sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Assinada lei que veta adoção de crianças russas nos EUA


28 de dezembro de 2012 

AE - Agência Estado
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou nesta sexta-feira uma lei que proíbe norte-americanos de adotar crianças russas, aprovando a legislação menos de 24 horas depois de o projeto ter sido recebido pelo Parlamento.
A lei, que entra em vigor em 1º de janeiro, irritou norte-americanos e russos, que argumentam que a medida prejudica as crianças em retaliação a uma questão política, interrompendo um caminho que costuma impedir que milhares de crianças permaneçam em orfanatos. A hashtag "PutinEatsKids" estava entre as mais replicadas no Twitter minutos após Putin ter assinado a lei.
Putin também disse que a proibição pode ser estendida a outros países, afirmando que a Rússia precisa proteger seus "recursos" populacionais.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estima que há cerca de 740 mil crianças órfãs na Rússia e apenas cerca de 18 mil russos na lista de espera para adoção.
A lei também impede que dezenas de crianças russas, atualmente em processo de adoção por famílias norte-americanas, deixem o território russo. Os Estados Unidos são o maior destino das crianças russas adotadas. Nas últimas duas décadas, mais de 60 mil delas passaram a fazer parte de famílias por norte-americanos.
A medida tomada por Putin é uma retaliação contra a chamada lei Magnitsky, em homenagem a Sergei Magnitsky, ativista contra a corrupção que morreu em 2009 quando estava numa cadeia russa. A lei norte-americana impõe a proibição de emissão de vistos e sanções financeiras contra autoridades russas e seus familiares supostamente envolvidos em violações aos direitos humanos.
Os Departamento de Estado norte-americanos declarou que lamenta a decisão do Parlamento russo de aprovar a lei, lembrando que isso impede que muitas crianças cresçam com uma família.
O político e defensor dos direitos das crianças Pavel Astakhov disse que 46 meninos e meninas que estão no processo para serem adotados nos Estados Unidos permanecerão da Rússia se a lei entrar em vigor.
Putin acusou as autoridades norte-americanas, afirmando que elas geralmente permitem que seus cidadãos suspeitos de violência contra crianças russas adotadas fiquem impunes.
A aprovação da lei ocorreu após semanas de uma forte campanha nos meios de comunicação e nos canais de televisão controlados pelo Kremlin, criticando os pais adotivos norte-americanos e as agências de adoção que, supostamente, conseguem a liberação das crianças russas por meio de subornos.
Alguns parlamentares afirmaram que algumas das crianças russas foram adotadas por norte-americanos apenas para servirem como doadores de órgãos e brinquedos sexuais, ou ainda bucha de canhão no Exército dos Estados Unidos.
Um porta-voz da igreja ortodoxa russa disse que as crianças adotadas por estrangeiros e criadas fora da igreja não entrarão "no reino de Deus". As informações são da Associated Press e da Dow Jones. 
http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,assinada-lei-que-veta-adocao-de-criancas-russas-nos-eua,978413,0.htm

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

No Rio de Janeiro, um paraíso agoniza ao ser transformado em latrina


 27/12/2012 
Rio de Janeiro - A bela paisagem da Lagoa de Marapendi, a poucos passos do mar e das futuras instalações olímpicas do Rio-2016, contrasta com o cheiro nauseante de suas águas que, transformadas em ‘latrina’ pelos ricos condomínios vizinhos, causam a mortandade de toneladas de peixes.

Quem vive e trabalha às suas margens lembra da época dourada deste rico ecossistema, localizado em meio a edifícios da Barra da Tijuca, próximo de onde serão o Parque Olímpico e a Vila Olímpica para os Jogos de 2016.

"Eu vivi até 1985 da pesca na lagoa. Tinha muito robalo, camarão, corvina, pescada... Naquela época não havia muita pescaria em mar aberto porque a lagoa supria. Fomos para o mar aberto quando começou a dar problema porque vieram os grandes condomínios", relatou Sérgio Borel, 59 anos, pescador há 40.


No começo deste mês, quatro toneladas de peixes morreram na lagoa devido à contaminação associada aos 40ºC típicos do verão, explicou à AFP o biólogo Mario Moscatelli, em visita da AFP ao local.

Ecoturismo em uma latrina?

"Meu ganha-pão está na água. Quando falta oxigênio, morre peixe em tudo que é lado. Com isso, não consigo desenvolver nenhum tipo de projeto que viabilize a sustentabilidade da lagoa porque ninguém quer ficar passeando em cima de esgoto, com cheiro de peixe morto", revoltou-se Ricardo Herdy, dono da empresa Ecobalsas, que faz o transporte dos moradores da região.

Ricardo disse ter pensado em desistir do negócio, que inclui projetos sustentáveis como passeios educativos-ambientais e aulas de esportes aquáticos, devido à contaminação e à dificuldade da navegação na lagoa, cuja profundidade que chegou a 12 metros hoje, em alguns pontos, não passa de alguns centímetros.

"O sistema de lagoas da baixada de Jacarepaguá (da qual faz parte a Lagoa de Marapendi, na zona oeste do Rio de Janeiro) foi transformado numa latrina há 40, 50 anos", desabafou o biólogo Mario Moscartelli.

"Aqui você tem um patrimônio ambiental e econômico inutilizado devido ao esgoto", lamentou.

Contaminação clandestina

"O esgoto lançado na Lagoa de Marapendi vem de condomínios e loteamentos, sobretudo de classes média e alta, que não tratam completamente seu esgoto antes de lançar a água na lagoa", explicou o biólogo, chamando atenção para o fato de no local não haver favelas, que costumam sofrer com a falta de saneamento.

Segundo a Companhia Estadual de Águas e Esgoto (CEDAE), o esgoto chega à lagoa por ligações clandestinas, pois até 2007, quando não havia rede oficial de coleta e tratamento na região, os condomínios tratavam seus dejetos em estações próprias.

Atualmente, embora um decreto estadual obrigue os moradores a se ligar à rede existente, que abrange 60% dos imóveis da baixada de Jacarepaguá, muitos resistiriam a se conectar, mesmo estando expostos a ações judiciais.

"Onde a rede está completa há a exigência do Inea (Instituto Estadual do Ambiente) para que os condomínios se liguem, mas existe, sim, uma resistência para se ligar à rede porque os condomínios precisam fazer obras de adequação, o que representa um custo", admitiu Marilene Ramos, presidente do instituto, encarregado de ações ambientais no estado.

"Quando o condomínio não se liga, a CEDAE informa ao Inea, a quem cabe aplicar multas e inclusive medidas como a ‘rolha ecológica’ (tamponamento das saídas irregulares de esgoto), bem como mover ações por crime ambiental, nas quais o síndico pode ser responsabilizado", acrescentou Marilene.

A consequência dos lançamentos clandestinos é o assoreamento da Lagoa, que prejudica a navegação, e a baixa oxigenação da água, que mata os peixes e afeta outros animais que vivem na região, como aves, a capivara e o jacaré do papo amarelo, que apesar de dar nome à baixada de Jacarepaguá (lagoa rasa dos jacarés em tupi guarani), está sendo expulso pela poluição.

Um problema com solução

Os governos municipal, estadual e federal assumiram o compromisso de recuperar o complexo lagunar de Jacarepaguá, que se estende por 13 km e é composto pelas lagoas da Tijuca, Jacarepaguá, Camorim e Marapendi, além dos canais da Joatinga e de Marapendi, como parte dos encargos para a cidade do Rio sediar os Jogos de 2016.

As obras preveem, entre outras intervenções, a dragagem de sedimentos poluídos no fundo das lagoas em um volume que daria para encher sete estádios do Maracanã, além da construção de quatro unidades de tratamento (UTRs) em rios da região.

A dragagem, a cargo do governo do estado, é estimada em R$ 600 milhões, e as obras têm previsão para começar em fevereiro de 2013, com duração de 24 meses. A construção das UTRs, de responsabilidade da prefeitura, está avaliada em cerca de R$ 140 milhões com conclusão prevista para 2016, mas as obras não têm data para começar porque o projeto está em fase de captação de recursos.

"Não tenho dúvida de que (a situação na lagoa de Marapendi) tem jeito. Não recuperam porque não querem", afirmou Moscatelli, destacando que em três anos é possível recuperar o local, porque há tecnologia, dinheiro e vontade política com a proximidade dos Jogos.

"Eu tenho fé que essas lagoas vão ser despoluídas. Ainda vou voltar a pegar meus camarões na lagoa", disse, esperançoso, o pescador Sérgio Borel.

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2012/12/27/interna_brasil,341303/no-rio-de-janeiro-um-paraiso-agoniza-ao-ser-transformado-em-latrina.shtml

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Brasil é um país dividido entre brancos escolarizados e negros mais pobres


25/12/2012
Dois países ocupam uma mesma e imensa porção da América do Sul. Um deles, o Brasil branco, é mais escolarizado, sofre menos com o desemprego, e sua população tem renda. O outro é o Brasil negro, em que apenas 4% dos habitantes concluíram o ensino superior, e a pobreza extrema afeta muito mais pessoas. Apesar de essas duas nações terem, aparentemente, as mesmas condições de cuidar de suas populações, o Brasil negro ainda sofre com as consequências de um fenômeno cruel que deixou essa parcela da sociedade em enorme desvantagem: a escravidão. Os quase 400 anos em que negros eram encarados como simples mercadorias, animais de trabalho sem direitos, cavaram um abismo entre os dois Brasis, que precisam agora encontrar o caminho da reconciliação para que todos, independentemente dos traços físicos ou da cor da pele, possam ser, simplesmente, brasileiros.

Não faltam dados que mostram como os afrodescendentes são colocados na rabeira do espectro social. Segundo dados do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), em 2003, 8,4% dos negros encontravam-se em condições de extrema pobreza, enquanto, entre os brancos, esse índice era de 3,2%. Embora mulheres e homens negros sejam 44,7% dos brasileiros, eles representam 68% dos 10% mais pobres no país. À medida que se avança em direção aos grupos mais abastados, ocorre um “branqueamento” da população, até que a presença negra seja reduzida a 13% dos 1% mais ricos.

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2012/12/25/interna_ciencia_saude,340941/brasil-e-um-pais-dividido-entre-brancos-escolarizados-e-negros-mais-pobres.shtml

Cientistas debatem se vivemos nova época geológica


Grupo defende que impacto das ações humanas desde a Revolução Industrial foi tão significativo que deu origem ao Antropoceno

26 de dezembro de 2012 

GIOVANA GIRARDI - O Estado de S.Paulo
Há quem diga que seria o último ato da arrogância humana: tornar oficial nos registros geológicos que ações antropogênicas - aquelas que são induzidas ou alteradas pela presença e atividade do homem - já causaram, e ainda causarão, tamanho impacto nos ciclos naturais do planeta que são suficientes para marcar o surgimento de uma nova época na escala de tempo da Terra.
É exatamente o que está sendo discutido por um grupo de trabalho de cientistas na Comissão Internacional de Estatigrafia - a disciplina que analisa as marcas da passagem do tempo no planeta. Segundo dados oficiais, estamos há cerca de 12 mil anos em uma época chamada Holoceno, iniciada após o fim da última era do gelo e caracterizada por uma relativa estabilidade climática.
Mas o grupo analisa as evidências científicas para poder dizer se o impacto das ações humanas foi significativo o bastante para dar início a uma nova época, chamada Antropoceno. A ideia foi lançada no início deste século pelo químico Paul Crutzen, do Instituto Max Plank, que recebeu o Nobel de Química em 1995 por seus estudos sobre a camada de ozônio na atmosfera.
Desde então o termo conquistou popularidade e valor simbólico, sendo usado arbitrariamente para definir as transformações que o planeta vem experimentando por causa das ações humanas. A pergunta que os cientistas tentam responder é se essas transformações são tão relevantes e profundas quanto às promovidas pelas grandes forças da natureza.
"Classificar o Antropoceno como uma nova época geológica é uma caracterização que depende da observação de uma mudança nos registros geológicos, como, por exemplo, no padrão de sedimentação em escala global", explica o climatologista Carlos Nobre, único brasileiro - e um dos poucos não geólogos - que faz parte do grupo de trabalho.
É um processo muito lento, de anos, talvez décadas, admite Nobre. "Não muito diferente de quando os astrônomos começaram a discutir o caso de rebaixar Plutão da categoria de planeta."
"Com o aumento do nível do mar, haverá um outro padrão de depósito de sedimentos. Onde hoje é continente vai virar fundo do mar, então um dia alguém perfurando essas regiões vai ver areia. Ao datar, vai ver que é do ano 2000 e indo um pouco mais ao fundo encontrará uma rocha que tem milhões de anos. Isso é uma mudança do parâmetro geológico", exemplifica Nobre.
Por isso, é de se questionar se é possível identificar uma mudança de época bem quando ela está ocorrendo - todo o conhecimento sobre a história do planeta se deu nos últimos três séculos com base nos estudos de camadas de sedimentos das rochas e das geleiras acumulados ao longo de milhões de anos.
Sinais precursores. Segundo Nobre e outros pesquisadores da mesma linha, porém, sinais precursores já podem ser observados nos dias de hoje. É justamente a velocidade das ações humanas que talvez permita essa análise quase simultânea. A corrente mais forte entre os pesquisadores coloca como início do Antropoceno a Revolução Industrial (no final do século 18), que trouxe o uso dos combustíveis fósseis para mover máquinas e é o marco da aceleração das emissões de gases de efeito estufa.
Essa nova marcação no tempo, porém, não se restringiria ao aquecimento global, mas às mais diversas ações humanas impulsionadas pelo aumento populacional, como perda de habitats, mudança no uso do solo, sobre-exploração dos recursos naturais, causando, por exemplo, perda de biodiversidade, acidificação dos oceanos e perturbação dos ciclos naturais.
É nesse último ponto que assentam as evidências mais robustas do impacto humano. Diversos estudos nos últimos cinco anos apontam para uma mudança nos ciclos de carbono, nitrogênio e fósforo, além do hidrológico.
Uma das pesquisas mais citadas é a liderada pelo hidrólogo sueco Johan Rockström, que junto com uma equipe de 28 cientistas publicou em 2009, na revista Nature, que a humanidade já ultrapassou três de nove barreiras do planeta que mantêm o sistema funcionando como o conhecemos. O rompimento desses pontos pode modificar esse equilíbrio a um ponto sem mais chance de retorno.
O trabalho afirmava que já foram transpostos os limites da biodiversidade, da mudança climática e do ciclo de nitrogênio, por causa do uso excessivo de fertilizantes. Três anos depois se considera também como superado o limite do fósforo. O de carbono está próximo de ser atingido. Hoje as emissões anuais passam de 40 bilhões de toneladas de CO2.
"Esse sinal pode até aparecer pequeno quando comparado ao ciclo do gás. Todo ano há uma troca de CO2 entre os oceanos e a atmosfera, entre a vegetação e a atmosfera, na faixa de 170 bilhões de toneladas de carbono. Multiplicando isso pelo peso molecular do CO2, passa de 600 bilhões de toneladas. Só que o nosso sinal é cumulativo. Portanto, em menos de um século, vamos ter o dobro de CO2 na atmosfera. Estaremos com outra composição da atmosfera, com outro equilíbrio climático - que será o planeta muito mais quente", diz.
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,cientistas-debatem-se-vivemos-nova-epoca-geologica-,977669,0.htm

Botucatu lidera ranking de municípios verdes


Levantamento avalia o engajamento das cidades em áreas como esgoto, arborização e poluição

19 de dezembro de 2012
Giovana Girardi
SÃO PAULO - O governo de São Paulo divulgou ontem, pelo quarto ano consecutivo, o ranking ambiental dos municípios paulistas. O levantamento, que depende de adesão voluntária das prefeituras, avalia o engajamento das cidades no ano que passou em áreas como tratamento de esgoto, lixo, recuperação de mata ciliar, arborização urbana, educação ambiental, poluição do ar e estrutura ambiental, entre outras.
Neste ano, dos 645 municípios do Estado, 371 enviaram as informações. Botucatu foi a primeira colocada, com nota 97,26. De acordo com Mauro Haddad, coordenador do Programa Município Verde Azul, que faz a avaliação, foi considerado o desempenho das cidades em torno de dez diretivas, num total de 76 ações. As informações são passadas pelas próprias prefeituras, mas depois a Secretaria de Meio Ambiente comprova os dados por amostragem de municípios, com visitação in loco.
Ele afirma que, apesar de a participação dos municípios ser voluntária, desde que o programa foi criado, em 2007, já foi possível elaborar uma série histórica de algumas dessas informações, o que permite fazer comparações. Em 2007, por exemplo, 45% dos municípios tratavam seu esgoto. Em 2012 já eram 55%. A meta do governo é chegar a 2020 com 100%.
Também houve melhora em áreas como a estrutura ambiental. "Quando começou, só 182 municípios tinham uma secretaria ou algum órgão voltado especificamente para os assuntos ambientais. Neste ano chegaram a 567, o que mostra que o assunto está ganhando atenção", diz.
A ideia de criar o programa foi incentivar os municípios a lidar com os problemas ambientais. Os que tiram nota maior que 80 recebem um certificado. o que confere prioridade na captação de recursos. Os 50 mais bem colocados recebem também equipamentos.
Ranking Ambiental
São julgadas áreas como esgoto, lixo e arborização
1 . Botucatu
Nota: 97,26
2. Sorocaba
Nota: 97,21
3. Araraquara
Nota: 95,51
4. Fernandópolis
Nota: 95,13
5. Santa Fé do Sul
Nota: 94,19
6. Taquarituba
Nota: 94,01
7. Angatuba
Nota: 93,85
8. Cajobi
Nota: 93,59
9. Quadra
Nota: 93,58
10. São José do Rio Preto
Nota: 93,57 
http://www.estadao.com.br/noticias/geral,botucatu-lidera-ranking-de-municipios-verdes,975610,0.htm

domingo, 23 de dezembro de 2012

Defesa do Consumidor


Maria Inês Dolci


Recall de moedas mostra falta de controle de qualidade

CARO DINHEIRO


por Samy Dana


Mundo Econômico – 23 de dezembro

Panorama Mundo

Na última sexta-feira, o primeiro-ministro italiano, Mario Monti, renunciou após ficar um um pouco mais de um ano no poder . O tecnocrata decidiu dar espaço para eleições no país.
Parte dos as analistas entendem essa medida um avanço pois o país precisa de mudanças , no entanto, a sinalização de Silvio Berlusconi em voltar ao poder causou uma tensão.
Caso Berlusconi assuma, a economia européia pode ser abalada uma vez que ele já declarou a possibilidade de o país sair da zona do euro.

Ainda no mundo político, o Partido Liberal Democrático japonês ganhou as eleições do domingo passado e causou alvoroço no mercado. O futuro primeiro-ministro, Shinzo Abe, já declarou que a política monetária do país deve ser mais frouxa* e, inclusive, financiar gastos públicos por meio da emissão de moeda. O resultado foi uma desvalorização expressiva do Iene.
Por fim, para não perder o costume, ainda não houve acordo sobre o fiscal cliff* nos Estados Unidos. .

De positivo para o país do “Tio Sam”, há o crescimento do PIB do terceiro trimestre. Em taxa anualizada, a variação foi de 3,1%, acima da expectativa do mercado de 2,8%.
O mercado americano respondeu  de forma positiva a esses eventos com altas semanais. Porém, com a indecisão em relação ao fiscal cliff* e a renúncia de Mario Monti, as bolsas caíram na sexta-feira e mostraram que podem seguir essa tendência na semana que entra.

Panorama Brasil
No Brasil, o Ibovespa seguiu a mesma tendência: teve alta na semana, mas demonstrou tendência de queda na sexta-feira.
Enquanto isso,  a presidente Dilma Rousseff tenta pressionar o Legislativo para que a votação do orçamento de 2013 seja feita o mais rápido possível para que não haja problemas nos planos de investimento do governo.
Além disso, o governo brasileiro adiou a votação do veto presidencial sobre a decisão parlamentar sobre os royalties do Petróleo.
Foi decidido que os royalties de contratos já assinados e futuros seriam divididos entre todos os estados da nação. A presidente vetou a medida como forma de garantir o mercado internacional não veja o Brasil como um país que muda as regras do jogo durante o próprio jogo.
Em relação à inflação, o mais importante fato foi a divulgação do IPCA-15. O índice que serve como prévia da inflação oficial subiu 0,69% em dezembro, acima das expectativas do mercado de 0,66%.
Quanto aos juros, a semana foi marcado por leves altas na curva de juros, resultantes de maiores expectativas de inflação. No entanto, o nível dos juros continua historicamente baixo. Isso ocorreu devido a crença de que o Banco Central não irá combater a inflação por meio dos juros e sim com  outras medidas disponíveis, como o compulsório.
Enfim, o dólar fechou a semana em R$2,073 com leve depreciação. A variação ocorreu graças às intervenções do BC para impedir a valorização da moeda estrangeira.

Expectativas da Semana
Na próxima semana, as comuns altas de fim de ano da bolsa podem não ocorrer. Com o problema do fiscal cliff* norte-americano, o Ibovespa ameaça andar de lado.
Ao mesmo tempo, os juros devem continuar bem ancorados em valores historicamente baixos e as expectativas de inflação aumentando vagarosamente.
O dólar deve variar próximo aos valores de R$2,07 e R$2,08 enquanto o BC luta para manter um regime cambial praticamente fixo.

*Dicionário Economês-Português
Política monetária frouxa – Política monetária que possui como objetivo estimular a economia seja por meio de queda na taxa de juros, seja por meio de outras medidas como diminuição dos compulsórios ou compra de títulos públicos.
Fiscal cliff (abismo fiscal) – Aumento de impostos e corte de gastos governamentais automáticos previstos para ocorrerem no início de 2013 nos EUA. Se realmente ocorrer, o país pode entrar em outra recessão.

Samy Dana é Ph.D em Business, professor da FGV e escreve no caderno Mercado
Post em Parceria com a Consultoria Júnior em Economia (CJE) da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo.
http://carodinheiro.blogfolha.uol.com.br/2012/12/23/mundo-economico-23-de-dezembro/

Cerrado vira terra fértil e se torna nova fronteira agrícola

TATIANA FREITAS
ENVIADA ESPECIAL A BALSAS (MA), ARAGUAÍNA E PEDRO AFONSO (TO)
23/12/2012


A terra vermelha do cerrado está mais produtiva do que nunca. Após dobrar a área plantada com soja na última década, o Mapitoba -nome dado à área entre Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia- promoverá mais um aumento nesta safra, de 12%.

Até o início da década passada irrelevante para o agronegócio, a região é hoje considerada a terceira fronteira agrícola brasileira -depois do Sul, onde não há mais espaço para expansão, e do Centro-Oeste, já consolidado.

Com o avanço tecnológico e investimentos no solo, sementes e irrigação, o clima não é problema para a região.

Editoria de Arte/Folhapress
Na safra passada, o Mapitoba atingiu participação de 8% na produção nacional de grãos, com a colheita de 12,2 milhões de toneladas. Até 2021, ela deve chegar a 20 milhões de toneladas, uma alta de 64%, estima o Rabobank, banco especialista no setor.

Além de ganhos de produtividade previstos com investimentos em novas variedades, fertilizantes e máquinas, a área também deve crescer.

Dois milhões de hectares de terras de boa qualidade ainda estão disponíveis para o plantio -o equivalente a 70% da área cultivada com soja nesta safra-, segundo estimativas do mercado.

"Abrir terras", expressão usada pelos produtores para se referir à derrubada da vegetação nativa e ao preparo do solo para o plantio, é uma constante na região.
Com as chapadas praticamente tomadas por grandes investidores, os produtores agora buscam terras em áreas onde o preço é mais baixo.

"Cada pedaço de terra é garimpado", diz o agricultor Valdir Zaltron, dono de 6.600 hectares entre o Tocantins e o Maranhão. No mês passado, ele comprou mais 350 hectares em Balsas (MA).

Nessa cidade, Idone Grolli, dono da fazenda Cajueiro, de sementes e grãos, também tem plano de expansão. "Pretendemos aumentar a área em 20% na próxima safra."

TODOS "GAÚCHOS"
Atraídos pela terra barata, produtores do Paraná e do Rio Grande do Sul -apelidados de gaúchos pelos locais- começaram a migrar para o Mapitoba nos anos 1980 e 1990.


Esse processo teve início na Bahia, expandiu-se para o Maranhão e depois seguiu para o Piauí e para o Tocantins, o último Estado do grupo a se desenvolver na agricultura.

"Um alqueirinho no Paraná valia 40 alqueirões aqui", diz o agricultor Moacir Catabriga, que em 1990 comprou a primeira terra no Tocantins. Além do valor da terra, há diferença na metragem. Um alqueire no Sul (2,4 hectares) é a metade de um alqueire negociado no Norte (4,8 hectares), o chamado "alqueirão".

O crescimento mais significativo do Mapitoba ocorreu a partir de 2000. O boom dos preços das commodities incentivou grandes empresas e fundos de investimento a investir na região. A produção de soja foi multiplicada por quatro, estimulando a instalação de processadoras.

Bunge, Cargill e Algar têm unidades no Mapitoba, que reúne 5% da capacidade total de esmagamento do país, segundo o Rabobank. O agronegócio já representa 30% do PIB dos Estados da região.

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1205551-cerrado-vira-terra-fertil-e-se-torna-nova-fronteira-agricola.shtml

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Democracia na China?


Luiz Carlos Bresser-Pereira 


Na última semana, a China escolheu seus novos dirigentes de forma meritocrática e autoritária, não obstante o incrível desenvolvimento econômico por que passou nos últimos 30 anos.
Tenderá a China a se transformar em uma democracia? Minha resposta é afirmativa, mas o processo de democratização deverá ser lento.
A democracia seria impossível se o país continuasse uma sociedade estatista. Mas o estatismo de Mao Tse-Tung foi, afinal, a primeira fase da revolução capitalista chinesa; foi a fase da revolução nacional, que transformou o país em uma verdadeira nação, e foi a fase de sua industrialização pesada.
Depois veio a extraordinária fase da abertura econômica. Hoje a China é um país tecnoburocrático-capitalista, como são todos os países ricos e de renda média do mundo. Por enquanto, é uma sociedade mais tecnoburocrática do que capitalista, mas está em plena mudança.
Nenhuma revolução nacional e industrial aconteceu em país algum no quadro de uma verdadeira democracia, mas depois que a revolução capitalista se completa em cada país, seu Estado tende necessariamente a se tornar democrático.
A principal exceção a essa regra é Cingapura, mas a transição democrática lá deverá ocorrer em breve.
A China está longe do nível de desenvolvimento de Cingapura, mas as modificações que já aconteceram na sua sociedade e na política vêm sendo muito grandes e apontam no sentido da liberalização do regime.
O Partido Comunista continua a ser partido único, e seu poder está colocado fora de discussão, mas isto não significa que exista lá um sistema político monolítico.
Conforme assinalou Jamil Anderlini em um excelente artigo no "Financial Times", as elites dentro e fora do Partido Comunista podem ser divididas entre as "reformistas" e as "autoritárias" -e as primeiras estão avançando.
Mesmo o jornal "Diário do Povo" -porta-voz oficial do Partido Comunista- disse em um editorial há duas semanas que "a sociedade vem tomando consciência do seu direito de saber e participar e a garantia dos direitos civis avança, mas a democracia na China não alcançou o nível que muita gente espera".
Este debate não terá solução a curto prazo. A China continua voltada para sua própria estratégia nacional de desenvolvimento, em que o Estado mantém o controle dos setores monopolistas e das finanças administrando ou planejando suas atividades, ao mesmo tempo em que atribui a um mercado livre o setor competitivo da economia.
Entretanto, esse desenvolvimento está criando uma imensa classe média que demanda ser ouvida.
As manifestações nesse sentido estão se multiplicando. Essa nova classe média e mesmo as classes populares já estão sendo ouvidas a nível local, mas nas grandes cidades o nível local perde identidade, e é preciso pensar em uma participação política mais ampla.
Conseguirão os chineses realizar essa transição sem uma crise maior?
Não é possível assegurar nada a respeito, mas o pragmatismo e a busca de "harmonia social" (expressão chave para os chineses) que têm caracterizado a política chinesa sugerem que sim. Há um objetivo maior, o desenvolvimento econômico, mas o avanço político, o social, e mesmo ambiental não estão sendo nem serão desconsiderados, porque a sociedade assim exige.


Luiz Carlos Bresser-Pereira é professor emérito da Fundação Getúlio Vargas, onde ensina economia, teoria política e teoria social. É presidente do Centro de Economia Política e editor da "Revista de Economia Política" desde 2001. Foi ministro da Fazenda, da Administração e Reforma do Estado, e da Ciência e Tecnologia. Escreve a cada duas semanas, aos domingos, na versão impressa de "Mundo".

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizcarlosbresserpereira/1187559-democracia-na-china.shtml

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Lixo por todo lado


13/12/2012
POR SYLVIA COLOMBO


Onde andam os bons ares de Buenos Aires? Certamente, não no centro da cidade e em bairros como Santelmo, Recoleta e Palermo. Um duplo conflito político tem feito o ar da cidade ser quase irrespirável em algumas ruas, além de atrapalhar o trânsito e estragar a paisagem dessa linda cidade.
Nos últimos meses, tem havido conflitos entre sindicalistas ligados à área de limpeza. Divididos entre governistas e não-governistas, eles recolhem o lixo dependendo das relações entre seus chefes. Estes, são nada menos que a presidente Cristina Kirchner, o prefeito, Mauricio Macri, e o governador, Daniel Scioli.

Cristina quer dinamitar o poder de Macri e dobrar Buenos Aires. Sua ideia é fazê-lo desistir de tentar ser presidente da República em 2015. Já Macri, político insosso e sem pulso, peca por deixar tão evidente seu despreparo e desinteresse. Há poucas semanas, quando a cidade enfrentava um dilúvio e o lixo flutuava descontrolado pelas ruas, ele posava para fotos ao lado da banda Kiss, que visitava o país. Já Scioli, também pré-candidato, quer limitar a quantidade de lixo que a cidade leva aos aterros em seus arredores. Nestes, as condições são precárias, e atravessá-los por meio da estrada que o corta é de revirar o estômago, tamanho o mau cheiro.

Em época de temperaturas a quase 30 graus, Buenos Aires tem sofrido ainda mais com o problema. Caminhar pelas ruas do centro é uma aventura, é preciso desviar das disformes montanhas de lixo e segurar a respiração para não inalar o fedor. Quando chove, e tem chovido muito, os buracos das ruas são tapados pelos detritos, fazendo com que a água transborde para todos os lados, inundando blocos inteiros.

Temos pelo menos ainda dois meses de calor intenso. Se os problemas políticos persistirem, os portenhos estarão agoniados e torcendo para que o inverno chegue logo. Se não para curtir uma piscina, pelo menos para respirar aliviados.

http://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br/

Referendo porá rivais nas ruas e gerará violência, diz opositor egípcio


GILES ELGOOD
DA REUTERS, NO CAIRO
13/12/2012

Um líder oposicionista alertou nesta quinta-feira para o risco de derramamento de sangue nas ruas, quando os egípcios votarem em um referendo sobre uma nova Constituição defendida pelo presidente islamista Mohamed Mursi, em meio a uma crescente crise política no país.

No referendo, que acontecerá no próximo sábado (15) e no seguinte (22), os egípcios terão de endossar ou rejeitar a lei básica do país, que terá de entrar em vigor antes das eleições nacionais, a serem realizadas no próximo ano --a maioria espera que o pleito possa tirar a nação mais populosa do mundo árabe da instabilidade política em que se encontra.

Pelo menos sete pessoas morreram e centenas ficaram feridas na violência que eclodiu há três semanas, após Mursi ter concedido a si mesmo amplos poderes para encaminhar a Carta para um órgão encarregado de sua elaboração, dominado por islâmicos e boicotado pela oposição.

Um dos líderes da oposicionista Frente de Salvação Nacional, Ahmed Said, diz que a imposição do referendo, num momento de elevada tensão nas ruas, pode provocar mais violência. "Durante o referendo, acredito que haverá sangue e um monte de antagonismo, por isso não está certo realizar um referendo", disse.

Said, que também preside o partido liberal Egípcios Livres, descreveu a votação como um risco demasiado e meio à prevalência de tanta "amargura".

Espera-se que a medida seja aprovada, apesar da pressão da oposição pelo voto no "não", dado o histórico de vitórias da Irmandade Muçulmana, a que Mursi pertence, nas primeiras eleições realizadas desde a queda do ditador Hosni Mubarak, há quase dois anos. Muitos egípcios, cansados de turbulência, podem simplesmente seguir a linha da Irmandade.
Mas o referendo que divide os egípcios pode abalar a capacidade de Mursi de forjar consenso sobre políticas vitais para salvar a economia. Poderá também fragmentar uma oposição cuja atual unidade talvez não sobreviva a uma derrota decisiva nas urnas.

A votação é altamente controversa, tendo resultado em confrontos de defensores da Irmandade Muçulmana, no Cairo e outras cidades, com membros da oposição liberal secular.

O palácio presidencial, o foco das manifestações, permanece cercado por tanques e enormes barricadas de concreto. A TV estatal mostrou nesta quinta-feira as tropas recebendo ordens de proteger locais de votação e outros edifícios governamentais.

Para a oposição, a Constituição não reflete as aspirações de todos os 83 milhões de egípcios porque é islâmica e esmaga os direitos das minorias, incluindo os dos cristãos. Partidários de Mursi dizem que a Constituição é necessária para a continuidade da transição para a democracia.

Esta semana, a oposição organizou grandes manifestações nas ruas para convencer o presidente de adiar o referendo, mas não obteve sucesso.

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1200987-referendo-pora-rivais-nas-ruas-e-gerara-violencia-diz-opositor-egipcio.shtml