 anos, ficou estagnada em 1,2%. Nas demais faixas etárias, houve ligeira queda no índice.
Os dados de analfabetismo são mais preocupantes no Nordeste, onde a taxa subiu meio ponto porcentual em um ano, passando de 16,9% para 17,4%. Enquanto a região tem 27% da população total de 15 anos ou mais de idade, entre os analfabetos nesta faixa etária, 54% estão no Nordeste. Ou seja, um em cada dois analfabetos do País é nordestino. No Centro-Oeste, a taxa de analfabetismo também teve aumento, oscilando de 6,3% para 6,7%.
Segundo os dados da Pnad 2012, os Estados de Tocantins, Paraíba, Pernambuco e Bahia tiveram os maiores aumentos nas taxas de analfabetismo. Alagoas é o Estado com o maior índice: um em cada cinco (21,8%) habitantes de 15 anos ou mais não sabe ler nem escrever. A taxa é a mesma registrada pela Pnad 2011.
Os melhores resultados estão na região Sul, que reduziu a taxa de analfabetismo de 4,9% para 4,4% e agora é a região com menor índice, superando o Sudeste, que mantém os 4,8% de analfabetos de 2011. Santa Catarina é o Estado com a menor taxa de analfabetismo do País, com 3,1%.
Entre 2011 e 2012, houve redução significativa na proporção dos analfabetos funcionais, passando de 20,4% para 18,3%, mas 27,8 milhões de pessoas de 15 anos ou mais de idade têm menos de quatro anos de estudos.

Pnad 2012: 42,9% dos domicílios do Brasil continuam sem rede de esgoto

Mostra também aponta que 14,6% das residências não tinham abastecimento de água em 2012

27 de setembro de 2013
Wilson Tosta, de O Estado de S. Paulo
RIO - A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2012, divulgada nesta sexta-feira, 27, constatou que, em 2012, 57,1% dos domicílios tinham rede coletora de esgoto, ante 55% no ano anterior. O maior crescimento regional ocorreu no Sul, onde o avanço foi de 35,7% para 42,3%. Em 2012, houve 53,6 milhões de domicílios beneficiados por rede de abastecimento de água (85,4% dos 62,8 milhões), um aumento de 0,8 ponto porcentual em relação a 2011 - mais 1,8 milhão de unidades atendidas.
Os domicílios com coleta de lixo passaram de 54,4 milhões para 55,8 milhões, 88,8% do total em 2012, mesma participação apurada em 2011 (o número de imóveis subiu no período). De 2011 para 2012, a proporção de domicílios com iluminação elétrica passou de 99,3% para 99,5% (62,5 milhões de domicílios).
Internet. O IBGE também revelou que 83 milhões de pessoas com 10 anos ou mais declararam ter acessado a internet no País nos três meses anteriores à pesquisa, em 2012. Em 2011, tinham sido 77,7 milhões. "Todas as regiões registraram avanços no porcentual de internautas de 2011 para 2012, o maior deles foi observado no Sudeste (4,2 pontos porcentuais) que concentrou quase metade das pessoas que acessaram a rede nesse período",diz a pesquisa.
"Duas regiões ficaram abaixo do porcentual verificado para a média nacional, que foi de 40,3%: a Norte (23,2%) e a Nordeste (25,3%)." De 36,5% em 2011, chegou a 40,3% o porcentual de domicílios com microcomputador conectado à internet.
O trabalho apontou ainda que 42,4% dos domicílios particulares permanentes do País tinham automóvel no ano passado (ante 40,9% em 2011) e 20% tinham motocicleta (19,1% em 2011). Os aparelhos de televisão passaram de 96,9% para 97,2% dos domicílios no mesmo período. A pesquisa também destacou que a proporção de imóveis residenciais privados permanentes que tinham apenas telefone celular passou de 49,7% para 51,4% - pela primeira vez, mais da metade do total.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Entenda as diferenças dos vários tipos de dólar

ANDERSON FIGO
DE SÃO PAULO - 23/09/2013
Consumidores que acompanham a cotação do dólar muitas vezes ficam confusos quando veem que, na prática, o preço da moeda americana cobrado em um pacote de viagem ao exterior, por exemplo, não corresponde à taxa vista nos jornais.
Isso acontece porque, no Brasil, a taxa de câmbio é flexível, o que significa que ela é negociada livremente por quem compra e quem vende.
O Banco Central divulga todos os dias uma média das taxas praticadas entre as instituições autorizadas a negociar dólares (bancos, corretoras e agências de turismo), conhecida como Ptax -que serve como referência.
O dólar comercial é usado no comércio exterior, enquanto, para fechar contratos no mercado financeiro, as empresas normalmente levam em conta o dólar à vista.
Editoria de Arte/Folhapress
Já o dólar turismo é aquele usado para emissão de passagens internacionais, pagamento de pacotes de viagens ao exterior e débitos em moeda estrangeira no cartão de crédito. "É o mais alto de todos, cerca de R$ 0,10 a R$ 0,15 acima dos demais", diz Fernando Bergallo, gerente de câmbio da corretora TOV.
"Estamos falando do dólar que não rege só o pagamento de uma viagem, mas também representa dinheiro vivo que o consumidor leva para fora para gastar."
Segundo Bergallo, o que encarece esse tipo de dólar é o custo que as instituições têm para manter as notas físicas, como transporte, custódia e seguro.
Também existe o dólar paralelo, que, como o próprio nome já diz, é o que circula em um meio não oficial, e o dólar a cabo.
ORIENTAÇÕES
As instituições podem cobrar taxas diferentes para o mesmo tipo de dólar. Como o câmbio é livre no país, os bancos e corretoras podem cobrar, por exemplo, uma taxa para a venda por telefone e outra para a venda em loja.
"Vale a pena pesquisar. Muitos comparam apenas os preços praticados por diferentes instituições", diz Guilherme Prado, especialista em câmbio da Fitta DTVM.
Também é essencial ficar atento às taxas. Quem compra dólar em papel paga 0,38% de IOF sobre o valor adquirido. A mesma taxa vale para quem carrega um cartão de débito. Já quem faz pagamentos no cartão de crédito arca com 6,38% de IOF.
Se a aquisição for feita em outra moeda, o valor será convertido em dólar e o cálculo do imposto será feito a partir dessa conversão.
A administradora do cartão vai cobrar a cotação vigente no dia do vencimento da fatura -e não no dia da compra-, podendo usar como referência o dólar comercial ou o turismo.

domingo, 22 de setembro de 2013

Rio mais poluído do País, Tietê é também o mais rico e populoso

22 de setembro de 2013
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO , LUCAS DE ABREU MAIA, RODRIGO BURGARELLI - O Estado de S.Paulo
Comparado ao tamanho dos rios amazônicos, o Tietê é um regato. Nas estatísticas, porém, é uma catarata de superlativos. Estudo inédito doEstadão Dados mostra que o Tietê e seus afluentes formam a bacia hidrográfica mais populosa, mais rica e mais poluída do Brasil. É também a de maior desenvolvimento humano do País.
Barragem de Ponte Nova, em Salesópolis - Nilton Fukuda/EstadãoNilton Fukuda/Estadão
Barragem de Ponte Nova, em Salesópolis
A produção da bacia do Tietê soma R$ 1 trilhão por ano. A cada R$ 4 do PIB brasileiro em 2010, R$ 1 saiu do entorno do rio e de seus tributários. Às suas margens ou perto delas moram 30 milhões de pessoas, a maior população ribeirinha do País, com médias de 10,6 anos de estudo e 75,3 anos de vida.
O Rio Tietê - cujo dia é comemorado hoje - nasce acima dos mil metros de altitude, nas encostas da Serra do Mar, em Salesópolis, a leste da capital. Corre 1.136 quilômetros para o interior, por 73 municípios paulistas. Deságua no Rio Paraná, entre Itapura e Castilhos, 300 metros acima do nível do mar. São apenas 740 metros de desnível da nascente à foz, ou 1 metro de declive a cada quilômetro e meio de percurso, em média.
Mesmo assim, as quedas do Tietê são famosas desde antes dos bandeirantes. Uma das maiores cachoeiras era chamada pelos índios de utu-guaçu, ou salto grande. Acabou por batizar as cidades de Itu e Salto.
Para fugir desse trecho inicial tortuoso e cheio de corredeiras, a navegação rio abaixo entre os séculos 18 e 19 começava em Araritaguaba, atual Porto Feliz, com destino às minas de ouro de Cuiabá. Por só poderem ser feitas em parte do ano, no período de cheia do rio, as expedições eram chamadas de monções - como as navegações portuguesas pelo Índico.
As longas canoas eram escavadas em enormes troncos derrubados ao longo das margens do rio e seus afluentes, como o Piracicaba. Escavadas na madeira maciça, levavam mantimentos, ferramentas e escravos para as minas, e traziam ouro.
Hoje, a hidrovia Tietê-Paraná percorre 2,6 mil quilômetros e transporta 6 milhões de toneladas de cargas anualmente, entre insumos e grãos. Um comboio de seis barcaças carregadas tira 210 carretas das estradas, gastando um quarto do combustível e emitindo um terço da quantidade de carbono.
Na época das monções, as canoas demoravam semanas ou até meses para chegar ao Paraná. Entre outros motivos, porque tinham de ser carregadas por terra em varadouros como o do traiçoeiro salto do Avanhandava. O salto foi inundado nos anos 1980 pelo reservatório da usina de Nova Avanhandava.
Nenhum acidente natural resiste no trecho entre Conchas e a foz. Foi construída mais de uma dezena de barragens ao longo do maior rio paulista, para aproveitamento hidrelétrico. Em seu curso, o Tietê gera até 2 mil megawatts de energia.
Em Pereira Barreto, a cerca de 50 km da desembocadura, um canal desvia parte do Tietê para o Rio São José dos Dourados, que corre paralelo e na mesma direção. As águas canalizadas ao norte ajudam a girar as turbinas da hidrelétrica de Ilha Solteira, no Rio Paraná.
Desenvolvimento. O rio foi determinante na fundação da maior cidade do hemisfério sul e na ocupação do território ao seu redor. Nas últimas décadas o desenvolvimento se estendeu do alto ao baixo Tietê.
O IDH na sua bacia é 14% maior do que a média do Brasil. Porque a esperança de vida ao nascer é também mais alta: 75,3 anos. É bem diferente de 100 anos atrás, quando as margens e várzeas do Tietê eram evitadas pela população temerosa das enchentes e de doenças como a malária.
Na educação, a expectativa de anos de estudo na bacia do rio é 11% maior do que a média brasileira (9,5 anos). A desigualdade de renda é menor do que no resto do País. O índice de Gini ao longo do Tietê varia de 0,33 a 0,67 (quanto mais próximo de 1, mais desigual), mas, na média, esse valor é de apenas 0,44 - ou 27% menor do que a média do Brasil.
O desenvolvimento econômico e demográfico custou caro ao rio. A qualidade de suas águas, cristalinas em Salesópolis, torna-se apenas "boa" em Biritiba-Mirim, "razoável" em Mogi das Cruzes e "ruim" em Itaquaquecetuba.
Na confluência com o Rio Aricanduva, já em São Paulo, fica "péssima", e segue assim por mais 200 quilômetros, até o desemboque do Sorocaba, em Laranjal Paulista. A seguir vêm mais 130 quilômetros de água ruim. Ela só volta a ficar boa em Barra Bonita.
A degradação se deve ao despejo de efluentes industriais e de 595 bilhões de litros de esgoto doméstico não tratado todo ano no rio - 40% do total do Brasil. Só a capital é responsável por jogar 750 milhões de litros de esgoto em estado puro no Tietê diariamente.
Apesar disso, na maior parte de seu curso, o Tietê tem águas de boa qualidade. Em Araçatuba, ela vai parar nas torneiras. Em Penápolis, abriga clubes de pesca de pacus e tucunarés.
Nos últimos 30 quilômetros antes de chegar à foz, no Rio Paraná, as águas do Tietê voltam a ter a mesma excelência dos primeiros 40 quilômetros de seu curso. Com pouca ajuda, o rio mais poluído do Brasil se recupera e termina tão limpo quanto começou.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Sites estrangeiros repercutem cancelamento de viagem de Dilma

The New York Times, El País, Clarín e Le Monde, já repercutiam a decisão logo após anúncio por parte do Palácio do Planalto

17 de setembro de 2013 
Allan Nascimento - Especial para O Estado de S. Paulo
Logo após a confirmação do cancelamento da viagem oficial da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos para encontro com o presidente Barack Obama, alguns dos principais portais de notícias estrangeiros, como The New York Times, El País, Clarín e Le Monde, já repercutiam a decisão.
O jornal norte-americano The Huffington Post deu destaque à decisão de Dilma e perguntava aos leitores, na manchete da editoria de internacional: "Adivinha quem não vem para o jantar?"
O portal do jornal argentino Clarín disse que a decisão foi uma forma de protesto de Dilma após as revelações de que os e-mails da presidente eram espionados pelo governo americano.
No Twitter, o jornal espanhol El País comentou que a presidente Dilma está indignada por conta da espionagem. A matéria diz que ela cancelou o encontro por estar inconformada com as explicações dadas pelo presidente Barack Obama sobre os recentes casos de espionagem. A reportagem afirma que a decisão foi uma forma de “manifestar seu desagrado pela espionagem eletrônica”.
O The New York Times citou o anúncio da Casa Branca de que as atividades do serviço de inteligência estão sendo revistas e que o encontro entre os dois líderes vai acontecer após resolução dos casos de espionagem.

Nordeste é região com mais bolsas do governo federal

Ciência sem Fronteiras concedeu, até agosto, 547 bolsas para cada 100 mil universitários nordestinos, contra 509 no Sudeste. Especialistas acreditam que medida ajudará a internacionalização das universidades locais e incrementará o repertório

16 de setembro de 2013
Victor Vieira - O Estado de S.Paulo
Historicamente menos prestigiado nas políticas de ensino superior, o Nordeste enviou o maior número de graduandos para o exterior pelo programa Ciência Sem Fronteiras, em relação ao número de estudantes da região. Até agosto, o governo concedeu 547 bolsas para cada 100 mil universitários nordestinos, contra 509 no Sudeste. As bolsas oferecidas pelo Brasil somam quase 37,8 mil - das 101 mil prometidas até 2015.
Especialistas apontam que ainda é cedo para determinar impactos no desenvolvimento científico-tecnológico das instituições nordestinas. A expectativa mais imediata é de que as bolsas favoreçam a internacionalização das universidades locais e incrementem o repertório dos estudantes.
"Não dá para quantificar os resultados. Mas é uma mudança que amplia os horizontes dos alunos, com um custo que não é alto", avalia Cláudio de Moura Castro, especialista em Educação.
Para o professor de Economia da Universidade de Brasília, Jorge Nogueira, é razoável atender Estados que concentram menos recursos. "A tendência de redistribuição do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) começou há quase 40 anos. Se considerarmos somente o número de pesquisadores e publicações científicas, o eixo Rio-Minas-São Paulo leva a maioria dos incentivos."
Outra aposta é que a vivência dos estudantes no exterior qualifique o mercado de trabalho regional. "Eles se formarão como profissionais mais competitivos", prevê a diretora de relações internacionais da Universidade Federal de Pernambuco, Maria Leonor Maia.
Oportunidades. Aluna de Engenharia de Materiais na Universidade Federal do Sergipe (UFS), Silmara Caldas, de 23 anos, ficou seis meses nos EUA. "A UFS não oferecia muitas bolsas antes do Ciência Sem Fronteiras e viajar por conta própria seria complicado." Ela gostou tanto do intercâmbio que pretende repetir a dose: se inscreveu em outro edital do programa para uma pós em Bioengenharia.
Recém-chegado da Holanda, Clécio Santos, de 22 anos, também elogia a experiência. "Comparando o que existe lá com nossa realidade, ficamos com vontade de fazer mais pelo País, de mexer na sociedade", diz o estudante de Ciência da Computação da Universidade Federal da Bahia, que também cogita um mestrado no exterior.
Ressalvas. O físico Martin Makler, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, afirma que a falta de critérios na seleção das universidades estrangeiras participantes pode reduzir os benefícios para a região. "É melhor enviar o aluno para a USP do que para uma instituição estrangeira medíocre", defende.
Procurados, o CNPq e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgãos responsáveis pelo programa, não informaram se há critérios que privilegiam a concessão de bolsas em alguns Estados. / COLABOROU TIAGO DÉCIMO