quarta-feira, 31 de julho de 2013

São Caetano do Sul, em SP, continua na liderança de melhor IDHM do País

Cidade tem índice de 0,862; na comparação entre Unidades da Federação, o índice é liderado pelo Distrito Federal, com 0,824 e, em seguida, vêm São Paulo (0,783) e Santa Catarina (0,774)

29 de julho de 2013

Ricardo Della Coletta - Agência Estado
BRASÍLIA - A cidade paulista de São Caetano do Sul, na região do ABC, manteve a liderança no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), divulgado nesta segunda-feira, 29, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e com a Fundação João Pinheiro. A cidade atingiu IDHM de 0,862 e, nas duas últimas vezes em que o índice foi divulgado, em 1998 (referentes a dados de 1991) e em 2003 (com dados de 2000), São Caetano também aparece no topo da lista do País.
Publicado uma vez a cada dez anos, o indicador traz para o âmbito municipal o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) global, divulgado anualmente pelo PNUD e que mede o desenvolvimento humano dos países. O IDHM, que faz parte do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, é medido por uma escala que vai de zero a um - quanto mais próximo de um, melhor o desenvolvimento do local.
Nesta edição, o município com pior desempenho, por sua vez, foi Melgaço, no Pará, que tem 24,8 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atingindo IDHM de 0,418. Em 2003, ano em que o último IDHM foi publicado, o município com o pior quadro no Brasil foi Aroeiras do Itaim, no Piauí, com IDHM de 0,208. A paraense Melgaço registrava um IDHM, naquela época, de 0,260.
É importante ressaltar que houve alterações no cálculo do IDHM nesta edição, e que os pesquisadores, para comparação com as edições anteriores, recalcularam os valores com base na nova metodologia.
Com mais de 180 indicadores para os mais de 5.500 municípios do País, a atual edição do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil também permite uma análise das cidades mais bem colocadas por região. A capital do Tocantins, Palmas, por exemplo, atingiu IDHM de 0,788 e lidera o desenvolvimento humano na Região Norte.
No Nordeste, a ilha de Fernando de Noronha (IDHM de 0,788) é a mais bem colocada, enquanto a maranhense Fernando Falcão (0,443) ocupa o outro extremo da tabela. O ranking no Centro-Oeste é encabeçado por Brasília, com IDHM 0,824, enquanto a pior pontuação fica com Japorã (MS), com IDHM 0,526.
Os municípios das Regiões Sul e Sudeste com maior índice de desenvolvimento são Florianópolis (0,847) e São Caetano do Sul, respectivamente. A outra ponta da tabela é ocupada, nas duas regiões, pela paranaense Doutro Ulysses (0,546) e pela mineira São João das Missões (0,529).
A cidade que mais avançou no IDHM nos últimos 10 anos foi Mateiros, no Tocantins. Desde 2000, Mateiros conseguiu um avanço de 0,326 pontos no indicador, passando de 0,281 para 0,607 pontos.
Estados. Na comparação entre Unidades da Federação, o IDHM é liderado pelo Distrito Federal, com 0,824. Em seguida, vêm São Paulo (0,783) e Santa Catarina (0,774). Os Estados com o desempenho mais fraco são Alagoas (0,631) e Maranhão (0,639).

IDHM do Brasil avança 47,5% em 20 anos, mas educação ainda é o maior desafio

Classificação do País passou de 'Muito Baixo' (0,493 em 1991) para 'Alto' (0,727) no índice divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento nesta segunda

29 de julho de 2013

Ricardo Della Coletta - Agência Estado
BRASÍLIA - O Índice do Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Brasil, divulgado nesta segunda-feira, 29, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e com a Fundação João Pinheiro, revela um expressivo avanço do Brasil nos últimos 20 anos, mas também um quadro em que a educação se mantém como o principal desafio do País. Entre 1991 e 2010, o índice cresceu 47,5% no País, de 0,493 para 0,727. Inspirado no IDH global, publicado anualmente pelo PNUD, esse índice é composto por três variáveis e o desempenho de uma determinada localidade é melhor quanto mais próximo o indicador for do número um.
A classificação do IDHM do Brasil mudou de 'Muito Baixo' (0,493 em 1991) para 'Alto' (0,727). É considerado 'Muito Baixo' o IDHM inferior a 0,499, enquanto a pesquisa chama de 'Alto' o indicador que varia de 0,700 a 0,799. Publicado uma vez a cada dez anos, o indicador traz para o âmbito municipal o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) global, divulgado anualmente pelo PNUD e que mede o desenvolvimento humano dos países. O IDHM, que faz parte do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, é medido por uma escala que vai de zero a um - quanto mais próximo de um, melhor o desenvolvimento do local.
O subíndice educação, uma das variáveis que compõem o IDHM, é o que mais puxa para baixo o desempenho do País. Em 2010, a educação teve uma pontuação de 0,637, enquanto os subíndices renda (0,739) e longevidade (0,816) alcançaram níveis maiores.
Embora seja o componente com pior marcação, foi na educação que mais houve avanço nas duas últimas décadas, ressaltaram os pesquisadores. Em 1991, a educação tinha um IDHM 0,279, o que representa um salto de 128% se comparado à pontuação de 2010. "Saímos de um patamar muito baixo e isso mostra o esforço que o País fez na área", avaliou Marco Aurélio Costa, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), um dos parceiros na realização do estudo. "A gente ainda não está bem, o IDHM educação é o que menos contribuiu e onde temos os maiores desafios para superar", concluiu.
Longevidade. O componente da longevidade, por sua vez, que é calculado pela expectativa de vida da população ao nascer, é a área na qual o Brasil apresenta melhor pontuação. É o único componente que está na faixa classificada pela pesquisa como um IDHM 'Muito Alto', quando o índice ultrapassa 0,800. Desde 1991 como o subíndice mais bem avaliado, foi também na longevidade em que a variação ao longo dos últimos 20 anos foi menor. O IDHM Longevidade era de 0,662 em 1991, de 0,727 em 2000 e de 0,816, na atual edição.
Já a renda mensal per capita saltou 14,2% no período, o que corresponde a um ganho de R$ 346,31 em 20 anos. As três instituições que elaboram o Atlas - PNUD, Ipea e Fundação João Pinheiro - ressaltam que 73% dos municípios avançaram acima do crescimento da média nacional. No entanto, há 11% de municípios com IDHM Renda superior ao do Brasil, "evidenciando a concentração de renda do País".

Prazo de 9 meses para acordo de paz é aceito

Representantes de Israel e da Autoridade Palestina voltam a se reunir em duas semanas; Kerry diz que 'compromisso pessoal' de Obama é essencial

31 de julho de 2013

WASHINGTON - O Estado de S.Paulo
Negociadores palestinos e israelenses reunidos em Washington concluíram ontem em Washington a primeira rodada de discussões sobre um futuro acordo de paz e concordaram em voltar a se encontrar dentro de duas semanas. A reunião deve ocorrer em Israel ou nos territórios ocupados.
O secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou que ambos concordaram em tentar chegar a um acordo final em nove meses.
O principal negociador palestino, Saeb Erekat, pediu esforço na criação de um Estado independente e comemorou que "todos os assuntos estejam sendo discutidos". "É hora de os palestinos terem um Estado soberano e próprio para viver com paz e dignidade."
"Israel está esperançoso, mas não pode ser ingênuo", disse a ministra da Justiça de Israel, Tzipi Livni. "Viemos de uma região instável e problemática. Não podemos nos permitir isso."
As duas equipes de negociadores se reuniram na manhã de ontem com o presidente Barack Obama, na Casa Branca. Segundo Kerry, o "compromisso pessoal" de Obama com o reatamento destas negociações de paz, paralisadas desde 2010, é essencial.
Kerry admitiu que o caminho para se chegar à paz será difícil, mas disse estar convencido de que um acordo será alcançado graças aos esforços e à experiência das equipes de negociadores. "Sei que o caminho é difícil. Não faltam céticos apaixonados. Mas com negociadores capazes e respeitados, estou convencido de que podemos chegar lá", acrescentou. Ele também afirmou que as partes devem estar comprometidas com a tomada de decisões difíceis e o objetivo continua sendo a existência de dois Estados um ao lado do outro em paz e segurança. "Tanto israelenses como palestinos têm preocupações de segurança legítimas", salientou o chefe da diplomacia americana.
Livni e Erekat iniciaram na segunda-feira em Washington as primeiras conversas de paz diretas desde 2010, com um jantar no Departamento de Estado liderado por Kerry.
Respaldo. O Quarteto para o Oriente Médio, formado por Estados Unidos, Rússia, União Europeia e Nações Unidas, fez ontem um apelo a Israel e aos palestinos que não "minem a confiança" mútua no momento em que reiniciam as negociações.
O grupo prometeu seu apoio às duas partes no "compromisso de conseguir uma solução negociada de dois estados no prazo acertado de nove meses". / AP, EFE e AFP

terça-feira, 23 de julho de 2013

Governo filipino pede para professoras muçulmanas trabalharem sem véu

Alunas muçulmanas ainda serão autorizados a usar o véu ou hijab nos campi, bem como roupas adequadas na aula de educação física

Publicação: 23/07/2013 
Manila, Filipinas - O governo das Filipinas, um país de maioria católica, pediu nesta terça-feira (23/7) que professoras muçulmanas retirem seus véus dentro das salas de aula, com o objetivo de melhorar as relações entre professores e alunos. O secretário de Educação do país, Armin Luistro, informou que a decisão foi tomada no âmbito de reformas para tornar as escolas mais sensíveis à religião.
De acordo com o governo ter professoras muçulmanas sem seus véus permite 'a identificação adequada das professoras pelos alunos, promovendo assim uma melhor relação professor-aluno' (Noel Celis/AFP)
De acordo com o governo ter professoras muçulmanas sem seus véus permite "a identificação adequada das professoras pelos alunos, promovendo assim uma melhor relação professor-aluno"

Alunas muçulmanas ainda serão autorizados a usar o véu ou hijab nos campi, bem como roupas adequadas na aula de educação física, de acordo com a ordem emitida pelo governo, cuja cópia foi obtida pela AFP. Já as professoras, embora sejam autorizadas a utilizar o véu fora da sala de aula, são instruídas a removê-lo durante as aulas, para que possam interagir melhor com os alunos. "Uma vez que a (professora) está na sala de aula, pede-se que ela retire o véu", informou a ordem.

Ter professoras muçulmanas sem seus véus permite "a identificação adequada das professoras por seus alunos, promovendo assim uma melhor relação professor-aluno", explicou. Ser capaz de ver os rostos das professoras também ajuda no ensino de línguas, no qual o movimento dos lábios desempenha um importante papel na hora de ensinar certas letras e sons, segundo a decisão.

O Gabinete de Assuntos Muçulmanos do governo informou que concordava com as medidas do Ministério da Educação, apesar de ainda não ter recebido uma cópia da ordem.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

PAPA FRANCISCO NO BRASIL

Confira a íntegra do primeiro discurso do papa Francisco no Brasil

'Não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo!', diz pontífice

22 de julho de 2013
Fabio Motta/Estadão

O Estado de S. Paulo
Quis Deus na sua amorosa providência que a primeira viagem internacional do meu Pontificado me consentisse voltar à América Latina, precisamente ao Brasil, nação que se gloria de seus sólidos laços com a Sé Apostólica e dos profundos sentimentos de fé e amizade que sempre a uniram de modo singular ao Sucessor de Pedro. Dou graças a Deus pela sua benignidade.
Aprendi que para ter acesso ao Povo Brasileiro, é preciso ingressar pelo portal do seu imenso coração: por isso permitam-me que nesta hora eu possa bater delicadamente a esta porta. Peço licença para entrar e transcorrer esta semana com vocês. Não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo! Venho em seu Nome para alimentar a chama de amor fraterno que arde em cada coração; e desejo que chegue a todos e a cada um a minha saudação: "A paz de Cristo esteja com vocês!"
Saúdo com deferência a Senhora Presidenta e os ilustres membros do seu Governo. Obrigado pelo seu generoso acolhimento e por suas palavras que externaram a alegria dos brasileiros pela minha presença em sua Pátria. Cumprimento também o Senhor Governador deste Estado, que amavelmente nos recebe na Sede do Governo e o Senhor Prefeito do Rio de Janeiro, bem como os Membros do Corpo Diplomático acreditado junto ao Governo Brasileiro, as demais Autoridades presentes e todos quantos e se prodigalizaram para tornar realidade esta minha visita.
Quero dirigir uma palavra de afeto aos meus irmãos no Episcopado, sobre quem pousa a tarefa de guiar o Rebanho de Deus neste imenso País, e às suas amadas Igrejas Particulares. Esta minha visita outra coisa não quer senão continuar a missão pastoral própria do Bispo de Roma de confirmar os seus irmãos na Fé em Cristo, de animá-los a testemunhar as razões da Esperança que d´Ele vem e de incentivá-los a oferecer a todos as inesgotáveis riquezas do seu Amor.
O motivo principal da minha presença no Brasil, como é sabido, transcende as suas fronteiras. Vim para a Jornada Mundial da Juventude. Vim para encontrar os jovens que vieram de todo o mundo, atraídos pelos braços abertos do Cristo Redentor. Eles querem agasalhar-se no seu abraço para, junto de seu Coração, ouvir de novo o seu potente e claro chamado: Ide e fazei discípulos entre todas as nações.
Estes jovens provêm dos diversos continentes, falam línguas diferentes, são portadores de variadas culturas e, todavia, em Cristo encontram as respostas para suas mais altas e comuns aspirações e podem saciar a fome de verdade límpida e de amor autêntico que os irmanem para além de toda diversidade.
Cristo abre espaço para eles, pois sabe que energia alguma pode ser mais potente que aquela que se desprende do coração dos jovens quando conquistados pela experiência da sua amizade. Cristo "bota fé" nos jovens e confia-lhes o futuro de sua própria causa: "Ide, fazer discípulos". Ide para além das fronteiras do que é humanamente possível e criem um mundo de irmãos. Também os jovens "botam fé" em Cristo. Eles não têm medo de arriscar a única vida que possuem porque sabem que não serão desiludidos.
Ao iniciar esta minha visita ao Brasil, tenho consciência de que, ao dirigir-me aos jovens, falarei às suas famílias, às suas comunidades eclesiais e nacionais de origem, às sociedades nas quais estão inseridos, aos homens e às mulheres dos quais, em grande medida, depende o futuro destas gerações.
Os pais usam dizer por aqui: "os filhos são a menina dos nossos olhos". Que bela expressão da sabedoria brasileira que aplica aos jovens a imagem da pupila dos olhos, janela pela qual entra a luz revelando-nos o milagre da visão! O que vai ser de nós, se não tomarmos conta dos nossos olhos? Como haveremos de seguir em frente? O meu auspício é que, nesta semana, cada um de nós se deixe interpelar por esta desafiadora pergunta.
A juventude é a janela pela qual o futuro entra no mundo e, por isso, nos impõe grandes desafios. A nossa geração se demonstrará à altura da promessa contida em cada jovem quando souber abrir-lhe espaço; isso significa tutelar as condições materiais e imateriais para o seu pleno desenvolvimento; oferecer a ele fundamentos sólidos, sobre os quais construir a vida; garantir-lhe segurança e educação para que se torne aquilo que ele pode ser; transmitir-lhe valores duradouros pelos quais a vida mereça ser vivida, assegurar-lhe um horizonte transcendente que responda à sede de felicidade autentica, suscitando nele a criatividade do bem; entregar-lhe a herança de um mundo que corresponda à medida da vida humana; despertar nele as melhores potencialidade para que seja sujeito do próprio amanhã e corresponsável do destino de todos.Com essas atitudes recebemos hoje o futuro
Concluindo, peço a todos a delicadeza da atenção e, se possível, a necessária empatia para estabelecer um diálogo de amigos. Nesta hora, os braços do Papa se alargam para abraçar a inteira nação brasileira, na sua complexa riqueza humana, cultural e religiosa. Desde a Amazônia até os pampas, dos sertões até o Pantanal, dos vilarejos até as metrópoles, ninguém se sinta excluído do afeto do Papa. Depois de amanhã, se Deus quiser, tenho em mente recordar-lhes todos a Nossa Senhora Aparecida, invocando sua proteção materna sobre seus lares e famílias. Desde já a todos abençôo. Obrigado pelo acolhimento!!

domingo, 21 de julho de 2013

Philippe faz juramento e se torna o novo rei da Bélgica

21/07/3013
DA AFP, EM BRUXELAS

O príncipe Philippe, 53, se converteu neste domingo no novo rei dos belgas, depois de prestar juramento ante as duas câmaras do Congresso.
"Ao prestar juramento de minhas funções, estou consciente das responsabilidades que pesam sobre mim", afirmou novo monarca, o sétimo do país, desde sua função em 1830.
O rei Alberto 2º da Bélgica se despediu no sábado de seus súditos pedindo "coesão" face às profundas divisões entre valões e flamengos e "acolhida" a seu filho mais velho, Philippe. Após 20 anos de reinado, Alberto 2º fez um último discurso sério e otimista.
Aos 79 anos, Alberto 2º é o primeiro monarca belga a optar pela abdicação, passando o bastão para o filho mais velho, Philippe, de 53 anos, que deve lidar com a insegurança de parte da população belga.
O rei, cujo reinado foi marcado por duas grandes crises políticas entre flamengos e francófonos, reconheceu que a Bélgica nem sempre "foi fácil de governar". Felizmente, "o dever do compromisso construtivo" da maior parte de seus líderes políticos permitiu que ele ultrapassasse barreiras e se transformasse "num Estado unitário e um Estado federal".
Thierry Roge/Efe
O recém-empossado rei Philippe, da Bélgica, e a mulher, a rainha Mathilde, cumprimentam os súditos, em Bruxelas
O recém-empossado rei Philippe, da Bélgica, e a mulher, a rainha Mathilde, cumprimentam os súditos, em Bruxelas

A mensagem foi particularmente dirigida à região de Flandres, que reúne quase 60% da população belga e cuja primeira força política está nos separatistas, que devem ter uma significativa participação durante as eleições legislativas de 2014.
As festividades começaram na noite de sábado, quando a família real foi ao baile nacional no bairro popular de Marolles em Bruxelas.
Na primeira fila da cerimônia deste domingo, estavam sentados os quatro filhos de Philippe e Mathilde, entre eles a princesa Elisabeth, que terá o título, aos 12 anos, de herdeira do trono.
Nenhum monarca estrangeiro foi convidado, tradição de um país onde "o rei presta juramento diante da nação representada pelo parlamento", informou o porta-voz do premier belga, Elio Di Rupo.
Mesmo não estando presentes, outras nações enviaram mensagens de felicitação. O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, homenageou Alberto 2º, que "serviu o povo belga de forma admirável durante 20 anos de reinado".

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Novo presidente do Irã zomba de Israel, um 'país miserável'

18/07/2013

SAMY ADGHIRNI
DE TEERÃ


O presidente eleito do Irã, Hasan Rowhani, rebateu ontem ameaças de ataque israelense e zombou do Estado judaico. "Quando um país regional miserável diz que todas as opções estão sobre a mesa, dá vontade de rir", afirmou Rowhani em Teerã, durante evento em homenagem aos veteranos da guerra Irã-Iraque (1980-1988).
"Quem são os sionistas para nos ameaçar?", indagou o presidente eleito, que assume em agosto no lugar de Mahmoud Ahmadinejad.
As declarações aparentam ser uma resposta ao premiê israelense, Binyamin Netanyahu, que no domingo voltou a deixar no ar a possibilidade de ordenar bombardeio ao Irã e criticou Rowhani.
Em entrevista à emissora americana de TV CBS, Netanyahu disse que o Irã está "se aproximando da linha vermelha" pela qual, segundo o premiê, Teerã terá urânio enriquecido suficiente para fabricar a bomba atômica, limiar considerado inaceitável para o governo israelense.
Única potência nuclear do Oriente Médio, Israel diz encarar o programa nuclear iraniano como ameaça à sua existência e questiona a eficiência de negociações diplomáticas.
Teerã nega querer um arsenal nuclear e argumenta que tratados internacionais lhe garantem o direito de enriquecer urânio para fins energéticos e medicinais.
Rowhani, que foi negociador nuclear chefe do Irã ate 2005, despertou entusiasmo em setores do Ocidente ao prometer mais flexibilidade no diálogo com as potências.
Especula-se que o presidente eleito se disponha a reduzir o grau de pureza do enriquecimento de urânio, o que daria mais garantias de que o programa nuclear não será desviado para fins militares.
Rowhani está submetido à autoridade do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, mas se espera que os dois tenham acordado retomar uma abordagem mais conciliadora.
Mas Netanyahu disse à CBS que Rowhani é um "lobo em pele de cordeiro", que "sorri enquanto constrói a bomba".
Há temores de que um eventual fracasso na próxima rodada de negociações nucleares, ainda sem data, leve Israel a atacar o Irã, o que poderia gerar consequências devastadoras na região.
ACENO À LINHA DURA
Cerca de cinco semanas após triunfar nas urnas, Rowhani vem manobrando para costurar alianças necessárias à implementação de sua agenda de viés reformista.
Após sugerir que buscará melhor relação com o Ocidente e dará maiores liberdades individuais aos iranianos, ele adotou retórica mais sintonizada com as forças conservadoras que dominam o regime e cujo apoio político é necessário ao novo governo.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Rússia usa máquinas de escrever para evitar espionagem, diz jornal

11/07/2013
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O jornal russo "Izvestia" informou nesta quinta-feira que o Serviço Federal de Proteção do país comprou 20 máquinas de escrever para evitar que informações sigilosas vazem por meios eletrônicos. Segundo o diário, a medida foi tomada após a revelação do esquema de espionagem dos Estados Unidos, em junho.
Washington é responsável pelo monitoramento de informações de governos, das forças militares e de milhões de usuários civis de internet e telefones em diversos países do mundo, através de um esquema montado pela Agência de Segurança Nacional (NSA, em inglês).
O esquema foi revelado no início de junho pelo técnico de informática Edward Snowden, que prestava serviços para a NSA. Ele teve sua extradição pedida pelo governo americano e está na área de trânsito do aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou, desde o dia 23.
Segundo fontes da publicação, a decisão de Moscou era avaliada há três anos, desde as primeiras divulgações feitas pelo site WikiLeaks sobre a política externa americana, e ganhou força com as revelações de Snowden sobre as atividades da NSA.
No entanto, só foi tomada após a descoberta das escutas feitas pelos americanos ao atual primeiro-ministro e então presidente russo, Dmitry Medvedev, durante a cúpula do G20 de 2009, em Londres. Analistas ouvidos pelo "Izvestia" dizem que as máquinas são usadas em todas as repartições que usam informação confidencial.
Outros integrantes do governo dizem que o Ministério da Defesa nunca deixou de usar as máquinas, por serem consideradas meios mais seguros e menos vulneráveis à espionagem para transmitir informação, embora mais primitivos.

MONITORAMENTO

A revelação do esquema de espionagem causou uma crise diplomática entre os Estados Unidos e diversos parceiros estratégicos, como a Europa, o Japão e a Rússia. O monitoramento também recebeu fortes críticas de países latino-americanos, como o Brasil.
A NSA, cujo material foi divulgado por Snowden, é uma das organizações mais sigilosas do mundo. De acordo com as informações apresentadas pelo delator, a agência monitorou os registros de ligações de milhões de telefones da Verizon, segunda maior companhia telefônica dos EUA.
Também foram verificados dados de usuários de internet de todo o mundo em empresas de internet como Google, Facebook, Microsoft e Apple. O escândalo causou críticas ao presidente Barack Obama, que combateu a espionagem feita pelas agências quando fazia oposição ao republicano George W. Bush.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Garimpo na África frustra chineses

09/07/2013


DAN LEVIN
DO 'NEW YORK TIMES"


Mingliang, China

Para as pessoas do condado de Shanglin, o ouro é uma maldição.
Durante quase uma década, milhares de camponeses da região autônoma de Guangxi, no sul da China, fizeram dívidas antes de irem para Gana, o segundo maior país produtor de ouro da África.
Os chineses acharam o ouro, mas também problemas, como policiais corruptos e bandidos armados que campeavam pelos garimpos. Então, em junho, as autoridades ganenses declararam que os garimpos eram ilegais e prenderam mais de 200 garimpeiros chineses, acusando-os de poluírem as terras e de abusarem de trabalhadores locais. Incontáveis outros chineses fugiram de ataques de moradores armados com pistolas e facões.

Gilles Sabrie/The New York Times
Zhou Mao, com o neto, aguarda noticias do filho, que desapareceu em Gana após uma onda de repressão a garimpos
Zhou Mao, com o neto, aguarda noticias do filho, que desapareceu em Gana após uma onda de repressão a garimpos

Após a onda repressiva, imagens de mortes violentas e de garimpos vandalizados começaram a aparecer nas redes sociais da China, alimentando a indignação nacional. Mas, aqui em Shanglin, um montanhoso condado de 470 mil habitantes em uma das mais pobres regiões da China, é o desespero com a ruína financeira que mais chama a atenção.
"Meu filho pode ter sido morto em Gana, mas se voltar estará morto do mesmo jeito", disse Shen Aiquan, 65, cuja família contraiu um empréstimo de 3 milhões de yuans (US$ 489 mil) para instalar um garimpo, embora ela não saiba exatamente quem seja o credor. Só resta a ela esperar pelo filho e pelos cobradores de dívidas, que inevitavelmente virão atrás dele.
A crise em Gana revelou os riscos de uma aposta econômica no exterior (avalizada pelo governo chinês) que contou com a participação de um incontável número de pessoas, que acabaram ficando ao deus-dará quando as coisas saíram errado.
Alguns dos problemas enfrentados pelos moradores daqui decorrem das práticas informais de crédito, comuns entre camponeses pobres. Sem o patrimônio físico que os bancos costumam exigir, muita gente se vale do "guanxi" -a garantia social que vincula empresas e relacionamentos pessoais na China- para conseguir empréstimos de parentes e amigos.
Os garimpeiros que estão pouco a pouco voltando para Shanglin, desde o início da onda de violência, garantem que não violaram nenhuma lei ganense. Wu Jian, 34, disse que fez questão de obter toda a papelada necessária em Gana, inclusive escrituras fundiárias e uma licença de mineração. "Os locais diziam que, enquanto tivéssemos dinheiro, poderíamos fazer o que quiséssemos", afirmou.
Em maio, ele fugiu, deixando para trás uma operação que, segundo ele, valia cerca de US$ 326 mil. O dinheiro, afirmou cabisbaixo, havia sido emprestado de parentes, amigos e agiotas.
A conexão de Shanglin com a extração de ouro na África é disseminada. "Todo mundo tem um parente ou um amigo em Gana", disse Lan Xiongwen, 45.
Quando parentes levaram o filho dele para os garimpos de Gana, há dois anos, a família de Lan investiu US$ 489 mil em escavadeiras, precisando para isso esgotar suas economias e contrair empréstimos bancários. Parecia uma jogada inteligente. Com 890 toneladas de ouro sendo exportadas anualmente para Shanglin, disse ele, os moradores achavam que seria só questão de tempo até realizarem seu sonho: depois de pagarem os empréstimos, eles construiriam uma casa e comprariam um carro.
Mas tudo o que a família de Lan ganhou foi para quitar as máquinas, que agora estão enferrujando em Gana.
Moradores como Lan dizem que se sentem traídos pelo governo chinês, que estaria se esquivando das suas responsabilidades após anos incentivando a corrida do ouro ganense.
As ações policiais e a violência ameaçam colocar de ponta-cabeça a estratégia da China para a África. Ela se baseia em importar matérias-primas necessárias para alimentar o crescimento econômico chinês em troca da venda de produtos chineses e de apoio financeiro do governo de Pequim para projetos importantes de infraestrutura. Segundo o governo chinês, o comércio bilateral entre China e Gana foi de US$ 5,43 bilhões no ano passado, um aumento de 56% em relação a 2011.
Enquanto diplomatas chineses trabalham para levar os garimpeiros embora, o governo da China se mostra ávido em deixar o episódio para trás. "Essa questão do garimpo ilegal é uma desarmonia nas relações bilaterais, mas devemos ter sempre em mente o quadro mais amplo", disse Qiu Xuejun, funcionário da chancelaria chinesa, numa recente entrevista coletiva em Acra, capital de Gana.
As pessoas daqui, no entanto, não estão em condições de simplesmente tocarem em frente. Numa fábrica, galinhas se empoleiram entre canos metálicos outrora usados para produzir bombas de água usadas nos garimpos. "Agora é tudo sucata", disse o dono da fábrica.
No seu celular, ele vai passando fotos de Gana. As imagens mostram garimpeiros chineses brutalizados, um deles morto com um tiro no rosto. O dono da fábrica não quis ser identificado, dizendo que as autoridades o alertaram a não conversar com jornalistas.
Ele disse que planeja voltar a criar porcos, como muitos dos seus vizinhos. "Não há outra coisa para fazer", disse.
Colaborou Mia Li

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Brasil desiste de vinda de 6.000 médicos cubanos

08/07/2013
FLÁVIA MARREIRO
DE SÃO PAULO

O Brasil paralisou as negociações com Cuba para a vinda de 6.000 médicos cubanos ao país e deve lançar nesta semana programa para atrair profissionais estrangeiros tratando Espanha e Portugal como países "prioritários".
Nem o Ministério da Saúde nem o Itamaraty, que havia anunciado a tratativa em maio e agora diz que ela está congelada, explicam as razões da mudança de planos.

Editoria de arte/Folhapress
Também não dizem o porquê do tratamento "não prioritário" a Cuba, já que a ilha preenche os principais requisitos do programa: médicos por habitante bem acima do recomendado pela OMS e língua próxima do português.
"Trata-se de uma cooperação que tem grande potencial e à qual atribuímos valor estratégico", disse o chanceler Antonio Patriota, em maio, ao mencionar a negociação.
Já o Ministério da Saúde informa que escolheu atrair médicos como "pessoa física", e não considerar a oferta do contingente feita pelo governo cubano, nos moldes que a ilha faz na Venezuela.
Desta maneira, o ministério evita abrir mais um flanco de críticas na implementação de um programa que já provoca outras resistências.
Nos bastidores, repete-se que a negociação com Cuba foi aventada por Patriota, e não pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Há motivos para o recuo. Além da sensibilidade que envolve o regime comunista de Cuba -aliado do governo e do PT e alvo dos conservadores-, o motivo principal é que as missões cubanas são aclamadas pelo trabalho humanitário, como no Haiti, mas não escapam de críticas de ativistas de direitos humanos e trabalhistas na versão remunerada.

VENEZUELA
No modelo usado na Venezuela, Cuba funciona como uma empresa terceirizada que fornece profissionais. O governo contratante paga a Havana pelos serviços e os médicos recebem só uma parte.
Apesar disso, o programa é considerado atrativo para os profissionais, que ganham cerca de US$ 40 na ilha e, com ele, têm acesso a benefícios.
O formato também é criticado por ex-participantes, que acusam o governo comunista de submetê-los a um duro regulamento disciplinar e impor regras de pagamento como poupança compulsória para evitar "deserção".
A regra disciplinar na Venezuela, vigente em 2010, incluía pedir autorização para pernoitar fora do alojamento, proibição de dirigir e a obrigação de informar sobre namoros. Falar com a imprensa também estava vetado.
"Não vislumbro essa solução feita na Venezuela no Brasil. Ele não é compatível com as leis trabalhistas brasileiras e a Constituição brasileira", diz o procurador-geral do Ministério Público do Trabalho, José de Lima Ramos Pereira.
REVÉS PARA HAVANA
A desistência do Brasil é um revés para Havana, que tem dito que o envio dos médicos ao exterior é sua maior fonte de divisas e deseja ampliá-lo.
O que vai aos caixas estatais por serviços médicos -cerca de US$ 6 bilhões anuais segundo estimativas- é maior do que o arrecadado com turismo ou exportação de níquel.
O Ministério da Saúde diz que não há restrições se médicos cubanos quiserem se inscrever individualmente no programa. Brasileiros com formação no exterior entrarão na categoria "estrangeiros". Ou seja, brasileiros formados em Cuba, em tese, podem participar.
A pasta, no entanto, não prevê fazer campanha para divulgar o programa na ilha, ao contrário do que estuda fazer em Espanha e Portugal.


domingo, 7 de julho de 2013

PROTESTOS BRASILEIROS VISTOS DO IRÃ

01/07/13
POR SAMY ADGHIRNI  -  Um brasileiro no Irã - correspondente em Teerã

Assim que entrei no carro, o taxista do ponto perto de casa, velho conhecido, lançou: “o que está acontecendo no Brasil? Por que as pessoas estão tão irritadas?”. Por mais que eu me esforce, lendo jornais brasileiros e selecionando postagens de amigos no Facebook para acompanhar diariamente os protestos e consequente crise política, a distância dificulta o entendimento. “É a economia? Vocês também estão em crise, como a gente?”, questionou o taxista. “Não é bem isso, a questão é mais complicada”, respondi, em meio a outras platitudes. Cheguei ao meu destino um tanto envergonhado por não ter conseguido explicar direito.
Na academia de musculação da minha vizinhança, todo mundo parava quando a TV de tela plana cravada sobre a parede de espelhos mostrava imagens do quebra pau nas grandes cidades brasileiras em meio à Copa das Confederações. Foi um tanto surreal ver as torres do Congresso Nacional e o uniforme azul claro da Polícia Militar de Brasília, cidade de onde venho, enquanto eu fazia esteira do outro lado do mundo, literalmente.
Politizados por natureza e ávidos consumidores de notícia, os iranianos se interessam pelos protestos brasileiros, ainda mais depois que a seleção iraniana se classificou para a Copa do Mundo. O tema acaba surgindo em quase todos os contatos entre pessoas dos dois países, dos meios diplomáticos aos comerciais.
No único pronunciamento oficial de Teerã até agora, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, disse o seguinte: “Esperamos que surja o mais rápido possível uma solução aos conflitos e lutas dentro do Brasil para que possamos observar uma gloriosa Copa do Mundo com a participação da seleção iraniana”.
A imprensa local vem dando grande destaque aos acontecimentos. O jornal reformista “Bahar” publicou na semana passada longa matéria analítica com o título “Um carnaval de protestos no Brasil”, no qual explica que o país que sempre foi conhecido pela alegria agora ficou famoso pela violência policial. O texto também rejeita a tese do premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, que relacionou protestos na Turquia e no Brasil, dizendo que ambos têm a mesma essência e são parte de um complô internacional.
“A acusação de Erdogan de que os manifestantes são ligados a estrangeiros é absurda e sem sentido. Já Dilma Rousseff demonstra ter bom entendimento da natureza dos protestos, se esforça para corrigir e melhorar os efeitos negativos do governo. Ao contrário da Turquia, líderes do movimento, partidos oposicionistas, jornalistas, ativistas online e manifestantes no Brasil não foram acusados de traição nacional, e o governo não conduziu uma repressão generalizada dos protestos”, diz a matéria. O texto afirma ainda que o premiê turco chama manifestantes de “terroristas” enquanto a presidente brasileira se dirige a eles com respeito e considera legítimas suas exigências.
Um dos mais conhecidos jornalistas internacionais iranianos, o conservador Mohammad Hoseyn Jafarian, também dissertou sobre o suposto paralelo entre Brasil e Turquia. “Um mesmo problema, duas abordagens distintas. Rousseff ouve os manifestantes e promete reformas, enquanto Erdogan segue uma [estratégia] combativa que lhe fará perder muito apoio”, diagnostica.

Já o site Iran Diplomacy, plataforma online de reflexão sobre questões globais, atribui a onda de revolta aos persistentes contrastes sociais no Brasil. “Apesar de todas as conquistas por parte do governo esquerdista na última década, que contribuiu para a ascensão de milhões de pessoas da pobreza à classe média e transformou o Brasil numa potência econômica global, o país ainda enfrenta muitos problemas, sendo a desigualdade o maior de todos”, escreveu o analista Davoud Rezaei Eskandary. Ele aponta a má qualidade do ensino, especialmente no primário e as carências de saneamento básico e infraestrutura como “falhas do sistema” brasileiro. O texto lembra que uma avaliação feita em 2009 pela OCDE para medir o nível de estudantes de vários países em ciência e matemática deixou o Brasil entre as últimas posições.

Bem informado por já ter servido como diplomata em Brasília, Eskandary também aborda o absurdo custo da vida no Brasil. “O país se tornou um dos mais caros do mundo. Alguns produtos custam mais caro no Brasil do que na Europa ou nos EUA. Muita gente não tem acesso a esses produtos, outros só conseguem obtê-los por meio de crédito com altas taxas de juros”.

sábado, 6 de julho de 2013

Mais famílias deixam de dividir imóvel

06/07/2013
TATIANA RESENDE
EDITORA-ASSISTENTE DE "MERCADO"

O número de famílias vivendo na mesma casa por falta de opção recuou 26,2% no país em 2011 devido ao programa Minha Casa, Minha Vida e às facilidades no acesso ao financiamento, com redução nos juros e alargamento nos prazos de pagamento.
A chamada coabitação involuntária caiu em 23 Estados e no Distrito Federal na comparação com 2009, segundo estudo da FGV (Fundação Getulio Vargas) elaborado para o SindusCon-SP (sindicato da indústria da construção civil) e obtido pela Folha.
Editoria de Arte/folhapress
"Há um componente subjetivo. Possibilidades concretas [de conseguir se mudar] mudam a perspectiva", afirma Ana Maria Castelo, economista da FGV.
No Estado de São Paulo, que tem a maior quantidade de famílias (265,8 mil) compartilhando a mesma casa, mas com intenção de ter o próprio imóvel, houve redução de 30,9% nesse período. Em todo o Brasil, são 1,674 milhão.
"O preço da habitação é muito alto em São Paulo, por isso a coabitação é grande. É um fenômeno das regiões metropolitanas", afirma Eduardo Zaidan, vice-presidente do SindusCon-SP.
Para ele, o mercado imobiliário está voltando à normalidade, depois do boom nos lançamentos e da disparada dos preços nos últimos anos.
SEM ALUGUEL
A nutricionista Zilda Nascimento, 45, dividiu uma casa com os quatro filhos e suas três irmãs por dois anos depois que se separou do ex-marido. Ela afirma que, apesar do desconforto, só conseguiu juntar dinheiro para dar a entrada em um imóvel porque não pagava aluguel.
Com a ajuda do subsídio do Minha Casa, Minha Vida -que usa recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço)-, comprou um apartamento de R$ 94 mil, em Osasco (SP), com financiamento em 25 anos. Desde 2009, quando foi lançado, o programa contabiliza 2,677 milhões de unidades contratadas, das quais 1,226 milhão foram entregues.
Considerando o crédito com recursos da poupança, o número de unidades financiadas saltou de 61,1 mil em 2005 para 453,2 mil em 2012.
Apesar do comprometimento de renda por um período que pode chegar a 35 anos, o alongamento da dívida é considerado positivo por José Pereira Gonçalves, especialista em mercado imobiliário.
O prazo é decisivo na hora da tomada do crédito, para reduzir o valor da prestação, mas, ressalta, os mutuários pagam o débito, em média, em menos da metade do tempo acordado no contrato.
Ainda assim, o estudo, feito a partir de informações da Pnad, do IBGE, mostra um deficit habitacional estimado em 3,352 milhões de moradias, sendo 1,674 milhão por coabitação involuntária e 1,677 milhão por condições inadequadas do imóvel.
O dado, porém, não inclui os domicílios em aglomerados subnormais (favelas) que já não estão dentro de um desses conceitos porque, a partir de 2011, a Pnad deixou de especificar onde estão os domicílios.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

ONU: dos 7 bilhões de habitantes do mundo, 6 bi têm celulares, mas 2,5 bi não têm banheiros

22 de março de 2013
Vivendo em meio a resíduos. Foto: IRIN/Manoocher Deghati
Vivendo em meio ao lixo. Foto: IRIN/Manoocher Deghati
O Vice-Secretário-Geral da ONU, Jan Eliasson, lançou um apelo nesta quinta-feira (21) para reverter a situação de um planeta onde há mais celulares do que banheiros — e onde 2,5 bilhões de pessoas não têm saneamento básico.
Eliasson pediu para que governos, empresas e organizações internacionais se mobilizem e realizem ações mensuráveis para aumentar rapidamente o acesso ao saneamento básico.
O chamado para a ação, feito na véspera do Dia Mundial da Água, 22 de março, pretende centrar-se em ações que visem a melhoria da higiene, mudança das normas sociais, melhor gestão de dejetos humanos e águas residuais e, até 2025, elimine completamente a prática da defecação a céu aberto, que perpetua o ciclo vicioso de doença e pobreza enraizada.
Entre a população mundial — atualmente de 7 bilhões de pessoas — 6 bilhões têm telefones celulares. No entanto, apenas 4,5 bilhões têm acesso a banheiros ou latrinas, o que significa que 2,5 bilhões de pessoas — principalmente em áreas rurais — não têm saneamento básico adequado. Além disso, 1,1 bilhão de pessoas ainda defecam a céu aberto.
“Vamos enfrentar este problema sobre o qual as pessoas não gostam de falar. Mas ele é diretamente ligado à saúde, a um ambiente limpo, à dignidade humana fundamental para bilhões de pessoas e para atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Faltam pouco mais de mil dias para o prazo dos ODM, e temos uma janela única de oportunidade para entregar uma mudança geracional”, disse Eliasson.
Os países onde a defecação a céu aberto é amplamente praticada são os mesmos países com o maior número de mortes de crianças com menos de 5 anos, com altos níveis de subnutrição e de pobreza e com grandes disparidades de riqueza.
“Nós podemos reduzir para um terço os casos de diarreia em crianças menores de cinco anos simplesmente ampliando o acesso das comunidades ao saneamento e eliminando a defecação ao ar livre”, disse o Vice-Diretor Executivo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Martin Mogwanja.
“Na verdade, a diarreia é a segunda maior causa da morte de crianças menores de cinco anos no mundo em desenvolvimento e isso é causado em grande parte pela falta de saneamento e higiene inadequada.”

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Dois anos após Primavera Árabe, golpe militar derruba Morsi no Egito

Primeiro presidente eleito democraticamente da história do país não resistiu a onda de protestos

03 de julho de 2013

Andrei Netto - ENVIADO ESPECIAL / CAIRO
Oposição festeja golpe militar nas ruas do Cairo. Foto: Steve Crisp/Reuters

CAIRO - O presidente do Egito, Mohamed Morsi, foi deposto do cargo pelo Exército nesta quarta-feira, 3, após quase uma semana de gigantescos protestos populares. O golpe militar que selou o destino do primeiro líder democraticamente eleito da história egípcia começou a ser selado na segunda-feira, quando as Forças Armadas deram um ultimato de 48 horas para governo e oposição atenderem às demandas populares.
A Constituição elaborada em novembro pelo Parlamento de maioria islâmica foi suspensa. Adli Mansour, presidente da Corte Constitucional do Egito, será o novo chefe de Estado interino e chefiará um governo de tecnocratas até a convocação de novas eleições. Ele deve ser empossado nesta quinta-feira.
Em pronunciamento, ao lado da cúpula militar, líderes religiosos e da oposição, o ministro da Defesa Abdel-Fattah el-Sisi anunciou o golpe. Morsi fora informado horas antes pelos militares de que não era mais o presidente.
Eleito pelo Partido Liberdade e Justiça (PLJ), braço político da Irmandade Muçulmana, Morsi ficou um ano e dois dias no cargo. Após o anúncio do golpe, conclamou os egípcios a resistirem "pacificamente" para evitar um banho de sangue.
Com o fim do ultimato de 48 horas dado na segunda-feira, ainda no meio da tarde, tanques foram deslocados para ocupar os principais pontos de manifestações do Cairo, onde partidários e críticos de Morsi se concentram desde o fim de semana. Havia militares no palácio presidencial, a mesquita de Rabaa, a Universidade do Cairo e na Praça Tahrir.
A sede da Guarda Republicana, onde Morsi permaneceu ao longo do dia, foi isolada por barricadas e arame farpado. O Exército proibiu o presidente e os dois principais líderes da Irmandade Muçulmana, Mohamed Badie e Khairat el-Shater, de deixar o país.
A cúpula do Exército passou a maior parte do dia reunida com o líder da oposição, o diplomata Mohamed ElBaradei, e líderes cristãos coptas e muçulmanos para elaborar um programa de transição.
Morsi foi deposto dois anos e meio depois de protestos de rua terem colocado fim à ditadura militar de 2011, um dos marcos da primavera árabe. Por um ano, uma junta militar interina governou o país, convocou eleições e entregou o poder a Morsi.
Dominado pelos partidos islâmicos, o Parlamento elaborou uma Constituição conservadora. O mau momento econômico egípcio, com o desemprego alto e a atividade econômica em baixa, aumentou o descontentamento da população.